Publicado originalmente no blog Som Barato, sem data.
Repulicado do blog Woodstock Sound em 10 de novembro de 2010.
* Nélio Rodrigues
O Grupo Karma foi formado no Rio de Janeiro pelo ex-guitarrista da banda ‘O Terço’ Jorge Amiden, reza a lenda Amiden ter sido o primeiro cara a aparecer com uma guitarra de três braços (a tritarra) na história do rock, antes do Jimmy Page, no FIC de 1971 quando ainda estava no Terço.
Sergio Hinds sobre a saída de Amiden: “Teve uma briga mesmo, na época. Tipo assim, ele queria fazer um negócio e a gente queria fazer outro. Pintou uma briga e ele saiu. E aí, nunca mais… Mas depois disso a gente ainda continuou amigo, ele foi pra São Paulo pra trabalhar num estúdio. Depois eu nunca mais o vi, o último contato que tive foi com seu irmão… Já faz muito tempo. Ele sumiu do mercado.” (extraido de uma entrevista para o site Jovem Guarda).
Sergio Hinds sobre a saída de Amiden: “Teve uma briga mesmo, na época. Tipo assim, ele queria fazer um negócio e a gente queria fazer outro. Pintou uma briga e ele saiu. E aí, nunca mais… Mas depois disso a gente ainda continuou amigo, ele foi pra São Paulo pra trabalhar num estúdio. Depois eu nunca mais o vi, o último contato que tive foi com seu irmão… Já faz muito tempo. Ele sumiu do mercado.” (extraido de uma entrevista para o site Jovem Guarda).
História:
Esquecido num sítio na periferia do Rio, o compositor, guitarrista e fundador de O Terço e do Karma, Jorge Amiden, tenta recuperar a saúde abalada pelo uso de drogas e das (pouquíssimas) viagens que fez com LSD no início dos anos 1970. “Foram muito boas, mas custei a voltar delas”, diz o nosso afável Syd Barrett. Jorge é o compositor da inesquecível ‘Tributo ao Sorriso’ (em parceria com Hinds) e de tantas outras canções geniais do repertório de O Terço (1970 a 1971) e do Karma (1972). Era ele o principal arquiteto dos vocais harmoniosos de ambas as bandas. Além do mais, gravou um antológico LP com o Karma, participou do disco ‘Sonhos e Memórias’ de Erasmo Carlos e integrou a banda de Milton Nascimento. Depois, com o cérebro golpeado, se afastou dos palcos. Seguiu-se, então, um longo e indesejável ostracismo. Mas Jorge quer voltar, quer a música “viva” de volta a sua vida. E nós, órfãos de sua brilhante musicalidade, torcemos para que ele encontre o fio da meada, a luz no fim do túnel, a glória de um final feliz.
Após romper com O terço, Amiden logo encontrou novos parceiros. Com Luiz Mendes Junior (violão e vocal) e Alen Cazinho Terra (baixo e vocal), irmão de Renato Terra, o guitarrista daria início a sua trajetória de pouco mais de um ano como líder do Karma. Ramalho Neto, da RCA, não teve dúvidas em contratar a banda antes mesmo de ouví-la. Reconhecia o talento de Amiden e antevia um belo disco do Karma para a RCA.
E foi o que aconteceu. Pouco tempo depois, a RCA distribuía na praça o LP homônimo do Karma, uma obra antológica que merece constar de qualquer lista dos melhores discos da história do rock brasileiro. Com uma sonoridade predominantemente acústica servindo de base para a primorosa vocalização do trio, ‘Karma’ é recheado de canções brilhantes, como ‘Do Zero Adiante’ (Amiden e Mendes Junior), ‘Blusa de Linho’ (Amiden e Rodrix) e a revisitada ‘Tributo Ao Sorriso’ (Amiden e Hinds). Esta, levada quase até seu final em a capela, servia para realçar ainda mais a força vocal do conjunto. Vale destacar a participação do baterista Gustavo Schroeter (então integrante da Bolha), que ajudou a abrilhantar o disco com sua batida sempre consistente, arrojada e precisa.
E foi com Gustavo na bateria que o Karma fez o show de lançamento do disco no Grajaú Tênis Clube. Lamentavelmente, este pequeno tesouro concebido por Amiden jamais foi reeditado. Possivelmente hiberna nos arquivos da RCA desde o seu lançamento, em 1972, como hibernam tantas outras obras importantes nos arquivos das gravadoras brasileiras.
Em sua curta vigência sob a liderança de Amiden, o Karma ainda participou do VII Festival Internacional da Canção Popular, em setembro de 1972. Foi quando defendeu ‘Depois do Portão’ (Amiden e Mendes Junior). Em 1973, nos primeiros meses do ano, durante um show no Clube de Regatas Icaraí, em Niterói, depois de misturar bebida com drogas, Amiden perde o controle do próprio cérebro. O solo de guitarra parece interminável… Depois, sentado à beira da praia com Mário, se perde em plano existencial paralelo, vagando inseguro e solitário pelo lado escuro da lua.
Jorge só encontra a saída do enovelado e desconhecido labirinto no dia seguinte, quando percebe que o mundo não é mais o mesmo, o Karma não é mais o mesmo, a música não é mais a mesma…E nem sua vida seria mais a mesma. Dos palcos, se afasta…para na calma do tempo, quem sabe uma luz como guia, em dado momento, conceda algum dia seu retorno sereno.
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