segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Nenhum de Nós [1987]

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Por Durango 95

O 1º disco do Nenhum de Nós, álbum homônimo, com 10 faixas, é lançado em 1987. Consagrando seu “carro-chefe”, “Camila, Camila”, seu clássico absoluto – canção mais executada em rádios no ano de 1988/89. Nessa obra vê-se claramente a influência New Order da banda embalada pelo seu caldeirão de inspirações. Sonoridade desde sempre original - destaque para a música “Adeus” , última faixa do lado A. O grupo já assumia a característica de compor músicas extensas e letras lógicas. Tratando temas sociais, relacionamento, viagem interior. A última faixa do lado B traz uma participação especial bem interessante: Vitor Ramil – por telefone!!! Esse disco não foi lançado em CD até hoje tornando-se uma raridade e objeto de desejo dos fãs mais novos.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Poços & Nuvens - Ano Veloz Outono Adentro [1998]

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Do Site Oficial

Em Ano Veloz Outono Adentro (acima), as músicas se desenrolam no âmbito de um ano, começando num outono, passando por todas as estações e finalizando no outro outono.

As letras em português refletem, entre outros temas, a busca de uma relação mais próxima do homem com a natureza, a passagem do tempo e as estações bem como a procura de um mundo melhor. A banda recebeu influências de O Som Nosso de Cada Dia, O Terço, A Barca do Sol, Rush e Jethro Tull.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Luiz Bonfá - Merry Christmas With Luiz Bonfá [2012]

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Entrando no clima natalino ouvindo jazz e bossa nova com o sempre ótimo Luiz Bonfá.

01. Batucada (Original Mix) - Luiz Bonfa
02. Over the Rainbow (Original Mix) - Luiz Bonfà, Jorge Henrique
03. Minha Saudade (Original Mix) - Luiz Bonfa
04. Perdido De Amor (Original Mix) - Luiz Bonfà, Ed Lincoln
05. Calypso Minor (Original Mix) - Luiz Bonfa
06. Shearing (Original Mix) - Luiz Bonfa
07. Pernambuco (Original Mix) - Luiz Bonfa
08. Island of Trindade (Original Mix) - Luiz Bonfa
09. Old Times (Velhas Tempos) (Original Mix) - Luiz Bonfa
10. Trinidad (Original Mix) - Luiz Bonfà, Ed Lincoln
11. Indian Dance (Original Mix) - Luiz Bonfa
12. Nelly (Original Mix) - Luiz Bonfa
13. Yesterdays (Original Mix) - Luiz Bonfa
14. Bonfabuloso (Original Mix) - Luiz Bonfa
15. Marajo (Original Mix) - Luiz Bonfa
16. Luzes Do Rio (Lights of Rio) (Original Mix) - Luiz Bonfa
17. Cancao De Outono (Original Mix) - Luiz Bonfa
18. Night and Day (Original Mix) - Luiz Bonfa
19. A Chuva Caiu (Original Mix) - Luiz Bonfa, Antonio Carlos Jobim
20. Bagpipes (Original Mix) - Luiz Bonfa
21. Sambolero (Original Mix) - Luiz Bonfa
22. Garoto (Original Mix) - Luiz Bonfa
23. Fanfarra (Fanfare) (Original Mix) - Luiz Bonfa
24. Marcha Escocesa (Scottish March) (Original Mix) - Luiz Bonfa
25. Na Baixa Do Sapateiro (Original Mix) - Luiz Bonfa
26. Amor Sem Adeus (Love Without Goodbye) (Original Mix) - Luiz Bonfa
27. I'll Remember April (Original Mix) - Luiz Bonfa
28. Arabesque (Original Mix) - Luiz Bonfa
29. Manha De Carnaval (Original Mix) - Luiz Bonfa
30. A Brazilian in New York (Original Mix) - Luiz Bonfa
31. Variacoes Em Violao (Variations On Guitar) (Original Mix) - Luiz Bonfa
32. Carnaval De Ontem (Original Mix) - Luiz Bonfà, Jorge Henrique
33. Blue Madrid (Original Mix) - Luiz Bonfa
34. Samba De Orfeu (Original Mix) - Luiz Bonfa
35. Adios (Original Mix) - Luiz Bonfà, Jorge Henrique
36. Prelude to Adventure in Space (Original Mix) - Luiz Bonfa
37. Tenderly (Original Mix) - Luiz Bonfa
38. Agora E Cinza (Original Mix) - Luiz Bonfà, Ed Lincoln
39. Preludio (Original Mix) - Luiz Bonfa
40. E Quiero....Dijiste (Original Mix) - Luiz Bonfà, Jorge Henrique
41. Carnival (Original Mix) - Luiz Bonfa
42. Uma Prece (Original Mix) - Luiz Bonfa
43. Seringueiro (Original Mix) - Luiz Bonfa
44. Chopin (Original Mix) - Luiz Bonfa
45. Brasilia (Original Mix) - Luiz Bonfa
46. Lonely Lament (Original Mix) - Luiz Bonfa
47. Murder (Original Mix) - Luiz Bonfa
48. The Song Is You (Original Mix) - Luiz Bonfà, Jorge Henrique
49. Quebra Mar (The Seawall) (Original Mix) - Luiz Bonfa
50. George Back in Town (Original Mix) - Luiz Bonfa

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Forsik - Bicho Caveira [2013] EP

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Por Daniel Silva
publicado em 3 outubro de 2013 no Rifferama

O trio ForsiK levou mais de um ano para finalizar o EP “Bicho Caveira”, que será lançado hoje, dia 3, no General Lee, em Florianópolis, com abertura da Eletromotriz, de Garopaba. Formado em 2010 pelo baterista Leandro Vidal, a formação do grupo só se estabilizou quando o baixista Afonso Baleeiro assumiu os vocais. O guitarrista Marcelo Marini está desde o começo do projeto.

Curiosamente, nenhum dos integrantes nasceu em Santa Catarina. Todos vieram a trabalho ou estudo (de MG e PR) para a Capital e se tornaram amigos por causa da música, que no caso da ForsiK é pesada, suja e agressiva, algo na linha do Red Fang, com bastante influência de Black Sabbath e Motörhead.

O stoner rock/heavy metal da banda foi moldado nos inúmeros ensaios no estúdio Pimenta do Reino, onde o “Bicho Caveira” foi gravado, masterizado e remasterizado em um longo processo, mas que deixou os integrantes da ForsiK mais do que satisfeitos com a sonoridade encontrada, como contou ao Rifferama o baterista Leandro Vidal.

- Desde que a banda surgiu ensaiamos sempre lá. Acredito que isso tenha ajudado muito no processo de gravação, pois nos sentimos em casa e, além de conhecermos bem os profissionais que trabalham lá, eles conhecem a nossa proposta. Como se tratavam de três músicas, estávamos bem preparados e gravamos tudo em quatro finais de semana (em julho de 2012). Em novembro a primeira masterização saiu com um resultado muito bacana e nesse ano remasterizamos as músicas novamente. O resultado ficou surpreendente.

A ForsiK tem outras cinco músicas prontas para irem para o futuro disco da banda, que pode ser lançado também em formato físico, caso surja o contato com algum selo. A resposta das pessoas ao EP tem empolgado o trio, que foi batizado com essa palavra (junção de Force/Força e Sick/Doente) que representa os opostos que as pessoas vivem no dia a dia, frustrações, motivações, etc., buscando o equilíbrio entre esses extremos para seguir em frente, segundo Vidal.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Eduardo Araújo - Pelos Caminhos do Rock [1975]

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Por Márcio Aquino em Tarati Taraguá

Em 1975, Eduardo Araújo fazia um rock da melhor qualidade. Estava lançando um excelente disco: Pelos Caminhos do Rock, e fazia parte de um grupo de artistas que surgiram na Jovem Guarda, e após o fim do movimento continuaram fazendo rock, de uma forma mais madura e radical. Hoje ele nada lembra o cantor de rock que já foi. Costuma se apresentar com um chapelão de vaqueiro, cantando um country meio sertanejo e chato. Mas seu passado é glorioso, como cantor e compositor que fazia soul e rock de primeira. Não é à toa que na época, a revista Pop fez com ele uma matéria intitulada "Eduardo Araújo Rockeiro de Corpo e Alma":

"Rockeiro que não evolui perde público". É assim que Eduardo Araújo, um cara que, na época da jovem guarda já levantava muita poeira na estrada do rock, explica as mudanças que sua imagem vem sofrendo de uns tempos para cá. "Na verdade, essa mudança começou há alguns anos. Quando o pessoal da Jovem Guarda saiu do iê-iê-iê e entrou na onda da musiquinha romântica tipo dor-de-cotovelo, eu caí fora e comecei a fazer o 'bolero eletrificado', que era uma música muito mais brasileira. E mandei brasa em "Maringá" e "Chuá-Chuá", por exemplo. Depois evoluí bastante tocando guitarra e passei a elaborar novos arranjos. Estou sempre acompanhando o movimento da música que se faz lá fora, mas acho que o nosso rock tem de ser diferente, autêntico."

Para ele, rock não é apenas ritmo, mas toda música que se faz hoje para os jovens. Uma música com mensagem e que pode ser até samba: "O Milton Nascimento é um dos melhores rockeiros do Brasil". Entusiasmado com seu novo show, que já apresentou no Rio e em São Paulo e vai agora para todas as capitais, e com o LP Pelos Caminhos do Rock, que tem até som latino, Eduardo Araújo mostra uma fé inabalável no sucesso do rock brasileiro: "Os rockeiros ainda são perseguidos e têm muitos problemas com a censura. Mas é só a gente resolver certos grilos, e o rock vai estourar de verdade por aqui". Ele acha que, é preciso liberar festivais ao ar livre para o público conhecer os conjuntos novos, já que as gravadoras pouco se interessam por eles.

Provando que acredita realmente nesse trabalho jovem, Eduardo Araújo acaba de fundar a Pirata Gravações Musicais, que vai botar muito rock novo na praça. "Mas é importante também que os músicos simplifiquem os arranjos, fazendo um rockão com raízes brasileiras, que leva o público a participar. Daí pra frente, ninguém consegue segurar o movimento: "A não ser que os rockeiros insistam em continuar agindo dessa maneira, tão desunidos. "Mas a gente precisa dar uma grande força. Afinal, alguma coisa tem de acontecer com a juventude brasileira."


A1 Construção
A2 Pelos Caminhos Do Rock
A3 San Juan De Puerto Rico
A4 Era Um Idolo
A5 Alergia De Viver
B1 Na Baixa Do Sapateiro
B2 Amor Escuro
B3 Abracadabra
B4 Os Cães Ladram E A Caravana Passa
B5 Deus Lhe Pague

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Wander Wildner - No Ritmo da Vida [2004]

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Por Anderson Nascimento
publicado em 1 de julho de 2004 no Whiplash

Encartado com o número dois da revista Outracoisa, o novo cd do punker Gaúcho Wander Wildner, é uma coletânea de hits acrescida de algumas músicas inéditas do cancioneiro auto-biográfico do cara.

O sujeito é um cara super citado (e elogiado) pelos veículos musicais e artistas brasileiros, o que por si só já é um ponto de referência para o artista e esse disco traz um pouco do seu perfil nas suas doze músicas, produzidas quase integralmente por ele e pelo rodado Tom Capone.

Este disco é o quinto de sua carreira solo, Wander fez/faz história junto da banda oitentista “Replicantes” que está completando 20 anos de carreira. Em sua carreira solo, Wildner iniciou um estilo chamado de Punk Brega, justamente por descrever sua vida em cada uma das músicas.

Para quem ainda não conhecia, o disco tem a versão original de “Bebendo Vinho”, que fora regravada pelo Ira! no disco “Isso é Amor” e, surpresa, o vocal arrastado de Wander Wildner é o mesmo usado por Nasi na versão do Ira!.

As músicas desfilam versos super conflituosos e de uma sinceridade ímpar, como é o caso da música “Mantra das Possibilidades” (“minha vontade é ser bonito, mas eu não consigo...”, “sonho em ter cabelo comprido, mas eu não consigo...”). É assim também na música “Anjos e Demônios” (“Anjos e Demônios passam por mim, cruzam os céus e zombam de mim...”). “Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro”, segue a linha brega e é um dos destaques do disco, é um rock a lá anos 80 que descreve uma dor de cotovelo de um amor mal resolvido. “O sol que me ilumina”, também fala sobre um relacionamento “Foi uma linda história de amor, provavelmente a maior, depois que acabou minha vida virou um inferno”, diz o próprio Wander a respeito da música que lembra Renato Russo na época de “A Tempestade”.

Mas o disco também traz uns hits bem pesados como “Eu tenho uma camisa escrita eu te amo” e “On the road”, escapista e empolgante ao extremo.

Outro destaque é a música “Damas da noite” sobre “as mulheres da vida”, letra forte e realista que entrega o estilo escancarado de compor de Wander Wildner.

Por fim, o disco ainda traz um soneto musicado de Glauco Matoso chamado “Ensaístico” interpretado e pontencializado pelo esporro da voz do cantor.

Enfim, é uma excelente oportunidade para que não conhece o artista sair do zero e curtir este brilhante compositor.


 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Anjo Gabriel - Lucifer Rising [2013]

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Por Ricardo Seelig em Collectors Room

Interessante o segundo passo dado pela banda pernambucana Anjo Gabriel. Após lançar em 2010 o seu primeiro disco, o excelente e justamente aclamado O Culto Secreto do Anjo Gabriel, o quarteto formado por Cristiano Ras (guitarra e voz), André Sette (teclado, theremin, flauta e voz), Marco da Lata (baixo e voz) e CH Malves (bateria) ousa em seu segundo álbum. Batizado como Lucifer Rising, o trabalho é uma trilha alternativa para o filme homônimo do cineasta norte-americano Kenneth Anger, película essa que contou com a participação ativa de Jimmy Page (como você sabe, a cabeça do Led Zeppelin) na produção executiva e também na composição de sua trilha sonora original. Porém, devido a desentendimentos entre Page e Anger, o guitarrista inglês abandonou o projeto e manteve as músicas que havia composto inéditas por décadas, lançando-as apenas em 2012 em um LP vendido somente através de seu site oficial.

O que o Anjo Gabriel faz no seu segundo disco é imaginar uma nova trilha para o filme de Kenneth Anger, em um caminho sonoro que não tem nada a ver com o proposto por Page. A ideia para o projeto surgiu em 2010, na mostra Play the Movie, realizada durante o festival No Ar Coquetel Molotov, em Recife, onde as bandas eram convidadas a imaginar uma trilha sonora para determinados filmes. O resultado ficou tão bom que a banda resolveu fazer desta experiência o seu segundo disco.

Lucifer Rising é um álbum curto, com duração de pouco mais de 30 minutos. São duas suítes instrumentais, cada uma em um dos lados do vinil. O lado A conta com uma composição de mais de 18 minutos e que apresenta elementos do rock progressivo e jazz fusion mesclados ao hard lisérgico característico do Anjo Gabriel. Já o lado B traz uma faixa com 12 minutos de duração e que mostra o lado mais pesado da banda, tendo a guitarra de Cristiano Ras em primeiro plano.

Evidentemente, a experiência só fica plenamente completa ao colocar para rodar, simultaneamente, o disco e o filme de Anger. Dessa maneira, é possível visualizar em sua plenitude o que o Anjo Gabriel fez, guiando a sua música conforme as nuances e climas apresentados nas cenas. No entanto, a música sobrevive plenamente e anda com as próprias pernas sem a associação com a obra cinematográfica.

Surgindo um pouco mais madura e menos psicodélica do que no seu disco de estreia, a banda mostra em Lucifer Rising o porque de ser considerada, tanto pela crítica quanto pelo público, um dos grandes nomes do rock brasileiro. Os arranjos presentes neste segundo disco atestam isso, com lindas passagens instrumentais e trechos que mesclam agressividade, peso e até uma certa melancolia. O Anjo Gabriel avança em Lucifer Rising, reafirmando a qualidade de sua música e o quão diferenciada ela é na cena brasileira.

Fechando o pacote, a arte gráfica é de cair o queixo. A bela capa, criada por Thiago Trapo, traduz a sensação transmitida ao ouvir o álbum. E o design de todo o projeto, assinado por Camilo Maia, torna essa experiência ainda mais efetiva, em uma belíssima capa dupla.

Há que se mencionar também a decisão da banda de lançar Lucifer Rising, em um primeiro momento, apenas no formato vinil. O tipo de som que o grupo faz ganha outra dimensão ao ser degustado em LP, com a música tomando formas e cores muito mais evidentes. A prensagem em 180 gramas, excelente e feita fora do Brasil, também merece destaque, com uma qualidade sonora digna da obra dos pernambucanos.

Por tudo isso, Lucifer Rising é um item indicadíssimo para quem curte rock de primeira linha. Há pouquíssimas bandas brasileiras fazendo um som como esse, e, dentro desse universo, há apenas o Anjo Gabriel entregando uma música tão bela, mágica e contundente quando a que está não apenas em Lucifer Rising, mas também em seu trabalho anterior.

Procure o significado de excelente no dicionário: todos os sinônimos são perfeitamente aplicáveis a Lucifer Rising.

Nota 9

Faixas:
A - Lucifer Rising Part I
B - Lucifer Rising Part II

domingo, 15 de dezembro de 2013

Ave Sangria - Ave Sangria [1975]

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Ave Sangria, os 'Stones do Nordeste', uma história interrompida
Por José Telles 
publicado no SenhorF

Eles usavam batom, beijavam-se na boca em pleno palco, faziam uma música suja, com letras falando de piratas, moças mortas no cio. E eram muito esquisitos; "frangos", segundo uns, e uma ameaça às moças donzelas da cidade, conforme outros. Estes "maus elementos" faziam parte do Ave Sangria, ex-Tamarineira Village, banda que escandalizou a Recife de 1974, da mesma forma que os Rolling Stones a Londres de dez anos antes. Com efeito, ela era conhecida como os Stones do Nordeste.

"Isto era tudo parte da lenda em torno do Ave Sangria" - explica, 25 anos depois, Rafles, o ministro da informação do grupo. "O baton era mertiolate, que a gente usava para chocar. Não sei de onde surgiu esta história de beijo na boca, a única coisa diferente na turma eram os cabelos e as roupas." Rafles por volta de 68, era o "pirado" de plantão do Recife. Entre suas maluquices está a de enviar, pelo correio, um reforçado baseado, em legítimo papel Colomy, para Paul McCartney. Meses depois, ele recebeu a resposta do Beatle: uma foto autografada como agradecimento.

Foi Rafles quem propôs o nome Tamarineira Village, quando o grupo tomou uma forma definitiva, com a entrada do cantor e letrista Marco Polo. Isto aconteceu depois da I Feira Experimental de Música de Fazenda Nova. Até então, sem nome definido, Almir Oliveira, Lula Martins, Disraeli, Bira, Aparício Meu Amor (sic), Rafles, Tadeu, e Ivson Wanderley eram apenas a banda de apoio de Laílson, hoje cartunista do DP.

Marco Polo, um ex-acadêmico de Direito, foi precoce integrante da geração 45 de poetas recifenses. Com 16 anos, atreveu-se a mostrar seus poemas a Ariano Suassuna e a Cesar Leal. Foi aprovado pelos dois e lançou seu primeiro livro em 66. Em 69, iniciou-se no jornalismo, como repórter do Diário da Noite. Logo ganhou mundo. Em 70, trabalhou por algum tempo no Jornal da Tarde, em São Paulo, mas logo virou hippie, trabalhando como artesão na desbundada praça General Osório, em Ipanema. O primeiro show como Tamarineira Village foi o Fora da Paisagem, depois do festival de Fazenda Nova. Vieram mais dois outros shows, Corpo em Chamas e Concerto Marginal. A partir daí a banda amealhou um público fiel.

Ciganos

A mudança do nome aconteceu quando o grupo passou a ser convidado para apresentações em outros Estados. Os músicos cansaram-se de explicar o significado de Tamarineira Village. O Ave Angria, segundo Marco Polo, foi sugestão de uma cigana amalucada, que encontraram no interior da Paraíba: "Ela gostou de nossa música e fez um poema improvisado, referindo-se a nós como aves sangrias. Achamos legal. O sangria, pelo lado forte, sangüíneo, violento do Nordeste. O ave, pelo lado poético, símbolo da liberdade do nosso trabalho.

Na época, o som do Quinteto Violado era uma das sensações da MPB. Não tardou para as gravadoras mandarem olheiros ao Recife em busca de um novo quinteto. A RCA foi uma delas. O Ave Sangria foi sondado e recusou a proposta (a RCA contratou a Banda de Pau e Corda).

O disco viria com a indicação da banda, pelo empresário dos Novos Baianos, à Continental, a primeira gravadora a apostar no futuro do rock nacional. Antecipando a gozação por serem nordestinos, os integrantes da banda chegaram no estúdio Hawai, na Avenida Brasil, Rio, todos de peixeira na mão: "Falamos para o pessoal ter cuidado, porque a gente vinha da terra de Lampeão", relembra Almir Oliveira. Foi um dos poucos momentos de descontração da banda. Com exceção de Marco Polo, nenhum dos integrantes conhecia o Rio e jamais haviam entrado num estúdio de gravação.

De peixeira na mão

Como agravante, quem produziu o disco foi o pouco experiente Marcio Antonucci. Ex-ídolo da Jovem Guarda (formou a dupla Os Vips, com o irmão Ronaldo), Antonucci ficou perdido com o som que tinha em mãos, e o pôs a perder: "Ele não entendeu nada daquela mistura de rock e música nordestina que a gente fazia, e deixou as sessões rolarem. O diabo é que a gente também não tinha a menor experiência de estúdio", conta o guitarrista Paulo Rafael. Resultado: o disco acabou cheio de timbres acústicos. O Ave Sangria, involuntariamente, virou uma espécie de Quinteto Violado udigrudi. E adulterado não foi apenas o som. A gravadora não topou pagar pela arte da capa e colocou em seu lugar um arremedo do desenho original, assinado por Laílson.

O disco, mesmo pouco divulgado, conseguiu relativo sucesso no Sudeste, e vendeu bastante em alguns Estados do Nordeste. Uma das músicas que fizeram mais sucesso, e polêmica, foi o samba-choro Seu Waldir. "Seu Waldir o senhor/ Machucou meu coração/ Fazer isto comigo, seu Waldir/ Isto não se faz não... Eu quero ser o seu brinquedo favorito/ Seu apito/ Sua camisa de cetim..." Numa época em que a androginia tornava-se uma vertente da música pop. Lá fora com o gliter rock de David Bowie, Gary Glitter e Roxy Music com Alice Cooper, a aqui com o rebolado dos Secos & Molhados, Seu Waldir foi considerado pelos moralistas pernambucanos como uma apologia ao homossexualismo, quando não passava de uma brincadeira do irreverente do Ave Sangria.

Seu Waldir por pouco não vira mito. Uns diziam que era um senhor que morava em Olinda, pelo qual o vocalista do Ave Sangria apaixonara-se. Outros, que se tratava de um jornalista homônimo. Enfim, acreditava-se que o tal Waldir era um personagem de carne e osso. Marco Polo esclarece a história do personagem "Eu fiz Seu Waldir, no Rio, antes de entrar na banda. Ela foi encomendada por Marília Pera para a trilha da peça A Vida Escrachada de Baby Stomponato, de Bráulio Pedroso, que acabou não aproveitando a música".

. O Departamento de Censura da Polícia Federal não levou fé nesta versão. Proibiu o LP e determinou seu recolhimento em todo território nacional. A proibição incitada, segundo os integrantes do Ave Sangria, pelo hoje colunista social do Diário de Pernambuco, João Alberto: "Ele tocava a música no programa de TV que ele apresentava e comentava que achava um absurdo, que uma música com uma letra daquelas não poderia tocar livremente nas rádios", denuncia Rafles. Almir Oliveira diz que lembra dos comentários do jornalista na televisão: "Mas não atribuo diretamente a ele. Se não fosse ele, teria sido outra pessoa, a música era mesmo forte para a época", ameniza. A proibição, segundo comentários da época, deveu-se a um general, incentivado pela indignação da esposa, que não simpatizou com a declaração de amor a seu Waldir.

O disco foi relançado sem a faixa maldita, mas aí o interesse da mídia pelo grupo já havia passado. A Globo, por exemplo, desistiu de veicular o clipe feito para o Fantástico, com a música Geórgia A Carniceira. O grupo perdeu o pique: "A gente era um bando de caras pobres, alguns já com filhos, a grana sempre curta. No aperto, chegamos até a gravar vinhetas para a TV Jornal (uma delas para o programa Jorge Chau)", relembra Marco Polo.

Em dezembro de 1974, o Ave Sangria parecia querer alçar vôo novamente. O grupo fez uma das suas melhores apresentações, com o show Perfumes & Baratchos. O público que foi ao Santa Isabel não sabia, mas teve o privilégio de assistir ao canto de cisne da Ave Sangria. Foi o último show e o fim da banda.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Pata de Elefante - Na Cidade [2010]

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Por Bruno Nogueira
publicado em 3 de junho de 2010 no DoSol

O Pata de Elefante nunca teve suas referências rurais realmente declaradas. Mas não apenas o nome, mas nas fotos de divulgação e o clima de faroeste spaguetti sempre falaram pelas músicas instrumentais do trio gaúcho. “Na Cidade”, disco que marca a saída deles da Monstro Discos para a Trama, mirando público e ambições maiores, faz esse trabalho de transição para o ambiente urbano. Sem fugir do que fez a banda tão atraente: música sem palavras para – isso mesmo – cantar.

“Na Cidade” explica, sem usar palavras, algo que era muito fácil de sentir ao assistir o Pata de Elefante se apresentar ao vivo. E é o fato de que essa é, hoje, uma das melhores bandas instrumentais do país. A mistura de rock com surf music e folk, com usos criativos de Wah Wah’s – pedal que não muda a nota, enquanto muda ela entre grave e agudo, fazendo um som que soa igual ao nome do instrumento – e teclado. O Pata não caiu no clichê do sortuno ao usar o tema cidade e fez um de seus discos com clima mais para cima.

“Grandona”, terceira faixa, mostra como eles conseguem ser instrumental e pop de uma forma que muitas bandas próximas, como o Macaco Bong, ainda encontram dificuldades. O Pata de Elefante é sempre mais sobre diversão que masturbação guitarrística para cansar o ouvido. “Pesadelo nos Bambus”, quinta na sequência, é o momento urbano local, com a faixa batizada a partir de um dos inferninhos mais clássicos de Porto Alegre. A mixagem final do disco, feito no lendário estúdio Abbey Road, deixou que as músicas ficassem encorpadas como costumam soar ao vivo.

Apesar de ter notadamente mais referências – o disco todo poderia passar como uma trilha sonora de filme, com cada faixa traduzindo um momento de tensão diferente – o clima rock da banda está em “Sai da Frente”, música que já podia ser conferida nas apresentações do grupo. Na verdade, todo o repertório de “Na Cidade” pode ser identificado por quem acompanha o Pata de Elefante com afinco. Para não perder a oportunidade do convite da Trama, o que a banda fez foi reaproveitar uma parte de seu acervo ainda não registrado.

Talvez uma audição mais acelerada e preguiçosa possa encontrar um disco que tem variações demais de clima em cada música. Mas o divertido dos últimos lançamentos da banda é perceber como eles trabalham bem o conceito de álbum. Sem palavras, “Na Cidade” consegue contar várias histórias. E, sem letras, a gente acaba reproduzindo o som delas, “cantando”, enquanto escuta.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Rainer Tankred Pappon - Copo D'Água [2012]

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Por RTP no site oficial

Gravado entre 2006 e 2012 no Studio Paris em SP, Brasil. Lançado no dia 13/07/12 no meu site.

Músicas:

1-Copo D`Água 17:23 ISRC BR-RTP-12-00001
2-Tem o Zé 12:17 ISRC BR-RTP-12-00002
3-Sub 3:55 ISRC BR-RTP-12-00003
4-Für Christa 6:16 ISRC BR-RTP-12-00004
5-3834Zappafrank 19:44 ISRC BR-RTP-12-00005
6-Alotof II 21:10 ISRC BR-RTP-12-00006

Músicos:
Bateria Mario Conte
Teclados Jimmy Pappon
Baixo, guitarra e voz R.T.Pappon

Participações especiais:
José Vicente Frascino bateria em Sub
Anna Ruth e Tina Pappon backing em Sub e Tem o Zé

Solos de guitarra em ALOTOF II:
1-RTP, 2-Mario Manga, 3-Miguel Barella, 4-Dudu Marsh, 5-Robert Tress, 6-Evandro Gracelli, 7-Carlos Pontual, 8-Samuel Pappon, 9-Giuseppe Frippi, 10- Michel Leme, 11- Fabio Golfetti, 12-Adriano Nardomarino, 13-Marcos Ottaviano, 14-Alexandre Spiga, 15-Rogério Rego, 16-Rogério Souza, 17- Jimmy Pappon(órgão).

• Todas as composições são de RTP, exceto letra de “Tem o Zé” de Ana Thereza e letra de “Sub” de Milton De Biasi.
Citação do tema de O Guarani de Carlos Gomes no final da segunda parte de Copo D`Água.

• Foto capa Anna Ruth, arte Luiz Laza.

• Não vejo mais sentido dum disco precisar ser redondo com furo no meio, estamos na era do sustentável, viva o pendrive, o mp3player, o celular, o computador, a internet. Baixem o som à vontade, curtam e espalhem.

• Agradeço imensamente a todos que participaram do disco, não é fácil compor, arranjar, tocar, gravar, mixar, masterizar, fazer capa, encarte e dar vida a ele, sem grana. Eu poderia por tudo num site/loja de mp3, talvez até ponha, mas sei que o retorno é incerto e a longuíssimo prazo porque não sou conhecido, nem mais jovem e não tenho acesso a divulgação em massa.

PARA COLECIONAR!

• Como meu disco “Copo D`Água” é de graça e não tenho nenhuma fonte de arrecadação, àqueles que gostaram e comprariam o disco numa loja, fiz uma edição limitada de 5.000 unidades da CAPA/ENCARTE, 21 x 28 cm em papel couchê 170, no valor de um disco independente, R$30,00. Será numerado e personalizado com seu nome, digno para colecionar. Acompanhado também pelo link das músicas em wave.

Basta escrever seu nome, email e a intenção de compra, em CONTATO, que responderei em seguida.

Muito obrigado!

rtp.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Airto - Free [1972]

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Airto Guimarães Moreira nasceu em 5 de agosto de 1941 em Itaiópolis, Santa Catarina. Citado como o percussionista mais importante dos anos 70, tanto pela técnica quanto pela criatividade, Airto Moreira contribuiu para fazer da percussão uma parte essencial de muitos grupos de jazz.

Airto originalmente estudou guitarra e piano, mas quando passou a ser percussionista, colecionou e estudou por volta de 120 diferentes instrumentos de percussão. Em 1968 mudou para os EUA com sua esposa, a cantora Flora Purim.

Airto tocou com Miles Davis entre 1969-70, aparecendo em varias gravações (a mais notável, Live-Evil). Trabalhou um pouco com Lee Morgan em 1971, foi um dos membros fundadores do Wheather Report e em 1972 foi parte da versão inicial do Return to Forever de Chick Corea com Flora Purim.

Airto e Corea também gravaram o clássico "Capitain Marvel" com Stan Getz. Em 1973 Airto já era famoso o bastante para ter seu próprio grupo, assinou com a CTI e aparecendo em apresentações de Flora Purim.

Seu primeiro álbum, "Free" (1972) seguiu uma linha de vanguarda e contou com a presença de Corea e Joe Farrell, além de outros músicos do staff da CTI. Desde então ele permaneceu em plena atividade, quase sempre na co-liderança com sua esposa e gravando como bandleader.

Entre os vários selos onde gravou, se destacam Buddah, CTI, Arista, Warner Bros, Caroline, Rykodisc, In & Out e B&W. Nem toda música que registrou como líder poderia ser chamada de jazz, mas Airto ainda permanece como um

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Cidade de Deus [2002]

Yandex 320kbps



Por Sinapse Online
publicado em 29 de outubro de 2002 na Folha de S.Paulo

Duas partes distintas compõem a trilha sonora de "Cidade de Deus" —longa-metragem de Fernando Meirelles e Kátia Lund escolhido para representar o Brasil com uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2003.

A primeira é um samba-funk instrumental, em seis faixas originais, cujo ápice de ritmo e velocidade é "Morte Zé Pequeno", a música mais curta do CD, de 1min10seg de duração. Essa parte foi composta por Antônio Pinto e Ed Côrtes, que trabalharam juntos na trilha de "Abril Despedaçado". A segunda parte é de gravações de "malandros" como Cartola (com "Preciso Me Encontrar" e "Alvorada), Wilson Simonal (com a ótima "Nem Vem que Não Tem") e Raul Seixas (com a clássica "Metamorfose Ambulante"). Sete faixas das que mais tocaram no Brasil dos anos 60 e 70.

Em ambos os casos, o que se pretende, com relativo sucesso, é trazer o discurso de morros cariocas, seja pelos clássicos das rádios de ontem (e suas letras), seja pelo simples ritmo. Integrado à linguagem do filme, a ginga e o batuque mostram que nem sempre é necessário uma orquestra para conseguir uma boa trilha.

Para finalizar o CD, o remix "Batucada" transforma o samba-funk das composições originais em um samba-tecno, sem decepcionar, e sugere que, em um mercado cheio de estilos repetidos e copiados, a graça pode estar justamente em combinações aparentemente incompatíveis.



1 - Alvorada
Escrita por Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio B. Carvalho.
Interpretada por Cartola.

2 - Azul da Cor do Mar
Escrita e interpretada por Tim Maia.

3 - Dance Across the Floor
Escrita por Harry Wayne Casey e Ronald Finch.
Interpretada por Jimmy Bo Horne.

4 - Get Up I Feel Like Being Like (Sex Machine)
Escrita por James Brown, Bobby Byrd e Ronald R. Lenhoff.
Interpretada por James Brown.

5 - Hold Back the Water
Escrita por Randy Bachman, Robin Bachman e Charles Tuner.
Interpretada por Bachman-Turner Overdrive.

6 - Hot Pants Road
Escrita por Charles A. Bobbit, James Brown e St. Clair Jr. Pinckney.
Interpretada por JB's.

7 - Kung Fu Fighting
Escrita e interpretada por Carl Douglas.

8 - Magrelinha
Escrita e interpretada por Luiz Melodia.

9 - Metamorfose Ambulante
Escrita e interpretada por Raul Seixas

10 - Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de Sape)
Escrita e interpretada por Hyldon.

11 - Nem Vem Que Não Tem
Escrita por Carlos Imperial.
Interpretada por Wilson Simonal.

12 - O Caminho do Bem
Escrita por Sergio, Beto e Paulo.
Interpretada por Tim Maia.

13 - Preciso Me Encontrar
Escrita por Candeia.
Interpretada por Cartola.

14 - So Very Hard to Go
Escrita por Emilio Castillo e Stephen M. Kupka.
Interpretada por Tower of Power.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Zé Ramalho - Nação Nordestina [2000]

Mega 320kbps

Por Anderson Nascimento em Galeria Musical
publicada em 23 de junho 2010 

Há dez anos Zé Ramalho lançava um de seus álbuns mais importantes, ou o mais importante, como cita Assis Ângelo no encarte do CD. O álbum, conceitual, já entrega essa grandiloqüência em seu projeto visual: a capa é uma homenagem ao clássico “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band”, com os ícones nordestinos de todos os tempos posando ao lado de Zé Ramalho; o projeto gráfico inclui um generoso libreto com as letras e a sinopse de cada faixa do álbum duplo.

A idéia de criar um álbum que mostrasse ao Brasil a cara do Nordeste, não só colocando o dedo na ferida, mas também apresentando a riqueza cultural de canções de autores conhecidos do grande Brasil, em conjunção com outros quase anônimos, além do próprio Zé Ramalho, que contribui com seis músicas inéditas suas, dentre as vinte do álbum.

Algo que faz “Nação Nordestina” tão especial é o conceito do álbum, baseado nas desventuras de um viajante percorrendo o nordeste do Brasil. As canções vão se encaixando em um mosaico de teor político, que é endossado pelos canhões das tropas em “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores”, regravação de Geraldo Vandré, aqui recheada de efeitos que a torna uma das melhores gravações já feitas da música.

A política está em outros momentos do álbum como em “O Meu País”, onde, sem mais delongas, Zé vai direto ao assunto, apontando o dedo, mas de “bico calado”, as desigualdades do país. Ou ainda em “Ele Disse”, que ganha ainda o discurso do presidente Getúlio Vargas, realizado no dia do trabalhador em 1951.

O sertanejo que caminha ao longo do Nordeste também retrata os seus costumes em vários momentos como na regravação de “Lamento Sertanejo”, de Gilberto Gil e Dominguinhos, que ganha o reforço do próprio herdeiro musical de Luiz Gonzaga, e da Guitarra de Robertinho do Recife, que é o produtor do álbum.

Os contrapontos também ilustram a obra de Zé Ramalho, às vezes até em sequência, que é o caso das faixas “Temporal” e “Seres Alados”. Se na primeira o viajante entrega que “quem cala, consente a fala”, na segunda a indignação toma conta e manda “Não mais estaremos calados”, contando com o fim da submissão dos gritos do capitão da canção anterior.

No fim do primeiro disco, Zé Ramalho faz uma espécie de duelo de irônicas perguntas e respostas com o povo na canção “Mourão Voltado Em Questões”, novamente com contexto político, dessa vez corroborado pelo povo que segue o sertanejo ao longo dessa caminhada proposta no disco.

Já o disco 2 é menos político, recheado de participações especiais, é muito mais devotado ao ritmo nordestino, como entrega a primeira faixa “Violando com Hermeto”, uma canção instrumental onde Zé Ramalho e Naná Vasconcelos duelam com Hermeto Pascoal. O trem da canção, criado por Naná, abre espaço para o êxodo em “Hino Nordestino” como entrega a letra da canção “...tentar a sorte no Rio de Janeiro, São Paulo, no mundo aceito o desafio...”.

Em “Bandeira Desfraldada”, temos uma interessante fusão de uma cítara brilhantemente nordestina, tocada por Robertinho do Recife, que ganha o reforço da Elba Ramalho, inspiradora da canção gravada originalmente em 1978.

O êxodo continua a ser retratado no álbum através da regravação de “Pau-de-Arara” do mestre Luiz Gonzaga, aqui com uma riqueza musical incrível, capitaneada por uma verdadeira seleção de músicos. “Amar Quem Já Amei”, transcrita aqui como forró com a participação de Ivete Sangalo, traduz os maiores medos dos retirantes como o fracasso da volta sem êxito à terra natal.

Por vezes as tristes letras, principalmente no reflexivo segundo disco, são eclipsadas por ritmos alegres, como pode ser percebido em “Garrote Ferido”, com as marcantes participações de Fagner, Pepeu Gomes e a percussão de Mingo Araújo.

A saudade da terra querida, porém é doída e aqui é validada pela canção “Paraí-ba”, com melancólico vocal de Flávio José e brilhante arranjo de Zé Ramalho.

“Eu Vou Pra Lua”, divertido forró gravado originalmente em 1960, nove anos antes de o homem pisar na lua, traz, nessa nova versão, a participação do grupo pernambucano Cascabulho, na última participação especial do álbum.

A tensa e apocalíptica “Esses Discos Voadores Me Preocupam Demais”, recheada de efeitos especiais, apresenta a curiosidade e discussões sobre a existência ou não de vida fora da Terra. Apesar de muito bacana, esta é a única canção que talvez fuja um pouco da temática principal, presente em todo o álbum.

Com “Digitado Em Poesia”, o viajante que percorre o sertão apontando as mazelas, medos e esperanças da nação nordestina, chega ao final da caminhada, sabendo que chamou a atenção, fez barulho, e principalmente, mostrou a beleza de sua cultura e o talento de seu povo.

Zé Ramalho construiu uma obra singular, que merece estar sempre disponível através de disco, para ser ouvida, estudada e compreendida pelas próximas gerações. “Nação Nordestina” é mais que um disco, é um invólucro munido de história e literatura, cantada e tocada.

Como em seus últimos álbuns Zé Ramalho prestou homenagem aos seus ídolos Raul Seixas, Bob Dylan e Jackson do Pandeiro, seria uma boa se ele resolvesse prestar um tributo a si mesmo. Certamente consistiria em uma grande idéia se o projeto “Nação Nordestina” ganhasse edição comemorativa com versão em vinil (já pensou a maravilhosa capa do CD em tamanho de LP?), álbum ao vivo, e DVD com a releitura na íntegra desse álbum. Não custa nada sonhar, não é mesmo?

domingo, 1 de dezembro de 2013

Wood & Stock – Sexo, Orégano e Rock’n’Roll [2007]

Mega 128Kbps


De Deck

Disco que reúne o fino da psicodelia musical brasileira, a trilha sonora do filme “Wood & Stock – Sexo, Orégano e Rock’n’Roll” une representantes da música setentista, como Rita Lee, Tom Zé, Novos Baianos e Arnaldo Baptista, a novos representantes da lisergia musical, como Júpiter Maçã e Mopho. Um deleite aos ouvidos de quem curte rock e MPB de todos os tempos.

1. Um Lugar do Caralho - Júpiter Maçã
2. Woody Woodpecker - Arnaldo Baptista
3. Um Oh! E um Ah! - Tom Zé
4. Quando Você Me Disse Adeus - Mopho
5. A Marchinha Psicótica de Dr.Soup - Júpiter Maçã
6. Hulla-Hulla - Rita Lee
7. Canção Para Dormir - Júpiter Maçã
8. Ferro Na Boneca - Novos Baianos
9. Paranormal - Matheus Walter
10. Querida Superhist X Mr.Fro g- Júpiter Maçã
11. As Mesmas Coisas - Júpiter Maçã
12. Chão de Estrelas - Rita Lee
13. The Freaking Alice (Hippie Under) - Júpiter Maçã
14. Eu Vou Me Salvar - Rita Lee