quinta-feira, 29 de março de 2012

Legião Urbana: Renato Rocha não foi o 1º nem será o último

Por Daniel Junior
publicando originalmente no dia 26 de março de 2012 no Aliterasom

Nunca romantizei as figuras do rock and roll. Não acho que o conceito de “sexo, drogas e rock and roll” deve ser cristalizado e por isso mantido como tradição e filosofia de vida, especialmente para quem vive (profissionalmente) de música. Faz parte da história, ninguém pode negar, mas é inegável também que as vítimas deste tripé (especialmente das drogas) são centenas e deixam milhões de pessoas órfãos da sua arte e criatividade.

Por incrível que pareça, existem pessoas que parecem possuir um fetiche doido por histórias loucas; biografias que somadas falam sobre destruições de quartos de hotéis, porrada com e no público, entrevistas interrompidas, shows vexatórios, derrame de egos. Fosse este apenas o cenário visível, ainda tem um outro: overdoses cavalares, guerras familiares, brigas judiciais, sonhos adiados e todo tipo de acontecimento que depõe contra a vida, não só do astro, mas do cara comum, que descobriu ser um deus, conquistou o planeta, perdeu os verdadeiros amigos e depois descobriu ser apenas um cara que foi além daquilo que imaginava.

Seria perder tempo tentar entender quais foram as pontas das cordas que desataram na vida de RENATO ROCHA (ex-baixista da LEGIÃO URBANA) e que o levou a ser além de ex-tudo (músico, pai de família, boa situação financeira) para ser um resto de gente, encontrado perambulando pelas ruas do Rio, com o olhar perdido, assumindo falas suas e outras vindo de algum lugar do passado (veja Renato Rocha, ex-Legião Urbana, vive como morador de rua no Rio de Janeiro).

Os personagens dessa história possuem suas retóricas, quase todas defensivas. Nem ficarei no simplismo do veredito que “foi o consumo excessivo de droga o responsável por acabar com o resto de vida de Renato”. Isso parece óbvio até para quem não sabia do músico nos últimos cinco anos.

Em primeiro lugar: agora, não adianta virem à imprensa dizerem que ‘tudo foi feito pelo Renato’. Não, tudo não foi feito, muito menos por ele. As escolhas do músico foram as principais responsáveis por sua tragédia pessoal, mas será que todas as possibilidades foram esgotadas? O pai do músico é tão sabedor da história do filho que disse que seu maior desejo é ‘comprar um imóvel e colocar alguém para cuidar dele’. Até um cara que não gosta de LEGIÃO URBANA e nem sabe quem é RENATO ROCHA, se viu a feição doente e dislexa do ex-tudo, sabe que nem a moradia será capaz de curar a doença existencial do indivíduo.

Continuando: não vejo ninguém que faz apologia a descriminalização das drogas aparecer e dizer que, uma das possibilidades de vida que o cidadão tem ao escolher suas substâncias de consumo (e perder o controle pois manter sob guarda um vício é utópico e irreal) é perder TUDO que tem inclusive as pessoas que ama. Nenhum neo-liberal atuante na defesa da causa, assume a responsabilidade de declarar que o envolvimento permissivo e íntimo com entorpecentes pode (e a possibilidade é forte) destruir o que você construiu e destruir até a esperança de voltar a projetar uma carreira profissional. Não aparece nenhum playboy pra dizer que, se não tomar cuidado, é isto que acontece.

Agora é MUITO FÁCIL apontar os dedos para o mendigo e dizer: a culpa é dele, quem mandou escolher o que não devia e essa sentença está longe de não ser verdadeira, mas estes são os mesmo que, por exemplo, massacraram RODOLFO ABRANTES ao sair dos RAIMUNDOS por querer mudar de vida, a saber, tornar-se evangélico.

O que se discute aqui não é se o RODOLFO vai pro céu e o RENATO para o inferno e sim, uma sociedade hipócrita que prefere a via-crucis da idolatria/vício/morte do que alguém que muda seu rumo a partir de um pensamento, uma epifania, uma revolução interior. O fã prefere que seu ídolo continue mantendo o perfil que o consagrou (e que pode levá-lo ao caos) do que vê-lo bem, longe dos holofotes.

Os grupos sociais já possuem o que eu chamo de RETÓRICA DA CULPA, que é o discurso pronto, lógico e explicativo, do porquê da crise, mas se inibe de negar o modelo que só faz vítimas, que arranca deuses da terra com a foice da martirização, preferindo eternizar a obra do que manter o ídolo mais tempo vivo. Ou seja: os discos estão aí, quem sentir falta, que os compre.

É a materialização do abstrato e a frieza dos fatos. Os “rockeiros” (com todas as aspas) o chamarão de fraco, apontaram os dedos para MARCELO BONFÁ e DADO VILLA-LOBOS como cúmplices de uma realidade assombrosa sob alguém que os ajudou a colocá-los na história da música popular brasileira, mas continuarão achando FODA, as histórias de orgias regadas à drogas, álcool e tudo que couber, porque nada disso lhes afeta a vida, o que eles querem são os discos prontos, as datas de turnê incluindo seu estado (e país) e as declarações polêmicas para proferirem de peito estufado: ESSE CARA É FODA.

Quanto à vida, que se dane, “eu tenho os discos”.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Casa das Máquinas - Casa de Rock [1976]

Mega 320kbps


Por Lucas Vieira em Galeria Musical

Em seu terceiro álbum, o Casa das Máquinas investiu num rock mais cru e pesado, sem músicas flower power como o primeiro disco e muito menos progressivas como em Lar das Maravilhas, é rock do início ao fim. O disco foi sucesso na época e rendeu ao grupo um clipe no fantástico com a música "Casa de Rock", onde a banda toca em um lugar semelhante a uma fábrica. O disco traz faixas onde notamos a qualidade dos músicos, principalmente "Londres", onde Piska faz uma linha de guitarra fenomenal. Destaques para "Dr. Medo", "Jogue Tudo Para a Cabeça", "Stress" e "Sonho de Vagabundo".




Formação que gravou Casa de Rock:

Simbas - vocal.
Piska - guitarra, baixo, strings, violão 12 cordas, minimoog, vocal.
Marinho Testoni - órgão Yamaha, piano acústico, piano fender, minimoog, elka strings.
Netinho - bateria, percussão, moog drums e vocal em "Certo Sim, Seu Errado".
Marinho Thomas - bateria*, percussão, 2° vocal.

* Você leu certo, a banda tinha dois bateristas.

Vlad V - Volume IV [2001]

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O álbum Volume IV contou com a participação especial de um dos maiores nomes do blues nacional, Celso Blues Boy, que toca e canta em "Doce Lar Dos Malucos".


Formação para esse álbum:

Jean Carlo - vocais, flautas, guitarra, violão, bandolim e harmônica
Beto Luciani - guitarra e violão
Flavio Theilacker - bateria
Doriga - teclados e acordeon
Claudio Reiff - baixo

Marco Antonio Araújo - Influências [1981]

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Por Ian em Sound Chaser

"Influências" é o primeiro dos quatro discos lançados pelo compositor, violonista e violoncelista mineiro, um dos maiores músicos brasileiros de todos os tempos, Marco Antônio Araújo.

Com a excelente banda Mantra, Marco Antônio Araújo fez um som refinado, mesclando folk, música erudita, música mineira e rock. Influências de Jethro Tull (ou apenas a sonoridade semelhante gerada pela guitarra com a flauta) podem ser notadas, mas a música de MAA é de personalidade forte, marcada pela sensibilidade, inteligência, e por uma consciência progressiva "de dentro pra fora" - MAA não "tentava ser progressivo", repetindo clichês e caindo no que muitos acabam caindo.

O som em Influências é dominado por violões e flauta, sempre contando com o ótimo guitarrista Alexandre Araújo (irmão de MAA), e alguns metais e piano de músicos convidados. É notável o equilíbrio entre movimentos mais pesados e suaves, como se pode notar já pela faixa de abertura, "Panorâmica", um épico de 10 minutos. Outros destaques do disco são a faixa título, a energética "Abertura No. 2", "Folk Song", belíssima música que começa com vozes e MAA no violão, depois entram metais, flauta... Bom, só mesmo ouvindo.

Ainda há 2 faixas bônus, sendo a última (Floydiana II) na verdade uma versão da primeira faixa do seu segundo disco.*


Por Tarkin

*As duas faixas bônus que o colega Ian se refere é da edição em CD, lançada pela Progressive Rock Worldwide em 1994. O link disponível aqui no blog é dessa edição e contém as faixas:

1 Panorâmica
2 Influências
3 Bailado
4 Abertura N° 2
5 Cantares
6 Folk Song
7 Entr' Act I & II
8 Floydiana II

O lançamento original em vinil de 1981 pela Strawberry Fields contém as faixas:

A1 Influências
A2 Folk Song
A3 Bailado
B1 Panorâmica
B2 Cantares
B3 Abertura

sexta-feira, 23 de março de 2012

Made in Brazil - Jack o Estripador [1976]


Por Fábio Cavalcanti

Contrariando algumas expectativas, o álbum "Jack o Estripador" traz um pouco mais de peso e uma produção mais direta do que a do álbum de estréia. Pode-se dizer que a banda tinha acabado de encontrar a sua veia mais "hard rocker", embora esta ainda se encontrasse em seu estágio inicial.

terça-feira, 20 de março de 2012

Jefferson Gonçalves - Ar Puro [2008]



Por Helton Ribeiro

Poucos músicos foram tão ousados e bem-sucedidos na fusão do blues com ritmos regionais como o gaitista Jefferson Gonçalves. Em seu terceiro CD solo, Just your fool, de Little Walter, por exemplo, virou um baião, e Help the poor, imortalizada por B.B. King, um maracatu cearense (quem tem mais de quarenta anos vai lembrar de Pavão misterioso, da novela Saramandaia). Baião pra Júlembra um pouco o violonista cearense Manassés, enquanto em outro baião, Nosso groove, a gaita cromática ocupa o lugar que seria da sanfona. Por outro lado, o autêntico Delta blues está presente em Six feet under, e Highway 61, de Bob Dylan, virou um blues-rock. As participações especiais são igualmente ecléticas: os gaitistas Peter Madcat (EUA), José Staneck (Rio) e Pablo Fagundes (Brasília); o cantor americano Richard Werner; a banda pernambucana Uptown Blues Band, e o baterista cearense Adriano Azevedo, entre outros. Jefferson é assim, desafia os rótulos para produzir uma música de alta qualidade. Os poucos que ainda consideram isso uma heresia não sabem o que estão perdendo.

Spin XXI - Contraponto [2006]



O Spin XXI é uma banda que tem suas raízes nos anos 70 e fez história na cidade de Niterói-RJ onde eles tocaram em escolas e festivais de rock amador. A banda Spin (como eram então chamados) teve apresentações muito especiais na mesma época. Eles acabaram no fim dos anos 70 sem ter lançado o disco de estréia, mais tarde os membros uniram-se novamente há alguns anos sob o nome de Contraponto e então decidiram-se por utilizar novamente o nome Spin, mas com o XXI (retratando o novo século). Contraponto seu CD de estréia foi gravado entre 2002 e 2006 e lançado em 2006! – A música é na tradição do Progressivo Sinfônico (as referências são O Terço, Mutantes, Genesis e Yes), mas com um som moderno. O disco foi lançado pela Musea/Rock Symphony.

domingo, 18 de março de 2012

Banda do Sol - Tempo [2010]

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Por Eliton Tomasi
Publicado em 12 de junho de 2011

A BANDA DO SOL foi formada no início da década de 80 por Moa Jr. (vocal/guitarra/violão), Fábio Fernandes (bateria) e Turco (baixo). As referencias musicais eram nomes como Beatles, Genesis, Yes, Supertramp, Ravi Shankar, Gentle Giant e Deep Purple. 

Depois de terem participado de duas coletâneas, a BANDA DO SOL lançou seu primeiro LP em 1982. O disco auto-intitulado foi gravado no renomado Estúdio Mosh em São Paulo. Auto-financiado, o LP chegou a ser prensado e comercializado – hoje é item raríssimo. 

À época, o trabalho independente – tão em voga nos dias de hoje – não era nada fácil e o grupo esbarrou em diversas dificuldades. Sem o suporte de uma grande gravadora, a BANDA DO SOL acabou sendo desativada. 

Fábio Fernandes foi estudar medicina. Turco se mudou para Londres onde vive ate hoje. Moacir Jr. lançou-se em carreira-solo e fez um relativo sucesso. Conheceu Guilherme Arantes e logo viraram parceiros. Também teve um relacionamento produtivo com Sá e Guarabyra, Renato Teixeira, Beto Guedes, Walter Franco e 14 Bis. 

Durante todo esse tempo, a BANDA DO SOL se reativava esporadicamente para ensaios e sessões de composição. O retorno definitivo só aconteceria com o lançamento de um novo álbum. Na nova formação, Moa Jr. no vocal, guitarra e violão; Fran Simi na guitarra; Cesinha Rodrigues no baixo; Fábio Fernandes na bateria e Allex Bessa nos teclados. 

Intitulado Tempo, o novo álbum da BANDA DO SOL foi lançado em 2010 e reúne composições inéditas de todas as fases da banda. 

O disco foi mixado na Califórnia nos EUA por ninguém menos que Billy Sherwood. Também conhecido por ter sido guitarrista do YES, Billy assina uma extensa discografia como produtor, incluindo discos de bandas como Motörhead, Toto, Ratt, Paul Rodgers e do próprio YES. 

Se não bastasse a assinatura de Billy Sherwood na mixagem, Tempo foi masterizado pelo lendário engenheiro de som norte-americano Joe Gastwirt. Profissional de primeiro escalão, Gastwirt já masterizou discos de Paul McCartney, Jimi Hendrix, Ramones, Pearl Jam, Santana, Grateful Dead, Neil Young, Lynyrd Skynyrd, Miles Davis, Michael Jackson, etc. 

O show de lançamento de Tempo foi um caso à parte. Em agosto de 2010 aconteceu em Sorocaba o evento Concerto Rock Sinfônico. Na ocasião, a BANDA DO SOL se juntou à Orquestra Sinfônica de Sorocaba e ao próprio Billy Sherwood para uma apresentação pra lá de especial. Mais de 7 mil pessoas prestigiaram o evento que, além das músicas da BANDA DO SOL, foi recheado de clássicos do YES, Toto, Yoso, Circa e Conspiracy. 

de Whiplash 

Naná, Nelson Angelo & Novelli [1973]

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Por Woodstock Sound


LP gravado na França em 1973 por Naná Vasconcelos, Nelson Angelo & Novelli e lançado pelo selo Saravah Records. 

Disco belíssimo e muito louco, quase todo instrumental. Um mixto de folk, jazz, psicodelia, regionalismo, mantras e vanguarda.

quarta-feira, 14 de março de 2012

The Tape Disaster - A Voz do Fogo [2012]



Sendo uma das mais originais e criativas bandas de rock independente de Porto Alegre, a The Tape Disaster vem há seis anos tocando frequentemente em shows no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Com o apoio dos selos Senhor F Virtual e Sinewave, a banda lançou em maio de 2011 no Opinião, o primeiro EP intitulado Realidade Aumentada, contendo cinco músicas.

O mais recente trabalho, intitulado A Voz do Fogo (2012) é um EP de duas músicas gravado e mixado no estúdio Hurricane por Sebastian Carsin. A The Tape Disaster agora se confi rma como um dos destaques da música instrumental brasileira.

Seria demasiado clichê dizer que a banda possui um gênero inde finível. De finível talvez seja, mas a complexidade disso causaria tumultuosas contradições. O som do quarteto portoalegrense tem como referência o gênero instrumental. Só que o grande problema é que nomeá-los simplesmente dessa forma seria um crime às referências e in fluências que são sintetizadas por cada milissegundo das canções. O interessante é que o som se caracteriza por essas vastas infl uências que cada membro carrega, não por um determinado gênero que simplesmente optaram seguir. Eles caminham pelo desconhecido sem perder o foco.

The Tape Disaster é música universal, para ouvir vagando pela cidade, para degustar no trânsito, para acompanhar-nos nos dias chuvosos e ensolarados. Apenas cuide-se para não tropeçar ou bater seu carro. Suas músicas são instrospectivas e requerem muita preparação e, por isso, cuide-se mais ainda, pois essa introspecção causa-nos euforia, desperta autoconhecimento. Hoje em dia o diferente assusta, ao passo que nos glorifi ca. “Gloria é um momento silencioso”, e os instrumentos são autossufi cientes.


Formação da banda:

Andres Araujo - baixo
Bruno Severo - guitarra
Rubens Formiga- bateria
Thivá F.S - guitarra

Sandra Grego - Solar [2011]


No cenário cultural carioca há anos, a mineira de Maria da Fé, Sandra Grego, vem consolidando sua maturidade musical com um trabalho de elaboração singular e perfeita sintonia com seu estilo visceral e ao mesmo tempo de grande sensibilidade artística. Descendente dessa relação entre arte e artista, “Solar” é a materialização de um projeto que envolve toda a sua experiência e intimidade com o universo musical. A música que dá nome ao primeiro “cd” faz parte das grandes composições do seu conterrâneo Milton Nascimento, um dos ícones da música brasileira. 


Com um repertório inédito, de composições agraciadas pelo brilhantismo de autores com talento inestimável, como Marco Jabú, que assina sete canções de estilos diferentes e qualidades únicas. Ou releituras como a de Getúlio Côrtes com “Eu só tenho um caminho” – gravada por Roberto Carlos – para somar ao grande trabalho realizado nesse “cd”. Entre blues, baladas ou nas canções mais ácidas, sua trajetória é marcada por momentos memoráveis a quem tem a oportunidade de prestigiar seus shows por diversas casas noturnas do Rio, Minas e São Paulo. Já se apresentou no Teatro Odisséia, Império Serrano, Circo Voador, Melt, Clube Itajubense e Lapinha, causando surpresas ao público que ainda não a conhecia. Sua música já foi trilha sonora do programa “A Vida Alheia”, da Rede Globo. Sandra Grego escreve com propriedade sua história na música popular brasileira e proporciona sempre uma opção diferente e de qualidade para a geração atual.

Tapete Persa - O Pesadelo é Sempre Maior na Minha Cabeça [2011]



"O Pesadelo É Sempre Maior na Minha Cabeça? O disco (e a banda!) é muito mais que um soco no cara. É um trabalho que traz um close do momento da Tapete Persa. Um projeto feito pelas ‘vontades’ da banda e isso sim é ser livre ou libertário. Um soco? Sim, mas um soco no estômago, rápido e bem dado, diga-se de passagem, trazendo no conteúdo do disco um cala boca necessário em la société... O ‘foda-se’ parte da essência dos caras e assim alcança o público. É deste jeito que tem que ser, criando e transformando. A Tapete Persa ainda incorpora mais: além da necessária liberdade dos artistas que são, preocupam-se em não se comprometer com o "modelinho" pronto do mercado. Eu, enquanto apreciador de música e critico, percebo uma certa homogeneidade no universo musical hoje e a banda segue o caminho inverso: fazendo música pela necessidade de expressão cultural que a arte exige e tendo realmente o que falar, seja nas letras, seja na postura com que encaram o seu próprio trabalho!" 


Formação para esse EP

Matias Jardim - bateria
Sandro Silveira - guitarra
Gabriel Bertolo - voz
Rafael Linck - guitarra
Pedro Scherer - baixo

O Terço - Criaturas da Noite [1975]


Por Raul Branco


Após uma carreira que passara do total anonimato para a categoria de expoente do rock nacional, ao lado dos Mutantes, o Terço entrou no estúdio Vice-Versa, após colaborarem no primeiro trabalho de Sá e Guarabyra sem Zé Rodrix, o álbum “Nunca”, para gravar um disco ansiosamente aguardado pelo seus fãs. Era novembro de 1974 e o disco que resultou desse trabalho, “Criaturas da Noite”, seria considerado o ponto alto da trajetória do grupo do guitarrista Sérgio Hinds.

Sua banda, em que começara como baixista, já havia gravado dois Lps e compactos, e na qual haviam atuado músicos como Jorge Amiden, Vinícius Cantuária e Cézar de Mercês, alcançara algum reconhecimento do grande público pela balada “Tributo ao Sorriso”, apresentado num Festival Internacional da Canção, e respeito da comunidade rock pelo álbum “Terço”, que trazia boas músicas como “Deus”, “Estrada Vazia” e “Lagoa das Lontras”.

Sérgio, além de Cézar de Mercês fazendo guitarra base, era agora acompanhado em shows de uma nova cozinha, que antes acompanhara o trio Sá, Rodrix & Guarabyra: Sérgio Magrão no baixo e Luiz Moreno (recentemente falecido, em 2002), na bateria. Para completar o time, um tecladista, violonista e cantor que anos mais tarde faria carreira solo de sucesso, Flávio Venturini, na época usando o nome artístico de Flávio Alterosas. A saída de Cézar oficializou a formação do quarteto e foi assim, com Hinds, Magrão, Flávio e Moreno, que saíram os créditos do disco, embora a presença de Cézar seja presente não só pela percussão em duas faixas mas, principalmente, pela quantidade de músicas em que ele é o autor ou parceiro. As excelentes apresentações da nova fase do Terço geraram uma expectativa muito grande pelo disco que estava sendo gravado e, o resultado em vinil, lançado em 1975 pelo selo Underground, da gravadora Copacabana, não decepcionou nem um pouco.

Ao maior sucesso da carreira do Terço coube a honra de abrir o disco. “Hey Amigo” (Cézar de Mercês) tornou-se, bem antes do lançamento de “Criaturas da Noite” presença obrigatória nos shows da banda. A conhecidíssima introdução de baixo, a que se somam o órgão, a bateria e que explode com a guitarra Gibson SG de Hinds já faziam – e fazem até hoje –a audiência sacudir os ossos e pular. Com uma letra simples, meio tola e fácil de memorizar, convidando a todos para se unirem como um só através desse rock, “Hey Amigo” tem uma melodia e um arranjo empolgantes. Nela uma velha característica do Terço está presente, que é a guitarra e o baixo dobrando os riffs, mas agora acrescentada pela cama proporcionada pelo órgão e os vocais mais elaborado, com várias vozes, recurso que viria a ser aplicado no 14 Bis, para onde Magrão e Flávio se bandeariam mais tarde.

O lado acústico da banda brilha em “Queimada” (Flávio Venturini - Cézar de Mercês). O som das violas, baixo elétrico, percussão e os vocais são a pitadinha de folk que faltava na mistura que gerou a banda. Uma música sem grandes pretensões que, cedo, tornou-se uma das favoritas do álbum.

“Pano de Fundo” (Sérgio Magrão - Cézar de Mercês), é mais uma retomada ao estilo de rock característico do Terço. Merece destaque a criatividade de Moreno no trabalho percussivo, tanto na introdução quanto no fim, o baixo de Magrão e o solo, com jeito de Santana, de Sérgio Hinds.

A versatilidade dos componentes fica clara com a próxima faixa, “Ponto Final” (Luiz Moreno), um tema instrumental do baterista, onde a vocalização funciona como outro instrumento, talvez substituindo as cordas, e com dois momentos bem definidos e distintos entre si. Na primeira parte um tema de piano que em alguns momentos lembra o Gismonti de “Parque Laje” e o sintetizador solando leve, aéreo como o Azymuth, até receber o reforço pelo peso da guitarra e, mais uma vez suavizar com o piano. Este mesmo piano puxa a segunda metade da música, um tema que vai se repetindo, com a percussão bem sinfônica, cheia de pratos, com destaque a cada momento para cada um. Para um ouvinte mais atento, as pequenas semelhanças com “Amanhecer Total”, do álbum anterior, cessam na maturidade musical dos instrumentistas dessa formação e na qualidade de gravação, infinitamente superior.

Sérgio Hinds compôs “Volte na Próxima Semana” e o público dos shows tornou esta mais uma música obrigatória no setlist. Rock mesmo, lembrando as músicas do disco anterior, tem na guitarra a principal arma do arranjo, com o baixo dobrando novamente. O bom trabalho de Moreno, que não foge da tentação de suingar a batida em todos os momentos é uma das boas coisas da faixa, mas os vocais, mais parecidos com a fase Vinícius Cantuária, são os mais fracos do disco.


Para o início do Lado B, a música que dá nome ao disco, “Criaturas da Noite” (Flávio Venturini - Luiz Carlos Sá), com a abertura feita pelo piano de Flávio e os vocais da banda, apoiados por um naipe de cordas, tem um gosto de Sá, Rodrix & Guarabyra inconfundível, deixando bem claro o quanto um grupo influenciou o outro, inclusive pela parceria. O vocal solo é de Flávio e a guitarra solando com os violinos completa o clima onírico sugerido pela letra.

“Jogo das Pedras”, que retoma o clima de “Queimada” com um pouco mais de peso pela inclusão de bateria, teclado e solo de guitarra, entrou pela tangente em “Criaturas da Noite”. O disco já estava pronto e uma das músicas gravadas, “Raposa Azul”, foi substituída por ela em cima do laço. Se a decisão foi acertada ou não, são outros quinhentos. O que importa é que a inclusão de “Jogo das Pedras” reforçou essa ligação com o rock rural e deu oportunidade ao Terço de enveredar por novos caminhos musicais. Apesar de “Raposa Azul” ter um clima mais progressivo e uma introdução marcante, seria apenas mais uma música.

A peça que encerra este excelente disco é, para dizer o óbvio, grande: pelos seus longos 12min26s de duração, pela grandiosidade da composição e pelo nível de execução dos músicos. “1974” (Flávio Venturini) é, sem sombra de dúvida, uma das melhores coisas do progressivo brasileiro daquela época. Com o clima suave criado pelo piano que é paulatinamente sendo interrompido pela intromissão do baixo, prato de condução e guitarra dobrada e distorcida, a banda nos coloca numa atmosfera frenética como o de uma Cidade Grande, de qualquer parte do planeta. O ouvinte pode se imaginar, por exemplo, andando apressado numa rua movimentada de Sampa, Nova Iorque ou Tóquio e, de repente, encontrando um espaço no caos para deixar o pensamento fluir livre, até ser arrastado a contragosto para a turbulência novamente.

As vocalizações com resposta e depois o instrumental, onde a guitarra de Hinds tem o seu melhor momento em todo o álbum, nos mantém nesse nível de intercessões contínuas de euforia/relaxamento até que, em determinado momento, parece que tudo morre, menos o teclado, arrastado e melancólico, com a voz de Flávio e a guitarra de Sérgio Hinds induzindo um lamento à mente do ouvinte. Perda da inocência: o baixo vai buscar nossa alma e trazê-la de volta à dura realidade dos tempos modernos, com o resto da banda. Mas a guitarra volta para reclamar uma brecha e, finalmente, o piano e o vocal nos devolvem a paz e a esperança em tempos mais amenos. Agora, todo o peso da banda não consegue mais do que reforçar essa idéia e, a medida que a música se aproxima do fim, a felicidade vai inundando a alma e o coração do ouvinte até que este explode num sintetizador que vai desaparecendo, insistindo em se manter no rodamoinho de seu próprio som. Uma viagem.

Mesmo com alguns problemas técnicos, que qualquer demo de hoje passa por cima, “Criaturas da Noite” foi um marco para o rock nacional e colocou a banda, para sempre, na história.

Formação para Criaturas da Noite:

Flávio Venturini - telcados e vocais
Sérgio Hinds - guitarra
Sergio Magrão - baixo
Luiz Moreno - bateria

Cezar de Mercês - percussão (participação especial)
Marisa Fossa - vocais (participação especial)


terça-feira, 13 de março de 2012

Sergio Dias [1980]

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Por Dárcio Junior em Whiplash

Após a fase Mutantes, Sérgio tornou-se músico de estúdio participando de gravações antológicas como em "Terra" com Caetano Veloso, "Não Chore Mais" com Gilberto Gil, "Naquele Tempo" e "Rua Ramalhete" com Tavito, entre as muitas que gravou.

Em 1980, gravou seu primeiro álbum solo chamado "Sergio Dias". Nesse trabalho tentou pegar um público mais amplo gravando grandes variedades de gêneros como o funk "Não Quero Ver Você Dançar", o reggae "Ai Pirada", o samba "Corações de Carnaval", as pops "O Grão" e "Harigatô-Harakiri", a jazzistica "Brazillian New Wave", além das progressivas "Ventos Cardíacos", "Eunice", "Cromática" e "Tô Sérgio", esta uma pequena homenagem do violinista L. Shankar a Sérgio. O álbum contou com as presenças estrelares de Caetano Veloso, Gal Costa e Jane Duboc além de um estupendo elenco de músicos entre os quais Márcio Montarroyos, Luciano Alves, L. Shankar, Fernando Gama e parcerias como Caetano Veloso, Nelson Motta e Paulo Coelho. Apesar de tudo isso, o álbum não alcançou o sucesso que Sérgio esperava, e, devido a esse fato resolveu tentar a sorte na América indo morar em New York. Ele passou praticamente toda a década de oitenta vivendo seis meses lá e seis meses no Brasil, fazendo eventualmente shows e gravando discos, geralmente de trilhas sonoras.


sábado, 3 de março de 2012

4shared

Pois é, agora que percebi que o 4shared está pedindo login para que se possar baixar os arquivos e isso acaba por dificultar para alguns. Como a coisa está complicada com os servidores de hospedagem vou fazer mais uma tentativa e se voltarmos a ter problemas vou migrar para o torrent.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Cantor Lobão exalta a ditadura militar e ataca Chico Buarque

Publicado em 1 junho 2011

Entre aplausos e vaias, o egocêntrico classificou a esquerda brasileira de “gente rancorosa e invejosa” e diz que torturadores arrancaram “apenas umas unhazinhas”

Lobão pirou de vez. De crítico da indústria da música e do regime militar, no passado, ele hoje se converteu num direitista bravateiro. Até parece que faz as suas declarações bombásticas para atrair os holofotes. Mas agora ele exagerou.

Durante o Festival da Mantiqueira, ocorrido na cidade de São Francisco Xavier (SP), ele criticou o cantor João Gilberto – que “virou um ser sagrado e nós temos que destronar tudo o que é sagrado” –, atacou Chico Buarque e ainda afirmou que “a MPB é de uma mediocridade galopante”.

“Torturadores arrancaram umas unhazinhas“

Entre aplausos e vaias, o egocêntrico classificou a esquerda brasileira de “gente rancorosa e invejosa”. No auge das suas baboseiras reacionárias, Lobão afirmou que há “um excesso de vitimização na cultura brasileira… Essa tendência esquerdista vem da época da ditadura. Hoje, dão indenização para quem seqüestrou embaixadores e crucificam os torturadores que arrancaram umas unhazinhas”.

Lamentável. O que não se faz por dinheiro e por alguns minutos de fama na mídia brasileira.

Leia abaixo a fala de Lobão:

“” A gente tinha que repensar a ditadura militar. Por que as pessoas acham… Essa Comissão da Verdade que tem agora. Por que que é isso? Que loucura que é isso? Aí tem que ter anistia pros caras de esquerda que sequestraram o embaixador, e pros caras que torturavam, arrancavam umas unhazinhas, não [risos]. Essa foi horrível [risos]. Mas é, é bem isso. Quem é que vai falar isso? Quem é que vai ter o colhão de achar que bunda de pinto não é escovinha? Porque não é. Não é. Então é o seguinte: a gente viveu uma guerra. As pessoas não estavam lutando por uma democracia, as pessoas estavam lutando por uma ditadura de proletariado. As pessoas queriam botar um Cuba no Brasil, ia ser uma merda pra gente. Enquanto os militares foram lá e defenderam nossa soberania. “”

Em seguida Lobão afirma que Che Guevara foi um facínora que assassinou camponeses.

“Por que ele [Che] é mais humano que um torturador? Essa é uma pergunta que é capciosa, é corrosiva, mas é pertinente. Então os caras que sequestravam fulano, beltrano, então eles eram mais bonzinhos do que o cara que arrancava unha nos calabouços? Vamos fazer essa equação? Empate, cara. Pensa bem. Tem que ser um cara muito escroto pra poder falar sobre isso, mas é a pura verdade.“


A Chave do Sol: Música Inédita desde 1983 é resgatada!


Por Willba Dissidente
publicado em 01 de março de 2012

O Portal “Orra Meu” postou recentemente no site youtube um vídeo de uma composição inédita da banda paulista de Hard Rock A CHAVE DO SOL. A música “Intenções” foi resgatada à partir de uma gravação em K7 de um show em que A CHAVE DO SOL era a banda de abertura para a PATRULHA DO ESPAÇO no Gran São João Clube em Limeira/SP.

Para acompanhar a música inédita o Portal “Orra Meu” editou um vídeo todo especial com imagens raras de acervo, assim como fotos pessoais, ingressos e matérias em periódicos igualmente impossíveis de se encontrar.

Confira esse verdadeiro trabalho arqueológico de resgate da memória do underground nacional no vídeo abaixo:

O “Orra Meu” comentou sobre o vídeo: “Resgate histórico proporcionado pelo Portal Orra Meu. Através de uma fita K7, capturou o audio de um show realizado em 9 de julho de 1983, onde havia essa música ‘Intenções’, inclusa. ‘Intenções’ nunca foi gravada em nenhum disco oficial da banda, tornando este promo, uma jóia rara para os fãs do trabalho, apesar da baixa qualidade do audio”.

A música Intenções (composição conjunta do grupo) fez parte do repertório d’A CHAVE DO SOL na primeira fase da carreira da banda, antes até mesmo do lançamento do primeiro compacto (Luz / 18 horas, de 1984), sendo um tanto diferente das músicas que o conjunto compôs posteriormente com os vocalistas Fran (ex- ANO LUZ) – disco homônimo de 1985 – e Beto Cruz (ex- ZENITH); discos The Key, 1987, e A New Revolution, 1990.

Como A CHAVE DO SOL encerrou as atividades há tanto tempo é surpreendente o trabalho dos amigos e fãs da banda em descobrir essas preciosidades e compartilhá-las com todos que curtem o rock pesado feito no Brasil na década de 1980.

A CHAVE DO SOL:

Rubens Gióia (ex- PATRULHA DO ESPAÇO): Guitarra e vocal
José Luis Dinola : Bateria e vocal
Luiz Domingues Tiguies (ex- PATRULHA DO ESPAÇO, ex- PEDRA): Baixo e vocal

Fonte dessa matéria Youtube