domingo, 30 de dezembro de 2012

Tuca - Drácula I Love You [1974]

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Por Tiago Ramos em  Folhas Dispersas

Estranho confessar, mas sempre tive um interesse insistente por essas cantoras que morreram jovens demais. Estava procurando na internet informações sobre a Tuca, uma brilhante cantora, arranjadora e compositora brasileira que fez suas andanças pela França e de volta ao Brasil em 75, e que veio a falecer três anos depois, deixando uma obra tanto pequena quanto interessante. Lembrei que também sempre fiquei fascinado com a história da Karen Carpenter. Além da morte relacionada ao mesmo problema, ambas cantam com voz suave, um tanto grave, bastante tranquila.

As semelhanças, no entanto, param aí. Ao contrário da mais que famosa Karen Carpenter, Tuca é um dos mais bem guardados segredos da música popular brasileira; informações sobre sua vida são difíceis de encontrar, e seus álbuns só recentemente foram disponibilizados pelos bons ofícios do Zecalouro, responsável pelo site Loronix. Muita gente no Brasil e no estrangeiro passou algum tempo sem saber o que acontecera com ela. Os franceses sempre poderão se lembrar do álbum “La Question”, de Françoise Hardy, os brasileiros, além de poderem ouvir os álbuns de Tuca – cujo nome de batismo é Valenzia Zagni da Silva – podem ouvir o excelente “Dez anos Depois” de Nara Leão, que contou com grande participação de nossa heroína.

Tuca é da geração que apareceu no âmbito dos festivais universitários de música e aqueles grandes festivais da TV brasileira. Para os mais jovens (também não vivi nada daquilo, mas ao menos sei do que se trata), explico que era assim que alguém ficava conhecido nos idos de 1960, quando não existia MTV. É um período da música que acho bem interessante, cresci ouvindo esse tipo de coisa em casa, por culpa de mamãe (a culpa é sempre da mãe), mas não imaginei que houvesse saído dali uma artista tão criativa quanto Tuca. Achei sei trabalho acima da média, acrescente-se a isso o fato de ser algo pouco conhecido e minha atenção foi completamente cativada. Drácula “I Love You” foi muito ousado, diferente e é altamente recomendado por este humilde escrivinhador. Ali você encontra um misto de tristeza e estranhamento que, nas primeiras audições, me deixou meio sem chão. “Meu eu” é uma viagem curiosa pelo Brasil, pois te leva, às vezes na mesma faixa, por entre universos musicais díspares que se encontram espalhados pelo país, sem esquecer a influência clássica que faz participação especial em trechos do álbum, quase como uma brincadeira – ou assim pareceria se o primeiro álbum de Tuca não fosse, no geral, tão sério. Ah, não deixem de ouvir "La Question", vale muito a pena, embora meu francês macarrônico não me permita entrar em detalhes acerca das músicas. Vale especialmente por ser o melhor disco de Hardy e pelo violão de Tuca.

Hoje Tuca teria 64 anos. Não saberemos jamais o que ela teria feito. Esse é mais intrigante dos músicos que morrem jovens, a gente sempre fica pensando no que ficou por vir. Pensar nisso me deixa um tantinho melancólico.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Braia - ... E o Mundo de Lá [2008]

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Por Thunderdog

Já consagrado pelo seu trabalho no Tuatha de Danann, o cantor Bruno Maia deu partida em seu projeto solo, intitulado Braia.

A banda mescla música celta, brasileira e toques de rock, o músico lança o disco …E o Mundo de Lá.

O primeiro e até agora e o único disco do Braia foi lançado em 2007 e as dez faixas foram gravadas em oito estúdios no Brasil, Irlanda e França, com dezesseis músicos de diversas regionalidades e formações. No disco, Bruno arrisca com vários instrumentos diferentes, como: Bouzuki, craviola, bandolim, bodhran, percussões latinas, diversas flautas (doce e transversal), teclados e outros.

Os vocais variam entre o masculino e o feminino, mas é o segundo que predomina a maior parte do tempo.

Pra quem aprecia o Tuatha de Dannan vale a pena conhecer esse projeto, eu pessoalmente nunca imaginei que música brasileira com elementos Celtas pudessem ficar em uma harmonia quase que perfeita, As letras são em português e falam sobre duendes e outras criaturas mágicas, que, segundo Bruno, o ser Humano estupidamente deixou de acreditar.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Golpe de Estado - Direto do Fronte [2012]

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Golpe de Estado volta revigorado e mais forte
Por Marcelo Moreira em 7 de novembro de 2012 no Combate Rock

O rock nacional ainda precisa do Golpe do Estado? Ninguém perguntou ao quarteto paulistano de hard rock, e os músicos não se preocuparam em responder. No ano em que a banda finalmente resolveu comemorar os 25 anos do lançamento do primeiro álbum, autointitulado (com atraso, pois o lançamento é de 1986), o grupo ressuscita com um trabalho com músicas inéditas oito anos depois sem lançar nada.

Esperava-se um trabalho datado, embolorado e nostálgico vai se surpreender. A nostalgia está lá, assim como o bom humor e a alegria de gravar. E essa é a maior característica de “Direto do Fronte”: é um disco muito animado, com guitarras bem mais pesadas do que se vê em qualquer banda do chamado rock nacional.

“Decidimos em boa hora gravar esse trabalho. dois novos integrantes deram um gás novo e mais ideias interessantes. Conseguimos manter o estilo Golpe de Estado e ainda estamos soando mais ‘frescos’ e arejados”, comemora o guitarrista Hélcio Aguirra, um dos fundadores, ao comentar as entradas de Dino Linardi (vocal) e Robby Pontes (bateria).


Ouvindo canções como “Falo Que Não Faço”, “Marymoon”, “Feira do Rato” (com ótima letra e interpretação vocal contagiante) e “Gente Pirata” é de se perguntar porque tal bom humor desapareceu na música pop nacional. O novo vocalista, Dino Linardi, não se preocupou em deixar de soar como o ícone Catalau, o primeiro vocalista. Decisão acertada, pois deixou o álbum com cara de Golpe de Estado.

“Não foi intencional que Dino mostrasse algo parecido com o ex-vocalista. O legal, contudo, é que ele caiu de cabeça no trabalho e fez um trabalho admirável. Ele tem carisma, feeling e muita informação, sabe tudo sobre o passado do Golpe. Um profissional comprometido e que nos empurra”, diz Aguirra.

A agenda de shows começa a ficar lotada e o grupo começa a pensar em uma turnê e, mais para frente, nas comemorações dos 30 anos do grupo, entre 2014 e 2015.

“O apoio da Substancial Music é fundamental neste momento para que possaos estruturar qualquer plano em 2013. Nosso álbum é a melhor resposta para quem acredita não haver espaço para o bom rock nacional no mercado atual”, afirma o guitarrista.

Mutantes - Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets [1972]

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Por Celso Barbieri

O álbum acima foi lançado em 1972 e é um dos meus álbuns brasileiros preferidos. Devo tê-lo escutado centenas e centenas de vezes. Era o tempo do vinil onde costumávamos literalmente furar o disco de tanto ouvir. Este álbum conta com algumas pérolas musicais, escuta obrigatória para todo roqueiro brasileiro. A música Balada do Louco foi um dos meus hinos por muitos anos. Beijo Exagerado e A Hora e a Vez do Cabelo Crescer são dois rocks bravos e, para à época que foram gravados, brutais e extremos. A faixa Dune Buggy é um funk de primeira, uma grande homenagem à bandas como, Parliament e Funkadelic. E, se já não fosse o suficiente o álbum ainda nos brindou com a faixa título Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets, uma viagem experimental corajosa onde a banda mostra a sua inesgotável criatividade e coragem na busca de novos sons, timbres e estilos.

Veja também:
Mutantes - A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado [1970]

1972 [2006]




Raridades do rock brasileiro da década de 70
Por AARocha em Tudo Que Interessa

1972 é uma surpresa por revelar que houve vida inteligente no rock brasileiro da década de 70. São raridades históricas. É gratificante ouvir Karma e Os Lobos, um sinal do início do rock progressivo entre nós. Soma e Os Brazões com um rock básico e pesado. Módulo Mil, numa deliciosa levada à Led Zeppelin, talvez uma das únicas bandas de rock que tenha vendido discos na época. “É só curtir” (A Bolha) — proibida em 1972 — e “As cheias do luar” (Vide Bula) — canção-tema do filme são peças rearranjadas pelos integrantes de A Bolha em 2002 e 2005, com o mesmo espírito de 1972, e mostram o que é o bom e velho rock. O repertório traz ainda Dom Salvador & Abolição — mais cultuado fora do Brasil — numa levada black e Egberto Gismonti com uma sonoridade jazz. Completa o CD, hits da década de 70 com Caetano e Gal, em um iê-iê-iê romântico; Sá, Rodrix e Guarabira, em deliciosa sonoridade; Márcio Greick (que aqui até soa moderno); Rita Lee, Novos Baianos, Gilberto Gil e Toni Tornado, numa black music que viria a crescer bastante como tendência tempos depois.

Diapasão - Ao Vivo [2011]



Em 2011 lançou seu segundo disco, “Ao vivo”, gravado em outubro de 2010 na Sala Juvenal Dias – Palácio das Artes, em Belo Horizonte, e depois mixado e masterizado no Estúdio Engenho. André Tavares garantiu um ótimo nível de qualidade técnica do áudio oferecendo ao ouvinte um trabalho realizado com muita dedicação e carinho. Realizado de forma independente, o trabalho foi lançado em julho de 2011 no Savassi Festival 2011. O disco apresenta uma reunião de músicas inéditas de Rodrigo Lana, Leandro César, Alexandre Andrés e Gustavo Amaral, revelando trabalhos de composição individual e processos de criação coletiva. Conta com a participação especial de Ayran Nicodemo. O violinista imprime sua sonoridade nas faixas Ganesha e Balãozinho. Os arranjos privilegiam o grupo, e a pluralidade de cada instrumentista, Bateria, Marimba de Vidro, Piano, Violão, Bandolim, Percussão, Baixo e Flautas criam uma paleta de cores que pintam no tempo uma música de infinitas possibilidades.

Diapasão é um grupo de música instrumental de sonoridade singular. A musicalidade brasileira está fortemente presente e a liberdade criativa de cada um dos músicos componentes gera uma mescla de texturas e cores harmônicas, melódicas e rítmicas, produzindo sensações que vão da euforia à introspecção, da paz serena à caótica agitação. Composto por Alexandre Andrés (Flautas), Rodrigo Lana (Piano), Gustavo Amaral (Baixo e bandolim), Adriano Goyatá (Bateria e Marimba de vidro) e Leandro César (Violão, bandolim e outros) o grupo e se uniu para criar coletivamente uma música instrumental sem rótulos. Com idéias, sentimentos e técnica, seus integrantes produzem uma música contemporânea e autêntica, com arranjos sofisticados e liberdade de improvisação.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Matanza - Thunder Hope [2012]



“Thunder Dope”, o novo projeto do Matanza, vai revelar segredos, raridades e fazer, de certa forma, um apanhado da carreira da banda. O álbum é uma releitura de um material antigo do Matanza que, por algum motivo, acabou de fora do repertório dos álbuns.

“Não se trata de “sobra de estúdio” mas de músicas que ficaram incompletas, acabaram esquecidas mas que, de alguma forma, foram importantes pra que viéssemos a entender o nosso próprio som.” – explica o guitarrista Marco Donida.

Além das faixas que originalmente pertenceram às demos de 1998 e 1999 (“Terror em Dashville” e “De Volta à Tombstone”), o álbum traz versões de músicas que nunca haviam tido um registro e de outras que sequer haviam ganhado arranjo.

“Thunder Dope é um projeto que documenta anos de “ensaio e erro” dentro de um processo de criação que até hoje nos deixa as roupas fedendo a whisky…” – finaliza Donida.

Zé Geraldo - Poeira e Canto Ao Vivo [1988]

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Gravado ao vivo do SESC Pompéia em São Paulo, esse álbum é algo memorável.

A1 Cidadão
A2 Lua Curiosa
A3 Peão Do Trecho
A4 Senhorita
A5 Como Diria Dylan
B1 Bolo De Aniversario
B2 Semente De Tudo
B3 Rio Doce
B4 Meu Caminho De Nuvens Brancas
B5 Milho Aos Pombos

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Index - Liber Secundus [2001]

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Por Prog Brasil

Depois de um primeiro disco ainda preso ao passado, a banda gaúcha lança o segundo disco pela Rock Symphony. O estilo da banda continua seguindo a escola italiana, mas percebemos algumas influências britânicas desta vez. Talvez tenha sido impressão minha, mas em alguns momentos percebo algumas homenagens à Pink Floyd (The Great Gig in The Sky) na música Lágrima (vocais femininos emocionantes), Yes (Heart of the Sunrise) em Guernica em Nova York - poesia e música belíssimas - e Novella (Renaissance?). Ouçam e tirem suas próprias conclusões. Aliás, poesia e músicas combinam-se perfeitamente neste disco. Belas letras.

Musicalmente, a banda evolui. Otaviano deixou a bateria e pilota agora os teclados e a entrada de Leonardo Reis adicionou mais energia às composições. Essa mexida nos músicos deu mais punch ao som do Index. Vocais em português (o que é sempre louvável) mas que em alguns momentos poderiam ser dispensáveis. Instrumentalmente um disco impecável, ao contrário do primeiro, que soa burocrático em alguns momentos.

Ad Perpetuam Memoriam Index!

Músicas

Lágrima - 9:10
Portões de Gaza - 13:13
Fim de Floresta - 8:00
Algemas de Cristal - 1:46
Guernica em Nova York - 9:05
Instantes - 7:52
Novella - 13:46

Músicos

Ronaldo Schenato - baixo
Leonardo Reis - bateria e vocais
Otaviano Kury - teclados e vocais
Jones Júnior - guitarra e vocais

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Macaco Bong - Verdão Verdinho [2011]


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Por Renan Bossi

Depois do estouro que foi Artista Igual Pedreiro, o Macaco Bong está de volta com seu mais novo EP, o Verdão e Verdinho, apenas uma prévia do que está por vir. O conceito da banda, de desconstrução dos arranjos da música popular e defrontá-los com arranjos de jazz/fusion/pop, tudo isso com cara de rock, foi muito bem mantido por enquanto.

As três músicas do EP, nos dão uma boa expectativa para o novo disco, com arranjos muito bem trabalhados e faixas instrumentais que te envolvem e mostram o grande potencial da banda. Nesta prévia, Bruno Kayapy (guitarra), aposta em guitarras mais limpas e riffs mais bem trabalhados e suingados.

A primeira faixa, Japabugre, é a mais frenética guitarristicamente falando, tem um arranjo e timbre lindos e uma pegada de jazz rítmico fenomenal. Já a segunda faixa, Morango Tango, tem um suíngue muito bom, não dá pra ficar parado. A guitarra bem limpa é acompanhada de perto pela “cozinha”, formando um belo conjunto de suíngue, sendo a faixa mais tranquila das três. A Terceira e última faixa, Quero Quero, fecha muito bem, retomando um pouco dos riffs caóticos do último disco, porém mesclando muito bem com a nova cara clean do som da banda.

Parando para refletir um pouco sobre os indícios deste EP, vê-se uma roupagem mais clean e tranquila da banda, com musicas mais “magrinhas”, porém muito bem trabalhadas.

Veja também:
Macaco Bong - Artista Igual Pedreiro [2008]

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Moptop - Como Se Comportar [2008]

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Por Alex Correa em Move That Jukebox

Se em 2006 o Moptop já se mostrava preparado para embarcar no sucesso com seu álbum de estréia, em agosto de 2008 ficou provado que a viagem ao mundo da fama era sem volta.

Com uma personalidade novinha em folha, o grupo carioca brilha na turnê de Como Se Comportar, um disco que não pode passar em branco. Transpirando menos The Strokes, Aonde Quer Chegar, Como Se Comportar e a adolescente História para Contar compõem a parte mais marcante de todo o trabalho, mas a badalada Desapego não fica para trás.

Tão apaixonantes e grudentas quanto as antigas Paris e Sempre Igual, são Bom Par e a mais básica Adeus, mas não deixe de dar a devida atenção à Bonanza e à Contramão, inédita que mais me chamou a atenção quando vi o Moptop no início do ano, na Fundição Progresso, que mais tarde recebeu o Interpol.



1 Aonde Quer Chegar?
2 Contramão
3 Como Se Comportar
4 Desapego
5 Eu Avisei
6 Bom Par
7 Malcuidado
8 Beijo De Filme
9 Adeus
10 2046
11 História Pra Contar
12 Bonanza

Wiermann e Vogel - A Mão Livre [2003]



Este trabalho foi inspirado em uma exposição que o artista plástico Cláudio Dantas realizou no ano de 2001. Algumas das telas do artista ilustram o libreto do CD. É o início de uma série de trabalhos voltado para teclados e cordas, com composições livres criadas especialmente para este projeto.

"A Mão Livre" é contemplado com a participação de importantes músicos do cenário instrumental/erudito brasileiro. Além de Kleber Vogel (violino), Elisa Wiermann (piano e sintetizadores), Cláudio Dantas (bateria e percuassão), Marco Lauria (baixo), Roberto Crivano (guitarra e violão), conta também com a articipação especial de Paulo Santoro (cello) e Francisco Gonçalves (oboé).

sábado, 15 de dezembro de 2012

Plebe Rude - Nunca Fomos Tão Brasileiros [1987]



Plebe nunca foi tão Rude

Por Jefferson Guedes
Publicado em 03 de maio 1987 no O Globo

Mas nunca foi tão brasileira; como olho de furacão, varrendo os críticos 'otários'

Um ataque à censura e aos críticos e as primeiras incursões em temas existenciais são as marcas do novo disco da Plebe, "Nunca fomos tão brasileiros", ainda mais rude nas lojas, via EMI-Odeon, em junho. A reportagem do Globo esteve no estúdio na terça-feira e pôde presenciar a alegria de Herbert Vianna, produtor do LP, que fez caras e bocas, posou, insólito, para nossa câmera e ainda se mostrou pródigo em idéias e articulações - principalmente ao detectar a ascensão do hip hop -, mas sóbrio o bastante para não interferir na concepção da Plebe Rude, que sofre influências musicais diferentes. Na discussão sobre a vanguarda, Philippe (guitarra solo e voz) sintetizou: "Esse papo é coisa de crítico paulista otário".

Não convidem para a mesma mesa a crítica paulista e a Plebe Rude. Pelo menos é o que se percebe das declarações do grupo, desde que a BIZZ estampou o "axioma" de Steve Severin, o baixista de Siouxsie, de que a Plebe era "very brazilian no sentido da cópia". A polêmica afirmação rendeu frutos em duas músicas nesse LP: "Nunca fomos tão brasileiros" e "Mentiras (por enquanto)".

A primeira reflete um pouco o caldo cultural de influências que é o Brasil e toca na ferida com sinceridade ("Nós não temos identidade própria / Copiamos tudo em nossa volta / Nunca fomos tão brasileiros"). A segunda é uma autêntica viagem da banda - auxiliadas pela bateria de Gutje e o baixo de André X em alta ebulição - em que eles dizem que o "olho do furacão está calmo / olhe em volta - veja os danos feitos pelo vento / não tente explicar a tempestade / procure um abrigo ou se torne vulnerável". Metáfora pura? Talvez, mas a leitura que a banda fez de "Mentiras..." enxerga o furacão Plebe explodindo em adrenalina nos shows; e os críticos olhando com a cara sisuda. Gutje define bem:

- Uma pessoa quando pega uma chuva, com um disco de que gosta, coloca-o dentro da roupa para protege-lo; o crítico, ao contrário, é o primeiro que o leva à cabeça para ficar todo molhado.

Em conseqüência, Philippe levanta uma questão: "Será que qualidade faz diferença neste país?" Segundo o vocalista, existem quilos de discos, despejados no mercado, sem a mínima preocupação com o acabamento, e que, mesmo assim, vendem como nunca. "Eu teria vergonha de lançar um LP assim", acrescenta.

Mas o que significa a Plebe produzida por Herbert Paralamas Vianna? Primeiro, muito bom humor. Ao pisar a entrada do estúdio, Herbert, de óculos, mereceu de Philippe a pergunta: "É saudade?" Resposta do homem: "São óculos sem grau". Depois, já no estúdio, Herbert comandou o primeiro balanço da noite: trazia uma fita com "Fat human in a diner", um funk eletrônico com muito swing, que ele havia composto naquela tarde, com Bi Ribeiro, "para uma festa, que adoramos fazer". Se você tem preconceito contra o funk, ouvindo o Paralamas você perde. "Fat..." é feita apenas com bateria eletrônica, sintetizador e voz.

A batida do funk acende um pavio: citando jovens que freqüentam bailes do subúrbio, perguntamos se o rock não teria virado reduto da pequena burguesia da zona sul e se o funk não teria muito mais a ver com a realidade dos negros. Herbert responde:

- É verdade. Você vai no morro São Carlos e as pessoas ouvem funk ou pagode. Além do mais, o rock não tem mais obrigação de carregar a bandeira libertária de nada. Hoje é puro entretenimento.

Philippe acrescenta: "Se você analisar, no conceito dos compradores, esta constatação é obvia". Gutje vai além: "O funk é muito mais próximo do samba do que o rock", analisa, tentando explicar a proximidade entre os dois ritmos.

Herbert, de pensamento bem articulado, questiona: "E os bailes do subúrbio? Que fenômeno é esse que a zona sul desconhece? São mais de três mil pessoas ouvindo as últimas novidades, com sua forma de dançar característica, suas bermudas, e cantando, junto, o funk, além de fazer suas versões pornográficas para as músicas e os raps". O Paralama considera que o "de mais interessante que existe em termos de produção, no momento, é o funk" (e sem falar que ele tem ouvido Led, Cream e, na terça, comprou o célebre "VU", do Velvet Underground, a banda maldita do fim dos '60).

Nesse ponto, Philippe não gostou muito da idéia: se o futuro é funk, "que desgraça de futuro, Herbert!". Mas ambos se entenderam, logo depois, quando se discutiu a tal vanguarda (como dizia a moçada da PUC de outros carnavais, cada vez mais vã). "Eu não entendo essa coisa de vanguarda, é algo falido, nada de um rebanho para todo mundo seguir, pois a música ganhou várias direções", analisa Herbert. Philippe sentencia e volta à polêmica com os paulistas: "Está me chateando este lero de reciclagem da música, via Sisters ou Cults da vida. Eu sinto a falta de algo mais forte, como Buzzcocks, por exemplo. A Plebe pretende fazer uma coisa nova, sem a pretensão de ser vanguarda, que é papo de crítico paulista otário".

Mas, se há alhos e bugalhos entre os Paralamas e a Plebe, os filhos de Brasília se entendem bem. Na pausa para o lanche, muitas pizzas, cocas, cerveja e garrafas de saquê azul regavam a descontraída turma. Philippe tocava ao piano Dire Straits e Herbert, bem alegre e falando muito em inglês, jurava que era Al Stewart. Logo depois, em poses "históricas" (segundo Philippe), Herbert fez caras e bocas e, literalmente, ficou de quatro para a Plebe. Mais tarde, Herbert apagou no estúdio, acordando bem depois para mostrar, animadíssimo, "Fat human dinner", para Dulce Quental e Leo Jaime.

E a concepção do disco? Philippe avisa que a predominância é eletroacústica. Sua única frustração é que, embora adore heavy metal, ainda não teve a chance de desfiar em disco um longo solo de guitarra. De qualquer forma, "A ida", que ele imagina ser o "Até Quando" do novo LP, tem a presença do violão acústico, sua mais recente paixão. A canção tem "uma visão pessoal da morte", para o vocalista, e significa a primeira incursão existencial da banda.

"Censura" também promete dar pano para manga: "A censura é a única entidade que ninguém censura / a unidade repressora oficial". Ameba (guitarra base e vocais) explica a inclusão da música: continua tão atual como nunca. Da mesma forma que o "Bravo Mundo Novo" que sugere uma releitura de "Até Quando": "Se eu lhe dissesse, olhe além do horizonte / será que você olharia? / bravo mundo novo / está nascendo / e pelo visto vai te surpreender um dia". A banda dispara outros rudes petardos em "Consumo" e "Nova Era Techno".

"Nunca fomos tão brasileiros" é um LP que pretende mostrar uma Plebe amadurecida e investindo no aprimoramento técnico sem perder a sensibilidade e a adrenalina que sempre marcaram seus shows. Um bom exemplo disso é o trabalho de André X, martelando seu baixo até chegar no ponto ideal, com a providencial ajuda do técnico Renato Luís. Ou Gutje, que tem uma nova bateria com seus power tom's , tambores que dão um som mais potente, melhorando o timbre e o resultado final.

Você está querendo um show com a Plebe? Calma. O Rio servirá de palco para o lançamento do LP, em junho (provavelmente no Canecão, ainda que o empresário Arnaldo Bortolon não abra a boca a respeito), pegando os paulistas depois (um público fiel, segundo a banda, que deverá abrigá-los no Anhembi), Brasília e, emendando, uma excursão de Porto Alegre a Natal. O Brasil vai rachar!

UM POVO EM BUSCA DE SUA IDENTIDADE

Nunca fomos tão brasileiros

Sou brasileiro
Você diz que sim
Mas importações não deixam ser assim
Pra que tudo isso na região tupiniquim?
Nasci aqui, mas não sou eu
Vocês estão neste barco também
Pensam que é o paraíso
Parece que eles vivem aqui
Nunca fomos tão brasileiros.
O que adianta vocês viverem assim?
Ser prisioneiro dentro do próprio jardim?
Pra que tudo isso na região tupiniquim?
Nasci aqui mas não sou eu
Vocês estão neste barco também
Nós não temos identidade própria
Copiamos tudo em nossa volta
Nunca fomos tão brasileiros
Pra que tudo isso na região tupiniquim?
Eu não sei, eu não sei, eu não sei, eu não sei.


ALGUMA CRENÇA PODE JUSTIFICAR A MORTE?

A Ida

Quem tem a razão,
um burocrata ou um padre,
Evangelho nas mãos?
Momento instante então
palavras não justificam uma ida em vão.
Esclarece, por favor,
o que é tão temido
só acontece com os outros?
O que você faria?
Quem escutar, então?
Delegado, jurista, relatório em mãos
ou um padre e seu sermão?
Um toque divino não é explicação.
Esclarece, por favor,
o que é tão temido
só acontece com os outros?
Me mostra, então
a ida sem razão.
Aceitar, ou não?
Crença nenhuma justifica
a ida em vão.
Sua papelada, então,
adianta alguma coisa?
Duzentas folhas e nenhuma conclusão?

Apocalypse - Aurora dos Sonhos [1996]

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Por Apocalypse

O segundo álbum pela gravadora MUSEA traz obras primas do progressivo brasileiro como Vindo das Estrelas e Do Outro Lado da Vida. A música Jamais Retornarei seria usada para o segundo vídeo-clip do grupo e o álbum ainda teria espaço para duas suítes: a instrumental A Um Passo da Eternidade, obra em que o Apocalypse reúne elementos da música concreta (ruídos, sons ambientais), eletrônica (sintetizadores, filtragens, timbres sintéticos, samples de instrumentos), música acústica (violão, bateria) e Último Horizonte, um hino em defesa da natureza gelada dos pólos do nosso planeta. A música Em Apenas um Segundo e Jamais Retornarei mostram a influência direta dos grupos Yes, Rush e Genesis enquanto que as demais são de longa duração e mostram o que o Apocalypse fez de melhor na década de 1990. A temática é voltada ao espiritualismo, ficção científica, enigmas do universo e defesa da natureza. O grupo gravou o álbum em Porto Alegre com a produção de Edu Coelho que mais tarde acompanharia o Apocalypse como técnico de som nas viagens para o Rio de Janeiro.


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Index [1999]


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Por Renato Glaessel em Progbrasil


Revisitar álbuns clássicos é sempre uma ótima opção. 

Um álbum clássico certamente depende de bons músicos no aspecto técnico, isso o Index tem, certamente depende de boas composições e arranjos, e isso o Index também tem; mas isso somente não garante nada, afinal são inúmeros os álbuns com essas boas características, é preciso mais, é preciso algo mágico, que não se pode explicar com palavras, algo que simplesmente.....acontece, e aqui....aconteceu. 

Ouvir o álbum homônimo da banda é uma viagem no sentido literal da palavra, você vai voar, as atmosferas barrocas irão te conduzir a alguns lugares e paisagens do passado e você será encaminhado a lembranças e sensações das quais já havia se esquecido. 

Poucos são os discos capazes disso. 

E quais os motivos ? 

Os motivos estão em cada nota, no andamento perfeito e calculado, na perfeita interação de teclados analógicos conduzidos por Eliane Pisetta e as guitarras e violões de Jones Júnior, algo de divino aconteceu aqui, ser músico não é apenas tocar um instrumento, mas tocar com o instrumento, isso é clichê ? Pode ser, mas às vezes acontece e não são tantas assim. 

Nesses tempos em que o progressivo parece ter se esquecido do valor de uma boa melodia, para valorizar experimentalismos sem sentido, valorizar uma técnica pasteurizada e fundir elementos à exaustão dos ouvintes para pura auto satisfação, para dizer que foi pioneiro. Será pioneirismo copiar e re-copiar as figuras da recente vanguarda? Qual a diferença entre espelhar-se em movimentos de quinhentos ou de cinquenta anos ? Certamente não produz nada de novo da mesma maneira.O importante é buscar referências com as quais se possa emocionar e emocionar aos ouvintes, tão carentes dessas experiências e isso o Index conseguiu já em seu disco de estréia e que, ao menos nesse quesito, dificilmente será superado. 

Dizer que o Index é uma das melhores bandas da cena progressiva Brasileira é chover no molhado, difícil é tentar traduzir em palavras as intervenções dos teclados, das guitarras tristes, bem como da seção rítmica e harmônica e de toda a aura que envolve cada tema. 

Um álbum top do prog-rock Brasileiro.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Vendo 147 - Godofredo [2011]

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Godofredo, que foi precedido por um EP lançado em 2009, é o primeiro álbum da banda, produzido pelo renomado André T (Retrofoguetes, Cascadura, Pitty, Carlinhos Brown, etc.). O trabalho, com oito faixas e uma vinheta, é conceitual e foi construído de forma minuciosa, principalmente em relação às passagens, sonoridade e timbragens, respeitando a estrutura do que a banda faz ao vivo – baixo, guitarras e clone drum (dois bateristas, sincronizados, dividindo o mesmo bumbo).

Além do tradicional CD – embalado num projeto gráfico que leva a forma de um compacto de vinil -, Godofredo terá uma edição especial em formato pendrive: uma mini-pirâmide USB, que levará o álbum para o mundo digital, disponível para o compartilhamento livre pela internet.

Sua turnê de lançamento teve como destino inicial o sul e o sudeste do país. Nessa fase, foram realizados 20 shows, tendo, estrategicamente, como ponto de partida e chegada, Vitória da Conquista e Ilhéus – cidades baianas próximas às divisas com outros estados, como Minas Gerais e Espírito Santo. Em Salvador, o álbum teve um grande espetáculo de lançamento (A Experiência Godofredo), realizado no Teatro Vila Velha. A partir de agora, Godofredo volta a passear pelo Brasil.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Zé Ramalho - Orquídea Negra [1983]

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Por Zé Ramalho

Oi o meu quinto disco. Realizado em 1983, trouxe-me grandes e ilustres parceiros como: Fagner, Robertinho de Recife, Capinam e Maria Lúcia Godoy, que também participaram cantando comigo em suas respectivas faixas. Há a presença marcante de músicos extraordinários como: Egberto Gismonti, A Côr do Som e o Trio Elétrico de Armandinho, Dodô e Osmar. Foi um disco difícil de fazer, pelo envolvimento dos participantes em relação aos horários e época de gravação. A música que dá título ao disco "Orquídea Negra", foi feita por Jorge Mautner, que me entregou-a dizendo: - "Zé, você é a Orquídea Negra que brotou da máquina selvagem". Depois que o disco ficou pronto, achei, durante muito tempo, que ele era o meu self-portrait (auto-retrato). Foi muito bom ter tido a chance de reunir tantos nomes brilhantes em um dos meus discos. Arranjadores excepcionais me honraram com seu talento: Radamés Gnatalli e Chiquinho de Moraes. Por eles e por tudo isso, é um dos meus discos prediletos.


Texto da reedição, 2003
Marcelo Fróes

Com "Orquídea Negra", Zé Ramalho entra no inferno através de seu mergulho no universo das drogas - quando tornou-se viciado em cocaína por conta do marasmo que sucedeu à frustração do projeto "Força Verde" no ano anterior. Com tudo isso, a interrupção dos trabalhos pós-lançamento do disco anterior não impediu que este novo projeto fosse extremamente bem produzido já em 1983. Mais caro ainda que o anterior, este trabalho novamente surpreende pela capa interna, que inclui fotografia tirada em Búzios, com o artista ateando fogo ao oceano (!). Presente de Jorge Mautner, a faixa-título serviu de abertura ao disco - e para que o artista vislumbrasse o segmento que seria dado à sua carreira. Zé Ramalho resolve divulgar o estereótipo que tentaram lhe impor, o daquele que efetivamente havia "roubado" a cultura européia ao apoderar-se do texto de um poeta irlandês.

A abertura do disco, com efeitos especiais de tiros de canhão, deu muito trabalho, e "Orquídea Negra" é até hoje considerado pelo artista como seu fiel auto-retrato. Contou com muitas participações especiais, de pessoas que resolveram apoiar o artista como num desagravo pelas acusações que sofrera no ano anterior. Nada aconteceu com o disco, que também não teve turnê de divulgação. "Orquídea Negra" minou a carreira do artista e representou também o encerramento de sua fase em Fortaleza, diante da iminente separação da cantora Amelinha.

Janeiro, 2003



A1 Orquídea Negra
(Jorge Mautner)
A2 Para Chegar Mais Perto De Deus
(Zé Ramalho)
A3 Kryptônia
(Zé Ramalho)
A4 Taxi Lunar
(Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho)
A5 Coração De Rubi
(Maria Lúcia Godoy, Zé Ramalho)
B1 Filhos Do Câncer
(Fagner, Zé Ramalho)
B2 Napalm
(Robertinho De Recife, Zé Ramalho)
B3 Dominó
(Zé Ramalho)
B4 Xote Dos Poetas
(Capinam, Zé Ramalho)
B5 Embolada Violada
(Zé Ramalho)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Invisible Opera Company Of Tibet - UFO Planante [2010]

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Por Rodrigo “Rroio” Carvalho

Projeto iniciado por Daevid Allen (fundador das bandas Soft Machine e Gong), o Invisible Opera Company Of Tibet surgiu em 1968 e foi resgatado na década de 90 com o mesmo intuito: unir diversos músicos de todo o mundo, explorando influêncas cada vez mais a fundo, de forma livre e espontânea.

A versão brasileira, capitaneada pelo vocalista e guitarrista do Violeta De Outono, Fábio Golfetti, chega em 2010 ao quarto álbum (terceiro de estúdio), intitulado UFO Planante (2010), 13 anos depois do segundo trabalho, Glissando Spirit (1993).

Com mais de 27 minutos, a abertura relaxante de ‘First Contact’ cria uma atmosfera incrível, daquelas que você pode simplesmente sentar na poltrona, encher um copo com a sua bebida favorita, deixar o fone de ouvido em uma altura agradável e simplesmente ver o mundo girar com uma trilha sonora perfeita para isso. Apesar do ritmo constante e as linhas que se repetem, os momentos de improviso de cada instrumento são importantíssimos para o desenvolvimento da epopéia, de forma que todos os ritmos que eles exploram estão perfeitamente alinhados e ligados, o que torna tudo ainda mais interessante. ‘Sal Paradise’ continua a viagem, dessa vez com destaque absoluto para a cozinha e para as ótimas linhas vocais, que chegam a surpreender pela veia setentista na sua melodia. Apostando em duas peças mais curtas agora, ‘Stars’ tem um sentimento espacial inacreditável (as linhas de guitarra de Golfetti surpreendem cada vez mais) e ‘Spirits’ é uma belíssima balada, mesclando passagens acústicas e atmosféricas naturalmente.

‘Landing In Shambhala’, mais uma faixa épica, caminha sempre de forma inesperada, em algo que podemos classificar de forma subestimada como um Space Jazz, e vale ainda mais a pena pelo solo de guitarra final, simplesmente fantástico. Como bônus, o álbum vem com uma versão ao vivo de ‘Moon In June’, do Soft Machine (direto do terceiro álbum, quando começaram os lances ainda mais jazzísticos – um marco da cena Canterbury), executada perfeitamente, diga-se de passagem.

Viagens universais, foco, concentração e tranqüilidade, são alguma das sensações que você vivenciará ao ouvir mais esse projeto. Como foi dito ali em cima, não é algo que soa incompreensível, muito pelo contrário, aliás, é ótimo para servir como trilha sonora de momentos. Ou melhor ainda, apenas relaxar ao fim de um longo dia, fechar os olhos e embarcar nas peças musicais incríveis criadas aqui.
de Progshine


Engenheiros do Hawaii - Gessinger, Licks & Maltz [1992]

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Revisitando um Clássico: Engenheiros do Hawaii – GLM (1992)
Por Valter 
publicado em 23 de abril de 2012 no DóRéMiFá

“Nesses tempos de indigência estética, sai mais uma obra para nos causar dor de cabeça. Sai na praça ‘GLM’, 7o disco da banda gaúcha Engenheiros do Hawaii. As músicas são furibundas, como todo trabalho desses gaúchos. As letras, gongóricas e incompreensíveis, também cheias daquelas expressões chulas e desgastadas, que o populacho convencionou chamar ‘trocadalhos do carilho’”

O trecho acima faz parte de uma crítica da Folha de São Paulo de 30/10/92, imediatamente depois do lançamento de “GLM”, considerado por público e crítica (embora essa última tenha feito um reconhecimento apenas tardio) a obra-prima dos Engenheiros do Hawaii. É um trecho bastante rico, pois revela muito acerca da maneira como a banda era vista no cenário nacional e também destaca, de forma quase que involuntária, diversos aspectos do álbum que valem a pena ser detalhados.

Em relação à banda. A explosão do rock brasileiro dos anos 80 se deu com o desenvolvimento de três grandes cenas: São Paulo, Rio e Brasília. As três deram ao país grupos que buscavam explorar ou a atitude “Do It Yourself”, emprestada do punk, ou a procura por uma “brasilidade” em seus discos. Nesse sentido, os Engenheiros sempre foram vistos como “Outsiders”, pela temática ortodoxa de suas letras, pela sua origem gaúcha (citada duas vezes apenas nesse pequeno trecho) e pela complexidade de seus arranjos. A banda sempre teve ampla aceitação nos círculos populares, mas até o seu hiato em 2008 sempre recebeu diversos olhares antipáticos da mídia especializada.

Em relação ao disco: “GLM” é apontado por muitos como o auge criativo da banda, tanto pela estrutura pouco usual das canções quanto pelas enigmáticas letras de Humberto Gessinger. É disparado o disco mais progressivo do grupo, fazendo com que até hoje muitos sites grandes os definem como “banda de rock progressivo”, embora isso não seja verdadeiro. Sua estética é baseada no álbum da figura à esquerda, da banda (essa sim) progressiva Emerson, Lake & Palmer, adaptada com uma sigla dos integrantes do trio – Gessinger, Licks e Maltz – em forma de engrenagem. É o último disco de estúdio da chamada “formação clássica” do grupo. Augusto Licks sairia da banda no ano seguinte, e Maltz em 1995.

O que o torna clássico? Certamente alguém não-iniciado na banda olharia seu set-list e não reconheceria nada ali. Outros discos como “O Papa É Pop” (1990) ou “A Revolta dos Dândis” (1987) geraram mais hits do que esse. Mas basta uma audição para encontrar a resposta: certamente nenhum outro registro do grupo é tão equilibrado quanto esse, e nunca o grupo esteve tão entrosado. A formação Gessinger, Licks e Maltz começou apenas com a “Revolta dos Dândis”, precisando de uma série de álbuns para conhecerem melhor as características de cada um.

Em suma, GLM é clássico não pela presença ou ausência de hits, mas por se constituir como um álbum como poucos fizeram… Afinal de contas, “Another Brick In The Wall” sempre vem à cabeça quando pensamos no Pink Floyd, mas qual álbum é considerado a principal referência? “The Dark Side Of The Moon”.

Ouvindo-o hoje, GLM soa datado, consequência inevitável de qualquer álbum que busque uma sonoridade “moderna”. Foi um dos primeiros álbuns brasileiros a usar o “auto-tune”, ferramenta hoje utilizada exaustivamente nas canções pop. Destaca-se a atuação do guitarrista Augusto Licks, que vai do agressivo para o dedilhado delicado com um timing e feeling indescritíveis. Certamente é uma das melhores performances em um disco nacional que já ouvi, o que é muita coisa em um país com tão poucos bons instrumentistas no rock.

Na temática, GLM também é um álbum de seu tempo. Era 1992, o neo-liberalismo se consagrava como ideologia hegemônica no país, a URSS havia solapado um ano antes e a academia era tomada pelo pós-modernismo, que abalara as certezas. O historiador Fukuyama causou reboliço na História ao pregar o “fim da História”. Todas as letras abordam essa relação confusa do indivíduo para com um mundo cheio de incertezas, onde não se sabe mais para onde vamos, ou para onde devemos ir. Temos progresso tecnológico, mas falta “o pão nosso de cada dia”. Ninguém é igual a ninguém, mas o fato de que todos continuam mentindo nos fazem “uns mais iguais que os outros” (frase emprestada do clássico de George Orwell, “A Revolução dos Bichos”).

Em “Pose”, é contrastada o aspecto decadente, sujo e industrial das cidades com uma espécie de ingenuidade há tempos abandonada em nome do “progresso”. “Canibal Vegetariano Devora Planta Carnívora” é o retrato do caos do pós-modernismo, onde a industrialização, ao invés de sorrisos, causou apenas pesadelos. Pode parecer um retrato um pouco pessimista, mas isso se inverte com “A Conquista do Espaço”, quando o progresso é colocado para servir aos sentimentos humanos.

Impossível descrever as diversas nuances de um disco tão complexo. GLM certamente pode causar certa rejeição, seja pelas letras complicadas ou pelo pouco caráter comercial, mas ainda vale a pena para todos que curtem a ideia de álbum, do conceito em que canções se complementam, se unem para juntas criarem uma única obra. Em certo sentido, todas as canções fluem como se fossem uma só. E é assim que ele pede para ser ouvido: apenas como uma única canção.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Nasi - Perigoso [2012]

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Nasi destila sua ira no cru CD 'Perigoso' entre o rock, o country e o blues

Por Mauro Ferreira em Notas Musicais

"Agora que eu sobrevi a tanta dor / Pra ser feliz eu cavo até um outro poço", adverte Nasi em versos do country rock que dá título ao seu terceiro disco solo, Perigoso. Composto por Nasi em parceria com Johnny Boy, Perigoso exemplifica o tom cru e direto do álbum idealizado e arranjado pelo vocalista do extinto grupo Ira! ao lado de Boy. Na foto da capa do CD, clicada por Fabiana Figueiredo, Nasi aparece como quem espreita o inimigo pela fresta, à espera da hora do ataque. De certa forma, o cantor manda seus recados através das letras deste disco que transita por rock, country e blues. Seu corpo parece fechado, como insinuam com maior ou menor clareza o rock Ori e o country rock Amuleto, mais duas parcerias de Nasi com Johnny Boy que evocam nas letras o poder das religiões afro-brasileiras. Assim como outras músicas do disco, o blues Feitiço da Rua 23 (Nasi e Nivaldo Campopiano) parece até ecoar passagens da vida louca vida do artista, contada em primeira pessoa na recente autobiografia A Ira de Nasi. (Belas Letras, 2012). De certa forma, é como se Perigoso fosse a trilha sonora revista e atualizada do livro. O discurso autobiográfico é recorrente em músicas como Não Vejo Mais Nada de Você (Nasi, Johnny Boy e Carlos Careqa), faixa em que Nasi amarga a sensação de não reconhecer a sua São Paulo (SP) de tempos idos na volta à cidade hoje tão blasé na percepção do artista. "Estão tão perto e tão longe de mim", conclui, decepcionado. A essas cinco inéditas, juntam-se cinco covers que se ajustam ao espírito cru do disco. Nasi acentua a pulsação roqueira de Não Há Dinheiro que Pague (Renato Barros, 1968) - sucesso na voz de Roberto Carlos no início de sua fase pós-Jovem Guarda - e flerta com o soul em Tudo Bem (Guilherme Saldanha e Tomaz Paoliello, 2010), do repertório da banda indie paulista Garotas Suecas. Uma das sacações da seleção de covers é Como É Que Eu Vou Poder Viver Tão Triste, balada de Demétrius (o cantor do sucesso pré-Jovem Guarda O Ritmo da Chuva), gravada em 1972 pelo melancólico e popular cantor capixaba Paulo Sérgio (1944 - 1980) e abordada por Nasi dentro do universo do blues, gênero com o qual tem intimidade. Outra sacada - esta menos surpreendente, pois também tida pelo DJ Zé Pedro ao garimpar repertório para o recente segundo álbum do cantor pernambucano Paulo Neto - é Dois Animais na Selva Suja da Rua, música de Taiguara (1945 - 1996), revivida por Nasi no espírito roqueiro deste álbum urgente e direto. Completa o repertório a abordagem country de sucesso de Raul Seixas (1945 - 1989), As Minas do Rei Salomão (Raul Seixas e Paulo Coelho, 1973). "Se me chamarem/Diga que eu saí", avisa Nasi sorrateiro, despistando o inimigo, sem medo do perigo.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Apocalypse - Perto do Amanhecer [1995]

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Por Marcos A. M. Cruz
Publicado em 18 de abril de 2002 no Whiplash

Talvez possa parecer estranho que um álbum de uma banda brasileira, lançado originalmente em 1995, e cuja qualidade artística seja tão boa, esteja sendo resenhado agora; entretanto, por incrível que pareça, esta é a primeira vez em que ele é editado aqui no Brasil!

Para entender melhor a situação, precisamos voltar um pouco no tempo, mais precisamente ao ano de 1991, quando o grupo gaúcho, na época um power trio, contando com Chico Casara (vocal, guitarra e baixo), Chico Fasoli (bateria) e Eloy Fritsch (teclados), registrou seu auto-intitulado álbum de estréia, distribuído apenas regionalmente, e que fez um bom sucesso local, levando o conjunto a tentar uma gravadora maior, que pudesse divulgá-los de maneira mais eficaz.

Entretanto, apesar de terem sido feitos vários contatos, nenhuma gravadora brasileira demonstrou interesse (pasme!); foi necessária a intervenção de um fã, que os colocou em contato com a Musea, gravadora francesa especializada em progressivo, para onde foram enviadas algumas cópias do LP, e mais tarde uma demo-tape com três músicas inéditas.

O resultado? Eis as palavras de Marcos C.de Oliveira (Metamúsica nrº 3): "Quando o material bateu na mão dos executivos da Musea, foi um 'corre-corre'; os franceses queriam enviar até um emissário para negociar o contrato, pois em nenhuma hipótese queriam perder a oportunidade de ter a banda em seu cast".

Pois é, a surdez dos empresários ligados à música em nosso país acabou fazendo com que o Apocalypse assinasse contrato com a gravadora francesa, pelo qual acabariam saindo seus trabalhos durante cinco anos; com isso, por mais paradoxal que possa parecer, nós aqui no Brasil não tínhamos acesso fácil aos trabalhos do grupo.

Finalmente este verdadeiro absurdo está sendo sanado, com o lançamento em edição nacional do "Perto do Amanhecer" através da gravadora Rock Symphony, de propriedade do Leonardo Nahoum (autor do livro "Enciclopédia do Rock Progressivo"), e que já havia lançado anteriormente o "Live in USA", que registra a apresentação feita no Progday99.

Assim como no primeiro álbum, o grupo não nega suas influências neo-progressivas, com uma sonoridade ligeiramente calcada nos primeiros trabalhos do Marillion; entretanto, cumpre deixar claro que não se trata de um mero clone marilliano, pois uma audição atenta nos revela uma vasta gama de influências, principalmente das bandas sinfônicas dos anos 70 (Yes, Camel e o Genesis de Peter Gabriel, que por sinal foi a principal inspiração do Marillion...) e com alguns temas que lembram também os dois primeiros trabalhos do Sagrado Coração da Terra.

Na época em que foi lançado originalmente (1995), o guitarrista Ruy Fritsch já estava de volta ao grupo (ele havia saído em 1986), e com isto o som se tornou mais "encorpado"; sem contar que a produção esmerada (foram mais de dois anos acertando todos os detalhes, desde mixagem até parte gráfica), resultou num produto final que não perde em nada comparado com os que são lançados por "grandes" bandas, inclusive lá fora.

As letras (em português) versam sobre temas místicos e esotéricos, porém abordados de forma lúcida e sem descambar para o delírio puro e simples, mas sim conclamando os ouvintes à uma reflexão mais profunda; diga-se de passagem que se trata daqueles trabalhos que, quanto mais ouvimos, mais detalhes e nuances percebemos.

Sem querer parecer exagerado: este foi, sem sombra de dúvida um dos grandes lançamentos do progressivo brazuca dos anos 90, que com certeza vai agradar até mesmo aqueles ouvintes mais conservadores ou radicais que não gostam de neo-prog, pois ao contrário de muitos lançamentos do gênero, não possui aquela característica chamada desdenhosamente pelos detratores de "neo-prog-alegre"...

Faixas:

Ao cair no espaço
Terra azul
Magia
Fantasia mística
Notredame
Nascente
Na Terra onde as folhas caem
Lágrimas
Corta
A paz da solidão
Limites de vento
Sob a luz de um olhar

total time: 67:20

Formação:

Chico Casara: vocal, baixo
Eloy Fritsch: sintetizadores, backing vocal
Chico Fasoli: bateria
Ruy Fritsch: guitarra

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Quaterna Requiém - Quasímodo [1994]

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Quasímodo
foi o segundo e último álbum de estúdio do Quaterna Requiém, de longe uma das maiores bandas progressivas brasileiras e que curiosamente surgiu no fim dos anos 80, época em que houve uma espécie de ressurgimento do progressivo sinfônico. O maior destaque deste álbum é a suíte Quasímodo, inspirada na obra 'Notre-Dame de Paris' (1831) - mais conhecida como 'O Corcunda de Notre-Dame' - de Victor Hugo. Ela é composta de 7 seqüências, beira quase 40 minutos de duração e há algumas passagens que lembram o 'The Snow Goose' do Camel.

As outras músicas seguem basicamente a mesma linha do álbum anterior, o 'Velha Gravura', que é tão bom quanto este aqui, ambos umas das obras-primas progressivas mais importantes produzidas no Brasil.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Titãs - Cabeça Dinossauro - Edição Comemorativa 30 anos [2012]



Por Jorge Almeida

Aproveitando que o post anterior foi sobre um clássico dos Titãs, resolvi analisar o relançamento de um de seus mais bem sucedidos álbuns: o clássico Cabeça Dinossauro.

O álbum foi (re)lançado no último dia 21 de maio, no retorno da banda com a Warner Music, durante a turnê comemorativa de 25 anos do disco. O disco foi lançado com as 13 canções originais, mais um CD demo com essas canções, incluindo a inédita “Vai Pra Rua”, de Arnaldo Antunes e Paulo Miklos, mas que ficou de fora do lançamento original, sendo substituída por “Porrada”.

A demo foi gravada e produzida pelos próprios Titãs no Estúdio Mosh, em fevereiro de 1986.

Bom, o álbum original, por si só, já é algo único. Mas a “demo”, uma espécie de esboço do que viria a ser um dos maiores trabalhos da história do rock brasileiro, é deleite puro. Para os fãs, esse relançamento é interessante porque é possível comparar as versões que foram lançadas no disco original e com as “demos”. Algumas tiveram algumas pequenas modificações, como em “Igreja”, que havia um “Pai Nosso” ao fundo no meio da música e vocal mais “agressivo” de Nando Reis; a introdução de “Bichos Escrotos” (só com a bateria no início) e o solo de guitarra diferentemente da versão mais conhecida do público; enquanto “Família” trazia um reggae mais cadenciado; “Homem Primata”, por sua vez, há apenas algumas mudanças, como a ausência da castanhola no meio da canção; e a edição mais “crua” (e irreconhecível) de “O Quê?”, que teve a intercessão do produtor Liminha, que adicionou scratches, programação de bateria e as guitarras ‘limpas’, e expandindo o tempo de duração da música, chegando perto dos seis minutos.

E sobre a única música inédita lançada – “Vai Pra Rua” -, só tenho dizer que é uma boa canção. Mas os Titãs foram felizes ao limá-la para dar lugar a “Porrada”, que é um dos pilares de Cabeça Dinossauro.

Para quem curte Titãs, é obrigatório; assim como é para quem gosta de apenas algumas músicas do grupo paulista.

Só faço duas ressalvas: a embalagem do CD duplo é digipack, aquela feita com papelão ou papel-cartão. Pode até ser mais bonita e “ecológica”, mas, particularmente, não curto esse tipo de material, pois é menos resistente e, com o tempo, dependendo de onde a embalagem fica armazenada, começa a surgir a umidade, podendo enrugar o papel.

Outra ressalva está na capa, que traz uma tarja vermelha na vertical com os dizeres “EDIÇÃO COMEMORATIVA – 30 ANOS”. A impressão que o consumidor tem é a de que o álbum é que faz 30 anos e não os Titãs.


A seguir, a ficha técnica e o tracklist da edição comemorativa de 25 anos de “Cabeça Dinossauro”.

Álbum: Cabeça Dinossauro
Intérprete: Titãs
Lançamento original: junho de 1986
Relançamento: 21 de maio de 2012
Gravadora: WEA
Produtores: Liminha, Pena Schmidt e Vítor Farias; Titãs (demo)

Arnaldo Antunes - voz e backing vocal
Branco Mello - voz e backing vocal
Charles Gavin - bateria e percussão
Marcelo Fromer - guitarra
Nando Reis - baixo e voz
Paulo Miklos - voz, backing vocal e baixo em “Igreja”
Sérgio Britto - voz, backing vocal e teclados
Tony Bellotto - guitarra

Liminha - guitarra em “Família” e “O Quê?”; percussão em “Cabeça Dinossauro”; DMX, drumulator e efeitos em “O Quê?
Repolho - castanhola em “Homem Primata

CD1:
1. Cabeça Dinossauro (Branco Mello / Arnaldo Antunes / Paulo Miklos)
2. AA UU (Sérgio Britto / Marcelo Fromer)
3. Igreja (Nando Reis)
4. Polícia (Tony Bellotto)
5. Estado Violência (Charles Gavin)
6. A Face do Destruidor (Arnaldo Antunes / Paulo Miklos)
7. Porrada (Sérgio Britto / Arnaldo Antunes)
8. Tô Cansado (Arnaldo Antunes / Branco Mello)
9. Bichos Escrotos (Arnaldo Antunes / Sérgio Britto / Nando Reis)
10. Família (Tony Bellotto / Arnaldo Antunes)
11. Homem Primata (Marcelo Fromer / Ciro Pessoa / Sérgio Britto / Nando Reis)
12. Dívidas (Branco Mello / Arnaldo Antunes)
13. O Quê? (Arnaldo Antunes)

CD2:
1. Cabeça Dinossauro (Branco Mello / Arnaldo Antunes / Paulo Miklos)
2. AA UU (Sérgio Britto / Marcelo Fromer)
3. Igreja (Nando Reis)
4. Polícia (Tony Bellotto)
5. Estado Violência (Charles Gavin)
6. A Face do Destruidor (Arnaldo Antunes / Paulo Miklos)
7. Vai Pra Rua (Paulo Miklos / Arnaldo Antunes)
8. Tô Cansado (Arnaldo Antunes / Branco Mello)
9. Bichos Escrotos (Arnaldo Antunes / Sérgio Britto / Nando Reis)
10. Família (Tony Bellotto / Arnaldo Antunes)
11. Homem Primata (Marcelo Fromer / Ciro Pessoa / Sérgio Britto / Nando Reis)
12. Dívidas (Branco Mello / Arnaldo Antunes)
13. O Quê? (Arnaldo Antunes)

O Terço - O Terço [1990]

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Álbum de estúdio com as canções:

1. Última geração
2. Alienígena
3. Metamorfose ambulante
4. Prisioneiro
5. Tudo muito simples
6. Sonho
7. Hey Joe
8. Rap
9. Liquidação
10. Girando lâmpada


Formação que gravou esse álbum:

Sérgio Hinds - guitarra e vocal
Geraldo Vieira - baixo e vocal
Flávio Pimenta -bateria

domingo, 2 de dezembro de 2012

Casa das Máquinas [1974]


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Por Rafael Correa em Rock Pensante

Com certeza, o desejo de sete dentre dez aficcionados por hard rock é regressar aos anos 70, límpida época em que tal desinência musical consolidou-se de modo peremptório.

Seja no Brasil, nos E.U.A ou no "velho mundo", o hard rock sempre atraiu um público fiel e apaixonado, justamente pela quantidade de lendas em formato de bandas que surgiram em tal lapso temporal. Neste momento, nos dedicaremos a tratar de uma dessas lendas, de origemtupiniquim: a Casa das Máquinas.

O grupo formou-se originalmente em 1970, resultando da fusão das bandas Os Incríveis e Som Beat. De início, percebeu-se que a banda seguiria uma trilha que se inclinaria ao hard rock mesclado com o soul e elementos culturais nacionais: um som único, vibrante e com letras que, ao mesmo tempo indicavam deter um ar no sense, eram um tapa na cara de um país em pleno regime de exceção.

A própria performance da Casa das Máquinas sugeria isso: teatralidade, força e originalidade que, em certo ponto, chegam a lembrar os Secos & Molhados. Um exemplo disso (ainda que fuja da comparação com a trupe de Ney Matogrosso) é a presença de duas (isso mesmo, duas) baterias utilizadas concomitantemente no palco, isto pouco tempo após o lançamento deste primeiro e brilhante disco, que trataremos a partir de agora.

O grupo nos recebe com uma faixa exemplificarmente enérgica: "A Natureza"é um hino à essência do homem, guiado pelo riff conciso e perfeito de Carlos Carge e pela levada de bateria que se tornaram a marca registrada desta canção. Os próprios vocais, gravados e colacionados em uma duplicidade que acaba por gerar um efeito interessante, auxiliam a prender a atenção do ouvinte já nos seu primeiros segundos.

A sequência é arrasadora. Assim que "A Natureza" encerra seus trabalhos, "Tudo Porque Eu te Amo" nos absorve em túnel de musicalidade perfeita, condicionada a uma temática profundamente influenciada por Marvin Gaye: em certo momento, a letra não é mais cantada, e sim, recitada. Trata-se de uma faixa dotada de uma sensibilidade rebuscada. "Mundo de Paz", que lhe sucede, surge para quebrar a atmosfera criada pelas duas canções precedentes: os sábios versos mesclam-se à condução rítmica oferecida pela marcação de, vejam só, um sax, responsável por indicar os compassos desta faixa.

"Quero que Você me Diga" é o maior flerte da banda com o soul, que lembra "O Caminho do Bem" de Tim Maia e sua Cultura Racional. A letra cavalga por diversos temas, ao tratar da busca pela verdade e do encontro com Deus. Para criar este linksem engajar um discurso de fé, é preciso ouvir a faixa atentamente, sob pena de compreender erroneamente os dizeres da banda.

"Canto Livre" é, por certo, uma das canções mais conhecidas do grupo, que dificilmente é associada com a assinatura própria da banda, resultante, mais uma vez, da parca memória brasileira em relação aos artistas que não surfam no mainstream. É uma linda construção musical, insofismavelmente bela e sincera.

A faixa seguinte traz de novamente à baila a energia marcante da banda."Trem da Verdade" aposta na receita original do hard rock ao apostar em um riffmarcante como condutor da letra entoada. Trata-se verdadeiramente de um aríete sonoro, que empolga o ouvinte de imediato.

As canções seguintes oferecem uma certa experimentalidade, terreno no qual o grupo aparenta obter êxito. Com a exceção de "Cantem Esse Som com a Gente", as faixas que arrematam o disco deixam escapar o som forte que é encontrado no início deste disco e em "Casa de Rock", que em sua amplitude é puro rock n roll. A Casa das Máquinas é uma dessas bandas que fazem tanta falta nos dias de hoje, carentes de originalidade e criatividade. Resta-nos resgatar tudo isso na obra deixada por eles.

Cheers!!!


A1 A Natureza
(Aroldo, Carlos Geraldo, Pisca)
A2 Tudo Porque Eu Te Amo
(Aroldo, Carlos Geraldo)
A3 Mundo De Paz
(Carlos Geraldo)
A4 Quero Que Você Me Diga
(Carlos Geraldo)
A5 Canto Livre
(Lúcio Batista)
B1 Trem Da Verdade
(Aroldo, Netinho, Pisca)
B2 Preciso Lhe Ouvir
(Carlos Geraldo)
B3 Cantem Este Som Com A Gente
(Aroldo, Carlos Geraldo)
B4 Domingo À Tarde
(Carlos Geraldo)
B5 Sanduíche De Queijo
(Aroldo, Netinho)