Publicado em 21 de maio de 2005 no Whiplash
*Paulo Finatto Jr.
Enquanto o Angra estava “de folga” depois de preparar o seu disco “Temple of Shadows”, Kiko Loureiro, guitarrista da banda e um dos mais respeitados músicos das seis cordas não só aqui no Brasil como no mundo, gravou este que é o seu primeiro álbum solo. Sob a produção de Dennis Ward (Pink Cream 69 e Angra), “No Gravity” está saindo aqui no Brasil via Hellion Records, para todos os fãs de música instrumental (e para fãs do Kiko e do Angra também).
Por tudo que eu já vi e já ouvi quanto a heavy metal brasileiro, em especial quanto à música instrumental, este álbum solo está bem acima da média dos músicos que tentam experimentar algo deste tipo. Kiko não apenas tomou conta da guitarra, como também foi o responsável pelo teclado e baixo, chamando Mike Terrana (Rage) para gravar as partes de bateria. Como um todo, “No Gravity” soa diferenciado dos demais álbuns instrumentais por não trabalhar à exaustão solos mirabolantes e virtuosos, e por explorar bases pesadas, melódicas e progressivas, como foi trabalhado no próprio “Temple of Shadows”. Desta maneira quem sai ganhando são os fãs, pois acabam ficando diante de um material diversificado, com muitas influências (que obviamente vão até a música brasileira), mas em momento algum parecendo ou soando enjoativo.
O disco abre com a puramente Angra “Enfermo”; especialmente as linhas de baixo e bateria relembrarão os dois mais recentes discos do grupo. “Endaraged Species” caminha por um lado mais metal tradicional (sem tantas melodias), ao contrário de “Escaping”, com uma pegada muito mais progressiva e atmosférica, lembrando um pouco os discos de Joe Satriani. Se “No Gravity” é mais cadenciada, “Pau-de-Arara” é aquela faixa com toques de música brasileira (maracatu), e por esta influência um pouco “diferente”, acaba sendo aquela de destaque. Voltando ao clima mais heavy depois de algumas faixas cadenciadas, “Moment of Truth” cairá no gosto da maioria, assim como a rápida “Dilemma”, o último destaque do CD a meu ver, e junto com “Pau-de-Arara” a melhor do álbum.
É inegável que este “No Gravity” está excelente tanto em produção como em execução. Uma obra para músicos (especialmente guitarristas) ouvirem, analisarem e tirarem as suas influências cabíveis... Já os fãs, bem, estes (tanto do Kiko como do Angra) irão se deliciar com tanto talento ao longo destes mais de cinqüenta minutos de música.
de Whiplash
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