segunda-feira, 29 de setembro de 2014

ruído/mm - Rasura [2014]

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Por Sinewave

Faixas

01. Bandon
02. Eletrostática
03. Cromaqui
04. Transibéria
05. Inconstantina
06. Filete
07. Requiem for a western manga (西部マンガ)
08. Penhascos, desfiladeiros e outros sonhos de fuga
Release

O nome da banda é ruído/mm (leia-se ruído por milímetro, escreva-se em minúsculas mesmo): uma unidade imaginária criada para representar aquilo que não pode ser descrito/verbalizado. Um quadro, uma paisagem: eventos contemplativos. Esta é a comparação e a aproximação que o ruído/mm tenta desenvolver e registrar com suas composições – experimentos e sonoridades estranhas que buscam atingir o ouvinte de maneira sinestésica. O som, indescritível. Uma teia de eventos sonoros explorados à exaustão; experimentais, viscerais, criativos. Calma ou explosiva, a música instrumental do ruído/mm embala os pensamentos e faz mexer o corpo em uma mistura que vai do jazz ao punk, da psicodelia ao pós-rock – e o que mais vier.

Rasura:

Três anos após o lançamento do seu terceiro disco, o ruído/mm está de volta com Rasura. Considerada por boa parte da crítica nacional uma das melhores bandas de post-rock do Brasil, o grupo curitibano já faz barulho há onze anos, tendo se tornado um clássico do nosso recente rock instrumental.

Dentro da obra da banda, Rasura segue mais conciso e direto, em uma forma bonita, segura e limpa. O piano cede espaço a novos timbres, enquanto as guitarras ganham força redobrada. Novidades sônicas permeiam o terreno já dominado por eles, deixando claro que estão maduros o suficiente para brincarem com diferentes melodias e surpresas, sem esquecerem do ruído e da distorção na hora que convém.

Mark Kramer, o cara que trabalhou com o Galaxy 500, Butthole Surfers e Urge Overkill (com dedo na tarantinesca “Girl, You’ll Be a Woman Soon”), fez a master desse trabalho. O selo Sinewave endossa o disco.

O álbum Rasura foi resultado de um projeto de mecenato aprovado pela Fundação Cultural de Curitiba, com incentivo da Caixa Econômica Federal. São oito faixas que convidam para uma viagem sensorial.

Feche os olhos e abra a mente.

Ficha Técnica:

Gravado e mixado no estúdio Click Audioworks (www.clickaudioworks.com.br), em Curitiba, no primeiro semestre de 2014

Masterizado por KRAMER no estúdio Miami Noise

Técnico de gravação: Paulo Bueno
Assistentes de gravação: Murilo Macari, Diogo Shiroma e Emannuel Fraga
Técnico em ProTools: Diogo Shiroma
Mixagem: Paulo Bueno e Rafael Panke
Produção: Rafael Panke
Masterização: Mark Kramer

Artecolagens por Mário de Alencar
Foto por Melanie d’Haese
Encarte por Jaime Silveira

Todas as músicas por ruído/mm

Sobre o Artista



– Alexandre Liblik: piano, teclado e escaleta
– André Ramiro: guitarra
– Felipe Ayres: guitarra e efeitos eletrônicos
– Giovani Farina: bateria
– Rafael Panke: baixo
– Ricardo Pill: guitarra

Criado em 2003, em Curitiba, o ruído/mm é hoje um dos principais representantes da cena post-rock brasileira. O quinteto ruidoso vem difundindo seu trabalho nas principais casas de shows e festivais pelo Brasil, como o Festival Lab (AL); Coquetel Molotov (PE); Sinewave Festival (PR); Teatro Paiol (PR); Conexão Vivo (MG); Sesc Pompeia (SP); Festival Macondo (RS), entre muitos outros.

Na web, a banda amplifica seu alcance através de jornalistas, blogueiros e admiradores de dentro e fora do país. Os discos anteriores Série Cinza (Ruído Corporation, 2004), A Praia (Open Field Records, 2008) e Introdução à Cortina do Sótão (Sinewave, 2011).

– Site oficial: ruidomm.com
– Facebook: facebook.com/ruidomm
– Twitter: @ruidomm
– YouTube: youtube.com/ruidomm
– Soundcloud: soundcloud.com/ruidopormilimetro
– BandCamp: ruidopormilimetro.bandcamp.com

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

ruído/mm - Praia [2008]

Download 320kbps


Por Cleber Facchi
em 14 de fevereiro de 2011 no Miojo Indie

Ouvir o disco Praia (2008), o primeiro trabalho de estúdio da banda curitibana ruído/mm é como ouvir um daqueles extensos poemas que esbanjam lirismo e que são declamados em uma escura sala de um teatro qualquer. É como se cada verso fosse cuidadosamente pensado e perfeitamente ensaiado pelo declamador, que por sua vez cria pausas dramáticas em cada estrofe para aumentar ainda mais o clima já estabelecido. A única diferença é que essa poesia não dispõe de letras, palavras e versos, apenas som e sentimento.

Pode parecer bobagem, mas é difícil arranjar uma explicação lógica para o que é sentido nas audições desse disco. Cada canção carrega uma carga emocional muito forte, como se dialogasse com o ouvinte mesmo sem conhecê-lo, dentro de uma linguagem universal. Em Praieira, um épico de nove minutos que abre o álbum, quem ouve a faixa é ligeiramente transportado para dentro de um turbilhão emocional que vai da melancolia do início da composição, passando por momentos de desespero, raiva, angústia até o que parece ser uma redenção solitária ao fim da canção. É muito íntimo, como se mesmo ausente de palavras a faixa soubesse tudo sobre você.

Se com esse disco é possível afirmar que a banda alcançou a perfeição, então ela veio em cima de muito ensaio. Série Cinza (2004) e Índios Eletrônicos (2005) entregavam o som do sexteto formado por Giovani Farina (bateria), Sergio Liblik (piano), João Ninguém (acordeão, baixo, guitarra), Pill (baixo, guitarra e teclado), Rafael Martins (baixo, guitarra) e André Ramiro (violão, guitarra, voz) de uma maneira crua, quase fria e desprovida de sentimentos. Se havia emoção ali ela vinha amargurada, tal as guitarras embrutecidas de faixas como Dois e Gatinho. É quase como se a banda espancasse você, como se não houvesse diálogo.

Em Praia o som flui em uma linguagem oposta, mais madura. A raiva ainda habita algumas canções, mas é a sensatez quem prevalece. O álbum chega de maneira até acalentadora, conversa contigo, te orienta, mesmo sem dizer uma palavra. A homônima faixa que dá nome ao disco vai te encaminhando por meio de texturas cuidadosamente elaboradas, cada acorde se posiciona em um ponto coerente e te encaminha cada vez mais para dentro da coleção de sons, sentimentos e da alma do disco.

Para os não habituados aos arranjos estratégicos e a ausência de vocais, a banda até te presenteia com composições menos alongadas e comercialmente mais fáceis. Sanfona é uma dessas. É o tipo de canção que você ouve na trilha sonora de um filme e se sente compelido a buscá-la via rede assim que chega em casa. Seus ruídos calculados e acordes marcados conseguem encantar o ouvinte sem que pra isso precisem de muito esforço.

A beleza dentro dessa pequena obra não se concentra em pontos específicos, mas se dissolve em todos os momentos e canções. Está na minúscula Caixinha de Música, com seus míseros 50 segundos, é encontrada no clima etéreo de Stravinsky Sky, assim como é perceptível em toda a extensão de Praieira. Um trabalho que esbanja cuidado, precisão e que antes de tudo deixa transparecer sua alma.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Crônica : A fita perdida do último show do Ave Sangria

Por José Teles publicado em 1 de junho de 2014 no  Jornal do Commercio


Este ano completam-se quatro décadas do álbum de estreia do Ave Sangria. Torçamos para que a Warner Music, que herdou o acervo da Continental, a gravadora que contratou o AS, se sensibilize e reedite o álbum. E mais: que a sorte nos sorria, e os caras da Warner cismem, e lancem em edição de luxo, com um CD adicional. Este segundo CD traria o derradeiro show do Ave Sangria em 29 de dezembro de 1975, no Teatro de Santa Isabel.

Taí, Olívia Mindelo, se fiz alguma coisa importante nesta labuta de escrever sobre música, foi salvar a fita K-7, marca TDK, alemã com o registro do supracitado show. A história como a história foi acho que já contei, mas vale apena contar de novo.

Não lembro exatamente em que ano peguei emprestada a fita cassete. Fiz uma visita ao guitarrista Paulo Rafael, no Jardim Botânico, no Rio. Ele me levou a um dos quartos onde montou um estúdio doméstico, que se limitava basicamente a um Macintosh. Enquanto ele tocava algumas trechos de músicas, vislumbrei em cima de uma caixa de fita de rolo Scotch, um K-7 com uma capinha azulada. Apanhei a fita e me surpreendi. PQP! Era a gravação do concerto final do Ave Sangria.

Fizeram uma capinha pro K-7, com uma foto colorida do grupo, e o título escrito à mão. Pedi a fita emprestada, Paulo liberou, eu trouxe pro Recife. Como a gente se via pouco, nem Paulo me cobrou a fita, nem eu devolvi. Um dia um Rogério, outro amigo, de sobrenome também Telles (acho que com dois “L”), me contou que tinha comprado um aparelho que copiava cassete pra CD. Uma novidade. Lembrei da fita do Ave Sangria. Perguntei se ele podia passar a bicha pra CD, eu pagaria. Ele disse que nem precisava pagar. Entreguei fita a ele. E o cara sumiu. Até hoje não sei por onde anda Rogério que, no tempo que todo mundo ia na Toca de Humberto, na Rua d Matriz, era conhecido por Rogério Punk.

Já havia dado a fita por perdida. Uns quatro anos depois, começo de 2001, vou saindo de casa pro jornal, umas dez da matina. Na esquina funcionava um bar, àquela hora fechado. Quem vejo sentado numa das mesas do bar, que ficava na parte de fora. Mesas pesadas, de cimento, sem perigo de serem afanadas. Quem eu vejo? Rogério. Quase nem o cumprimento, pergunto logo pela fita . Continuava com ele, disse o cara. Pedi de volta. Ele me devolveu alguns dias depois. Esta fita teria importância grande no interesse que surgiu novamente em torno do Ave Sangria.

Reencontrei a fita exatamente na época em que eu, Paulo André, Débora Nascimento e Rogê participávamos do projeto, da Fundarpe, Sintonize Pernambuco, na Universitária FM. O meu programa se chamava Do frevo ao manguebeat, mesmo nome do livro que lancei em 2000, e situou o udigrudi pernambucanos dos anos 70 no mapa da MPB (com várias incorreções, o que é natural, já que o assunto nunca havia entrado em livro, e tive pouco tempo praescrever aquele, para a Editora 34, de São Paulo).

Fiz um programa especial com a fita, de que participou Almir, o baixista do Ave Sangria. Entrevistei também Marco Polo no programa. A fita foi gravada, copiada, compartilhada em blogs que disponibilizavam discos para download gratuito. Um documento importante de uma época, porque só se conhecia o Ave Sangria daquele único LP, saído pela Continental, em 1974, e de uma coletânea da mesma gravadora. Uns dois anos depois, Almir me pediu a fita. Achei que ela pertencia tanto a ele quanto a Paulo Rafael, e entreguei.

Mais alguns anos, tô eu lá na calçada do Bar Central, conversando com Paulo Rafael, acho que era véspera de Carnaval, porque o movimento da rua tava intenso. Alguém na roda de papo, puxou o assunto da fita, e Paulo Rafael comentou: “Era minha, algum feladaputa deu o ganho”. E eu: “Fui eu. Mas tu liberou”. Pois é, se eu não tivesse dado o ganho, a fita talvez tivesse sumido, oxidado-se, e a saideira do Ave Sangria, no Santa Isabel, iria ficar somente na memória de quem assistiu (foram duas apresentações). Isto é, na memória de quem assistiu, e tava ciente disto. A maioria da plateia não lembra nem se foi ao show.

Confiram o Ave Sangria, num clipe de Cidade grande:

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Titãs - A Vida Até Parece Uma Festa [2009]

Torrent


Por Rock in Press

A história do Rock brasileiro tem como um dos personagens principais os gigantes Titãs. E depois de 6 anos de edição de 200 horas de vídeos caseiros gravados pelas mãos de Branco Melo, finalmente sai o documentário Titãs – A Vida Até Parece Uma Festa, de Branco Melo e Oscar Rodrigues Alves. Eu tive o prazer de ler o livro do mesmo nome antes, então o filme teve um gostinho a mais pra mim. Ver além do que eu li traz um significado diferenciado a qualquer história. Titãs – A Vida Até Parece Uma Festa é o resumo de 2 horas de duas décadas e meia de Sexo, Drogas, Rock n’ Roll e muita diversão.

A filmagem é toda amadora, com excessão de programas de tv. Começa em 1982 e pára em 2008. O som é simplesmente impactante, mesmo com a qualidade do material mostrado. Em alguns áudios do início do filme, fica muito difícil entender o que é dito, mas isso é apenas um prévio início, pois na questão shows e ao vivo está maravilhoso, tendo feito um verdadeiro milagre na ilha de edição. O filme não conta a história da banda, é um apanhando de imagens onde mostra descontração dos integrantes, momentos de gravação, brigas ou mesmo momentos onde as drogas entraram na frente. O bom do filme é toda a alegria e diversão que ele passa, as história não são contadas, são vistas pelo espectador mas tem mais sentido para quem leu o livro, que entende a cronologia do filme.

O filme acaba de vez com quem sempre achou que a banda teve um líder, lá sim, a democracia sempre reinou. Mostra a saída de Arnaldo Antunes da banda, por simplesmente não se encaixar mais na sonoridade produzida e ter assuntos pessoais grandes e projetos maiores, a saída de Ciro, o primeiro membro que saiu ainda no início do sucesso da banda, a “troca” de baterista com o Ira!, a morte de Marcelo Frommer e o quanto isso pesou na banda, e a conturbada saída de Nando Reis, que simplesmente colocou seu projetos na frente da banda e aos poucos foi abandonando o barco. As prisões de Tony Belloto e Arnando Antunes com heroína também foram lembrados. Diversos pedaços da história ficaram para trás e não foram lembrados, como a destruição após o show de abertura da reconstrução do Teatro Carlos Gomes no Rio, entre outros momentos muito importantes.

O filme tenta balançar a história entre o novo e o material mais antigo, mas pende a mostrar bem mais a textura da banda no seu formato antigo, assim tendo mais material da década de 80, é aí que se perde um pouco do gosto, o atual momento da banda foi pouco lembrado, depois do Acústico MTV até o Ao Vivo MTV são momentos que passam muito rápido. Concluo dizendo que o filme é obrigatório para quem quer conhecer o que passa por uma banda antes e depois do sucesso, o que sofre e como se diverte. Afinal, A vida parece até uma festa!

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Coisas que você deve saber antes de voltar ao vinil

Por Luciano Ribeiro em Papo de Homem

Objetivamente falando, o vinil não oferece o melhor som. Porém, carrega várias outras qualidades, peculiaridades estéticas e significativas que fazem dele muito mais do que uma plataforma de registro e reprodução musical.

O vinil suscita vários aspectos emotivos, táteis, físicos e psicológicos a respeito da música e do fetichismo que é possuir um objeto tão icônico quanto as canções que vêm em seus sulcos.

Ele possui um ritual, é necessário evocar sua atenção completamente e o ato de trocar os lados é um lembrete que não deixa você se distrair por muito tempo. Você vai ter de se voltar a ele, colocar suas mãos na bolacha, posicionar a agulha e aumentar o volume novamente, se quiser dar continuidade ao álbum.

Pra mim, a maior parte da diversão está em cair de cabeça na pira de colecionador e na paranoia da perfeição, na engenharia, nas minúcias do que é preciso se preocupar para chegar “lá”, naquele lugar sonoro embolorado, quentinho e nostálgico.

Aqui vai um guia com algumas coisas para se levar em consideração, antes de começar a comprar vinis de novo.



O que, afinal, é diferente?

O Eduardo Pinheiro já explicou isso no texto Som: entre a fidelidade e a nostalgia. Copio aqui algumas das partes mais relevantes pra nós.

Por exemplo, as pessoas que preferem o vinil louvam suas qualidades orgânicas e, em particular, como os graves são envolventes. Isto é totalmente verdade. No entanto, o som digital, como ele é registrado num CD, por exemplo, é efetivamente mais fiel (isso pode ser fisicamente medido).

Os graves envolventes do vinil são resultado de distorções eletromecânicas: e aí que está, o tal grave envolvente é um “artefato” introduzido pelo modo de reprodução, ele não é fiel a música que é produzida normalmente (a não ser que ela seja produzida de forma a exatamente imitar esse artefato). Porém, o que ocorre é que os artefatos digitais existem e, embora sejam mais sutis, nós, ao longo do tempo (e também pela questão de hoje ser mais incomum) criamos uma relação emocional com os artefatos do vinil.

Então o vinil tem um som diferente, menos fiel, com mais artefatos (além da distorção nos graves, os estalidos, e muitos outros tipos), mas que pode nos soar melhor por uma série de razões. E, de fato, podemos argumentar que certas músicas, particularmente as antigas, foram pensadas para serem ouvidas nesse meio – e que, portanto, existe uma “fidelidade” no sentido de ouvirmos como era ouvido no passado.

Qual toca-discos comprar?

Essa é uma questão que vai depender da relação entre investimento e qualidade.

Se você se preocupa apenas com a questão estética e quer convidar os amigos para tomar uma cerveja enquanto ouve um álbum do Led Zeppelin na mídia em que foi concebido, talvez não seja preciso gastar tanto.

Mas se você quer tornar evidentes as verdadeiras qualidades da plataforma, com os detalhes do espaço sonoro analógico, pode ser então que um investimento maior seja necessário. Mas, creio eu, esse segundo caso deve ser raríssimo e desnecessário na maioria das vezes.

A maior parte dos toca-discos de hoje são muito melhores que a média dos que circulavam no mercado na época. Tendo isso em vista, a dica que fica é: evite os aparelhos antigos. O principal ponto contra eles, na prática, é a alta fragilidade e dificílima manutenção, o que os torna caros.

Mas, claro, se você quer entrar de cabeça na pira de colecionador, vá fundo.

Outro ponto a favor de toca-discos mais recentes é que a maioria deles já vem com o item mais obscuro e difícil de compreender quando o assunto são sistemas de som: os pre-amps.
 
Pequena preciosidade produzida pelo Jack White

O que são pre-amps? Preciso de um?
De uma forma bastante grosseira e resumida, podemos explicar assim: as agulhas dos toca-discos geram um sinal ridiculamente fraco, que precisa ser amplificado muitas vezes até gerar um som audível para nós. O dispositivo responsável por essa tarefa é o pre-amp.

Em geral, os toca-discos mais recentes já vêm com um embutido, mas é algo que você precisa checar. Caso eles não venham com uma entrada marcada como “phono”, você provavelmente precisa de um dispositivo externo, que vai servir de pre-amp.

Esse dispositivo é o receiver. É ele que vai processar o som, vai distribuir o sinal para as caixas. Alguns funcionam também como receptor de rádio.

Além disso, caso você queira montar um sistema mais completo, é para ele que você joga o sinal de um CD player ou televisão, por exemplo.

 
Caixas de som


Não que exista uma parte “menos importante”, já que tudo vai compor um conjunto e, quanto melhores os componentes, melhor o todo que eles vão formar. Mas, sim, as caixas são muito importantes. Elas influenciam, por exemplo, qual o volume e quais faixas de frequência você vai realçar quando o som estiver saindo por elas.

A principal perda que você pode ter por comprar falantes ruins é distorção e perda de frequência. Sabe aquela sensação desagradável de ouvir música pelo celular? Pode acontecer com você, se escolher mal suas caixas. 
 

A agulha

Esse item costuma precisar de manutenção regular. Tanto é que a peça, em geral, é facilmente substituível.

Aqui tem um guia para você fazer o trabalho sujo.


Rotações, espessura, cores, tamanhos… e todo esse jargão, o que significa?

Os vinis propriamente ditos variam muito de tamanho, cor, espessura e quantidade de rotações. Pode parecer um pouco confuso no começo, mas na realidade é bem simples.

O tamanho influencia principalmente na quantidade de músicas e no tempo de execução do álbum.

Os singles vinham em vinis de 7 polegadas, menorzinhos, feitos para serem mais baratos. Você basicamente comprava uma música e ganhava outra do outro lado do disquinho, os tais B-sides.

Os discos de 12 polegadas são os álbuns completos que têm cerca de 22 minutos de cada lado. É por isso que os cd’s de hoje, que costumam ter uns 60 minutos de duração, geralmente resultam em vinis duplos.

Eles são feitos para, basicamente, três tipos de rotações: 33 1/3 RPM, 45 RPM, e 78 RPM. Você olha a rotação correta especifica no seu toca-discos, para garantir a velocidade correta de execução.

Os discos também vêm em muitas edições coloridas, combinando com a arte da capa. É um recurso estético bem interessante, que dá todo um plus no visual da coisa, mas alguns audiófilos não gostam, pois o preto tem uma função de aumentar a durabilidade do produto.

Quanto à densidade/espessura, os vinis de hoje são bem mais grossos e pesados que os de certos períodos. É comum que você veja um selo nas capas dizendo que aquele disco tem “180 gramas”, por exemplo. O ponto é que o vinil também sofre desgaste à medida em que vai sendo usado e quanto mais denso e grosso o vinil, maior a durabilidade. Dizem que faz diferença no som também. 
 
 

Álbuns clássicos: há diferença entre os vinis de hoje e os antigos?

Sim.

A principal, eu diria, é que os vinis de hoje, em sua maioria, não são derivados das masters originais – sugiro ler um pouco sobre como é a masterização de um álbum –, mas das masters das versões em CD. Isso acontece porque os selos que distribuem os álbuns não possuem acesso às masters analógicas originais, por isso recorrem ao arquivo digitalizado.

Há um lado relativamente bom: álbuns remasterizados costumam vir com um grave mais acentuado e uma certa dose a mais de ganho, o que pode melhorar a percepção do som, de certa forma (ok, esse é um ponto sensível, se quiser saber mais, recomendo ler sobre loudness wars).

O problema é que isso mata totalmente a graça de se ter uma versão em vinil de um álbum clássico. Basicamente, você só está comprando uma versão cheia de ruído e estalos de um CD.

Por isso, se tiver a chance de comprar uma cópia de prensagem original, não pense duas vezes. A experiência é outra.


O mercado de colecionadores

Uma das melhores partes de se comprar vinis é que eles são extremamente colecionáveis. Isso quer dizer que ao comprar um álbum, você provavelmente está adquirindo um objeto que, daqui a alguns anos, pode valer alguma coisa.

Essa é uma qualidade que os arquivos digitais nunca vão possuir, afinal, tratam-se de dados facilmente copiáveis, sem o aspecto material que torna os álbuns em vinil tão interessantes. É o ritual completo que nos fascina.

Sabe aquela coisa bonita de ir a uma livraria e escolher justo aquela edição de capa dura do livro que você ama? É por aí.

Claro que essa não é a melhor forma de se fazer grana, mas é bom saber que algum dia, seus discos podem salvar você de um perrengue.

Álbuns antigos, álbuns clássicos, álbuns tardios e mesmo os lançamentos recentes, todos têm o seu devido valor, muito mais emocional do que objetivo – o que torna até um pouco difícil de mensurar.

E vocês, gostam de vinil? Têm toca-discos em casa? Quais álbuns estão ouvindo? 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Azymuth - Águia Não Come Mosca [1977]

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Por Marcos Vinícius Leonel em Peduvido
ÁGUIA NÃO COME MOSCA – Azymuth
Instrumental brasileiro nas alturas

Esse é o segundo disco da banda brasileira de jazz fusion, lançado em 1977, no auge desse gênero, com grandes nomes lançando discos excepcionais por toda a década de 70 e início da década de 80. Os rótulos se multiplicavam na mídia especializada, assim como as críticas favoráveis e desfavoráveis. Os brasileiros não só estavam inseridos nesse cenário, como também já eram muito respeitados pela habilidade harmônica, pela inventividade e pelo exímio domínio da linguagem instrumental.

Enquanto parte da crítica internacional torcia o nariz para as misturas, nomes como Azymuth, Oregon, Egberto Gismonti, Wayne Shorter, Raul de Souza, Airto Moreira, Gato Barbieri, Caldera, Shakti, entre outros, misturavam o jazz com culturas diversas e se alinhavam a outros que misturavam o jazz com o rock, o funk, o sol e o blues, tais como Weather Report, Stanley Clarke, Larry Coryell, James Blood Ulmer, Mahavishnu Orchestra, L.A. Express, Passaport, Pat Martino, Chick Corea, e vários outros, lançavam uma obra prima atrás da outra, independente do que os puristas pensavam, ou pensam, tanto faz.

Ouvir “Águia não Come Mosca” não é voltar no tempo, nem muito menos destilar um saudosismo inoportuno de como a década de 70 era mágica, mas sim, confirmar o fôlego criativo de uma banda que está na ativa até hoje. Falo de excelência, não falo de caretice burocrática e cerebral de um Wynton Marsalis desses, saído de uma escola quartel qualquer, movido a purismo flatulento e mecanicismo instrumental, que resulta em uma máquina de reproduzir escalas em alta velocidade. Falo de manha, falo de suingue, falo de criatividade com virtuosismo pleno.

O trio José Roberto Bertrami, Alex Malheiros e Ivan Conti, respectivamente: teclados, baixo e bateria, antes de formarem a banda Azymuth, já tinha em seu currículo uma série de participações em discos de artistas importantes do cenário da música brasileira. Nesse sentido vale a pena conferir a sonoridade espetacular de discos como “Eu quero é botar o meu bloco na rua”, de Sérgio Sampaio, e “Alucinação”, de Belchior. Os timbres de piano fender com chorus, baixo fretless e bateria encorpada, mais para o rock do que para o jazz, fizeram a ambiência de muitas viagens sonoras.

Eu sempre achei o som dessa banda muito especial, com capacidade total de hipnotizar qualquer um, com força suficiente para chapar. Assim que comprei o LP, passei a pancada sonora para uma fita cassete cromo, tdk, e fomos ouvir subindo a serra, em busca do Serrano, um clube campestre aqui do Crato, no famoso Corcel I, marrom, do meu amigo Boris. Desde esse dia célebre, foram inúmeras viagens e mais viagens na companhia de Azymuth, de Boris, de Etym e de Cândido Filho. Em pleno 1977.

A primeira faixa é uma singela melodia, viajandona que só: Vôo sobre o horizonte, depois disso, até à faixa 10, é puro suingue brasileiro, misturando samba, bossa, afro, jazz, funk e mpb. Essa é uma das cozinhas mais perfeitas do instrumental brasileiro, uma mistura de pegada visceral e sutileza, com muita síncope e explorações de tempos fracos e contratempos, em texturas rítmicas embriagantes. Destaques para “Águia não come mosca”, “Tarde”, “Despertar”, “Tamborim, cuíca, ganzá, berimbau”, “A presa” e “A caça”. A sonoridade da banda nessa produção lembra os timbres de teclados de Herbie Hancock e The Jeff Lorber Fusion, com levadas funk.

A mistura de samba fica por conta da adição de Ariovaldo, Nenem, Doutor e Jorginho, na percussão brasileira, que tem o seu apogeu na última faixa: “Águia negra x Dragão negro”, com a adição de uma torcida vibrando em plena vibração no Maracanã. A gravação analógica deixa essa obra prima com uma sonoridade única e intransferível.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Blezqi Zatsaz - The Tide Turns [2000]

Mega FLAC


Nessa "andanças" pela internet descobri que Fabio Ribeiro havia passado pela banda III Milênio e fiquei intrigado. Decidi por buscar sua biografia e acabei por achar seu facebook com uma autobiografia. Abaixo vai uma tradução livre:

Nascido em São Paulo, Brasil, em 18 de setembro de 1969, Fabio Ribeiro mostrou interesse musical a partir de uma idade muito precoce. Incentivado por seus pais, ambos músicos, ele começou a ter aulas de piano clássico em 1975, e se formou em 1986.

No início dos anos oitenta, motivado a tocar junto com outros músicos, Fabio entrou para sua primeira banda, o quarteto progressivo instrumental Annubis.  Ironicamente, o instrumento com o qual o tecladista ingressou nesta banda não foi seu instrumento de origem e sim a guitarra. Em 1985, Fabio começou a tocar teclados eletrônicos, bem como piano e guitarra. Nesse mesmo ano, iniciou seus estudos em música eletrônica, programação sintetizador e tecnologia da música.

Em 1986, deixou seu primeiro grupo e formou com outros músicos a banda Desequilíbrios, na qual permaneceu até o início dos anos 90 e gravou o álbum de mesmo nome. Neste mesmo período, se envolveu em diversos projetos musicais, participando de vários álbuns de bandas como Clavion, III Milênio, Antítese e Revenge, e excursionando e gravando com outras como A Chave do Sol, Overdose e Anjos da Noite. Passou também a dar aulas particulares de música e tecnologia musical. 

Lançou seu primeiro projeto solo em 1991, o álbum Blezqi Zatsaz – Rise and Fall Of Passional Sanity.

Em 1993, participou da primeira formação da banda Angra, realizando o primeiro concerto da história do grupo. Paralelamente, ingressou no trabalho de consultoria para empresas fabricantes de instrumentos musicais eletrônicos, prestando serviços como consultor, especialista de produtos e programador para empresas como Korg e posteriormente Kawai, Gulbransen, Music Systems Research e PianoDisc.

Entre 1997 e 1999, o tecladista também participou em vários concertos e álbuns do grupo psicodélico-progressivo Violeta de Outono.

Fabio Ribeiro voltou a jogar com o Angra em 1999, para a turnê Fireworks. A banda tocou no Brasil, América Latina, Europa, etc.

Em 2000, a gravadora francesa Musea relançou o álbum Blezqi Zatsaz - Rise and Fall Of Passional Sanity com material bônus. Outros álbuns iniciais caracterizam o tecladista foram relançados durante esse período também.

Em 2001, passou a trabalhar com o Shaaman, banda formada por dissidentes do Angra, após a ruptura da banda. Realizou a turnê de pré-lançamento da banda, no Brasil e no exterior, e participou da gravação do primeiro álbum – Ritual. Entre 2002 e 2004, excursionou com o Shaaman por diversos países, realizando mais de uma centena de concertos. Esta turnê está registrada no CD/DVD Shaaman – Ritualive, da Universal Music.

Paralelamente, em 2002, o tecladista lançou o segundo trabalho de seu projeto solo, Blezqi Zatsaz – The Tide Turns. O álbum foi lançado no Brasil e nos Estados Unidos, e em seguida na Europa. Também em 2002, começa a funcionar o estúdio de produção e gravação The Brainless Brothers. Neste estúdio, desde então, foram desenvolvidos diversos projetos, entre eles Henceforth, Violeta de Outono, Fuga, Headgear, Shaaman, e mais recentemente Andre Matos, Remove Silence e Motorguts.

Em 2005, Fábio gravou com a banda Shaaman o álbum Reason, e posteriormente participou de toda a turnê de promoção do mesmo, que se estendeu até maio de 2006.

De 2006 a 2010, Fabio Ribeiro foi o tecladista da banda Andre Matos, juntamente com os ex-membros do Shaman, Andre Matos, Hugo Mariutti e Luis Mariutti, além de guitarrista André 'Zaza' Hernandes e o baterista Eloy Casagrande. O primeiro álbum da banda - Time To Be Free, produzido por Roy Z e Sascha Paeth, foi lançado no Brasil, Europa, Japão, Taiwan, Coréia, Tailândia e Rússia. O segundo álbum - Mentalize - foi lançado em 2009, no Japão, na Europa e no Brasil.

Hoje, Fabio está trabalhando no negócio de tecnologia da música, como consultor e especialista em produtos. Por mais de uma década, ele foi responsável pelas versões brasileiras dos manuais de operação para instrumentos musicais e aparelhos eletrônicos de muitas empresas como Clavia, Korg, Kawai, Mackie, Marshall, Allen & Heath, Line6, Zoom, Digitech, Nady, etc, e como colunista de revistas e sites especializados, ele escreve artigos sobre tecnologia musical, instrumentos musicais e material relacionado. Através do estúdio Through The Brainless Brothers, ele oferece um serviço completo na produção musical. Periodicamente, ele também consegue organizar aulas e workshops sobre tecnologia musical e programação de sintetizadores.

Em 2007, Fabio formou uma nova banda - REMOVE SILENCE - com o baixista/vocalista Ale Souza (Blezqi Zatsaz), guitarrista/cantor Hugo Mariutti (Shaman, Andre Matos) e o baterista/vocalista Edu Cominato (Jeff Scott Soto). O álbum de estréia - FADE - foi lançado no Brasil (Dynamo Records), EUA, Canadá e México (Metaledge Records), acompanhado por um single / videclip ("Fade") e o curta-metragem "Bastões na torre de sino".

Em 2010, REMOVE SILENCE foi pré indicado ao Grammy nos EUA. Categorias - "Melhor Álbum de Rock", com "Fade" e "Melhor Performance de Hard Rock" com a música "Pressão".

Em 2012, REMOVE SILENCE lançou seu segundo álbum - ATROCITY ESTÚPIDO HUMANO - e um videoclip - WORMSTATION.

Novos documentários em vídeo estão sendo liberados regularmente para manter todos informados sobre a forma como as coisas estão indo. Estes vídeos, bem como material de música, pode ser encontrado nos principais canais da banda na internet - www.removesilence.com, SoundCloud, MySpace, ReverbNation e YouTube. Outros vídeos interessantes disponíveis através destes canais incluem a apresentação de REMOVE SILENCE no showlivre Internet TV Show, onde a banda tocou ao vivo todo o conteúdo do "Fade".

Também em 2012, o álbum de estréia de MOTORGUTS - Seven - foi lançado. Produzido por Fabio Ribeiro e Ale Souza, com Luis Mariutti (baixo - Angra, Shaman, Andre Matos), Rafael Rosa (Drums - Andre Matos), Fabio Colombini, e Marcelo Araujo.

Em 2013, REMOVE SILENCE lançou um EP intitulado "Little Piece Of Heaven", com mais sete faixas, incluindo remixes e novas versões de canções de S.H.A. e mais material inédito. Além disso, uma série de vídeos foi lançado no YouTube, com a banda tocando músicas do álbum S.H.A. no estúdio de ensaio.

Neste momento, REMOVE SILENCE está gravando seu terceiro álbum, agora com uma nova formação, desde a saída de Hugo Mariutti e Edu Cominato no início de 2014.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Marcos De Ros - Masterpieces [1999]

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Mais um excelente músico brasileiro. Marcos De Ros chegou a ser eleito pela revista Rolling Stone como uns dos 70 Mestres Brasileiros da Guitarra e Violão ao lado de João Bosco, Fernando Catatau, Guinga, Frank Solari, Jacob do Bandolim, entre outros.

Talentoso como poucos, desfilou seu acordes no fusion, trash, hard, metal, baião, música clássica e até milonga. Sua discografia começou com a banda De Ros que gravou os álbuns Ad Dei Gloriam e Universe lançados em 1994 e 1997 respectivamente. Depois com a banda Akashic que lançou os álbuns Timeless Realm em 2000 e A Brand New Day em 2005. Em carreira solo, além de Masterpieces, lançou Masterpieces 2 em 2004, Rock Masterpieces (Songs From My Youth) em 2008, Peças de Bravura em 2010, em parceria com o pianista Éder Bergozza, e Sociedade da Aventuras Fantásticas em 2013.