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segunda-feira, 13 de maio de 2019

Tim Maia [1979]

 
Mediafire 192kbps


Por Tiago Ferreia em Na Mira do Groove

“Boogie Esperto” abre o disco dando a impressão de ser uma espécie de continuação da fase que veio com o álbum anterior. Os naipes de metais fortes com a bateria acelerada oferecem o arsenal perfeito para se equiparar a um James Brown (claro que muito disso deve ser creditado à excelente Banda Black Rio, que mais uma vez acompanha Tim Maia). Essa estética faz uma ponte com seu estilo romântico, coisa que o Síndico já emenda em “Eu Só Quero Ver”, com arranjos do jovem Lincoln Olivetti, que também toca teclados – e tornou-se um de seus maiores parceiros musicais. Em “Canção Para Cristina”, Tim Maia diz voltar a ter vontade de amar – um sentimento comum a um homem que está chegando aos 40. “Vou Com Gás” funciona como uma sequência de “Sossego” – a instrumentação é bem parecida. Talvez pelo grande sucesso do single, Tim Maia aproveitou a levada, uma pequena homenagem ao estado de Minas Gerais. O álbum funciona bem mas, equiparado à explosão de Tim Maia Disco Club, é apenas uma molécula. Esqueça qualquer comparação, e você vai se entregar à bela “Pra Você Voltar” e ao boogie poderoso de “Para Com Isso” (obrigatória em festas revival) como se estivesse em um baile dos anos 1980.


A1 Boogie Esperto
A2 Eu Só Quero Ver
A3 Vou Com Gás
A4 Pra Você Voltar
A5 Geisa
A6 Vou Correndo Te Buscar
B1 Lábios De Mel
B2 Reencontro
B3 Foi Para O Seu Bem
B4 Canção Para Cristina
B5 Pára Com Isso
B6 Garça Dourada

domingo, 30 de setembro de 2018

Tim Maia - Disco Club [1978]

Mega .flac


Por Topsify

Mesmo que você não esteja tão por dentro da carreira de Tim Maia, só precisa bater o olho nas faixas de "Disco Club" (1978) para entender toda a importância do álbum. Suas três primeiras canções, "A Fim de Voltar", "Acenda o Farol" e "Sossego", foram alguns dos maiores sucessos do cantor, e, hoje, o trabalho é considerado um dos mais importantes da sua carreira. Além de ter representado o histórico mergulho do soulman brasileiro na disco music, o álbum teve nas suas gravações alguns dos episódios mais conturbados do cara dentro de estúdio, nos quais a genialidade de Tim se sobressaiu a tudo e a todos! 

A simples escolha do cara por um álbum de disco music deu início às polêmicas, já que o estilo era visto pelos puristas como uma visão "branca" para gêneros de origem negra como funk e soul. Tim pensava diferente - via as batidas dançantes e os trajes extravagantes como algo "complementar" à sua cultura e não teve medo de assumir a responsabilidade, mostrando que também quebrava tudo no som das pistas! O caminho até o resultado final, porém, teve alguns percalços.

Tim reuniu um time de músicos realmente incrível em estúdio, desde o ainda jovem Pepeu Gomes até o cantor e compositor Hyldon e o produtor Guti Carvalho. No entanto, ainda faltava uma das partes mais importantes de qualquer trabalho de disco music: os arranjos orquestrais, que contagiavam tanto quanto as batidas ou as guitarras. Depois da recomendação de Guti, o cantor chamou o maestro argentino Miguel Cidras para trabalhar nos arranjos, mas o trabalho do portenho demorou para agradar o soulman - chegando a ocasionar o momento mais tenso do processo. 

Nas gravações das cordas de "Pais e filhos", capitaneadas por Cidras, Tim surtou com o que estava ouvindo e chamou Guti para conversar. O arranjo do argentino era muito semelhante à melodia da voz do cantor, deixando alguns momentos bastante confusos - não dava para diferenciar se era Tim cantando ou os instrumentos ressoando. Segundo o biógrafo Nelson Motta, o soulman falou exatamente: "Pô, Guti, já te falei pra não chamar esse cara, mermão. Ele faz esses arranjos quatro-quatro-meia e assim não dá pra cantar.” O grande problema é que o produtor havia esquecido o microfone do estúdio aberto, e Cidras e a orquestra inteira ouviram a reação do cantor.

No linguajar de Tim, "quatro-quatro-meia" significava algo "menor que cinco", pior que mais ou menos/medíocre - e todos sabiam o que o cara queria dizer. Depois das frases, a reação de Miguel Cidras foi imediata: ele saiu de dentro do estúdio gritando com Tim e o derrubou, começando uma confusão generalizada. Os ânimos demoraram a se acalmar, com os dois se debatendo no chão e xingando um ao outro. Quando enfim pararam, toda a equipe foi para uma salinha separada e passou por uma verdadeira DR, de onde saíram conclusões essenciais para a finalização do álbum. 

O cantor resolveu chamar o lendário maestro brasileiro Lincoln Olivetti para o restante das faixas, e os arranjos novos realmente se mostraram melhores - mais sofisticados, mas sem deixar de grudar na cabeça. No fim das contas, metade do disco ficou com o trabalho de Cidras e a outra com o de Olivetti - e uma verdadeira obra-prima nasceu. 

Tim Maia era assim: do meio da confusão e de mil polêmicas, emergia a genialidade! 


A1 - A Fim De Voltar
(Hyldon, Tim Maia)
A2 - Acenda O Farol
(Tim Maia)
A3 - Sossego
(Tim Maia)
A4 - Vitória Régia Estou Contigo E Não Abro
(Tim Maia)
A5 - All I Want
(Tim Maia)
B1 - Murmúrio
(Cassiano)
B2 - Pais E Filhos
(Arnaud Rodrigues, Piau)
B3 - Se Me Lembro Faz Doer
(Tim Maia)
B4 - Juras
(Tim Maia)
B5 - Jhony
(Tim Maia)

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Tim Maia [1977]

Mega .flac



8º álbum do síndico, um excelente álbum, vindo na mesma vertente do álbum anterior, muito Soul Groove e Funk, o destaque do álbum foi "Pense Menos", tema da Telenovela "Sem Lenço, Sem Documento" de 1977, "Venha Dormir em Casa" e "Não Esquente a Cabeça", foram sucesso garantido, o que rendeu uma grana para o Tim poder prensar o seu álbum em Inglês em 1978. os grooves são: "Verão Carioca" e "Flores Belas", mas no geral muito bom.


A1 - Pense Menos
(Paulinho Guitarra, Tim Maia)
A2 - Sem Você
(Paulinho Guitarra, Tim Maia)
A3 - Verão Carioca
(Paulinho Guitarra, Paulo Roquete, Reginaldo Francisco, Tim Maia)
A4 - Feito Para Dançar
(Paulinho Guitarra)
A5 - É Necessário
(Tim Maia)
A6 - Leva O Meu Blue
(Tim Maia)
B1 - Venha Dormir Em Casa
(Tim Maia)
B2 - Música Para Betinha
(Carlos Simões, Paulinho Guitarra, Reginaldo Francisco, Tim Maia)
B3 - Não Esquente A Cabeça
(Carlos Simões, Tim Maia)
B4 - Ride Twist And Roll
(Tim Maia)
B5 - Flores Belas (Instrumental)
(Tim Maia)
B6 - Let It All Hang Out
(Tim Maia)

segunda-feira, 7 de março de 2016

Tim Maia [1976]

Mega FLAC


Por Vitor Ranieri em Soul Art

O ano era 1976. Após desencantar-se com a Cultura Racional, energia motriz de Tim Maia Racional Volume 1 e Volume 2, o mestre mergulhava de nariz novamente nos prazeres da vida. Neste disco, Tim Maia e a Vitória Régia trazem a melhor mistura do groove com o samba soul, especialidade da casa.

Dance enquanto é tempo, primeira faixa do disco, ilustra bem o clima que está por vir. “Vê se deixa essa tristeza, bicho/ Pega a dama e vem dançar/ Até eu que estava nessa, bicho/ Decidi vou me soltar”. Seguindo a linha positivista, É preciso amar encanta como balada lisérgica, aquecendo os bons ouvidos e os bons pensamentos para as canções que estão a caminho.

Enquanto isso, do outro lado do mar do Rio de Janeiro, alguns países do continente africano passavam por um período conturbado de segregação racial e violência. Após dizer que em Guiné Bissau, Moçambique e Angola estava tudo numa boa, Tim canta seu apoio a seus irmãos de cor, pedindo luta e resistência (“Sei que és do som/Não és de matar/Mas não vás deixar pra lá”). Rodésia (antigo nome da nação hoje chamada de Zimbábue) traz Tim tocando flauta e uma sonoridade inspirada da banda Vitória Régia.

A quarta pérola do disco é um funk de primeira com resquícios dos ingredientes racionais. Márcio Leonardo e Telmo, que dão nome à faixa, são respectivamente Léo Maia e Carmelo Maia, filhos do Síndico. A tal SEROMA (iniciais de Sebastião Rodrigues Maia), onde seus filhos “vieram pra brincar”, era o selo de Tim.

Na sequência, duas pedradas! Sentimental traz todo o peso emocional de Tim Maia, abrindo suas defesas em um groove com o selo Vitória Régia de qualidade. Nobody Can Live Forever pode ser considerada a sombra do hinoImunização Racional. Toda a sua frustração com a seita Racional e as crenças religiosas está expressa nestes versos que dizem que ninguém pode viver pra sempre, e que, em sua opinião, essa conversa de céu e inferno é uma grande besteira.

Em Me enganei, Tim canta a decepção de um amor que se acaba e o fim de sonhos e planos criados em cima de um outro alguém. A faixa seguinte é um aperitivo para o sensacional disco de 1978, o “What’s going on” de Tim Maia. Manhã de sol florida, cheia de coisas maravilhosas é uma das maiores declarações de amor à vida que eu já ouvi. Com um arranjo que atinge o fundo da alma, Tim consegue traduzir fielmente o clima de esperança e alegria que se sente quando se está apaixonado pelo lado bom da vida.

A nona faixa do disco é o “gospel ao contrário” Brother, Father, Sister and Mother, onde Tim pede para seus irmãos acordarem e pararem de perder seu tempo em igrejas e com crenças do tipo. A próxima música é simplesmente genial! Batata-Frita, o Ladrão de Bicicletas é um groove aparentemente non-sense que nos leva em uma viagem até os anos 70. Para maior entendimento da mensagem, vale ressaltar que a “bicicleta” citada na música é um tipo famoso de LSD.

Na última faixa deste disco, que é um dos meus três preferidos de Tim, The Dance is Over encerra o espetáculo. Como diz o refrão, a dança acabou e é hora de enfrentar a realidade. Um samba soul de respeito, com distorções de guitarra e tudo que se tem direito, finalizando uma das grandes obras do Síndico.


FICHA TÉCNICA

Tim Maia – 1976 – Polydor

A1 - Dance enquanto é tempo
A2 - É Preciso Amar
A3 - Rodésia
A4 - Márcio Leonardo e Telmo
A5 - Sentimental
A6 - Nobody Can Live Forever

B1 -  Me Enganei
B2 - Manhã De Sol Florida Cheia De Coisas Maravilhosas
B3 - Brother, Father, Sister And Mother
B4 - Batata Frita, O Ladrão De Bicicleta
B5 - The Dance Is Over

Produção executiva: Seroma
Arranjos: Tim Maia, Miguel Cidras e Arthur Verocai
Engenheiro de som: Ary Carvalhaes
Mixagem: Tim Maia e Ary Carvalhaes
Corte: Luigi Hoffer
Capa: Aldo Luiz e Jorge Vianna
Fotos: Orlando Abrunhosa

Tim Maia: Bateria, percussão, guitarra, flauta e vocais
Reginaldo Francisco: Teclados e vocais
Carlos Simões: Baixo
Antonio Pedro: Baixo “funky machine”, percussão e vocais
Paulinho Batera: Percussão e bateria
Paulinho Roquete: Guitarra ritmo
José Mauricio: Guitarra ritmo
Paulo Ricardo: Guitarra solo, percussão e vocais
Antônio Claudio, Luiz Mendes Jr. e Gastão Lamounier: Vocais

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Tim Maia [1973]

Mega FLAC


Por Rodrigo Mattar no A mil por hora

O papa da soul music do Brasil lançava, no começo de sua brilhante trajetória na música brasileira, pelo menos um disco por ano, conforme o contrato assinado com a Philips, que ele chamava de Flips. Tim Maia, além de ser o mais popular dos artistas da gravadora, era também o mais querido pelos funcionários, especialmente os tão doidões quanto ele, que aceitavam alegremente os “presentinhos” que ele distribuía quando ia ao escritório da multinacional holandesa, no prédio do Cineac-Trianon, Centro do Rio de Janeiro.

Em 1973, saiu do forno o quarto álbum auto-intitulado, que tinha como missão repetir o sucesso dos dois primeiros lançados em 1970 e 1971 e, principalmente, fazer esquecer a menos inspirada safra do terceiro trabalho, onde se salvaram apenas a pedrada-funk “Idade” e a linda regravação da balada “O que me importa”, de Cury, um antigo compositor da Jovem Guarda. Nem a releitura de “These are the songs”, já conhecida de um compacto dividido com Elis Regina, salvou o disco de 1972 de ser um campeão de encalhes.

Refeito do fracasso, Tim Maia trabalhou como nunca na concepção do quarto disco – último do contrato com a Philips, porque depois brigaria com a gravadora para assinar com a RCA-Victor. Manteve a linhagem samba-soul e apostou no romantismo das baladas para trazer, com arranjos do mestre Waldyr Arouca Barros, um dos seus melhores discos da carreira.

É claro que os fãs mais extremados vão exaltar faixas como “Música no ar”, “Compadre”, “Até que enfim encontrei você” e “Over again”, esta cantada em inglês. Mas os grandes destaques são dois dos maiores sucessos da carreira do artista: a sensacional “Réu Confesso”, feita para Janete de Paula, paixão do cantor/compositor à época. Em tom confessional, o mulato da Tijuca dá um show de suingue.

Venho lhe dizer se algo andou errado
Eu fui o culpado, rogo o seu perdão
Venho lhe seguir, lhe pedir desculpas
Foi por minha culpa a separação

Devo admitir que sou réu confesso
E por isso eu peço, peço pra voltar
Longe de você já não sou mais nada
Veja é uma parada viver sem te ver

Longe de você já não sou mais nada
Veja é uma parada viver sem te ver
Perto de você eu consigo tudo
Eu já vejo tudo peço pra voltar

O outro grande hit deste disco de 1973 é do velho amigo Edson Trindade, dos tempos da pensão do pai de Tim, Altivo, e da rua do Matoso. “Gostava tanto de você” também foi escrita e composta na linha confessional, de “sofrência e cornitude”, uma homenagem de Edinho à Meire, grande amor da juventude do compositor. E muita gente achava que essa era uma música que falava de uma filha de Tim – nada menos exato, pois Tim Maia só teve filhos homens. Mais uma que foi para o terreno das lendas urbanas da MPB.

Não sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar

Você marcou na minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

Outras faixas que merecem destaque são cantadas em inglês: o funkaço “Do your thing, behave yourself” e a bossa “New love”, linda música composta por Tim Maia nos tempos de imigrante nos EUA com Roger Bruno, que conheceu na época em que chegou a montar um grupo vocal chamado Ideals. Tim, que na época assinava Tim Jobim nas correspondências que trocava com o amigo Erasmo Carlos, intitulado Erasmo Gilberto, nunca esqueceu a paixão pela Bossa Nova, tanto que depois, perto do fim da vida, gravaria e eternizaria vários dos clássicos do gênero com sua voz aveludada de trovão.

Que pena que hoje não temos mais artistas com o caráter, o deboche, a alegria, a potência vocal, o suingue e a criatividade de Tim Maia.


Músicas

A1. Réu Confesso
A2. Compadre
A3. Over again
A4. Até que enfim encontrei você
A5. O balanço
A6. New love (Roger Bruno/Tim Maia)
B1. Do your thing, behave yourself
B2. Gostava tanto de você (Edson Trindade)
B3. Música no ar
B4. A paz no meu mundo é você
B5. Preciso ser amado
B6. Amores

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Tim Maia [1972]

Mega FLAC


Por Música da MPB ao Rock

1972, um ano musicalmente máximo. Isso porque surgiu discos excitantes, tanto no Brasil como ao redor do mundo. Por aqui no país tropical, vimos "Expresso 2222", de Gilberto Gil (que voltava do exílio em Londres, após três anos), "Roberto Carlos" (Que trouxe sucessos como "A Janela", "A Distância", a religiosa "A Montanha" e o clássico "Como Vai Você, de Antônio e Mário Marcos), Transa (Do também exilado Caetano Veloso,que voltou a sua nação), e também vimos outras excelentes obras-primas que não obtiveram sucesso, como Wilson Simonal (Se Dependesse De Mim), Ivan Lins (Quem Sou Eu ?) e Tim Maia (Tim Maia, de 1972). Tim estava em uma boa fase de sucesso,seus dois lps obtiveram grande repercussão de crítica e alta execução de vendagem tanto que chegava a ser tratado como um príncipe dentro da Polydor, selo pertencente á gravadora Phonogram. Tanto que chegou a ser mencionado pelo então presidente André Midani como o maior vendedor de discos da companhia. E foi com esse prestígio que Tim entrou nos estúdios em 1972 para gravar o seu terceiro long-play, no qual apostou que lançaria diversos hits nas rádios, igual aconteceu com seus dois álbuns anteriores. De fato, o álbum é ótimo, só que não manteve o mesmo pique dos outros, mas trouxe pelo menos dois sucessos, como "Canário Do Reino".

Além disso, o álbum trouxe boas faixas, que porém não obtiveram muita repercussão,como a regravação de "These Are The Songs" (Que havia sido gravada em dueto com Elis Regina,nos idos de 1969), as músicas compostas em inglês pelo agitado Tim,como "My Little Girl" e "Where Is My Other Half", músicas violentas como "O Que Você Quer Apostar ?", "Já Era Tempo De Você", uma das melhores baladas da Jovem Guarda "O Que Me Importa" e a triste "Lamento' (Que é a mesma da versão "Where Is My Other Half'), mantendo a estrutura da fusão "Funk-Soul-Baião", que era a mesma dos discos Tim Maia (1970) e Tim Maia (1971). Mas vale muito a pena escutá-lo ao todo, pois sem dúvida é um disco em que o grande mestre do Soul pode mostrar a sua versatilidade.


Músicas

A1. Idade
(Tim Maia)
A2. My Little Girl
(Tim Maia)
A3. O Que Você Quer Apostar
(Tim Maia)
A4. Canário do Reino
(Carvalho, Zapata)
A5. Já Era Tempo de Você
(José Carlos de Souza, Rosana Fiengo)
A6. These Are the Songs
(Tim Maia)
B1. O Que me Importa
(Cury)
B2. Lamento
(Tim Maia)
B3. Sofre
(Tim Maia)
B4. Razão de Sambar
(Tim Maia)
B5. Pelo Amor de Deus
(Tim Maia)
B6. Where Is my other Half
(Tim Maia)

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Tim Maia [2014]



Por Marcelo Forlani no Omelete

Só tem um jeito de não gostar de Tim Maia: não conhecendo Tim Maia. Antes de virar o "O Rei do Soul do Brasil" ou "Síndico", Sebastião Rodrigues Maia (1942 - 1998) era apenas Tião da Marmita. Sua transformação em Tim Maia e algumas das mudanças que ele trouxe para a música brasileira estão presentes em Tim Maia (2014), cinebiografia dirigida e roteirizada por Mauro Lima (Meu Nome Não é Johnny, Reis e Ratos) e que tem Robson Nunes e Babu Santana dividindo o papel do protagonista na juventude e já na sua idade adulta.

A vida do cantor e compositor, tão famoso pelas suas músicas quanto pela sua fama de encrenqueiro e furão, é cinematográfica desde que começou, no Bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Fiel aos seus objetivos, ele sempre soube driblar os problemas (como a falta de dinheiro) e conseguir o que queria. E contar a sua história é também mostrar um trecho importantíssimo da música brasileira. Passam pelo filme figuras como Roberto Carlos (George Sauma), Erasmo Carlos (Tito Naville), Rita Lee (Renata Guida), Nara Leão (Mallu Magalhães) e Carlos Imperial (Luís Lobianco), além do dono da voz em off que narra tudo, Fábio (Cauã Reymond), músico que tocou por 30 anos ao lado de Tim Maia e acaba representando várias outras pessoas que em algum momento viveram (e sobreviveram) para contar história.

O roteiro de Mauro Lima se baseia no livro Vale Tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia, de Nelson Motta, mas também pega material de Até Parece Que Foi Sonho - Meus 30 Anos de Amizade e Trabalho com Tim Maia, de Fábio, além de entrevistas que o próprio cineasta e a roteirista Antônia Pellegrino fizeram com músicos e pessoas que foram próximas a Tim. Histórias não faltavam e, apesar das longas 2h20 de duração do filme, eles foram até que sucintos ao mostrar a infância dura, a descoberta da música na adolescência, a realização do sonho de morar nos Estados Unidos (onde teve seu contato com a soul music e o movimento negro - até ser preso e deportado), a insistente busca pelo sucesso musical, a mágoa com Roberto Carlos, o (enfim!) sucesso, as drogas que o sucesso proporcionaram e seu fim melancólico aos 55 anos.

O roteiro ainda acerta na hora em que coloca Tim compondo algumas de suas canções e escapa da tentação de transformar em diálogo estrofes de suas músicas - vício presente em várias cinebiograficas musicais. A reconstituição histórica das ruas e figurinos e o drama todo por que Tim Maia passou são apresentados de forma hollywoodiana. E se George Sauma pesa demais a mão na sua imitação de Roberto Carlos, tanto Robson quanto Babu acertam o tom - tanto o pessoal quanto o musical. Robson faz escada e constrói o personagem e deixa para Babu o trabalho de transformá-lo com o sucesso, as mulheres (condensadas no papel da lindaAlinne Moraes), a religião, a bebida e as drogas. Na hora de cantar, há apenas uma cena em que a dublagem de Robson fica mais evidente, sobrando elogios para a forma como eles conseguiram mimetizar os trejeitos do cantor no palco.

A porralouquice do estilo de Tim Maia, seu humor e todo o folclore em torno do músico fazem o resto e ainda deixam de lição de casa a gostosa tarefa de ler mais, descobrir mais e ouvir mais suas músicas. E, assim, gostar ainda mais de Tim Maia.


Diretor: Mauro Lima
Roteiristas: Mauro Lima e Antonia Pellegrino
Produzido por: Rodrigo Teixeira
Elenco: Babu Santana, Robson Nunes, Alinne Moraes, Cauã Reymond e Luís Lobianco, entre outros

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Tim Maia [1970]

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Por Rodrigo Mattar em A Mil Por Hora

Enquanto nos anos 60, a Jovem Guarda dava seus últimos suspiros e Roberto Carlos partia célere para assumir o posto de artista mais popular do país, um mulato gordinho, que passou parte da adolescência nos EUA tentava a sorte na música cantando em inglês. E principalmente, investindo num gênero que ainda não tinha espaço por aqui: a Soul Music.

O mulato gordinho em questão era Tim Maia, nascido e criado na Tijuca, amigo de Erasmo Carlos, com quem trocava cartas entusiasmadas quando esteve fora do país. Um assinava “Tim Jobim” e o outro devolvia como “Erasmo Gilberto”. Mas enquanto Erasmo virava o Tremendão e amigo-de-fé-irmão-camarada de Roberto, Tim passava o pão que o diabo amassou. Foi preso, deportado e passou fome e frio em São Paulo até conseguir a indicação de Roberto para gravar na CBS.

Sob a produção do exigente Evandro Ribeiro, Tim não conseguiu fazer suas músicas saírem como queria. Brigou com geral na gravadora e virou persona non grata. Na RGE, para onde iria por intermédio de Erasmo, tentar fazer um compacto e depois o primeiro – e sonhado – disco, aconteceu a mesma coisa e Tim, sabendo que sua hora tinha chegado na música brasileira, ficava para trás.

Foi aí que a sorte lhe sorriu: uma fita levada por Jairo Pires, que o conheceu na CBS como técnico de gravação e que estreava na Philips como produtor, estourou como uma bomba numa das reuniões mensais. Nela estava gravada a sensacional “Primavera”, de Sílvio Rochael e Cassiano. Naqueles idos anos, nada parecido se ouvira por aqui.

Quando o inverno chegar… eu quero estar junto a ti… pode o outono voltar… eu quero estar junto a ti… porque… é primavera… te amo… é primavera… te amo… meu amor…

Nelson Motta, que ouviu a fita entusiasmado, sentiu “cheiro de gol” e pediu que Tim aparecesse na Philips. Ele foi, e mostrou outras músicas. Uma delas, a bossa-nova “These Are The Songs”, saiu em compacto com Elis Regina e Tim, aprovadíssimo pelos Mutantes (que os conheciam do programa Quadrado & Redondo, apresentado por Débora Duarte e Sérgio Galvão na Bandeirantes) e também por Erasmo Carlos, que saía da RGE nessa mesma época e mudava para a gravadora dirigida por André Midani, foi contratado para fazer seu primeiro disco.

Movido a combustíveis alternativos, Tim varou noites no Estúdio Scatena em São Paulo, junto com Jairo Pires e Arnaldo Saccomani, para conseguir que os músicos fizessem o som que queria, e que os maestros Waltel Branco, Waldyr Arouca Barros e Cláudio Roditi transcrevessem os arranjos que o cantor lhes passavam “de boca”.

Com o auxílio luxuoso do conjunto vocal Os Diagonais (que tinha Cassiano, guitarrista-base das gravações, além de Camarão, Marcos e Fernando) e de músicos como o lendário baixista Capacete, Paulinho Batera, Zé Carlos, Guilherme, Garoto e Carlinhos, Tim foi o responsável por um dos maiores petardos musicais do país nos anos 70.

O disco abre com “Coroné Antônio Bento”, uma brincadeira de Camarão, um dos vocalistas dos Diagonais, que caiu no gosto de Tim imediatamente. Nascia uma fórmula que o cantor exploraria nos seus primeiros trabalhos: o baião-soul.

“Cristina”, escrita em parceria com Carlos Imperial, teria sido uma homenagem a uma bela morena chamada… Cristina e que, segundo a lenda, tinha um bumbum descomunal, que enlouquecia o cantor. ‘Vou ver Cristina…’, cantarolava com cara safada, seguindo o rebolado de sua musa. Mas há quem diga, como o biógrafo de Imperial, Denílson Monteiro, que ‘Vou ver Cristina…’ era uma senha para sair do apartamento do compositor e ‘apertar um baseado’. Imperial era avesso a tóxicos e Tim Maia não dispensava um bauretezinho.

O funk “Jurema”, a terceira faixa, é uma menção à famosa entidade Cabocla Jurema, saudada como Joo-rey-mah e Queen of The Jungle. Curtinha, mas muito bacana – tanto quanto “Padre Cícero”, uma das melhores do disco e cuja métrica Tim aproveitou para transformar a canção em “João Coragem”, tema do personagem homônimo da novela Irmãos Coragem, grande sucesso da televisão brasileira naquele ano.

Tim ainda gravou uma bonita canção de Natal – “Risos” (de Fábio e Paulo Imperial), “Eu Amo Você”, outra lindíssima composição de Cassiano e Sílvio Rochael, além da belíssima balada “Azul da Cor do Mar”, que teve como inspiração as inúmeras desilusões que o cantor, auto-intitulado preto, gordo e cafajeste, sofria com as meninas que iam para o apartamento onde morava, na Rua Real Grandeza, 171, em Botafogo, para ficar com o cantor Fábio e seu empresário, Glauco.

Com raiva e sentimento, Tim ligava o gravador e, acompanhado do violão, mandava ver.

Ah… se o mundo inteiro me pudesse ouvir… tenho tanto pra contar… dizer que aprendi… que na vida a gente tem que entender… que um nasce pra sofrer… enquanto o outro ri… mas quem sofre sempre tem que procurar… pelo menos vir achar… razão para viver… ter na vida um motivo pra sonhar… ter um sonho todo azul… azul da cor do mar…

Nascia assim o mestre da “cornitude” e Tim Maia começava, com este primeiro e fantástico disco, sua trajetória polêmica e ao mesmo tempo brilhante dentro do cenário musical brasileiro.


Ficha Técnica de Tim Maia

Selo: Polydor/Universal Music
Produção: Jairo Pires e Arnaldo Saccomani
Gravado nos Estúdios Scatena, em São Paulo, e no Cineac-Trianon, no Rio de Janeiro, em 1970
Tempo total de produção: 40’55″

Músicas:

1. Coroné Antônio Bento (Luiz Wanderley/João do Vale)
2. Cristina (Tim Maia/Carlos Imperial)
3. Jurema (Tim Maia)
4. Padre Cícero (Cassiano/Tim Maia)
5. Flamengo (Tim Maia)
6. Você Fingiu (Cassiano)
7. Eu Amo Você (Sílvio Rochael/Cassiano)
8. Primavera (Vai Chuva) (Sílvio Rochael/Cassiano)
9. Risos (Fábio/Paulo Imperial)
10. Azul da Cor do Mar (Tim Maia)
11. Cristina nº 2 (Carlos Imperial/Tim Maia)
12. Tributo a Booker Pittman (Cláudio Roditi)

quarta-feira, 26 de março de 2014

Tim Maia - Racional Vol. 2 [1976]

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Por Marcel Cruz em SacundinBenBlog

Mal nos recuperamos da pancadaria do primeiro volume e Tim sai com outro muito mais violento! Estou me referindo ao segundo volume de Tim Maia Racional lançado em 1975/1976.

De fato surpreendente! Ao ouvir o primeiro volume é bem fácil de se pensar o seguinte : "- Caráááámba!!! O cara atingiu seu ápice aqui, acho que dificilmente conseguirá fazer algo mais poderoso que isso!"

Pois bem meus caros, ele conseguiu e com uma maestria de se admirar.

São mais nove faixas que continuam a série de "pregação" da doutrina Racional (embora ele diga, numa das composições, que não é uma doutrina). Uma faixa melhor que a outra, puro deleite auditivo no seu mais alto grau, e só pra constar, uma delas, a terceira especificamente, foi usada como parte da trilha sonora de Cidade De Deus. Não tenho muito mais o que discorrer a respeito, só digo que vale muito a pena, tê-lo, ouví-lo, possuí-lo, deglutí-lo, mamí-lo ops... rsrsrs. Então é isso...

"... Abra a porta e vá entrando, felicidade vai brilhar no mundo..."

terça-feira, 25 de março de 2014

Tim Maia - Racional Vol. 1 [1975]

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Por que Tim Maia Racional é um disco foda?
Por Thiago Rocha Kiwi
publicado em 23 de outubro de 2010 no Papo de Homem

Entre os fãs de Tim Maia paira ainda a eterna discussão sobre qual foi o melhor trabalho que o cantor produziu em vida. Apesar de ainda não haver um consenso, seus dois discos produzidos entre 1975 e 1976 despontam entre os favoritos da crítica e dos fãs: os obscuros e raros Tim Maia Racional Volumes I e II.

Para entender o que passava na cabeça de Tim quando ele produziu os dois álbuns, é bom conhecer primeiro como ele levava a vida.

Tim Maia nunca quis ser um exemplo a ser seguido. Pelo contrário, sempre fez questão de ser diferente e andar na contramão do mainstream. Um belo exemplo disso é que, enquanto os caras bonzinhos ganhavam dinheiro com as musiquinhas da Jovem Guarda, Tim ia contra a tendência e soltava sua voz misturando o soul e funk com samba e baião.

Durante toda sua carreira, Tim Maia sempre deixou claro aquilo que muitos artistas escondem: ele era um ser humano. E, como humano, errava, exagerava, xingava e sofria. Graças a essa personalidade, tudo aquilo pelo que Tim Maia passava era refletido em sua música.

Acontece que, em 1974, Tim acabou entrando em contato com a Cultura Racional, um grupo conhecido por divulgar as ideias escritas pelo carioca Manoel Jacintho Coelho no livro Universo em Desencanto. Em seus mais de mil livros, Manoel explica a criação do universo, da vida na Terra e o destino da humanidade.

Depois de ler o primeiro volume da obra de Manoel, Tim Maia, um cara que já havia passado por de tudo um pouco, alcançou a chamada Imunização Racional. Compreendeu o sentido da vida, de onde viemos e para onde vamos. Sua música nada mais era agora do que um instrumento para divulgar a causa Racional. Começou a usar roupas brancas e a tentar influenciar todos a lerem o tal do livro.

Como não conseguiu convencer seus empresários daquilo que, para ele e os Racionais, era a resposta de todas as perguntas da humanidade, Tim rompeu com a gravadora que lhe levou ao estrelato e criou seu próprio selo – Seroma (as três primeiras sílabas que formam seu nome de batismo, Sebastião Rodrigues Maia). Nos dois anos seguintes, lançou os discos que décadas depois virariam raridades.

O que faz dos dois volumes de Tim Maia Racional discos fodas não é, entretanto, a mensagem que o cantor divulga nas canções. Os álbuns são marcantes por trazerem um Tim Maia diferente daquele que o grande público conhecia. Tim não fumava, não cheirava e não bebia mais. A vida saudável permitiu que o cantor atingisse o máximo que sua voz podia render. Por acreditar na mensagem que transmitia, Tim cantava com paixão, dava o melhor de si por aquela causa.

Apesar de as vendas dos álbuns racionais terem sido um fracasso, algumas músicas ficaram marcadas entre os fãs e na história, como a clássica Imunização Racional, que traz nada menos do que o tradicional “Uh, uh, uh, que beleza”. Tim dá ainda uma de pastor americano cantando em inglês nas faixas “You Don’t Know What I Know” e “Rational Culture” (uma das minhas favoritas).

Tim e os músicos que o acompanham criaram um trabalho digno de um dos maiores nomes da história da música brasileira. Na faixa “Universo em Desencanto”, por exemplo, rolam quebras de tempo capazes de dar um nó na cabeça de qualquer um. Enfim, a qualidade musical do álbum é inquestionável.

A trip esotérica de Tim Maia, no entanto, não durou muito.

Após dois anos de dedicação e pregação das crenças da Cultura Racional nas ruas, nos morros e nos seus shows, Tim Maia acabou se desiludindo com Manoel e seus seguidores e abandonou o grupo. Recolheu os discos das prateleiras, tirou as músicas dessa fase de seu repertório e nunca mais tocou no assunto. Voltou também para as drogas e para a vida desregrada.

Segundo os próprios Racionais, que conheci no ano passado produzindo meu trabalho de conclusão de curso, Tim foi banido do grupo por exigir uma porcentagem do lucro das vendas do livro de Manoel. Já a versão de Tim é que Jacintho Coelho e sua seita são um bando de picaretas. Seja o que for, o julgamento não cabe a nós. O que vale mesmo é que a piração religiosa de Tim Maia deixou para os fãs da boa música uma obra de qualidade superior. Diferente do que Tim prega nas suas canções, não se preocupe em ler o livro, mas não deixe de ouvir o disco.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Tim Maia [1971]

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Por Marcelo Cruz no Sacundinbenblog

1971 é o que considero: "O" ano dos álbuns mais "violentos" da música brasileira, no bom sentido é claro. Tim Maia, com seu segundo álbum, contribuiu para engrossar ainda mais o caldo entrando de sola e emplacando no mínimo dois sucessos que sem saber tornariam-se clássicos absolutos, "Não quero dinheiro (Só quero amar)" e "Você".

Além dessas, Tim gravou para o volume sua versão de "Não Vou Ficar", gravada anteriormente por Roberto Carlos, seria lindo/perfeito se pusessem a voz de Tim no arranjo de Roberto, esse também é bom, mas prefiro o outro. Outra que já era conhecida e que Tim regravou foi "Meu País", lançada em compacto 3 anos antes (1968).

Agora vamos para as menos conhecidas ou desconhecidas que mais gosto. O volume abre com "A Festa De Santo Reis", excelente! Depois temos outra nos moldes de "Coroné Antônio Bento", aquela que está no primeiro disco, o funk-baião "Salve Nossa Senhora", depois uma das que mais gosto, a suingada e genial "Um Dia Eu Chego Lá" e pra fechar as desconhecidas a "deliciosa" (rsrsrs) "É Por Você Que Eu Vivo".

Nesse álbum vemos o primeiro flerte de Tim com a Bossa Nova, flerte que Tim assumiria totalmente na década de 90, na inigualável versão de "Preciso Aprender a Ser Só", composição de Marcos e Paulo Sérgio Valle.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Nelson Motta - Vale Tudo O Som e a Fúria de Tim Maia [2007]

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* Felipe Tadeu

Quando a imprensa divulgou, anos atrás, que o jornalista Nelson Motta iria se encarregar de contar em livro a vida de Tim Maia, não tive dúvidas de que seria uma ótima biografia. Quando Nelson deixa de lado sua faceta de romancista para fazer o que realmente sabe - jornalismo musical -, o leitor sempre sai ganhando em termos de informação e entretenimento. Depois de acertar a mão em "Noites Tropicais" (2000), Nelson se superou com o recente "Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia", que ganhou as ruas sob a tutela da editora Objetiva. 

Seja ainda como compositor ou produtor de eventos inesquecíveis, Nelson Motta sempre foi um cara qualificado para tratar de música. Como escritor, sabe solar e arranjar, tendo um estilo muito envolvente de narrativa e a mente sempre aberta, sem nutrir preconceitos contra o pop. Nelson foi ainda por cima amigo de Tim Maia, com quem trabalhou e curtiu muitos baratos e dores de cabeça. 

O porte do biografado já era um dado que contava a favor do jornalista, pois Sebastião Rodrigues Maia, o líder máximo da legendária banda Vitória Régia, foi um artista personalíssimo no contexto da música brasileira: em português mais claro, um senhor figuraça. Descobridor dos sete mares, Tim cruzou o baião e o samba com gêneros antes incompatíveis como o soul e o funk norte-americanos, fazendo impor sua moral com aquele vozeirão abençoado com que cavava seu lugar no mundo.

Como um dos integrantes da turma do Bar Divino, na Tijuca, Rio de Janeiro, de onde saíram os reis da Jovem Guarda Roberto & Erasmo Carlos, além do seminal Jorge Ben (dentre outros), Tim sempre fôra um intérprete poderosíssimo. Habilidoso como compositor, freqüentou as paradas de sucesso durante quase toda a sua carreira, seja cantando baladas de amor ou soltando seus rojões de baile, sucessos absolutos como "Sossego", "Do Leme ao Pontal", "A Festa do Santo Reis" ou "Rodésia".

Nelson Motta acompanhou de perto a explosão de Tim Maia como cantor e também como encrenqueiro sindicalizado (seu mais corriqueiro delito era não comparecer a shows para os quais fôra contratado). Dos primeiros furtos inocentes na Tijuca à passagem pelas prisões nos Estados Unidos (onde Tim viu a cena black florescendo em plenos 60), o jornalista descreve a turbulenta saga do "síndico" com humor providencial, revelando momentos incríveis da vida de Tim, como de sua adesão à seita da Cultura Racional, com quem se meteu em 1975 e, inspirado, criou uma de suas obras-primas, o álbum duplo Tim Maia Racional, que foi relançado há pouco pela gravadora Trama.


A biografia relata também sobre o curioso movimento Black Rio, que existiu na cidade do samba nos anos 70 e reunia nomes que íam de Cassiano a Carlos Dafé, passando por Hyldon, pela Banda Black Rio, Os Diagonais e etc. Uma cena que ainda precisa ser abordada em livro exclusivo, tal a riqueza dos fatos musicais de então.


A leitura deste novo livro de Nelson Motta foi quase que ininterrupta, num deleite total para mim, o "espectador" na Alemanha. Devoram-se as 389 páginas da biografia com a mesma sanha com que Tim abria a geladeira para fazer seus lanchinhos épicos e sarar suas laricas. É um livro muito engraçado. 

"Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia" foi um presente e tanto que minha amiga Bete Köninger trouxe do Brasil, no meio de sua bagagem de máscaras de mergulhadora, tubos de oxigênio e pés-de-pato. Bete, sim, é que conhece o Azul da Cor do Mar.