Mostrando postagens com marcador Som Imaginário. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Som Imaginário. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Som Imaginário [1971]

Mediafire 128kbps



que você apostaria numa banda psicodélica formada por membros do grupo que acompanhava Milton Nascimento no fim dos anos 60? Pode apostar alto: os três únicos discos lançados pelo Som Imaginário (cujos músicos também acompanharam Lô Borges, Beto Guedes, Erasmo Carlos, Gonzaguinha e outros) são good trips garantidas. O primeiro, em especial, trazia um som mais pop, que misturava Beatles, psicodelia, rock progressivo, hippismo explícito e praticamente nada de MPB - destacando a criatividade de Frederyko, um dos melhores e menos reconhecidos guitarristas do Brasil, hoje sumido da mídia. 

A formação que gravou Som Imaginário foi surgindo aos poucos, no fim dos anos 60. Wagner Tiso, que acompanhava Milton Nascimento desde o início de carreira (chegaram a montar, na adolescência, um conjunto de jazz chamado W Boys, graças à predominância na banda de rapazes com a inicial W no nome - Milton, que era o baixista, chegou a trocar seu nome para Wilton) se juntou a alguns músicos que tocavam com ele na noite carioca, como o baterista Robertinho Silva e o baixista Luiz Alves, e acabaram formando uma banda para tocar com o cantor mineiro. Antes disso, boa parte da formação do Som Imaginário podia ser encontrada no grupo de bailes Impacto 8, que tinha, entre outros, Robertinho e Frederyko. A banda não deu muito certo - Raul de Souza, trombonista e, em tese, líder do Impacto 8, desistiu do grupo após um show num Clube Militar em que todos os músicos simplesmente "esqueceram" de animar o baile para improvisar, solar e soltar os bichos no palco. 

Já contando com Wagner Tiso, Luiz Alves e Robertinho Silva, o Som Imaginário logo admitiria Frederyko, o percussionista Laudir de Oliveira (que não ficaria na banda) e mais uma dupla de compositores que também se destacaria no álbum de estréia: Zé Rodrix (órgão) e Tavito (guitarra-base e violão de 12 cordas). O grupo gravaria o LP de 1970 de Milton Nascimento e logo entraria em estúdio para registrar Som Imaginário, um dos mais interessantes lançamentos da música psicodélica brasileira. O disco tinha muito menos influências de MPB do que o pedigree dos músicos poderia fazer supor - mas havia a presença de Milton, fazendo alguns vocais (não creditados) e cedendo o instrumental prog mineiro "Tema dos deuses", sem contar a latinidade que aparecia em algumas canções assinadas por Zé Rodrix, como a ruidosa "Morse" e a doidaralhaça "Super-God", com sua letra psicodélica e contra-cultural. Todas as faixas eram preenchidas pela fuzz-guitar de Frederyko, que ainda contribuiu com dois dos momentos mais hippies do disco, a bela "Sábado" (gravada nos anos 80 pelo - veja só - Roupa Nova) e a balada anarquista "Nepal", gravada em clima de zoação no estúdio. 

O maior sucesso do disco acabou sendo "Feira moderna", parceria de Beto Guedes, Lô Borges e Fernando Brant, gravada pela banda numa versão crua, cheia de riffs de órgão - é aquela mesma música que você conhece da versão de Beto Guedes no disco Amor de índio, de 1978 (e regravada também pelos Paralamas do Sucesso nos anos 90). Zé Rodrix, que praticamente liderava o grupo no disco e fazia quase todos os vocais, prosseguia sua viagem pop e lisérgica em faixas como "Make believe waltz" (mesclando valsa, rock e country), a agressiva "Hey man" (espalhando brasa para a Copa de 70 e a ditadura nos versos: "você precisava da taça de ouro/você precisava beber nessa taça/que você pagou com o sangue que nela derreteu.../só que nesse instante você foi feliz/você é feliz quando deixam") e o hino psicodélico "Poison", com letra lembrando Timothy Leary e os Beatles de "Tomorrow never knows" ("I always get the poison that I need to be alive, to see and sing/so poison me to get my mind way out/my mind way in"). 

Formado por músicos bastante requisitados - até hoje, aliás - o Som Imaginário se dividia entre a banda e vários trabalhos para outros artistas. Com o tempo o grupo foi perdendo integrantes. Zé Rodrix logo sairia da banda para se juntar a Sá & Guarabyra e gravar dois discos não menos clássicos, além do solo 1º acto, de 1973 (também pela Odeon). O segundo disco do Som Imaginário (1971), também homônimo, trazia Frederyko na liderança, compondo uma série de faixas anárquicas (como "Cenouras" e a engraçada "Salvação pela macrobiótica"), além do tema "A nova estrela", dele e de Wagner Tiso. E é a sonoridade de Wagner que domina Matança do porco, disco de 1972 da banda, mais chegado ao estilo que marcaria os trabalhos solo do tecladista. Com três discos bastante diferentes uns dos outros - Milagre dos peixes ao vivo, disco de Milton Nascimento lançado em 1975, pode ser considerado o quarto LP do grupo, por ter sido creditado a eles e ao cantor - o Som Imaginário chegou a um resultado que não permitia comparações com praticamente nenhuma banda nacional ou internacional. Pena que tenha durado tão pouco.

Veja também:
Som Imaginário - Som Imaginário [1970]

domingo, 30 de setembro de 2012

Som Imaginário - Som Imaginário [1970]

Mediafire 320kbps


Das mais radicais das bandas do Clube da Esquina ( movimento musical mineiro do começo dos anos 70 fortemente influenciado por Beatles), o Som Imaginário com seu disco de estréia demonstra uma riqueza musical poucas vezes vista no cenário brasileiro, com uma mistura de Rock Progressivo, Psicodelismo e MPB que até hoje causa fascínio nos olhos dos colecionadores de raridades de todo o mundo, sendo que o LP original vale algumas centenas de dólares o que o torna praticamente impossível de se encontrar.

Uma banda que já contou com a participação de nomes mais do que consagrados como Marco Antônio Araújo, Naná VasconcellosToninho Horta, Wagner Tiso, Tavito e José Rodrix não podia fazer um disco que ficasse abaixo desse nível.

A audição começa surpreendendo com riffs bem interessantes na música “Morse”. O vocal é de Rodrix, que predomina na maior parte das músicas. “Super-God” com seu vocal distorcido e guitarras ácidas chega a assustar ouvidos despreparados , o que lhe valeu o posto de representar o Brasil juntamente com "Lem-ed-Êcalg" do Módulo 1000 na coletânea “Love, Peace & Poetry - Latin American Psychedelic Music”, lançada pelo selo alemão Q.D.K Media. “Tema dos Deuses” , música de Milton Nascimento (que na época era apoiado pela banda) tem um clima sombrio, sendo a única música instrumental do disco. “Make Believe Waltz” talvez seja a mais dissonante das músicas, não tendo muito a ver com o material em questão. “Pantera” e “Sábado” são boas músicas com seu lado mais popular, sem deixar de exercer sua atração. “Nepal” tem uma introdução bem psicodélica , mas posteriormente revela ser mais um ponto fraco no disco, logo compensado pela primeira versão de “Feira Moderna” com a letra original “Meu coração é velho/Meu coração é morto” que depois foi modificada na versão do Beto Guedes. “Hey, Man” é mais um ponto alto da audição e fechamos com “Poison” composta por José Rodrix e ninguém menos do que Marco Antônio Araújo [que 10 anos mais tarde lançaria seu primeiro álbum “Influências”, e outros clássicos do Progressivo que o fariam ser conhecido como “Gismonti dos 80” , alusão a Egberto Gismonti, outro nome que não obteve o reconhecimento merecido no Brasil], mas nada tendo a ver com seu trabalho solo.

Esse álbum representa mais uma pérola obscura na discografia do rock nacional dos anos 70. Após a saída de José Rodrix para a formação do trio Sá, Rodrix & Guarabyra a banda perdeu força mas ainda resistiu e fizeram mais 2 discos, que foram relançados conjuntamente em CD em 1997 ,mas infelizmente hoje a caixa está fora de catálogo, já que boa parte das 5000 cópias foi vendida para colecionadores estrangeiros. Um disco ao nível dos melhores discos tropicalistas . Nota 9.


Luiz  - baixo
Robertinho - bateria
Frederyko - guitarra solo
José Rodrix - orgão
Wagner Tiso - piano
Tavito - guitarra base


A1 Morse
(Tavito, Wagner Tiso, José Rodrix)
A2 Super-God
(José Rodrix)
A3 Tema Dos Deuses
(Milton Nascimento)
A4 Make Believe Waltz
(Mike Renzi, José Rodrix)
A5 Pantera
(Fernando Brant, Frederyko)
B1 Sábado
(Frederyko)
B2 Nepal
(Frederyko)
B3 Feira Moderna
(Beto Guedes, Fernando Brant, Lô Borges)
B4 Hey, Man!
(Tavito, José Rodrix)
B5 Poison
(Marco Antônio, José Rodrix)

domingo, 16 de setembro de 2012

Som Imaginário - Matança do Porco [1973]

Mediafire .flac


Por Sinister Salad Musikal's Weblog

A obra-prima do Som Imaginário é mesmo este terceiro e último trabalho, o fantástico Matança do Porco, lançado em 1973. Mais líder do que nunca, o tecladista, arranjador e maestro Wagner Tiso assina a maioria dos temas e desenvolve uma sonoridade que marcaria também o seu trabalho solo. Um disco conceitual que apresenta um instrumental fascinante, fundindo jazz, rock progressivo, música erudita e MPB.

O line-up era composto pelos seguintes músicos: Wagner Tiso (Hammond, piano acústico e elétrico), Tavito (violão), Luiz Alves (baixo) e Robertinho Silva (bateria). O álbum conta ainda com as participações especiais de Milton Nascimento, Danilo Caymmi e dos Golden Boys. Frederyko, o grande Fredera, já havia saído da banda quando o LP foi lançado, mas os vestígios de que participou das gravações do “abate suíno” são evidentes ao se escutar os brilhantes solos de guitarra desenvolvidos no álbum.Arranjos sinfônicos muito bem elaborados, abrindo terreno para a banda fazer misérias… 

Faixas como “Armina” (que combina guitarra fuzz e piano clássico de forma esplêndida),“A 3” (com Tiso criando frases no melhor estilo Kerry Minnear, do Gentle Giant), “A N° 2” (progressiva ao extremo, com um timbre de órgão sensacional e uma construção harmônica de arrepiar) ou “Mar Azul” (que agrega elementos do samba-jazz e traz Danilo Caymmi nos arpejos de flauta) mostram uma banda bem entrosada e com músicos no auge de suas habilidades.

O maior destaque do disco está na faixa-título: um tema de 11 minutos que divide-se em três movimentos, onde se sobressaem as vocalizações deslumbrantes de Milton Nascimento, os agudos da guitarra de Fredera e os fraseados bem bolados de Tiso.Divinamente sublime, “A Matança do Porco” foi composta por Wagner Tiso para o filme “Os Deuses e os Mortos”, de Ruy Guerra,que concorreu às premiações do Festival de Berlim, em 1971.

Depois deste disco, o grupo prosseguiu sua jornada por pouco tempo, promovendo novas alterações em sua formação. Robertinho Silva saiu para a entrada do baterista Paulinho Braga. Luiz Alves foi substituído pelo baixista Noveli.Tavito preferiu trabalhar sua carreira solo e cedeu lugar ao grande Toninho Horta. O saxofonista Nivaldo Ornelas, que já havia participado da banda em 1970, também foi reagrupado. 

Com esse conjunto, gravaram o álbum “Milagre dos Peixes – ao vivo”, creditado a Milton Nascimento e ao Som Imaginário, em 1974. Frederyko ainda retornaria à banda, antes do seu fimprecoce, em meados de 1976. Menos mal que o intercâmbio entre os músicos continuou nos anos seguintes. Não é difícil encontrar alguns deles participando de discos de Wagner Tiso ou Milton Nascimento, por exemplo. Fredera, Tavito, Toninho Horta, Nivaldo Ornelas e a maioria de seus integrantes, também gravaram seus registros individuais. Mas o certo é que O Som Imaginário, como banda, nunca mais gravou qualquer outro material … infelizmente!

Para quem se interessou em adquirir esses discos, a EMI lançou em 1997 uma caixa luxuosa contendo os três cds da banda. Como não foram produzidas muitas cópias, o box simplesmente desapareceu das lojas rapidamente e hoje é um produto difícil de ser encontrado. Em 2003, a EMI soltou no mercado vários títulos remasterizados, no rastro das comemorações de 100 anos de Odeon no Brasil. Um dos relançamentos foi justamente o Matança do Porco que, provavelmente, ainda deve estar em catálogo.Básico!