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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Ludov - Miragem [2014]

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Por Rakky Curvelo em Tenho Mais Discos Que Amigos!

São 10 anos de banda. E são 10 faixas de disco. Disco mesmo, LP, o primeiro vinil do Ludov, que saiu graças à ajuda dos fãs em um financiamento coletivo. E são dez faixas que assustam. Quer dizer, você sabe que é o Ludov da voz incrivelmente bela da Vanessa Krongold, dos backing vocals do Habacuque Lima e do Mauro Motoki, das batidas fixas da bateria do Paulo Chapolim… Mas assim como já adiantava o primeiro single do trabalho, “Copo de Mar”, Miragem vem ao mundo com um Ludov mais maduro, mais experiente e, por que não dizer? Mais pesado e melancólico.

Me explico: a alegria inocente de grandes sucessos como “Princesa” e “Dois a Rodar” já não tem mais vez desde que nos acostumamos a ouvir um som mais sério da banda paulista, como “Reprise”, “O Salto e A Queda” e “Contêiner”. Mas ouvindo coisas novas como “Congelar” e “Sétima Arte” só dá para se confirmar: a simplicidade das músicas daquele início de carreira já está longe do que o Ludov quer deixar registrado em sua história.

A primeira canção do trabalho é “Copo de Mar” e, seguida por “Na Fila do B52′s” ela dá o tom de todo o trabalho: um mix de tudo que é possível fazer com o pop cheio de efeitos da banda, misturados à uma melancolia que dói no coração, mas que é gostosa de ouvir. “Cidade Natal”, é uma mistura de saudosismo com orgulho, nos versinhos comoventes “E num mapa ilustrado está / Cada descrição das memórias de um lugar / Escola, prédio, lago, ponte, lar, avenida / De onde veio e pra onde foi? / Quem eu era e quem eu sou?” e com a insistência do violão que permeia a canção.

Outro destaque do trabalho é “De Cima do Muro”, um sinal da alegria solar do Ludov de outros tempos, com vocais em brasa no final e a marcação forte do baixo e da bateria. Uma curiosidade a respeito dessa música é que, assim como quase todas as outras do disco, ela foi composta por toda a banda, dentro do estúdio, mas com cada um em um canto escrevendo versos que não sabiam como iriam se encaixar na música completa. O resultado ficou tão preciso que deixa a sensação de que os 10 anos de convivência do grupo enquanto Ludov realmente os fizeram se conhecer muito, muito bem.

A balada “Reparação” é um presente aos corações partidos. A voz gritada de Vanessa jogando na sua cara os versos “Não é luta, nem competição / Amor é droga! Edifica!” misturados a um teclado setentista te jogam de volta à uma época que você não viveu, mas lhe cairia bem. “Perspectiva” é mais uma daquelas baladas do estilo de “Magnética” e “Zen”, mas dá voz ao amor platônico e a beleza da observação. “Pra admirar melhor me afastei / Eu me afastei / De tanto que admirei…” são os mais repetidos no som, e que ficam na cabeça mesmo dias depois de você ouvir o disco inteiro.


Para finalizar, os Reco-Synths, sintetizadores analógicos construídos pelo Arthur Joly no estúdio Reco-Head, em que a banda se trancou para gravar o trabalho, aparecem com mais força em “O Fim da Paisagem”, com suas nuances tão suaves quanto uma paisagem cheia de cor, de forma, mas que se dissolve depois deixando só a leveza do som, como uma miragem mesmo (opa!).

A sensação de ouvir Miragem é a de reencontrar velhos amigos, daqueles que não se via há um bom tempo, e dedica-lhes algumas horas para contar velhas notícias, descobrindo depois que tudo aquilo não passou de um sonho bom. É o Ludov de volta, depois de um longo jejum de discos cheios, mostrando que esse espaço todo lhes carregou de mais experiência, mais vivência e mais conteúdo para nos presentear com o que há de mais intrínseco na vida desses paulistanos: o dom de fazer beleza em forma de música.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Ludov - Caligrafia [2009]

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Por Iberê Borges
publicado 7 de agosto de 2009 no PopMata

Mauro Motoki desenvolveu uma certa habilidade invejável. Ele parece conseguir fazer a música que quer, da forma que quer. Parece conseguir idealizar algo, e tornar isso real. E isso é algo admirável. Ele passeia no pop como quem passeia num set de cinema e isso vai além das referências presentes nas canções. Atinge diretamente os temas delas, que variam e criam diversas sensações e te coloca em diferentes atmosferas.

Imagine você ter uma ideia de um filme, de um livro ou de uma música, e conseguir transformá-la em algo real, "palpável", da exata maneira como imaginou.

Ok, não imagine. Ouça.

Motoki é o principal compositor do Ludov, uma das mais competentes bandas do cenário nacional. Lançando seu terceiro álbum, eles provam, ainda mais, que o limite para criação de canções, no âmbito pop, não existe. Visitam e aproveitam de várias referências para criar músicas em diferentes estilos, e conseguem, com classe, transformar todas essas canções bem aceitáveis, bem saborosas e de fácil degustação. E esse é o verdadeiro desafio.

O Ludov utiliza daquilo que as canções pedem e, na maior parte do tempo, elas parecem implorar por guitarras enérgicas mas, nem sempre, só isso basta. Sabendo disso, a banda cria arranjos sempre interessantes e utilizam de diferentes elementos que funcionam como pano de fundo para as canções, como se elas fossem cenas de cinema (ou de um livro). Chegando até o ponto em que deixaria Chico Buarque muito orgulhoso: "Não Me Poupe", a música brasileira mais tocante e triste que ouvi esse ano.

"Caligrafia" não retrata exatamente uma banda "escrevendo" tudo certinho, dentro das regras e seguindo o que a cartilha pede. O caderno aqui, tem mais rabiscos e traços de uma banda que faz tudo a sua maneira, faz os seus desenhos, faz suas letras e faz com que, tudo isso, faça o maior sentido para você.

01 - Luta Livre
02 - Vinte Por Cento
03 - Sob a Neblina da Manhã
04 - Madeira Naval
05 - Mecanismo
06 - Paris, Texas
07 - Reprise
08 - O Seu Show É Só Pra Mim
09 - Terrorismo Suicida
10 - Não Me Poupe
11 - Magnética
12 - Notre Voyage

domingo, 10 de novembro de 2013

Ludov - Eras Glacias [2013]

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Por André Felipe de Medeiros
publicado no Monkey Buzz

Em menos de quinze minutos, Ludov entrega uma obra consistente com uma ótima faixa e outras três que, ainda que menos memoráveis, não desagradarão em nada quem conhece e se interessa pelo som que a banda fez ao longo de sua década de carreira.

E foi como parte das comemorações do décimo aniversário que veio Eras Glaciais, conforme o próprio grupo anunciou durante seu show no Lollapalooza 2013. As quatro músicas aqui reúnem as boas letras de sempre e o instrumental caprichado, tudo muito bem estrelado pelo ótimo vocal de Vanessa Krongold.

Eras Glaciais, além de batizar o EP, tem a missão de abrir o repertório - tarefa cumprida com honras. Leve na melodia e densa na lírica, a composição fala sobre o passar do tempo e o aprendizado que veio com ele sobre ter alguém ao seu lado: “Não sirvo mais pra viver só, a solidão me ensinou um bocado, mas foi só”, como canta o refrão. Boas como poucas canções de apelo Pop desta temporada.

Contêiner parece uma versão light de We’re On the Run da Gold Motel e traz rimas simples em uma poesia bacana. Ela logo emenda em Essa Bandeira, já mais animadinha e a mais curta do disco. Gostosa e despretensiosa, ela preenche bem o espaço antes da última música.

Zen, como o nome já sugere, vem mais calma que as anteriores e poderia ficar muito bem ao lado de Black Spot da Local Natives em uma playlist. Mais etérea que as outras, ela aproveita para tocar em temas mais amplos da vida e, em um belo final, conclui: “Olhe para frente agora”, apontando a uma conclusão indefinida e abrindo caminho para futuros lançamentos na discografia da banda.

É nítido o quanto Ludov não precisa fazer qualquer esforço adicional para demonstrar sua maturidade perto de tantas bandas novas com quem divide espaço no cenário brasileiro. Eras Glaciais, a música, tem tudo para entrar nas listas de músicas preferidas de muita gente, enquanto Eras Glaciais, o EP, pode ser apreciado sem moderações.

domingo, 6 de maio de 2012

Ludov - O Paraíso [2012]



Ainda sem previsão de lançamento de um novo álbum, os paulistanos do Ludov ocupam o tempo livre na produção de pequenos EPs. Depois da chegada de Minha Economia, apresentado ao público no ano passado, chega a vez de O Paraíso ganhar os ouvidos do público. Concentrado em cima da mesma sonoridade do grupo, o registro de quatro faixas traz a produção conjunta de Mauro Motoki e Habacuque Lima, além, claro, dos vocais sempre agradáveis de Vanessa Krongold e a bateria eficiente de Paulo Chapolin.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ludov - Minha Economia [2011]

Se existe um grupo capaz de lidar bem com registros menores e uma quantidade limitada de faixas, este é o Ludov. Melhor exemplo disso está no singelo Dois A Rodar, de 2003, um concentrado de sete pequenas composições que evidenciavam toda a habilidade da banda em produzir músicas marcadas por uma linguagem comercial ao mesmo tempo em que longe dos delírios redundantes e pouco inventivos da música pop convencional. Primeiro trabalho em estúdio desde que a banda largou o nome de Maybees e passou a compor exclusivamente em português, o EP e seu pequeno arsenal de hits foram fundamentais para apresentar o trabalho do grupo paulistano ao mundo, fazendo deles um dos grandes expoentes do rock alternativo nacional naquele momento.


Passados quase dez anos desde que tão importante registro foi apresentado ao público, inaugurando uma série de três competentes registros em estúdio – O Exercício das Pequenas Coisas (2005), Disco Paralelo (2007) e Caligrafia (2009) -, a banda paulistana proporciona mais um pequeno catálogo de doces composições. Embora o amontoado de quatro faixas pareça pífio perto da grandiosa coleção de competentes canções que o grupo vem colecionando desde 2002, cada mínimo verso exaltado através do competente Minha Economia EP (2011, Independente) se revela com uma importância indescritível para a história do grupo, quatro verdadeiros clássicos que vem para engrandecer a já grandiosa carreira da banda.

Como já era de se esperar, os sempre relevantes versos gerados através da parceria entre Habacuque Lima e Mauro Motoki aqui ganham um sentido melhor delineado, com a dupla costurando de forma precisa as palavras de quatro verdadeiras crônicas musicadas. Mais de 20 minutos de composições tomadas por um toque românico, melancólico, mas sem exageros e dono de pequenos exercícios existencialistas, faixas que de maneira precisa parecem se encaixar no cotidiano de qualquer indivíduo, passando a quase mística sensação de que todas as músicas foram construídas especialmente para o ouvinte.


A sempre forte voz de Vanessa Krongold aqui segue acompanhada de uma instrumentação perceptivelmente renovada, com a banda não poupando no uso das guitarras rasgadas, algo bem perceptível através de músicas como O Salto A Queda, em que a linha de baixo de Bruno Serroni aos poucos abre espaço para que o duo de compositores e também guitarristas possam de forma fenomenal se apresentar. Muito mais do que um simples registro moldado para presentear os fãs enquanto um novo álbum full lenght não é lançado, Minha Economia fornece material para exaustivas audições, com o Ludov em poucos minutos relembrando o quanto ainda é algumas das bandas mais importantes do rock independente nacional.