terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Kiko Loureiro - Fullblast [2011]



Em “Fullblast”, Loureiro forma um power trio com outros dois músicos de primeira linha. No baixo, seu parceiro de Angra, Felipe Andreoli – só para reforçar, favor não confundir com o repórter do “CQC”. E nas baquetas, um dos melhores e mais subestimados bateristas do mundo, Mike Terrana, que já passou pela cozinha de bandas como Rage, Masterplan e Axel Rudi Pell.


Mas é claro que o guitarrista transforma seus riffs nas grandes estrelas do álbum. “Headstrong”, a música que abre “Fullblast”, é uma paulada heavy metal bem familiar aos fãs do Angra. Mas aí vem “Desperado”, que tem seu temperinho étnico e que, lá pela metade, oferece um interlúdio quase bossa nova. Logo depois, já emenda “Cutting edge”, que para os ouvidos mais atentos carrega uma sonoridade meio thrash metal em um determinado momento. Eclético o suficiente para você? E olha que estamos falando apenas das três primeiras músicas do disco!



Totalmente despido de preconceitos, Loureiro deixa a porradaria de lado em “Excuse me”, se entregando a uma baladinha sutil, que chega a flertar com o pop. Pop dos bons, leia-se. Enquanto “A Clairvoyance” tem sua levada de quase música de salão, um romantismo sem vergonha de assumir aquele ladinho meio brega, "Se Entrega, Corisco!" é retorno direto aos tempos de “Holy Land”, com elementos do forró nordestino - daquele do magistral Jackson do Pandeiro, entrando de cabeça na raiz do negócio.



Logo depois da quase épica “Outrageous”, com seus ares de trilha sonora de superprodução hollywoodiana, surge “Mundo Verde” que é nada mais, nada menos do que um samba, daqueles bem intimistas e doces. Consegues imaginar um guitarrista de heavy metal fazendo claras referências ao também genial Paulinho da Viola? Pois é. Em “Fullblast” você vê. Ou melhor, escuta.



Talento Kiko Loureiro tem de sobra. Mas é sempre uma agradável surpresa ver um músico saído de um gênero tão acusado de cabeça-dura como o metal ter igualmente coragem para encerrar seu disco solo com o delicado dedilhado acústico de ares MPB da faixa “As it is, Infinite”. Sinal de que o guitarrista sabe reconhecer boa música, independente do rótulo que se queira dar a ela. E sinal de que ele também está disposto a fazer música boa, sem precisar ficar preso a rótulos babacas.

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