domingo, 22 de janeiro de 2012

Entrevista com Rita Lee, 18/01/2012

Rita Lee: 'Quero ser abduzida em 2012'
Publicado em 18 de janeiro de 2012 no O Dia

*Guilherme Scarpa

Rio - Rita Lee não dá entrevistas entrevistas pessoalmente desde que inventaram o e-mail. Viciada em Internet, hoje ela faz a alegria de 346.110 seguidores no Twitter, ferramenta que escolheu para, “em plena vagabundagem, com toda disposição”, falar muita bobagem, como canta nos versos do hit ‘Banho de Espuma’. “Confesso que não sei onde começa o vício e onde acaba a ‘dorga’”, brinca ela, que já foi dependente de coisas mais pesadas e, ultimamente, só se permite muitas baforadas de Marlboro. Embora tenha 64 anos, 45 de estrada, e já tenha experimentado de tudo nessa vida, a rainha do rock vai se portar como uma virgem quando subir ao palco do Circo do Voador, sábado, na Lapa, pela primeiríssima vez. Depois de nove anos sem gravar um CD de inéditas, ela também vai lançar o novo disco, ‘Reza’.

O DIA: O Circo Voador está completando 30 anos e você nunca se apresentou naquele palco. Lembra de ter assistido a algum show memorável? 

RITA LEE: Cara, eu nunca estive no Circo! As notícias das farras que rolavam por lá eram ‘roquenrou’ no tutano. Se você me pede uma explicação de por que nunca estive na maior estação roqueira do Rio... Dã! É ‘ambilívabou’ (inacreditável)! 

Alguns fãs sempre pedem músicas mais antigas, do começo do Tutti Frutti ou dos Mutantes. Existe alguma canção que você não toca de jeito nenhum? 

Não tenho música-ojeriza. O público tem favoritas, procuro favoritar todas, mas são mais de 400!

Você e Elis Regina ficaram muito amigas no fim dos anos 70. Amanhã faz 30 anos que ela foi para o outro plano. Pensa em homenageá-la sábado, no show do Circo?

Homenageio direto na fonte, ser arroz de festa não era com ela, nem comigo.

Seu Twitter é sempre uma fonte de boas histórias e gera muitos comentários. O microblog foi amor à primeira vista? 

Confesso que não sei onde começa o vício e acaba a ‘dorga’, sempre vou negar no tribunal. Afff!

Sua participação e atuação no Twitter a inspiraram a compor alguma música recentemente?

Objetivamente, não. Digamos que o caso é sério e não somos apenas bons amigos.Apesar de que temos uma faixa chamada ‘Pow’, originária dessas ondas tuitescas.

Você postou que “gente boazinha chupa, gente legal mama, gente educada lambe, gente com nojo cospe e gente faminta engole”. Desculpe, mas em que categoria você se encaixa?

Não tenho ideia do que você está dizendo. Fumou? Bebeu? Cheirou?

Está obstinada a parar de fumar? O cigarro é a droga mais difícil de largar, pior que o álcool?

Any drug is a motherfucker drug (toda droga é filha da p...), inclusive comer, que não é o meu caso. Afff!

O que pensa quando lê um artigo sobre sua vida? Que tipo de comentário mais a irrita, Rita?

Apesar de conter no meu nome, não sou irritável, eu sou rabugenta.

No DVD ‘Baila Comigo’, você diz que só tem ouvido basicamente música eletrônica em casa. Quem você permite nos seus fones de ouvido?

Faz isso comigo, não. Mudo de ideia como mudo de calcinha, cada dia uma nova (ou não) rola no salão.

Essa ligação com a música eletrônica, bem marcante no disco ‘3001’ (2000) e também em ‘Balacobaco’ (2003), vai voltar no próximo disco que você está preparando para lançar? Já tem um nome definido?

De namoro no ‘3001’, já estamos em lua de mel neste novo, que, aliás, se chama ‘Reza’ — ou o que isso signifique. Há eletronicidades pelo disco todo.

Você vai mesmo desfilar na comissão de frente da Vai-Vai, de São Paulo, cujo samba-enredo é ‘Mulheres que Brilham — A Força Feminina no Progresso Social e Cultural do País’?

Ainda não bati o martelo, sou virgem na coisa.

Mas você já pensa como iria vestida?

Não sei.

Depois de tantos anos casados, como você e Roberto de Carvalho reinventam a relação no dia a dia?

Nós temos cumplicidade no crime.

Quais são suas metas para 2012?

Ser abduzida.

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