domingo, 24 de julho de 2016

Lestics - les tics [2007]

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Por Lestics em sua página no facebook

'les tics' é o nosso segundo álbum, gravado em 2007 no quartinho dos fundos do apartamento do Umberto Serpieri. Lo-fi até o talo: um mic, um computador velho, dois caras, um punhado de canções… Agora o disco está nos serviços de streaming (Spotify, Deezer etc. etc.), e se você nunca ouviu 'Gênio', 'Luz do outono', 'Caos' ou algumas das outras músicas do 'les tics', beeeem, aí está uma boa oportunidade = )

domingo, 17 de julho de 2016

Bianca [1980]

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Por Josué Ribeiro

Pesquisador musical e colecionador de obras raras dos anos 70 e 80. Gosto de música bem feita e principalmente da poesia na letra. Aprecio os estilos Blues, Jazz e tudo que for popular. Sou contra qualquer tipo de preconceito com a música, mas defendo que a música deve ter no mínimo, bom gosto. Que não ofenda as pessoas e que possa ser ouvida na presença de uma criança. Música é cultura, a música pode ser um meio para contar a história de um país.

Com sua guitarra elétrica, ela foi como roqueira, o retrato da geração que vibrava na transição dos anos 70 para os anos 80.

Para quem tem mais de 35 anos, ela foi a cantora adolescente que se fez passar por uma rebelde da sua geração. Para quem tem menos, entenda como história da música popular do Brasil.

Ela despontou para o sucesso no final de 1979, com um compacto simples que trazia as músicas “Os Tempos Mudaram” (o que me importa) e “Vou Pra Casa Rever Os Meus Pais”, versão de A Little More Love.

Na contramão do sistema das gravadoras, que apostavam em cantores adolescentes sim, mas em trio, quarteto e pacatos. Tinha A Patotinha, As Melindrosas e a inglesinha romântica Nikka Costa, mas com Bianca foi diferente. Ela foi a Pitty daquele tempo.

Em 1980, com seu primeiro LP, conquista elogios da crítica e popularidade, principalmente dos jovens. Cantava em programas como o de Chacrinha, Sílvio Santos, Bolinha e Globo de Ouro.
Fazia fotonovela nas revistas, almoçava com os artistas no programa do Aérton Perlingeiro e cantava muito, no rádio.

A gravadora RGE foi responsável pela produção do disco e da carreira de Bianca, que no seu primeiro LP, já contou com um repertório apropriado para a sua idade de 16 anos.

Puxado pelas músicas conhecidas do compacto, o LP tem ainda, além das versões (muito comum na época), as composições Tempos Difíceis, um blues de Gilliard, pode acreditar (jovem como ela na época, poucos anos a mais do que ela) e Comentários A Respeito de John,
do cearense Belchior.

A música Minha Amiga, ficou na memória das jovens mais românticas. O mais puro retrato da geração perdida, para não dizer alienada. O disco tem produção artística de Hélio Eduardo Costa Manso, produtor de quase todos os cantores da época, que pertenciam a RGE. Na ficha técnica do disco, não consta o nome de Bianca como guitarrista, o que leva a crer que ela não era de fato, uma guitarrista, fazia pose apenas. Mas isso não importante. Bianca entra no cenário musical fazendo diferença num tempo em que Gretchen cantava (com sucesso) de costas e que a geração do rock nacional ainda não tinha mostrado sua cara. Falava de rebeldia, crise existencial e Beatles, mas nada autoral. Solta a voz afinada no disco e nos tempos antigos, tinha ótima presença de palco.

Infelizmente foi atropelada pela Blitz do Evandro, que tinha mais a ver com a geração daqueles primeiros anos da década de 80. Se ela gravou outro LP, não teve grande repercussão, pois ninguém sabe ninguém viu, nem o disco, nem ela. Porém o disco é recomendado para quem quer entender a confusão musical que foi o final dos anos 70, que depois de ser varrido pela discoteca, ritmo que dissipou o bolerão (que ainda persistia agonizando) e fez até os mais tradicionais (Luiz Gonzaga, Ângela Maria, Jair Rodrigues etc…) entrar na onda. Se você encontrar o disco de Bianca dando sopa por aí _o que é muito difícil, pois quem tem não se desfaz_ não hesite em comprá-lo.

É muito bom de ouvir. Bianca é mineira, de Ituiutaba. Seu verdadeiro nome é Cleide (que não podia ser nome de roqueira). Foi crooner de banda na sua cidade e descoberto pelo cantor e compositor Cléo Galante, que depois de vê-la cantar e tocar guitarra, levou a mesma para São Paulo e apresentou a RGE, quando ela tinha apenas 14 anos.



A1 - Sou Livre (Agora Chega)
A2 - Comentário À Respeito De John
A3 - Minha Maneira (Não Suporto Mais)
A4 - Somos Amigos
A5 - Oh Susie
A6 - Sempre Contente

B1 - Minha Amiga
B2 - Não Tenha Medo
B3 - Tempos Difíceis
B4 - Igual A Vocês
B5 - Lembrando Os Rapazes De Liverpool
B6 - Vou Prá Casa Rever Os Meus Pais
B7 - Os Tempos Mudaram

sábado, 16 de julho de 2016

Menino do Rio [1981]

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A1 –  De Repente, Califórnia interpretado por Ricardo Graça Mello
(Lulu Dos Santos, Nelson Motta )
A2 –  We Got The Beat interpretado por Go Go's
(C. Caffey )
A3 – Tesouros Da Juventude interpretado Lulu Santos
(Lulu Dos Santos, Nelson Motta)
A4 – Corpos De Verão interpretado Bebel
(Guilherme Arantes, Nelson Motta)
A5 – Perdidos Na Selva interpretado Gang 90 & Absurdettes
(Julio Barroso)

B1 – Garota Dourada interpretado Radio Taxi
(Lee Marcucci, Nelson Motta, Wander Taffo)
B2 – Sob O Azul Do Mar interpretado Ricardo Graça Mello
(Nelson Motta, Wander Taffo)
B3 – Our Lips Are Sealed interpretado Go Go's
(J. Wiedlin*, T. Hall)
B4 – Turbilhão De Emoções interpretado Guto Graça Mello
(Guto Graça Mell)

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Silvia Tape e Edgard Scandurra - est [2015]



Por Carlos Eduardo Lima em Monkeybuzz

Que disco simpático, pessoal. Oriundo do encontro entre Edgard Scandurra, mais conhecido como o guitarrista da banda paulistana Ira!, de tantas glórias, tradições e projetos paralelos ao longo de três décadas, e a cantora/baixista/guitarrista Silvia Tape, atual integrante do grupo Mercenárias, dona de carreira solo elegante, que namora de longe o entroncamento entre Psicodelia e Pós-Punk, EST é uma inesperada surpresa neste fim de 2015, justo quando ninguém esperava algum lançamento que valesse nossa atenção. Há tempos que Edgard mostra mais talento e criatividade fora de sua banda de origem, sempre com mente aberta e disposição para ouvir/fazer novidades. Seu apreço pela música Eletrônica, por exemplo, rendeu bons álbuns nos anos 00 sob o nome "Benzina", além de colaborações e crocâncias sonoras diversas. As canções e o conceito deste novo álbum surgiram há alguns anos, passando, necessariamente, pela ideia de gravar tudo em casa, em esquema Lo-fi. A chegada de Silvia mudou tudo. Pra melhor.

Dona de boa voz e capaz de escrever letras bonitas, a cantora fez com que o conceito original fosse adaptado para sua chegada. O que era rascunho e desapego evoluiu para um moderno trabalho de Rock, no sentido mais amplo que o termo pode comportar em 2015. Mesmo assim, EST é, basicamente, Scandurra em todos os instrumentos, a voz de Silvia e a participação de algumas pessoas, entre elas, Curumim, emprestando seu talento baterístico a algumas canções, especialmente em Asas Irreais, melhor do álbum, cheia de timbres amplos de guitarra e tambores nervosos por todos os lados, em função da doçura da voz de Tape, inesperada, porém conveniente em meio ao painel sonoro que se ergue. Mas nem tudo é doçura e céu azul por aqui.

A abertura com A Sua Intuição é noturna, perplexa em calma, com sonoridade que emula algo dos anos 1990, eletrônico, sussurrado, que dá lugar ao campo aberto e livre que Asas Irreais, já mencionado acima. A canção seguinte, Num Instante Qualquer é totalmente Rock, cantada por Scandurra e levada adiante por bateria e guitarras também tocadas por ele e presença elegante de Tape nos vocais de apoio do refrão. Hoje O Tempo tem uma sonoridade bem peculiar, lembrando um lado obscuro dos anos 1980, quando, em meio ao grande número de bandas surgindo em Manchester, The Durutti Column chamava a atenção pelo uso das guitarras e timbres econômicos, ideia de seu líder, Vinny Reilly. Edgard, macaco velho e conhecedor dos atalhos, certamente tinha as aquarelas sonoras do grupo em mente. Bolhas de Sabão é psicodélica, fofa e sessentista, trilha sonora de passeio no parque sábado de tarde.

Meu Lamento é um instrumental sem muita função definida, meio lúgubre, meio sintético, meio soturno, que tem na curta duração e sua maior qualidade, logo dando espaço para Concha, que surge acústica, singela, setentista, totalmente calcada no binômio violão/voz, algo bonito e raro nos dias de hoje. Com o tempo ela se transforma em clara criação psicodélica, com metais e levada dolente, algo como se Os Mutantes originais tivessem passado pelo estúdio para dar algumas dicas.Rio Rastro, logo em seguida, é um instrumental com clima é de guitarras intervindo em melodia hipnótica e sem pressa para terminar. Eu Acho Que Posso Esperar é outra canção que visita a tranquilidade guitarrística de The Durutti Column, com entrelace de acústico e elétrico em torno da voz de Silvia. O encerramento com Meu Lamento é delicado, soturno, falsamente simples, com mais comunhão de sons elétricos e orgânicos, com certo ar fadista em algum lugar não muito definido.

EST é uma criação coletiva com cara de projeto rascunhado sem compromisso e parecendo casual. Tem estrutura, conceito e noção de início, meio e fim, exibindo modernidade cosmopolita e doçura agreste legítimos. Típico projeto sem compromisso com qualquer outra coisa que não seja a satisfação de seus envolvidos. E do público. Bem bacana.

domingo, 3 de julho de 2016

Autoramas - O Futuro dos Autoramas [2016]

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Por Cesar Monteiro em  Ambrosia

“O Futuro dos Autoramas” (Autoramas, 2016) é o sugestivo título do novo álbum do sAutoramas, que vem a ser a estreia em estúdio de sua nova formação. Durante 16 anos, a banda de Gabriel Thomaz foi um power trio, agora é um quarteto. Na verdade um dream team do rock garageiro nacional. Além de Gabriel, a formação conta com a ex-Penélope Érika Martins, o ex-Raimundos Fred Castro na bateria e o ex-Carbona Melvin no baixo, quebrando a tradição dos Autoramas de sempre trazerem uma menina no instrumento. Embora ainda haja uma menina na banda, agora ela se encarrega da guitarra de base, teclado e percussão.

A nova formação já estava se apresentando ao vivo desde 2015, pelo Brasil e no exterior, passando também pelo Rock In Rio. Mas apesar da nova configuração, a sonoridade continua fiel à mistura de rockabilly dos anos 60, Jovem Guarda e New Wave que os consagraram. A faixa de abertura ‘Quando A Polícia Chegar’ é o cartão de visitas, uma típica composição “autorâmica” assim como ‘Problema Seu’ e ‘O Que Você Quer’. Porém passam longe do autoplágio ou cover de si próprios. Apenas mantendo as características essenciais.


Em boa parte das músicas, Érika se encarrega do backing vocal, eventualmente dividindo a dianteira com Gabriel, na mesma linha de Kim Deal e Frank Black no Pixies, mas ela assume o protagonismo total nas faixas ‘Demais’ e ‘Rolo Compressor’. A segunda já constava no álbum solo da cantora, “Modinhas”, lançado em 2013, mas aqui ganha uma nova roupagem, com mais efeitos e peso e distorção no refrão. Bons momentos do disco também são as faixas em inglês como ‘What Do You Mean To Me’, ‘Jet To The Jungle’ e uma energética versão power pop de ‘Be My Baby’, hit de 1963 escrito pelo produtor e compositor Phil Spector e imortalizado pelas Ronettes. Por falar em versões, a última faixa ‘Garotos II – O Outro Lado’ é uma interessante releitura da música ‘Garotos’, sucesso de Leoni.

O que garante a coesão, a exemplo do que se tem visto no palco, é o fato de serem os novos membros serem pertencentes à mesma turma, são não apenas contemporâneos como colegas de cena, o rock de garagem dos anos 90, que cresceu aliada às casas de show alternativas e à cultura fanzineira. Gabriel e Érika são casados e tocam juntos no projeto paralelo Lafayette & Os Tremendões – banda que faz versões de músicas da Jovem Guarda e conta com o lendário tecladista Lafayette, responsável pelo órgão icônico daquelas canções. Além disso, colaborou em algumas faixas do disco solo da cantora como músico e compositor. Fred já era baterista da banda de Érika, e Melvin, um velho camarada.

O disco foi gravado em diferentes estúdios: o Escritório, no Rio, a Toca do Bandido, lendário estúdio (um dos melhores do Brasil) montado por Tom Capone, e o Warner/Chappell. As gravações foram mixadas, respectivamente, por Lê Almeida, Jim Diamond (que trabalhou com White Stripes) e André Paixão. A capa, assinada pelo brasiliense Paulo Rocker traz um desenho da banda com motivação futurista, fazendo uma brincadeira com o título do álbum.

“O Futuro dos Autoramas” aponta aponta uma nova direção, mas reforçando em cada faixa o maior trunfo da banda: o peso e a fúria alinhados harmonicamente com a melodia. O tempo de estrada e a camaradagem entre os membros também conspiram muito a favor, no melhor estilo “all star band” underground.