sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Pepeu Gomes - Geração do Som [1978]

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Por Eduardo Rodrigues em Boca Fechada

Geração do Som, de Pepeu Gomes é considerado um dos primeiros discos de instrumentais do rock brasileiro. O ano é 1978 e Pepeu tinha acabado de sair dos Novos Baianos, onde já vinha experimentando e misturando ritmos que estão nesse seu primeiro álbum solo. O disco é prova do virtuosismo e liberdade do guitarrista, já que foi nele que suas ideias se soltaram, dando outra sonoridade à suas composições.

Uma grande aula de um dos maiores guitarristas brasileiro. Aulas do próprio instrumeto e da síntese explosiva da música brasileira, representada por ritmos como frevo, maracatu, baião, choro e samba com rock progressivo, jazz fusion e música pop. Esse disco se tornaria um grande marco da música brasileira, além de ajudar Pepeu a se tornar um grande ícone do BRock dos anos 80. No final da mesma década, Pepeu voltaria a fazer um disco instrumental denominado “Instrumental On the Road”, mas que já não possuia toda criatividade e sonoridade novíssima do “Geração do Som”. É pedrada e das grandes!


A1 - Saudação Nagô 2:21
A2 - Fissura 3:21
A3 - Linda Cross 3:41
A4 - Belo Horizonte 3:02
A5 - Odette 2:56
A6 - Toninho Cerezzo 2:59

B1 - Malacaxeta 4:32
B2 - Alto Da Silveira 2:57
B3 - Didilhando 3:10
B4 - Tambaú 3:26
B5 - Buchinha 2:40
B6 - Flamenguista

terça-feira, 25 de outubro de 2016

BB & Co. - Aleluia Aleluia [1997]

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Lançado de forma independente esse é o primeiro álbum solo de Bebeco Garcia que deu a toada blues que caracterizou seus trabalhos seguintes. Não se encontra quase nada na rede sobre esse álbum. Créditos? só especulações.


1. Bagdá 40°
2. Eu já sei
3. Aleluia Aleluia
4. Sempre indo embora
5. Ando tão só
6. Quando se fecha o bar
7. Dizer aquilo
8. Tudo por amor
9. Tarde demais
10. Fale de você
11. Coração satânico

sábado, 22 de outubro de 2016

Bebeco Garcia - Rio Grande Rio Blues [2005]

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Origens

Bebeco Garcia nasceu em Rio Grande no dia 11 de outubro de 1953. Em sua cidade natal tocou com a banda A Farinha do Bruxo, mas logo se mudou para Porto Alegre, onde fez parte da banda A Barra do Porto, juntamente com o músico Mutuca. Em 1982 gravou com Mutuca & Amigos nos estúdios da ISAEC, ao lado do baterista Edinho Galhardi e do baixista Flávio Chaminé. Em 1983 Bebeco participou da gravação de Risco no Céu, LP de Carlinhos Hartlieb, como co-autor e guitarrista da música Nós Que Ficamos Sós, feita para John Lennon que há pouco tempo havia sido assassinado.
A farinha do Bruxo

Bebeco, guitarrista, cantor e compositor tocou com sua banda riograndina A Farinha do Bruxo, ao lado das bandas porto alegrenses Bixo da Seda e Almondegas e da banda catarinense A Comunidade que foi a última a se apresentar no espetacular 1º Festival de Música Pop ao Ar Livre, mostra coletiva de rock, no Estádio Renato Silveira do Guarani, na cidade de Palhoça, Santa Catarina, nos dias 19 e 20 de outubro de 1974.

Garotos da Rua

Em julho de 1983 Bebeco, Edinho, o saxofonista King Jim e o baixista Mitch Marini fundaram a banda Garotos da Rua, inicialmente tocando como a banda da casa no bar Rocket 88, um reduto do rock and roll de propriedade de Mutuca. O primeiro demo do grupo Sabe o Que Acontece Comigo? Foi gravada seis meses depois, com a entrada do baixista Geraldo Freitas e do guitarrista Justino Vasconcelos. Em seguida os Garotos da Rua iniciaram uma série de shows em Porto Alegre e percorreram mais de 50 cidades do Rio Grande do Sul.

No início de 1986 participaram da célebre coletânea Rock Grande do Sul, da qual também fizeram parte os grupos Engenheiros do Hawaii, Defalla, TNT e Replicantes. Ainda naquele ano ficaram conhecidos nacionalmente com a música To de saco cheio, o sucesso desta música além de fazer com que a banda se transferisse para o Rio de Janeiro, incentivou a gravadora RCA a lançar três LPs dos Garotos da Rua entre 1986 e 1988, através do selo Plug, dedicado a revelações do rock brasileiro.

Empolgados os músicos lançam seu primeiro disco, Garotos da Rua, que inclui Você é Tudo que Eu Quero, Sabe o Que Acontece Comigo? Babilina e Gurizada Medonha. Em1987 gravam o disco Dr. em Rock ´n´ Roll, e a música Eu Já Sei alcança grande sucesso em todo o país, ao fazer parte da trilha sonora da novela Mandala, da Rede Globo.

Em 1990, o grupo participou da trilha sonora da novela Gente Fina da Rede Globo com a música Bagda 40º, tema do personagem Maurício Em 1992, lançam o sensacional disco ao vivo Blues Climax 900 (Overseas/BMG) gravado no Clube 900 Executivo em Lages, Santa Catarina, onde Bebeco morou por algum tempo anos depois.

A formação original da banda teve fim em 1989 após o lançamento do disco Não Basta Dizer Não, de 1988, mas até 1994 Bebeco manteve o nome Garotos da Rua realizando show acompanhado por músicos convidados.


A barra do porto

No Auditório Araújo Vianna, o Festival da Primavera, onde A Barra do Porto se apresentou, abrindo o espetáculo que trazia Carlinhos Hartlieb, Fafá de Belém, Dominguinhos e Gilberto Gil como estrela máxima.

Logo, a primeira separação, com Bebeco seguindo com seus companheiros de Rio Grande e o nome da banda encurtado para A Barra. Enquanto Mutuca experimentava a vida de casado, com a jornalista Malú Guimarães. Bebeco se casaria com a artista plástica Delfina Reis

A seguir, em 1979, de Rio Grande vem Bebeco com Luis Tadeu de Marco (baixo) e o porto alegrense Ricardo Pinote (bateria), integram a nova banda que a essa altura só usava o nome Mutuca. O espetáculo de retorno aos palcos foi realizado no teatro do Instituto de Artes na Rua Senhor dos Passos.

Em novembro, o retorno da dupla cantor / guitarrista; Bebeco / Mutuca com os novos parceiros, o baixista André Gomes e o baterista Ricardo Pinote, com o espetáculo Óculos Escuros, que em 1980, já estava com Renato Machado (Canhoto) no baixo e Edinho Galhardi na bateria, o espetáculo cresceu, apresentando um cenário, de Beto Shuch e cartaz de Caiado Athanazio, passando a se chamar Óculos Escuros 2, estreando no Teatro de Câmara, na Rua da República. No espetáculo as músicas Blues Da Casa Torta, Declaração e Viagem A Saturno (todas de Nei Duclós-Mutuca), e também Os Meninos, Pecado e Óculos Escuros (todas de Bebeco e Ângelo Vigo).

Em 1981, com o grupo Mutuca & Amigos, formado por Mutuca, Bebeco, Flávio Chaminé no baixo e Edinho Galhardi na bateria, aconteceram às primeiras gravações no Estúdio ISAEC. Em 1982, a música Chove Em Porto Alegre, foi gravada e a Rede RBS fez um clipe para o quadro local do programa Fantástico, no domingo. Com direito a chamadas no sábado. Exposição com respeito. Tomadas na casa de Arthur Guarisse com chuva artificial. Música de Mutuca e Bebeco com letra de Dedé Ferlauto, dirigido por Alfredo Fedrizzi. A rádio Bandeirantes-fm começa a tocar Na Mesma Fogueira (composição de Mutuca com versos de Nei Duclós), com a apresentação de Mauro Borba.

Em 1983, no estabelecimento noturno para música de rock and roll, bar Rockett 88, no bairro Menino Deus, iniciativa de Mutuca, foi incubada a banda Garotos da Rua, que iria lançar nacionalmente Bebeco Garcia.

Carreira Solo

Em 1997 lançou Aleluia, Aleluia, disco que marcaria a transição do rock para o blues, e que abriu os horizontes para Bebeco que havia encerrado suas atividades com os Garotos três anos antes. A partir de 1999, ano de lançamento de Me Chamam Curto Circuito, Bebeco alternou períodos no Rio de Janeiro, em Porto Alegre e em São Paulo. Neste período lançou álbuns individuais como Bebeco Garcia & O Bando dos Ciganos (2001), Confidencial (2003) e Rio Grande Rio Blues (2005), sempre acompanhado do Bando de Ciganos, formado pelos músicos Egisto Dal Santo e Edinho Galhardi. Todos estes discos confirmaram a reputação do músico como um dos melhores guitarristas gaúchos.

Em 19 de maio de 2010, após uma operação para retirada de um tumor no cérebro no mês anterior, não resistiu às complicações pós-operatórias e faleceu no hospital da PUC-RS vítima de uma infecção generalizada. Durante seu sepultamento Egisto Dal Santo, seu amigo e parceiro musical fizeram uma homenagem ao cantor.


Influências e Reconhecimento

Bebeco Garcia levou seu talento por mais de 50 cidades do RS e teve seu trabalho reconhecido por vários artistas dentro e fora da música, e influenciou muitos jovens a correrem atrás de seus sonhos e nunca desistirem de mostra seu talento para o mundo, ele não nos deixou apenas uma lição de vida, mas sim um verdadeiro exemplo de um homem que decidiu ser músico e foi para o mundo correr atrás do seu reconhecimento.

Deveríamos agir mais como Bebeco Garcia e não nos deixar abalar pelas dificuldades que iremos encontrar no caminho, ele foi um grande exemplo para a nossa sociedade tão acostumada a optar pelo mais fácil, acredito que se Bebeco pudesse nos passar alguma mensagem hoje seria para que nunca desistamos de nossos sonhos, mas que possamos batalhar para que eles se tornem realidade.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Toninho Horta - Diamond Land [1988]

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Por Daniel Braz em Espelho Translúcido

"Diamond Land" foi o disco que, finalmente, fez com que Toninho Horta conquistasse o mercado dos EUA.

Para quem não sabe, Toninho Horta é um dos ícones mineiros da música brasileira. Ainda nos anos 70, o guitarrista já era uma referência nacional, principalmente após ter gravado com Elis Regina e ter integrado o Clube da Esquina, juntamente com os conterrâneos Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini, Wagner Tiso, Fernando Brant, entre outros. Também não demorou muito para que o seu trabalho começasse a ser apreciado por músicos estrangeiros, e, já que toquei no assunto, não há como não citar o famoso guitarrista de jazz, Pat Metheny, como um verdadeiro apóstolo de Toninho Horta.

Convenhamos que é um pecado que um músico extraordinário como Toninho, tendo reconhecimento internacional e integrando inúmeras listas como um dos guitarristas mais influentes do jazz mundial, receba tão pouco destaque em seu próprio país. Por isso, ouçam o disco que estou postando hoje, é um carinho para os ouvidos. Ao contrário dos seus lançamentos nacionais anteriores, "Diamond Land" é um álbum totalmente instrumental, com exceção, apenas, da última faixa, "Broken Kiss" (a clássica "Beijo Partido", já eternizada por Milton Nascimento em seu álbum de 1975, "Minas", e composta por Toninho Horta). Falando nisso, outras faixas com o nome disfarçado são "Sunflower", que é, nada mais, nada menos, que "Um Girassol da Cor de Seu Cabelo", de Lô Borges e Márcio Borges, e a própria faixa-título, que corresponde a "Diamantina", do violonista mineiro Juarez Moreira.

Não vou dar destaque a nenhuma faixa em especial pois, sinceramente, o álbum inteiro é maravilhoso.


Ficha técnica AQUI.

domingo, 16 de outubro de 2016

Nicola Stilo & Toninho Horta - Duets [2005]

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Flauta e guitarra formam, aparentemente, uma dupla estranha. Até pode ser. Com o italiano Nicola Stilo e o brasileiro Toninho Horta as dúvidas e estranhezas desaparecem. As texturas vindas das Minas Gerais e das terras do outro lado do oceano são uma fusão de jazz com música popular brasileira. E da melhor qualidade. Stilo foi um dos pilares do quarteto de Chet Baker nos anos oitenta. Horta, criador de “Manuel, o audaz”, é assíduo do Clube da Esquina. Raízes mineiras profundas. E é desta mescla que Duets invade com delicadeza cada espaço onde sua sonoridade entra. Aqui e ali um sombrio vocal de Toninho, um quê de John Coltrane, e as harmonias hospedam criatividade e alma. Por vezes, é o violão que leva Horta a solos impressionantes e acompanhado por Nicola. Em outras, a flauta conduz a melodia e o brasileiro vai junto com leveza, suavidade. Um disco alimentador de bons momentos de dois virtuoses.


Ficha técnica AQUI.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

The Baggios - Brutown [2016]



Por Bruno Eduardo em Rock on Board

Há discos que precisamos escrever sobre. Há outros que sentimos a necessidade de gritar ao mundo sua existência - que toca o coração, alerta os ouvidos e arrepia a alma. Brutown é desses de compartilhamento obrigatório. Disco que dá vontade de mostrar aos amigos, dar de presente à namorada e ouvir bem alto com a janela aberta para acordar os vizinhos.

Considerando a discografia do The Baggios, podemos dizer que 'Brutown' é um salto ornamental na carreira dos caras. Esqueçam aqueles dois rapazes fazendo rock and roll hendrixiniano, crú e impiedoso. Aqui nasce outra banda. A expansão musical é violenta e igualmente divina. E sua encarnação aconteceu no cultuado estúdio Toca do Bandido, no Rio de Janeiro, pelas mãos de Felipe Rodarte. 

Tal crescimento sonoro é evidente e pode ser conferido logo na faixa de abertura, "Estigma" - rock estiloso e cheio de metais, que lembra Jack White e conta com a bela participação de Emmily Barreto da Far From Alaska. A ótima "Brutown", faixa que leva o nome do disco, segue o mesmo caminho de rock refinado, só que imersa no rock setentista e de teclados à la Deep Purple. Já "Desapracatado" ganha a roupagem retrô dos Autoramas, numa participação da dupla Gabriel Thomaz e Érika Martins. Essa é apenas mais uma das várias participações especiais do disco. Outra que também merece destaque é "Saruê", que traz a voz inconfundível de Jorge Du Peixe da Nação Zumbi. 

Mas o que realmente define a riqueza artística de 'Brutown' é o seu Know-how para manter uma inabalável brasilidade mesmo quando as referências são das mais variadas. Ouça "Sangue e Lama", de levada blues e letra que retrata o nosso atual cenário ganancioso e intolerante. "Bebem da lama que já foi rio", canta Júlio, com sotaque à combinar com o tema. "Padece Ser" representa a luta do povo humilde num rock de primeiríssimo nível. Mas a melhor de todas é "Alex San Drino", que resume toda a categoria do novo The Baggios em cima dos palcos - agora com um tecladista.

Candidato a disco de rock do ano, 'Brutown' é sangue, suor e lágrimas. Tem o talento musical do - agora - trio Julio / Gabriel / Rafael exposto de uma forma lapidada, com uma produção de estúdio habilidosa. Além disso, o feeling permanece gritante em todas as faixas. Como dito anteriormente, é trabalho que merece epidemia, principalmente por retratar tão bem o rock brasileiro - esse mesmo que alguns medalhões teimam em dizer que morreu nos anos oitenta. Destaque também para a lindíssima capa do disco, assinada por Neilton Carvalho. Essencial em qualquer esfera!

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Diabo Verde - Veni, Vidi, Vici! [2016]

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Por Bruno Eduardo em Rock on Board

Reza a cartilha que as bandas punk / hardcore precisam acima de tudo ter o que dizer. Precisam ser honestas e igualmente amadoras - não no sentido pejorativo, mas naquele de amar o que faz. É aquilo de ter tesão em tocar por todos os cantos (dos grandes palcos aos pequenos becos esfumaçados). Para comprovar a autenticidade da proposta, o Diabo Verde veio para deixar sua mensagem de forma categórica no afiado Veni, Vidi, Vici!

Nos tempos atuais, são pouquíssimas bandas que possuem um discurso tão bem definido e honesto quanto esse quarteto carioca. A luta por igualdade, livre-arbítrio e justiça fazem parte de um roteiro de causas defendidas pelo Diabo Verde. Se você é um cidadão de bem, que acredita que o seu direito começa quando o do outro termina (e vice versa), posso garantir que de alguma forma ou de outra você será fisgado por este disco. "A nossa liberdade não está à venda", diz a banda em uma narrativa inicial. Toda essa transpiração de sentimentos e vontade de transformar a sociedade em um lugar melhor pode ser resumida na incrível arte de capa do álbum, assinada por ninguém menos que Marcelo Vasco (que também foi responsável pela polêmica capa de "Repentless", último disco do Slayer). De acordo com a banda, o artista produziu a capa após estudar minuciosamente todos os temas relatados nas canções, e teve total liberdade de interpretação. 

Sonoramente falando, Veni, Vidi, Vici! remete aos melhores momentos da cena punk / hardcore vivida nos anos noventa, principalmente no cenário americano. As guitarras fraseadas, o ritmo enérgico e o conjunto riffs / estrofes / refrões colantes sintetizam a proposta musical do quarteto. "Escravo da Liberdade", por exemplo, traz elementos característicos de um Offspring (fase 94/97), como a bem tramada jogada de vocais e bateria nervosa. Outra que segue essa linha é a badreligiana "O Mal Não Pode Triunfar", que tem também uma das melhores letras do disco. Já a trilha sonora para o pogo comer solto nos show estão em pancadas como "Senhor do Destino" - que conta com a participação de Rodrigo Lima, vocalista do Dead Fish - e a derradeira do álbum "Ninguém Vai nos Derrotar". Atenção especial também para o riff levanta-defunto de "Golpe Baixo" e sua crítica ao oportunismo do sistema.

Mas o que impressiona de verdade ao ouvir este novo disco da Diabo Verde é a capacidade da banda em unir peso e melodia num mesmo plano. Talvez por esse motivo, a referência no punk californiano noventista seja tão acentuada. Por mais pesadas que as músicas possam ser, quase todas elas possuem uma força melódica surpreendente, com grande destaque para os refrões - que grudam na cabeça logo na primeira audição. Tente resistir ao dueto de Paulinho Coruja e Badauí (CPM22) na ótima "A Missão". O verso é forte e igualmente atrativo: "Siga aquilo o que você acredita / Faça o bem sem olhar a quem". Tal fórmula sedutora é sentida de forma muita mais evidente em "O Prisioneiro", que não à toa, saiu como primeiro single do disco. Nessa, Paulinho diz que somos responsáveis por nossas atitudes e podemos mudar quando quisermos: "Não vou ser prisioneiro de todos os meus erros / Pra frente eu devo caminhar / E se eu falhar de novo / refaço a estratégia até a hora de acertar". 

Como foi falado anteriormente, o Diabo Verde acertou em cheio no contexto da obra, principalmente pela mensagem indiscutivelmente relevante e por sua interpretação artística. Mas vale ressaltar que Veni, Vidi, Vici! é acima de tudo um disco tipicamente hardcore, que além de ser muito bem executado, é curto, direto e dá o seu recado em pouco mais de meia hora.


01. Intro
02. Escravo Da Liberdade
03. Senhor Do Destino
04. Recompensa
05. O Mal Não Pode Triunfar
06. Nada É Impossível De Mudar
07. O Prisioneiro
08. Velhos Hábitos Nocivos
09. Golpe Baixo
10. A Missão
11. Ninguém Vai Nos Derrotar

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Nas Paredes da Pedra Encantada [2011]


Documentário de Cristiano Bastos e Leonardo Bomfim, Nas Paredes da Pedra Encantada remonta a mítica criação do álbum mais raro e psicodélico já produzido no Brasil: Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol, de Zé Ramalho e Lula Côrtes. O álbum foi lançado com uma tiragem única de 1300 exemplares e cerca de mil cópias se perderam com a enchente que assolou Recife no mesmo ano de estreia do disco, 1975. Hoje, o vinil original (ele foi relançado no formato pelo selo inglês Mr. Bongo, em 2008) chega a custar R$ 4 mil.


No documentário, Bastos e Bomfim arrumaram uma Kombi para levar Côrtes de volta a Ingá, recanto do agreste paraibano envolto no misticismo de uma pedra talhada com signos pré-milenares. Entre as lembranças de Lula e as histórias de figuras diversas da cena udigrudi nordestina (como Lailson, Alceu Valença e Kátia Mezel), o filme investiga, não só a riqueza musical de Paêbirú, mas também o imaginário particular do interior da Paraíba e o momento psicodélico dos anos 70 na ponte entre Recife e João Pessoa.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Labirinto - Gehenna [2016]


Por Gabriel Rolim em MonkeyBuzz

Muita vezes e de forma errônea, a música instrumental pode ser considerada “simples” ou de “fácil expressão” - dado que a canção não precisa de uma letra como fio condutor e suas portas se abrem para um universo gigantesco em que, basicamente, tudo é possível. Justamente por isso, pela folha em branco, que caminhamos para uma opinião contrária: é muito difícil criar uma música instrumental em que forma e conteúdo se tornem um só elemento, ou seja, criar a arte que te prenda justamente pela narrativa de instrumentos orquestadores meticulosamente.

Dentro de um espectro amplo dentro da música brasileira, temos diversos exemplos de bandas bem sucedidas em tais narrativas e Labirinto é uma delas - a ponto de realizar turnês cada vez mais frequentes ao exterior e intercambiar ideias (como o split lançado pelo grupo em 2014 junto com o canadense This Quiet Army). Vislumbrar a capa de Gehenna traz muito sobre o conteúdo que iremos encontrar, uma trilha-sonora pós-apocalíptica que consegue capturar toda a essência da destruição e, ainda sim, trazer beleza em momentos essenciais.

Construído ao redor de alguns gêneros como o Post-Metal e o Post-Rock, o grupo soube realizar uma obra que prende o ouvinte do começo ao fim e se torna mais prazerosa a cada nova audição - a faixa título pode muito bem sintetizar todo o disco ao longo de seus doze minutos de duração. Construções progressivas vão trazendo camadas por camadas: linhas soltas de guitarra primeiro, quase em câmera lenta, antecedem a destruição, mas, não obstante, o anúncio do desastre vem através de um baixo cuidadosamente colocado. Após ele, temos a contemplação de uma das faixas mais interessantes de todo o disco. Ao vivo, se torna o tipo de experiência necessária uma vez na vida, ao menos.

Não faltam motivos para agradar fãs de Metal, como Mal Sacré e Enoch, faixas adequadas paraheadbangs e moshes, mas também satisfaz os fãs de Rock com Locrus ou Alamut. Ao mesmo tempo, não se pode negar que os momentos em que temos maior contemplação e respiros vem com o Post-Rock, pontuados milimetricamente dentro do disco para que o peso de faixas anteriores não não torne tudo muito excessivo. Os melhores momentos do disco residem nas transições bonitas de faixas, como a ótima Avernus, que poderiam aparecer com mais frequência.

Dentro do espectro de gêneros que Labirinto se insere, podemos considerar os detalhes de produção, escolha de timbres e narrativa como muito bem feitos e mostram um trabalho impressionante. Mesmo que o Metal possa assustar uma galera por simplesmente ser um rótulo com diversas direcões, quem se arriscar dentro do desconhecido tenderá a se prender ao longo de mais uma hora de duração do álbum para saber o que acontecerá.

Se o único acompanhamento visual para a obra é sua capa nebulosa, não restam outras formas de se alcançar o imaginário do ouvinte se não pela música proposta aqui - extremamente visual e cinematográfica. Para quem foi recentemente no show realizado pelo Monkeybuzz de Deafheaven, será certamente um prato cheio e, ao mesmo tempo, constatar que tal qualidade é encontrada em territorio brasileiro torna Gehenna ainda mais recompensadora.