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sábado, 9 de março de 2019

ruído/mm - A é Côncavo, B é Convexo [2018]

Mega 320kbps



A é Côncavo, B é Convexo, novo álbum do ruído/mm, evoca uma reflexão sobre perspectivas, paralaxes, a aparente dualidade entre diferentes enfoques: um mesmo objeto pode parecer maior ou menor dependendo de que lado da lente esteja o observador; um cilindro, visto ortogonalmente, pode ser percebido tanto como um retângulo quando como um círculo. Percepções distintas podem ser igualmente válidas – pares de opostos são complementares, não excludentes. A verdade é uma falácia, o paradoxo é real. O absurdo reina absoluto.

No microcosmo da banda, a jornada de produção envolveu um distanciamento da sua zona de conforto, uma desconstrução de métodos e a consequente atribulação com que costumam se deparar os que decidem trilhar caminhos não familiares. Os pontos de referência e o senso de individualidade de cada integrante foram em boa parte substituídos por arranjos e sutilezas que a banda não consegue mais distinguir a fonte de origem. A é Côncavo, B é Convexo é o resultado de um processo de encontros e desencontros, de entrelaces e solturas e da angústia em tornar algo de si algo de todos.


1. Niilismo
2. Volca
3. Antílope
4. Ouroboros
5. Tesserato
6. Esporos
7. Jacó
8. MMC

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

ruído/mm - Rasura [2014]

Download 320kbps


Por Sinewave

Faixas

01. Bandon
02. Eletrostática
03. Cromaqui
04. Transibéria
05. Inconstantina
06. Filete
07. Requiem for a western manga (西部マンガ)
08. Penhascos, desfiladeiros e outros sonhos de fuga
Release

O nome da banda é ruído/mm (leia-se ruído por milímetro, escreva-se em minúsculas mesmo): uma unidade imaginária criada para representar aquilo que não pode ser descrito/verbalizado. Um quadro, uma paisagem: eventos contemplativos. Esta é a comparação e a aproximação que o ruído/mm tenta desenvolver e registrar com suas composições – experimentos e sonoridades estranhas que buscam atingir o ouvinte de maneira sinestésica. O som, indescritível. Uma teia de eventos sonoros explorados à exaustão; experimentais, viscerais, criativos. Calma ou explosiva, a música instrumental do ruído/mm embala os pensamentos e faz mexer o corpo em uma mistura que vai do jazz ao punk, da psicodelia ao pós-rock – e o que mais vier.

Rasura:

Três anos após o lançamento do seu terceiro disco, o ruído/mm está de volta com Rasura. Considerada por boa parte da crítica nacional uma das melhores bandas de post-rock do Brasil, o grupo curitibano já faz barulho há onze anos, tendo se tornado um clássico do nosso recente rock instrumental.

Dentro da obra da banda, Rasura segue mais conciso e direto, em uma forma bonita, segura e limpa. O piano cede espaço a novos timbres, enquanto as guitarras ganham força redobrada. Novidades sônicas permeiam o terreno já dominado por eles, deixando claro que estão maduros o suficiente para brincarem com diferentes melodias e surpresas, sem esquecerem do ruído e da distorção na hora que convém.

Mark Kramer, o cara que trabalhou com o Galaxy 500, Butthole Surfers e Urge Overkill (com dedo na tarantinesca “Girl, You’ll Be a Woman Soon”), fez a master desse trabalho. O selo Sinewave endossa o disco.

O álbum Rasura foi resultado de um projeto de mecenato aprovado pela Fundação Cultural de Curitiba, com incentivo da Caixa Econômica Federal. São oito faixas que convidam para uma viagem sensorial.

Feche os olhos e abra a mente.

Ficha Técnica:

Gravado e mixado no estúdio Click Audioworks (www.clickaudioworks.com.br), em Curitiba, no primeiro semestre de 2014

Masterizado por KRAMER no estúdio Miami Noise

Técnico de gravação: Paulo Bueno
Assistentes de gravação: Murilo Macari, Diogo Shiroma e Emannuel Fraga
Técnico em ProTools: Diogo Shiroma
Mixagem: Paulo Bueno e Rafael Panke
Produção: Rafael Panke
Masterização: Mark Kramer

Artecolagens por Mário de Alencar
Foto por Melanie d’Haese
Encarte por Jaime Silveira

Todas as músicas por ruído/mm

Sobre o Artista



– Alexandre Liblik: piano, teclado e escaleta
– André Ramiro: guitarra
– Felipe Ayres: guitarra e efeitos eletrônicos
– Giovani Farina: bateria
– Rafael Panke: baixo
– Ricardo Pill: guitarra

Criado em 2003, em Curitiba, o ruído/mm é hoje um dos principais representantes da cena post-rock brasileira. O quinteto ruidoso vem difundindo seu trabalho nas principais casas de shows e festivais pelo Brasil, como o Festival Lab (AL); Coquetel Molotov (PE); Sinewave Festival (PR); Teatro Paiol (PR); Conexão Vivo (MG); Sesc Pompeia (SP); Festival Macondo (RS), entre muitos outros.

Na web, a banda amplifica seu alcance através de jornalistas, blogueiros e admiradores de dentro e fora do país. Os discos anteriores Série Cinza (Ruído Corporation, 2004), A Praia (Open Field Records, 2008) e Introdução à Cortina do Sótão (Sinewave, 2011).

– Site oficial: ruidomm.com
– Facebook: facebook.com/ruidomm
– Twitter: @ruidomm
– YouTube: youtube.com/ruidomm
– Soundcloud: soundcloud.com/ruidopormilimetro
– BandCamp: ruidopormilimetro.bandcamp.com

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

ruído/mm - Praia [2008]

Download 320kbps


Por Cleber Facchi
em 14 de fevereiro de 2011 no Miojo Indie

Ouvir o disco Praia (2008), o primeiro trabalho de estúdio da banda curitibana ruído/mm é como ouvir um daqueles extensos poemas que esbanjam lirismo e que são declamados em uma escura sala de um teatro qualquer. É como se cada verso fosse cuidadosamente pensado e perfeitamente ensaiado pelo declamador, que por sua vez cria pausas dramáticas em cada estrofe para aumentar ainda mais o clima já estabelecido. A única diferença é que essa poesia não dispõe de letras, palavras e versos, apenas som e sentimento.

Pode parecer bobagem, mas é difícil arranjar uma explicação lógica para o que é sentido nas audições desse disco. Cada canção carrega uma carga emocional muito forte, como se dialogasse com o ouvinte mesmo sem conhecê-lo, dentro de uma linguagem universal. Em Praieira, um épico de nove minutos que abre o álbum, quem ouve a faixa é ligeiramente transportado para dentro de um turbilhão emocional que vai da melancolia do início da composição, passando por momentos de desespero, raiva, angústia até o que parece ser uma redenção solitária ao fim da canção. É muito íntimo, como se mesmo ausente de palavras a faixa soubesse tudo sobre você.

Se com esse disco é possível afirmar que a banda alcançou a perfeição, então ela veio em cima de muito ensaio. Série Cinza (2004) e Índios Eletrônicos (2005) entregavam o som do sexteto formado por Giovani Farina (bateria), Sergio Liblik (piano), João Ninguém (acordeão, baixo, guitarra), Pill (baixo, guitarra e teclado), Rafael Martins (baixo, guitarra) e André Ramiro (violão, guitarra, voz) de uma maneira crua, quase fria e desprovida de sentimentos. Se havia emoção ali ela vinha amargurada, tal as guitarras embrutecidas de faixas como Dois e Gatinho. É quase como se a banda espancasse você, como se não houvesse diálogo.

Em Praia o som flui em uma linguagem oposta, mais madura. A raiva ainda habita algumas canções, mas é a sensatez quem prevalece. O álbum chega de maneira até acalentadora, conversa contigo, te orienta, mesmo sem dizer uma palavra. A homônima faixa que dá nome ao disco vai te encaminhando por meio de texturas cuidadosamente elaboradas, cada acorde se posiciona em um ponto coerente e te encaminha cada vez mais para dentro da coleção de sons, sentimentos e da alma do disco.

Para os não habituados aos arranjos estratégicos e a ausência de vocais, a banda até te presenteia com composições menos alongadas e comercialmente mais fáceis. Sanfona é uma dessas. É o tipo de canção que você ouve na trilha sonora de um filme e se sente compelido a buscá-la via rede assim que chega em casa. Seus ruídos calculados e acordes marcados conseguem encantar o ouvinte sem que pra isso precisem de muito esforço.

A beleza dentro dessa pequena obra não se concentra em pontos específicos, mas se dissolve em todos os momentos e canções. Está na minúscula Caixinha de Música, com seus míseros 50 segundos, é encontrada no clima etéreo de Stravinsky Sky, assim como é perceptível em toda a extensão de Praieira. Um trabalho que esbanja cuidado, precisão e que antes de tudo deixa transparecer sua alma.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ruído/mm - Introdução à Cortina do Sotão [2011]

Download

Não chega a ser uma parede ou uma barreira sonora, mas Zarabatana, a primeira faixa de Introdução à cortina do sótão, o novo disco do grupo de rock instrumental ruído/mm, começa com uma certa elevação de som. No mínimo uma pedra no caminho. Se a primeira faixa do disco é uma curta introdução de clima tranquilo, Zarabatana faz o disco começar todo de uma vez e meio rápido. Você só viu a pedra no caminho depois que já estava tropeçando nela.


Segundo a Wikipedia e o Dicionário Informal, Zarabatana é uma arma de sopro. Um tubo oco pelo qual são soprados dardos ou projéteis. Os tiros podem atingir grandes velocidades e distâncias. Mas o nome antigo da mesma música, Mariachis, parece ter mais a ver com ela. Há algo em sua estética que relembre do clichê mexicano: calor, areia, sombreros, deserto. E esse começo seco e duro dos primeiros segundos lembra milhares de agulhadas de uma tempestade de areia. Depois dela, a bonança, a escaleta tocada por Alexandre Liblik (falaremos mais dele aí para frente), a calma. O vento parou e fica tudo em silêncio até que surja a primeira parede sonora do disco, formada por 1) a guitarra de André Ramiro gritando aguda e profundamente, como se um grão de areia da tempestade tivesse chegado ao osso e fosse a maior dor possível -- essa guitarrinha aproxima Introdução à cortina do sótão ao post-rock; 2) a guitarra grave de Pill gritando "porra!" entre os dentes e o vento, mas ficando apenas incomodada com a tempestade; e 3) o grave do baixo incrivelmente calmo de Rafael Panke, que parece nem se incomadar com tudo aquilo, ou ainda, imponentes, talvez sejam estas notas graves as responsáveis pela construção e arquitetura da tempestade.

De repente, como um herói, surge um piano. A tempestade imediatamente começa a enfraquecer e acaba poucos instantes depois. Volta o calor infernal do deserto, mas pelo menos as agulhadas de areia pararam.

Assim começa a Introdução à cortina..., o sucessor do muito bem falado A Praia (2008). Mas se o disco anterior falava (murmurava) sobre os problemas e as impossibilidades da vida -- ou pior, sobre o medo de enfrentá-la -- Introdução à cortina resolve escapar do incômodo momento em que se hesita perante as dificuldades e parte para o enfrentamento delas. Analisa que coisas boas e ruins podem acontecer e conclui, emocionado, que é pela chance de tudo dar certo que vale a pena enfrentar os problemas da vida.

Mesmo sem palavras, é sobre essa decisão feliz e emocionada que os instantes finais de Zarabatana parecem tratar.

Petit Pavé, a terceira faixa do disco, resolve ir ao enfrentamento. Tal qual as tramas complicadas dos calçamentos do nome da música, a tomada de uma decisão é sempre um processo complexo. Cada caminho leva a uma nova escolha, a novas bifurcações, a novas dúvidas.

Agora, falando sobre a estética da música, Petit Pavé é uma caminhada por morros verdes e céu nublado. Mas antes da sensação de calma e paz por se presenciar uma paisagem bonita, o que temos aqui é uma certa angústia de se estar perdido e sem saber para onde ir (vida?). De repente você passa por uma colina pela qual jura ter passado há trinta minutos atrás, mas descobre, perplexo, índios eletrônicos em ritual de dança que não estavam ali antes (para quem quiser ver com os próprios olhos, eles estão entre 2:01 e 2:30).

Esquimó é a penúltima música do disco. É aqui que voltamos a falar sobre o piano de Alexandre Liblik. Decisão acertada essa do ruído/mm de botar um pianista na banda. Liblik, deixe-se bem claro, não é tecladista, mas exímio pianista (pelo menos dentro do âmbito roqueiro a que avalio).

Se antes, em A Praia, sem o piano de Liblik, o ruído/mm era uma grande banda de um disco excelente, com Liblik e a Introdução à cortina do sótão o ruído sobe vários degraus e chega ao status de, sei lá, banda superior. É aquele ponto em que há deslumbramento. É o ponto em que se evolui e se faz uma música complexa, de díficil compreensão, e assim mesmo há a aceitação de público considerável. É um ponto em que você transmite mensagens inteiras (quiça sentimentos completos) sem dizer uma única palavra.

É o piano que começa O Prestidigitador, a última e mais ensolarada faixa do disco. Nela há, além da nova aparição dos índios eletrônicos de Petit Pavé, a sensação de que tudo passou, afinal. Os problemas foram enfrentados. As nuvens sumiram, você está nas mesmas colinas verdes de antes, mas agora está tudo ensolarado. E você sabe muito bem onde está. Sorriso no rosto, na alma. Deu tudo certo.

Dizer que Introdução à cortina do sótão é um grande disco é pouco. O terceiro lançamento do ruído/mm está para além de "bom", "ótimo", "excelente". É um disco que, para fazê-lo não basta ser ótimo músico ou compositor. É preciso ser louco, e depois disso ser são, e depois ainda desenvolver a capacidade de transitar com desenvoltura entre a loucura e a sanidade, a vida e suas complexidades, os problemas e suas soluções. Aí sim, depois disso tudo, transpor com leveza e descompromisso as experiências obtidas para guitarras, pedais e partituras. E ter feeling.