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domingo, 2 de dezembro de 2012

Casa das Máquinas [1974]


Mega 320kbps


Por Rafael Correa em Rock Pensante

Com certeza, o desejo de sete dentre dez aficcionados por hard rock é regressar aos anos 70, límpida época em que tal desinência musical consolidou-se de modo peremptório.

Seja no Brasil, nos E.U.A ou no "velho mundo", o hard rock sempre atraiu um público fiel e apaixonado, justamente pela quantidade de lendas em formato de bandas que surgiram em tal lapso temporal. Neste momento, nos dedicaremos a tratar de uma dessas lendas, de origemtupiniquim: a Casa das Máquinas.

O grupo formou-se originalmente em 1970, resultando da fusão das bandas Os Incríveis e Som Beat. De início, percebeu-se que a banda seguiria uma trilha que se inclinaria ao hard rock mesclado com o soul e elementos culturais nacionais: um som único, vibrante e com letras que, ao mesmo tempo indicavam deter um ar no sense, eram um tapa na cara de um país em pleno regime de exceção.

A própria performance da Casa das Máquinas sugeria isso: teatralidade, força e originalidade que, em certo ponto, chegam a lembrar os Secos & Molhados. Um exemplo disso (ainda que fuja da comparação com a trupe de Ney Matogrosso) é a presença de duas (isso mesmo, duas) baterias utilizadas concomitantemente no palco, isto pouco tempo após o lançamento deste primeiro e brilhante disco, que trataremos a partir de agora.

O grupo nos recebe com uma faixa exemplificarmente enérgica: "A Natureza"é um hino à essência do homem, guiado pelo riff conciso e perfeito de Carlos Carge e pela levada de bateria que se tornaram a marca registrada desta canção. Os próprios vocais, gravados e colacionados em uma duplicidade que acaba por gerar um efeito interessante, auxiliam a prender a atenção do ouvinte já nos seu primeiros segundos.

A sequência é arrasadora. Assim que "A Natureza" encerra seus trabalhos, "Tudo Porque Eu te Amo" nos absorve em túnel de musicalidade perfeita, condicionada a uma temática profundamente influenciada por Marvin Gaye: em certo momento, a letra não é mais cantada, e sim, recitada. Trata-se de uma faixa dotada de uma sensibilidade rebuscada. "Mundo de Paz", que lhe sucede, surge para quebrar a atmosfera criada pelas duas canções precedentes: os sábios versos mesclam-se à condução rítmica oferecida pela marcação de, vejam só, um sax, responsável por indicar os compassos desta faixa.

"Quero que Você me Diga" é o maior flerte da banda com o soul, que lembra "O Caminho do Bem" de Tim Maia e sua Cultura Racional. A letra cavalga por diversos temas, ao tratar da busca pela verdade e do encontro com Deus. Para criar este linksem engajar um discurso de fé, é preciso ouvir a faixa atentamente, sob pena de compreender erroneamente os dizeres da banda.

"Canto Livre" é, por certo, uma das canções mais conhecidas do grupo, que dificilmente é associada com a assinatura própria da banda, resultante, mais uma vez, da parca memória brasileira em relação aos artistas que não surfam no mainstream. É uma linda construção musical, insofismavelmente bela e sincera.

A faixa seguinte traz de novamente à baila a energia marcante da banda."Trem da Verdade" aposta na receita original do hard rock ao apostar em um riffmarcante como condutor da letra entoada. Trata-se verdadeiramente de um aríete sonoro, que empolga o ouvinte de imediato.

As canções seguintes oferecem uma certa experimentalidade, terreno no qual o grupo aparenta obter êxito. Com a exceção de "Cantem Esse Som com a Gente", as faixas que arrematam o disco deixam escapar o som forte que é encontrado no início deste disco e em "Casa de Rock", que em sua amplitude é puro rock n roll. A Casa das Máquinas é uma dessas bandas que fazem tanta falta nos dias de hoje, carentes de originalidade e criatividade. Resta-nos resgatar tudo isso na obra deixada por eles.

Cheers!!!


A1 A Natureza
(Aroldo, Carlos Geraldo, Pisca)
A2 Tudo Porque Eu Te Amo
(Aroldo, Carlos Geraldo)
A3 Mundo De Paz
(Carlos Geraldo)
A4 Quero Que Você Me Diga
(Carlos Geraldo)
A5 Canto Livre
(Lúcio Batista)
B1 Trem Da Verdade
(Aroldo, Netinho, Pisca)
B2 Preciso Lhe Ouvir
(Carlos Geraldo)
B3 Cantem Este Som Com A Gente
(Aroldo, Carlos Geraldo)
B4 Domingo À Tarde
(Carlos Geraldo)
B5 Sanduíche De Queijo
(Aroldo, Netinho)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Casa das Máquinas - Lar das Maravilhas [1975]

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Estávamos em 1975, a repressão política e o subseqüente cerceamento do direito de expressão eram atos rotineiros e considerados legítimos pelos governantes, Médici (1969-1974) e Geisel (1974-1979). Para quem não era nascido ou era muito pequeno, é muito difícil entender o quadro político e social daquela época.

Somente para exemplificar, não se podia ler aquilo que não fosse do interesse do “Poder” constituído. Eu mesmo, nesse período, somente conseguia ler alguns dos exemplares do periódico e alternativo Jornal Pasquim (que contava com uma equipe de respeito como: Paulo Francis, Tarso de Castro, Jaguar, Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil, Ferreira Gullar e muitos outros.), graças à astúcia do jornaleiro da esquina, que às vezes conseguia esconder um único exemplar antes da edição ser retirada de circulação. Fazia-se uma fila de espera para termos acesso aos raros exemplares “caçados”, que eram avidamente lidos, escondidos dentro da própria banca.

Cabelos longos eram sinônimos de maconheiro, marginal, bicha ou subversivo, verdadeiros inimigos internos. Uma simples e descuidada opinião em um bar, poderia ser o passaporte para um recolhimento involuntário e por vezes eterno no (DOI-CODI) Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna.

Bom, essa conversa toda, visa apenas mostrar como era difícil viver e criar naquela época, principalmente para as artes, fossem literárias, gráficas ou musicais.

Mas vamos ao que interessa. O Casa das Máquinas, com o seu 2º LP (Lar de Maravilhas) consolidou o conceito do que deveria ser o verdadeiro progressivo brasileiro. Na minha opinião, foi o melhor trabalho da banda e sem sombra de dúvida alguma, uma das melhores bandas de Rock Progressivo, senão a melhor, que o Brasil já teve.

“Já se pode sentir embora longe, os reflexos de uma revolução biológica, que vai se agigantando a cada momento que passa. A vida esta se modificando. A luz da transformação vem de todos os espaços, vem do infinito, onde máquinas e homens jamais conseguirão registrar ou ver, vem também do interior do próprio homem, onde Raio x de ciência alguma poderá revelar.” (B.J.Aroldo)

Acredito que o texto acima, retirado da capa interna do LP, seja suficiente para evidenciar o quão estava adiantada a mentalidade dos integrantes dessa fantástica banda. As excelentes letras, os primorosos arranjos e o flagrante virtuosismo dos músicos, são uma constante em todo o LP.

Lamentavelmente, provavelmente por pressão da gravadora (Som Livre) e a nova formação da banda, o Casa das Maquinas não deu continuidade à linha progressiva, dando maior ênfase ao Rock.




Ficha Técnica:

Luiz Franco Thomaz (Netinho) - Bateria, Percussão, Fala.
José Aroldo Binda (Aroldo) - Violão, Guitarra, Vocal.
Carlos Roberto Piazzoli (Pisca) - Guitarra, Guitarra 12 Cordas, Órgão Yamaha, Baixo, Violão.
Carlos da Silva (Carlos Geraldo) -  Baixo, Doble Baixo, Vocal.
Mario Testoni Jr. (Marinho): Hammond, Órgão Yamaha, Clavinet, Moog, Melotron, Piano De Cauda, Piano Fender.

Mario Franco Thomaz (Marinho) - Bateria, Percussão, Vocal.


Veja também:
Casa das Máquinas - Casa de Rock [1976]

quarta-feira, 28 de março de 2012

Casa das Máquinas - Casa de Rock [1976]

Mega 320kbps


Por Lucas Vieira em Galeria Musical

Em seu terceiro álbum, o Casa das Máquinas investiu num rock mais cru e pesado, sem músicas flower power como o primeiro disco e muito menos progressivas como em Lar das Maravilhas, é rock do início ao fim. O disco foi sucesso na época e rendeu ao grupo um clipe no fantástico com a música "Casa de Rock", onde a banda toca em um lugar semelhante a uma fábrica. O disco traz faixas onde notamos a qualidade dos músicos, principalmente "Londres", onde Piska faz uma linha de guitarra fenomenal. Destaques para "Dr. Medo", "Jogue Tudo Para a Cabeça", "Stress" e "Sonho de Vagabundo".




Formação que gravou Casa de Rock:

Simbas - vocal.
Piska - guitarra, baixo, strings, violão 12 cordas, minimoog, vocal.
Marinho Testoni - órgão Yamaha, piano acústico, piano fender, minimoog, elka strings.
Netinho - bateria, percussão, moog drums e vocal em "Certo Sim, Seu Errado".
Marinho Thomas - bateria*, percussão, 2° vocal.

* Você leu certo, a banda tinha dois bateristas.