Mostrando postagens com marcador Erasmo Carlos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Erasmo Carlos. Mostrar todas as postagens

domingo, 26 de agosto de 2018

Erasmo Carlos - Erasmo [1968]

Yandex 320kbps


Por Marcelo Fróes em Erasmo Carlos

Gravado com os Wandecos e os Tremendões no primeiro semestre de 1968, “Erasmo” foi gerado na reta final da Jovem Guarda. O programa sairia do ar antes de seu lançamento, mas ao chegar às lojas em setembro daquele ano o vinil ainda trazia o espírito da época. Para o Diabo Com Os Conselhos De Vocês foi o primeiro compacto, já em junho, mas não é uma das músicas favoritas do artista: “Não gosto muito dessa música, porque a gravei com um arranjo do qual não gostava muito. Como não tinha outra coisa pra gravar, gravei essa ...que tem um tema que não deixa de ser primo de Quero Que Vá Tudo Por Inferno. (...) Enfim, eu não sei se passei a não gostar da música quando o Paulo Sergio a gravou” . Todas as Mulheres Do Mundo, lado B daquele primeiro compacto extraído das sessões de 1968 agrada mais a Erasmo: “Gravei num estilo que eu gosto , que é aquele quase sussurrado, e cheguei a regravar em espanhol para um compacto. É um estilo bonito e a harmonia ficou bem chegada ao que gosto, que é aquele de Groovin”.

O álbum sairia simultaneamente com um compacto em setembro, mas a opção da gravadora foi a de esperar.

O repertório era marcado pela retomada da parceria Erasmo & Roberto, que assinava quase metade do repertório. A escolhida para o “simples” lançado em novembro acabou sendo O Maior Amor Da Cidade, mas efetivamente o lado B- Baby Baby, de Santos Dumont- teve melhor sorte. “Eu tava muito influenciado pelo Santos Dumont, porque ele era meio maluco... e ele tocava piano bem pra caramba. Ele fazia um estilo de piano que eu não via ninguém tocar no Brasil. Ele batucava no piano e hoje em dia são poucos que fazem isso: Ivan Lins é um dos poucos, além de João Donato e Marcos Valle. Eu amo o cara que batuca no piano tem que tocar pra caramba.(...) Gravei Baby Baby com Tim Maia fazendo backing vocal” , lembra Erasmo. 

Tim Maia, que passara os anos da Jovem Guarda morando nos Estados Unidos, retornara no apagar das luzes do movimento e encontrara no amigo Erasmo um dos primeiros em sua música. Erasmo não só o convidou para cantarem Baby Baby, como também gravou sua Não Quero Nem Saber. Na mesma época, Roberto Carlos gravou Não Vou Ficar e Tim foi contratado para gravar seu primeiro compacto pela CBS ainda em 1968. Na sequência, Erasmo levou Tim para a fermata/RGE- onde o compacto These Are The Songs. Regravada em dueto com Elis Regina em 1970, a canção abriu caminho para carreira de sucesso de Tim Maia na Polydor.


A1 - Baby Baby
(Santos Dumont)
A2 - A Próxima Dança
(Erasmo Carlos, Roberto Carlos)
A3 - Nunca Mais Vou Fazer Você Sofrer
(Erasmo Carlos, Roberto Carlos)
A4 - Meu Disquinho
(Luiz Fabiano)
A5 - Escrevi Te Amo Na Areia (Ho Scritto Ti Amo Sulla Sabbia)
(Sharade - Sonago)
A6 - Todas As Mulheres Do Mundo
(Erasmo Carlos)
B1 - O Maior Amor Da Cidade
(Erasmo Carlos, Roberto Carlos)
B2 - Mil Bikinis
(Elizabeth)
B3 - Não Quero Nem Saber
(Tim Maia)
B4 - Vou Chorar, Vou Chorar, Vou Chorar
(Erasmo Carlos, Roberto Carlos)
B5 - Senhor, Aqui Estou
(Erasmo Carlos, Roberto Carlos)
B6 - Para O Diabo Os Conselhos De Vocês
(Carlos Imperial, Nenéo)

sábado, 25 de agosto de 2018

Erasmo Carlos - O Tremendão [1967]

Yandex 320kbps


Por Marcelo Fróes em Erasmo Carlos

"O Caderninho" tocou bastante, mas o disco seguinte levou alguns meses pra sair. O final de 1967 fôra dedicado àparticipação no III Festival da MPB: Erasmo compôs, inscreveu e gravou "Capoeirada" com acompanhamento do Som Três e do grupo vocal O Quarteto. No meio de 1968 é que saiu o primeiro lançamento da nova fase, com o compacto "Para O Diabo Com Os Conselhos de Vocês". Gravado com acompanhamento dos Tremendões para o LP que só sairia em setembro, o disquinho não ficou ao agrado de Erasmo - e a música de Nenéo acabou perdendo seu mínimo entusiasmo, ao ser regravada pelo cantor Paulo Sérgio. Porém o lado B, "Todas As Mulheres do Mundo", acabou gozando de maior simpatia e chegou a ser vertida para o espanhol e lançada em compacto na América Latina. O álbum de 1968 foi aberto por "Baby Baby", música do então promissor compositor e pianista Santos Dumont, que contou com vocais de Tim Maia - autor de "Não Quero Nem Saber", uma das muitas músicas inéditas do disco.



A1 - O Tremendão
(Dori Édson, Marcos Roberto)
A2 - O Dono Da Bola
(Erasmo Carlos, Roberto Carlos)
A3 - Não Vivo Sem Você
(Roberto Correia, Rossini Pinto)
A4 - Eu Não Me Importo
(Deny, Dino )
A5 - A Grande Mágoa (The Big Hurt)
(Shanklin)
A6 - O Sonho De Todas As Moças
(Erasmo Carlos)
B1 - Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda
(Francisco Mattoso, Lamartine Babo)
B2 - Vem Quente Que Eu Estou Fervendo
(Carlos Imperial, Eduardo Araújo)
B3 - Estrelinha (Little Star)
(Venosa, Picone)
B4 - O Bilhetinho
(Benil Santos, Raul Sampaio)
B5 - Faz Só Um Mês
(Carlos Imperial, Eduardo Araújo)
B6 Não Fiques Triste
(Cleudir Borges)

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Erasmo Carlos [1967]


Yandex 320kbps


Por Marcelo Fróes em Erasmo Carlos

Erasmo Carlos vinha de quatro sucessos retumbantes- A carta, Gatinha Manhosa, O Tremendão e Vem Quente Que Eu Estou Fervendo-, que se sucediam nas paradas e nas prateleiras de mais vendidos. Sofria com o preconceito das autoridades, que promoviam investigações por corrupção de menores e impediam artistas de se apresentarem em cidades. E passava por um momento de interrupção de sua parceria com Roberto Carlos, por conta de fofocas invejosas. 

O programa “Jovem Guarda” continuava firme e forte todas as tardes de domingo, na TV Record de São Paulo- com retransmissão para afiliadas em todo o país. Erasmo Carlos entrou em estúdio com os Fevers e com os Wandecos, banda que acompanhava Wanderléa em shows. “Erasmo Carlos”, O LP, foi gravado em meados de 1967- para lançamento em setembro. Das sessões de gravação participaram os metais da banda de Roberto Carlos, o Som Três de Cesar de Camargo Mariano e Raul de Souza, dentre outros. No repertório, nenhuma canção de Erasmo Carlos & Roberto Carlos, mas uma versão do sucesso internacional Mellow Yellow, assinada especialmente por Roberto Carlos. 

O Caderninho foi o primeiro compacto extraído das novas gravações, em junho de 1967. Composta pelo guitarrista Alemão, dos Wandecos, foi entregue a Erasmo nos bastidores do programa Jovem Guarda, quando Wilson Simonal também demonstrou interesse por gravá-la. “Um dia o ‘Alemão’ chegou querendo me mostrar uma música que ‘era a minha cara’ Ele me demonstrou “O Caderninho” e eu adorei, afinal estava vidrado em “The More l See You” e eu logo vi que era uma música toda cheia de harmonia gostosa e bonita. Isso cai como uma luva no Chris Montez, bicho! ‘ Mas eu nada falei, e a pedi pra mim. Mas aí naquele negócio, chegou gente perto e eu fui logo dizendo que ia gravar. Simonal também chegou-se e disse: ‘ interessante essa música, viu? Escuta, eu gravo esta música!’ Ai eu falei: Não, essa já e minha’ . Ele continuou insistindo, e nas brincadeiras foi forçando a barra até que eu senti que a coisa tinha passado da brincadeira para algo além. Chamei o Alemão num canto e falei que ia gravá-la, acabei gravando mesmo e foi um dos grandes sucessos da minha vida - em São Paulo.(...) 

O Caderninho foi o precursor da ‘ Pilantragem’, em termos de Brasil, afinal precursor tinha sido Chris Montez – que era mauricinho demais pra pilantragem, que já era uma coisa mais malandra.” , lembra Erasmo Carlos quando o LP “ Erasmo Carlos” chegou às lojas em setembro, o novo compacto seria caramelo, a versão de Mellow Yellow assinada por Roberto Carlos. O sucesso não aconteceu e na sequência o trabalho no novo álbum acabou ofuscado pela participação de Erasmo no III Festival da Música Popular Brasileira: “Na época dos festivais algum diretor de TV me perguntou se eu tinha alguma música pro festival. ‘Não tenho...mas eu faço!’ fiz com influência de músicas de festival, coisa que hoje em dia eu não faria, porque, se eu fizesse uma música normal da minha vida, como fizeram os outros naquele festival, teria me dado melhor. Caetano Veloso e Gilberto Gil vieram com propostas mais parecidas com as minha do que eu próprio, porque eu entrei numa de fazer ‘uma coisa mais brasileira’”, analisa com distanciamento histórico Erasmo Carlos. 

Capoeirada foi apresentada pelo grupo vocal O Quarteto na terceira eliminatória do festival, realizada no Teatro Record em 14 de outubro de 1967. Não foi classificada para a final realizada na semana seguinte, mas foi gravada às pressas por Erasmo Carlos como o grupo Som Três, liderado por César Camargo Mariano, e com acompanhamento vocal de O Quarteto. O compacto foi lançado “com urgência” em novembro mas não aconteceu. A gravadora ainda trabalharia o LP “Erasmo Carlos” naquele próximo verão, com um compacto puxado por Cara Feia Pra Mim É Fome; mas àquela altura Erasmo já pensava num próximo álbum. 



A1 - Cara Feia Pra Mim É Fome
(Olmir Stocker, Vicente De Paula Salvia)
A2 - O Ajudante Do Kaiser (I Was Kaiser Bill's Batman)
(Greenaway) versão Fred Jorge 
A3 - Neném Corta Essa
(Erasmo Carlos)
A4 Só Sonho Quando Penso Que Você Sente O Que Eu Sinto
(Martinha)
A5 - O Caderninho
(Olmir Stocker)
A6 - Larguem Meu Pé
(Erasmo Carlos)
B1 - Caramelo (Mellow Yellow)
(D. Leitch) versão Roberto Carlos
B2 - Saidinha E Assanhada
(Vicente De Paula Salvia)
B3 - Quase Perdi Seu Amor
(Newton De Siqueira Campos, Olmir Stocker)
B4 - Brotinho Sem Juízo
(Carlos Imperial)
B5 - A Garotinha Da Estação
(Newton De Siqueira Campos, Olmir Stocker)
B6 - Não Me Diga Adeus
(João Correia Da Silva, Luiz Soberano, Paquito)

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Erasmo Carlos - Minha Fama de Mau [2008]



Descrição

Ele veio ao mundo para topar qualquer parada. Erasmo Carlos não só venceu os muitos desafios que o destino colocou no seu caminho, como se tornou um dos primeiros popstars brasileiros. Minha Fama de Mau conta como o menino criado pela mãe numa casa de cômodos, superou todas as limitações e o preconceito da Zona Sul carioca, consagrando-se, junto ao amigo Roberto Carlos, como o porta-voz sentimental de milhões de pessoas. Não só um ícone da MPB, Erasmo é também, como diz a letra de Amigo, uma pessoa doce, engraçada e generosa. Um artista deliciosamente humano que, através de suas memórias, conta as dificuldades e alegrias da juventude marcada pelo fenômeno da Jovem Guarda e da fama tão inesperada como explosiva. No começo de tudo, era quase impossível prever que tanto sucesso chegaria. De estoquista de loja de sutiãs a carregador de tijolos refratários, Erasmo fez de tudo até alcançá-lo - experiências frustradas que o convenceriam de que seu destino definitivamente era trabalhar com música. O primeiro passo era pensar no nome artístico: 'Sempre achei o nome Erasmo, sozinho, de uma pobreza enorme, artisticamente falando. Não me sentia confortável ao ser anunciado nas quermesses. Resolvi então assumir meu nome completo e ficou pior', conta ele, que, na falta de um segundo nome forte para um cartão de visitas, foi buscar inspiração num almanaque que destacava a energia ímpar atribuída ao nome Carlos pelos mestres do ocultismo. Cada letra que compõe o nome é na verdade a inicial de uma representação da nobreza: 'C' de Cristo, rei dos judeus; 'A' de águia, rainha das aves; 'R' de rosa, rainha das flores; 'L' de leão, rei dos animais; 'O' de ouro, rei dos metais; e 'S' de Sol, rei dos astros. 'Erasmo Carlos. Esse era eu.'

domingo, 22 de julho de 2018

Erasmo Carlos - Você Me Acende [1966]

Yandex 320kbps


Por Marcelo Fróes em Erasmo Carlos

A Pescaria, primeiro LP de Erasmo, tinha poucos meses de lançamento quando os alicerces para o próximo trabalho começaram a ser erguidos. Já no início de 1966 foi lançado um compacto simples gravado com os Fevers. De um lado, "Alô Benzinho", do outro, "Sou Feliz Com Mamãe" - que ficou para trás juntamente com o segundo domingo de maio de 1966. Quando Você Me Acende - todo gravado com os Fevers - foi lançado em junho de 1966, "Deixa De Banca" já estava abafando num compacto. Era a versão de Eduardo Araújo para a francesa "Les Cornichons", com a qual Erasmo tocou na Argentina, no Uruguai e no Chile - onde o sucesso foi maior. No lado B vinha a faixa-título do álbum, "Você Me Acende", versão de Erasmo para o sucesso de Ian Wittcomb. Para manter a fama de mau, Erasmo não teve coragem de cantar no falsete presente na gravação original. 

"O Carango" é a música que Erasmo foi buscar na casa de seu autor Carlos Imperial, justo no dia em que aconteceu uma confusão e que o envolveu num processo de corrupção de menores. A versão de Wilson Simonal é que ganhou as rádios, mas pouco depois "A Carta" estourou nacionalmente e tornou-se o grande sucesso do disco, juntamente com "Gatinha Manhosa" primeiramente gravada por Renato e seus Blue Caps (com Erasmo, não-creditado por questões contratuais, fazendo vocais). O LP também traz parcerias com Roberto, versões assinadas por Erasmo e duas pelo estreante Gileno Azevedo (o Leno da dupla Leno & Lilian).


A1 - Você Me Acende (You Turn Me On)
A2 - O Carango
A3 - A Carta
A4 - Peço A Palavra
A5 - Cuide Dela Direitinho (Treat Her Right)
A6 - S.O.S.
B1 - É Duro Ser Estátua
B2 -O Homem Da Motocicleta (Motorcycle Man)
B3 - Gatinha Manhosa
B4 - Deixa De Banca (Les Cornichons)
B5 -O Disco Voador
B6 - Alô Benzinho

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Erasmo Carlos - A Pescaria [1965]

Yandex 320kbps


Por Marcelo Fróes em Erasmo Carlos

Contratado no ano anterior pela RGE e bem sucedido com o compacto que trazia "Minha Fama de Mau", Erasmo pretendia ter feito na capa uma referência à música "Tom & Jerry", de Getúlio Côrtes. Mas a Disney não autorizou a utilização dos personagens na capa. O disco traz outro grande sucesso, que àquela altura estava acontecendo nacionalmente e que foi para a Jovem Guarda um hino tão importante quanto "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno" (de Roberto Carlos): "Festa De Arromba", rock no qual Erasmo anuncia o elenco da Jovem Guarda - que a partir do segundo semestre de 1965 tomou conta das jovens tardes de domingo. 

O disco foi todo gravado com Renato e seus Blue Caps, à exceção de "Minha Fama De Mau" (do ano anterior, registrada num compacto com acompanhamento dos Jet Black´s). Traz uma declaração de guerra bem humorada à beatlemania, mas também inclui uma regravação da música "Ain´t She Sweet", e vertida para o português pelo próprio Erasmo - que, fã do rock´n´roll de Chuck Berry, também versionou "School Day".


A1 - A Pescaria
A2 - Beatlemania
A3 - Festa De Arromba
A4 - Alguém Que Procuro
A5 - Sem Teu Carinho
A6 - Minha Fama De Mau
B1- Tom & Jerry
B2 -No Tempo Da Vovó (Aint' She Sweet)
B3 - Trá-lá-lá
B4 - Terror Dos Namorados
B5 - Dia De Escola (School Day)
B6 - Gamadinho Por Você

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Erasmo Carlos - Meus Lado B ao Vivo [2015]

Uploaded 320kbps


Por Eduardo Guimarães no Território da Música

Quem é dos áureos tempos do disco de vinil - que na verdade continua vivo - entende o conceito de Lado B. Era aquela música que não era trabalhada em rádios ou TVs e muitas vezes ficava perdida no meio do repertório do disco. Além de ser uma das faixas do lado B do LP ou do compacto, propriamente dito. 

Pois bem, pensando nessas canções menos populares, Erasmo Carlos resolveu abrir o baú e fazer uma série de shows com essas músicas.

O resultado dessa empreitada é o lançamento de “Meus Lados B”, ( que chega às lojas em julho), via Coqueiro Verde Records, em CD e DVD. Este trabalho reúne canções menos populares e também menos tocadas pelo próprio Tremendão ao longo da carreira. O show que resultou neste lançamento foi registrado em janeiro do ano passado, no palco do Tom Jazz, em São Paulo.


01. Gente Aberta
02. Amar Pra Viver ou Viver de Amor
03. A Carta
04. O Homem da Motocicleta
05. Estou Dez Anos Atrasado
06. Vou Ficar Nu Para Chamar sua Atenção
07. Dois Animais na Selva Suja da Rua
08. É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo
09. Maria Joana
10. De Noite na Cama
11. Cachaça Mecânica
12. O Comilão
13. Mané João
14. Paralelas
15. Abra Seus Olhos
16. Grilos
17. Meu Mar
18. Queremos Saber
19. Análise Descontraída
20. Sementes do Amanhã
21. Geração do Meio
22. 1990 - Projeto Salva Terra

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Erasmo Carlos - Carlos, ERASMO... [1971]

Mega FLAC


Por Ricardo Alexandre, Bizz#181, agosto de 2000 *

A composição genética da milionária parceria Roberto e Erasmo Carlos não é o que se pode chamar de divisão igualitária - o primeiro ficou com o mito, com a multidão e a gritaria; ao outro restou o risco e o status de cult. Comparando a carreira dos dois amigos, fica claro que tudo o que o Rei levou às paradas já havia sido testado pelo Tremendão. Iê-iê-iê romântico, temas religiosos, MPB velha-guarda, soul, funk, música de motel: qualquer uma destas e muitas aventuras mais, Erasmo experimentou antes, como o operário da música que sempre foi, cheio de simpatia, convicção e entusiasmo.

O início dos anos 70 ajudou a intensificar a diferença entre ambos. A Jovem Guarda já era passado e, enquanto Roberto partia para um público adulto, ganhando ares de artista sério e respeitado até pelo Pasquim, Erasmo se viu sem gravadora, sem programa na TV e sem hits nas rádios. Aproveitou para cair na vida - conheceu as drogas, o álcool, a mulherada - "só em quantidade", como admitiu depois. Foi quando surgiu o convite para integrar o elenco da Phonogram (mais tarde Polygram e atual Universal Music), com liberdade absoluta para compor e gravar o que bem entendesse. Erasmo cercou-se dos melhores músicos e técnicos da época e registrou Carlos, Erasmo, um disco que, a partir do título, servia como uma declaração de sua identidade, de suas ambições e possibilidades como artista.

Desde a faixa de abertura, "De Noite, Na Cama", de Caetano Veloso, fica claro que Erasmo havia crescido - um berimbau marcando o ritmo, uma guitarra espertíssima costurando a melodia, um piano herdado da pilantragem, uma rapaziada amiga fazendo o coro e ele com a voz encharcada de suavidade e segurança. A partir daí, o LP segue jornada aventurosa e radical, indo da balada cama-e-mesa de "Masculino, Feminino" ou da cacetada psicodélica de "Ninguém Chora Mais" para a apocalíptica "Sodoma e Gomorra" ou para o funkão"Mundo Deserto". Impossível não se impressionar ainda com os vertiginosos arranjos de cordas na pesadíssima "Dois Animais na Selva Suja da Rua" ou com a climática e hippie "Gente Aberta".

Nunca Erasmo arriscou tanto, nem se deu tão bem, quanto nesse seu sétimo álbum. Tais guinadas soam absolutamente imperceptíveis ouvindo o disco como um todo. Os arranjos musculosos, inteligentes e virtuosos do LP em nada lembram os temas pueris que os contemporâneos de Jovem Guarda continuaram gravando. Se o tropicalismo havia transformado o iê-iê-iê em coisa das antigas, Carlos, Erasmo conseguia soar ainda mais maduro e brutal que a própria Tropicália, jogando rock pauleira, folk, funk e soul à geléia geral - se valendo de vários tropicalistas, como boa parte dos Mutantes, o guitar hero Lanny Gordin ou o maestro Rogério Duprat.

Como se as ousadias musicais não fossem poucas, até os vapores da cannabis foram tratados por Erasmo, na divertida "Maria Joana" - "eu quero Maria Joana", canta ele, maroto, sobre uma rumba lisérgica da Caribe Steel Band.
Além de Carlos, Erasmo, o Tremendão gravou vários discos básicos em sua carreira, como Erasmo Carlos & Os Tremendões (1969), Sonhos e Memórias (1972) e Banda dos Contentes (1976). Mas Carlos, Erasmo permanece como seu trabalho mais dinâmico, espiritualizado e intrincado; o melhor passaporte para se entender a genialidade de Erasmo como um dos maiores e mais subestimados nomes do pop brasileiro em todos os tempos.


1 De Noite, Na Cama
2 Masculino, Feminino
3 É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo
4 Dois Animais Na Selva Da Rua
5 Gente Aberta
6 Agora Ninguém Chora Mais
7 Sodoma E Gomorra
8 Mundo Deserto
9 Não Te Quero Santa
10 Ciça, Cecília (Tema De Ciça)
11 Em Busca Das Canções Perdidas Nº2
12 26 Anos De Vida Normal
13 Maria Joana


*Agradecimento a CollectorsRoom por republicar essa resenha.