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segunda-feira, 15 de julho de 2019

Eumir Deodato - Samba Nova Concepção [1964]


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A1 Samba No Congo
A2 Adriana
A3 Estamos Aí
A4 Carnaval Triste
A5 Nanã
A6 Straits Of McClellan
B1 Capoeira
B2 Sonho De Maria
B3 Samba A
B4 Amor De Nada
B5 Coisa Nº 1
B6 A Morte De Um Deus De Sal

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Meireles e Os Copa 7 - Tropical [1969]

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A1 Sombrero Sam
(Charles Lloyd)
A2 Taboo
(Margarita Lecuona)
A3 The Jody Grind
(Horace Silver)
A4 Fuego
(Donald Byrd)
A5 Barefoot Sunday Blues
(Ramsey Lewis)
B1 The Gringo
(Horace Silver)
B2 Tropical
(J. T. Meirelles)
B3 Poinciana
(Buddy Bernier, Nat Simon)
B4 On Green Dolphin Street
(Kaper, Washington)
B5 Summertime
(Dubose Heyward, George Gershwin)

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Dom Um Romão - Dom Um [1964]

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Por Tiago Ferreira em Na Mira do Groove

O disco solo de estreia do baterista brasileiro que passeou por diversos elementos jazzísticos

No caso de não conhecer, deixe-me que lhe apresente resumidamente Dom Um Romão: no final dos anos 1940, ele foi contratado para ser baterista em orquestras de dança pela Rádio Tupi e formou, em 1955, o Copa Trio no lendário Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro.

Pouco tempo depois ele ajudou a formatar a sonoridade do instrumento na bossa nova no inaugural Canção do Amor Demais (1958), de Elizeth Cardoso, que tinha violões de João Gilberto e composições de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

As coisas foram acontecendo com turbulência naquele período. Ele conheceu Sérgio Mendes e foi convidado para tocar fora dos palcos brasileiros pela primeira vez com o Sexteto Bossa Rio, no Uruguai; em 1962, com o Bossa Rio, participou do Festival de Bossa Nova, realizado no Carnegie Hall (Nova York), além de tocar no disco do saxofonista Cannonball Adderley: Cannonball’s Bossa Nova (1962).

No ano seguinte ele voltou ao Brasil e reformulou o Copa Trio ao lado do pianista Dom Salvador e o baixista Miguel Gusmão. Tocou no disco de estreia de Jorge Ben, Samba Esquema Novo (1963), pavimentando um caminho que depois seria seguido pelo também baterista João Parahyba.

O primeiro disco solo de Dom Um Romão somente foi gravado em 1964. Praticamente todo instrumental (com exceção de “Consolação”, composição de Baden Powell e Vinicius de Moraes cantada por José Delphino Filho), Dom Um traz 12 temas de autoria de renomados compositores em arranjos pra lá de sofisticados.

O toque de brasilidade, perceptível em todas as faixas, tem a bossa nova como contexto, mas abraça um pluralismo de referências estéticas que deram uma prévia da interessante trajetória que Dom Um Romão teria pela frente. Provavelmente ele deve ter escutado bastante Moacir Santos (cortesia dos trombones de Macaxeira e Edson Maciel) e Dave Brubeck antes de trazer aos estúdios versões para “Jangal” (Orlandivo, Rubens Bassini) ou “Africa” (Waltel Branco).

O samba se faz presente em diferentes estados emocionais em Dom Um. Aparece nostálgico como nos tempos de Noel Rosa em “Samba Nagô” (João Mello, Marso Vanarro), melancólico e reflexivo em “Diz Que Fui Por Aí” (de (H. Rocha, Zé Keti, famosa na voz de Luiz Melodia) e belamente orquestrado em “Birimbau (Capoeira)”, de João Mello e Clodoaldo Brito.

Por ser disco de um baterista, alguns desavisados podem achar que o instrumento toma as dianteiras nos temas. Não é bem isso que acontece. Dom Um se apresenta como uma espécie de manual de como levar a bateria nos ritmos que contagiavam a música brasileira naquele momento.

Sua principal base é o jazz, porque mantém uma linha rítmica controlada em curtas quebradas dinâmicas. Pegue uma “Vivo Sonhando” (Tom Jobim): Romão toca relativamente acelerado, para que músicos como Paulo Moura e Hamilton Cruz dialoguem fluidamente nos metais.

Em “Zona Sul” (Luiz Henrique, A. Soares), Romão abre alas para que J. T. Meirelles (sax), Toninho Oliveira (piano) e Pedro Paulo (trompete) transitem livremente da bossa nova para o acid jazz.

Dom Um Romão ainda faz um passeio pelas marchinhas (“Zambeze”, de Orlandivo e Roberto Jorge), joga tempero forte na bossa dos parceiros Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal com a inspirada versão de “Telefone”, visita o terreiro candomblé em “Dom Um Sete” (Waltel Branco) e convida todos a dançar ao som de “Fica Mal Com Deus”, o baião acústico de Geraldo Vandré.

Por conta da alta demanda de trabalho, Dom Um Romão não teve como divulgar devidamente o disco de estreia. Afinal, ele estava trabalhando com o Copa Trio (até tocou no programa ‘Fino da Bossa’, de Elis Regina), tocou no disco de estreia de Flora Purim (que veio a se tornar sua esposa) e, em 1965, mudou-se para os Estados Unidos a convite do chefão da Verve Records, Norman Granz, onde gravou com Stan Getz e Astrud Gilberto e contribuiu com suas baquetas no antológico Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim(1967).

Romão tocou, ainda, com Tony Bennett, excursionou com o grupo Bloody, Sweat and Tears e substituiu o percussionista Airto Moreira no virtuoso Weather Report, supergrupo de Wayne Shorter e Joe Zawinul que revelou nomes como Jaco Pastorius e Victor Bailey.

Nos anos 1980, Romão mudou-se para a Suíça e focou em projetos solo com o Dom Um Romão Quintet, gravando um total de cinco discos até sua morte, em julho de 2005.



1 Telefone
(Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli)
2 Jangal
(Orlandivo, Rubens Bassini)
3 Vivo Sonhando
(Antonio Carlos Jobim)
4 Consolação
(Baden Powell, Vinicius De Moraes)
5 África
(Waltel Branco)
6 Samba Nagô
(João Mello, Marso Vanarro)
7 Diz Que Fui Por Aí
(Hortênsio Rocha, Zé Ketti)
8 Zona Sul
(A. Soares, Luiz Henrique)
9 Zambezi
(Orlandivo, Roberto Jorge)
10 Fica Mal Com Deus
(Geraldo Vandré)
11 Birimbau (Capoeira)
(Clodoaldo Brito, João Mello)
12 Dom Um Sete
(Waltel Branco)

sábado, 8 de setembro de 2018

Marcos Roberto [1970]

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Também a pedido do colega Reginaldo Joaquim, disponibilizo o álbum de 1970 do Marcos Roberto. Se na postagem anterior do álbum de 1966 Marcos ainda transitava pela rock da jovem-guarda, nesse álbum ele trabalha exclusivamente na linha romântica.  A canção "Escreva-me" obteve enorme sucesso na época. Esse álbum foi relançando recentemente pelo selo Discobertas.


A1 - Qualquer Dia
A2 - Olha
A3 - Alguém Mentiu
A4 - Esperando
A5-  Não Vá Chorar Depois (Saved By The Bell)
A6 - Que Me Importa A Saudade
B1 - Eu Jurei
B2 - Você Está Livre
B3 - Quisera
B4 - Pra Sempre
B5 - Nada
B6 - Escreva-me

Marcos Roberto [1966]

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A pedido de Reginaldo Joaquim, leitor do blog, compartilho esse álbum do Marcos Roberto com vocês. Álbum bem datado pela jovem-guarda que transita entre rock em música romântica. Não conhecia o artista mas para mim foi uma agradável experiência. 


A1 - Agora é Tarde
A2 - Vá Embora Daqui
A3 - Olhos Tristes
A4 - Bronca
A5 - Indiferença
A6 - Canção do Amor Perdido
B1 - Entre Sem Bater
B2 - Onda de Cangurú
B3 - Anjo Meu
B4 - Súplica
B5 - Fim de Sonho
B6 - Menina Sonho

domingo, 26 de agosto de 2018

Erasmo Carlos - Erasmo [1968]

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Por Marcelo Fróes em Erasmo Carlos

Gravado com os Wandecos e os Tremendões no primeiro semestre de 1968, “Erasmo” foi gerado na reta final da Jovem Guarda. O programa sairia do ar antes de seu lançamento, mas ao chegar às lojas em setembro daquele ano o vinil ainda trazia o espírito da época. Para o Diabo Com Os Conselhos De Vocês foi o primeiro compacto, já em junho, mas não é uma das músicas favoritas do artista: “Não gosto muito dessa música, porque a gravei com um arranjo do qual não gostava muito. Como não tinha outra coisa pra gravar, gravei essa ...que tem um tema que não deixa de ser primo de Quero Que Vá Tudo Por Inferno. (...) Enfim, eu não sei se passei a não gostar da música quando o Paulo Sergio a gravou” . Todas as Mulheres Do Mundo, lado B daquele primeiro compacto extraído das sessões de 1968 agrada mais a Erasmo: “Gravei num estilo que eu gosto , que é aquele quase sussurrado, e cheguei a regravar em espanhol para um compacto. É um estilo bonito e a harmonia ficou bem chegada ao que gosto, que é aquele de Groovin”.

O álbum sairia simultaneamente com um compacto em setembro, mas a opção da gravadora foi a de esperar.

O repertório era marcado pela retomada da parceria Erasmo & Roberto, que assinava quase metade do repertório. A escolhida para o “simples” lançado em novembro acabou sendo O Maior Amor Da Cidade, mas efetivamente o lado B- Baby Baby, de Santos Dumont- teve melhor sorte. “Eu tava muito influenciado pelo Santos Dumont, porque ele era meio maluco... e ele tocava piano bem pra caramba. Ele fazia um estilo de piano que eu não via ninguém tocar no Brasil. Ele batucava no piano e hoje em dia são poucos que fazem isso: Ivan Lins é um dos poucos, além de João Donato e Marcos Valle. Eu amo o cara que batuca no piano tem que tocar pra caramba.(...) Gravei Baby Baby com Tim Maia fazendo backing vocal” , lembra Erasmo. 

Tim Maia, que passara os anos da Jovem Guarda morando nos Estados Unidos, retornara no apagar das luzes do movimento e encontrara no amigo Erasmo um dos primeiros em sua música. Erasmo não só o convidou para cantarem Baby Baby, como também gravou sua Não Quero Nem Saber. Na mesma época, Roberto Carlos gravou Não Vou Ficar e Tim foi contratado para gravar seu primeiro compacto pela CBS ainda em 1968. Na sequência, Erasmo levou Tim para a fermata/RGE- onde o compacto These Are The Songs. Regravada em dueto com Elis Regina em 1970, a canção abriu caminho para carreira de sucesso de Tim Maia na Polydor.


A1 - Baby Baby
(Santos Dumont)
A2 - A Próxima Dança
(Erasmo Carlos, Roberto Carlos)
A3 - Nunca Mais Vou Fazer Você Sofrer
(Erasmo Carlos, Roberto Carlos)
A4 - Meu Disquinho
(Luiz Fabiano)
A5 - Escrevi Te Amo Na Areia (Ho Scritto Ti Amo Sulla Sabbia)
(Sharade - Sonago)
A6 - Todas As Mulheres Do Mundo
(Erasmo Carlos)
B1 - O Maior Amor Da Cidade
(Erasmo Carlos, Roberto Carlos)
B2 - Mil Bikinis
(Elizabeth)
B3 - Não Quero Nem Saber
(Tim Maia)
B4 - Vou Chorar, Vou Chorar, Vou Chorar
(Erasmo Carlos, Roberto Carlos)
B5 - Senhor, Aqui Estou
(Erasmo Carlos, Roberto Carlos)
B6 - Para O Diabo Os Conselhos De Vocês
(Carlos Imperial, Nenéo)

sábado, 25 de agosto de 2018

Erasmo Carlos - O Tremendão [1967]

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Por Marcelo Fróes em Erasmo Carlos

"O Caderninho" tocou bastante, mas o disco seguinte levou alguns meses pra sair. O final de 1967 fôra dedicado àparticipação no III Festival da MPB: Erasmo compôs, inscreveu e gravou "Capoeirada" com acompanhamento do Som Três e do grupo vocal O Quarteto. No meio de 1968 é que saiu o primeiro lançamento da nova fase, com o compacto "Para O Diabo Com Os Conselhos de Vocês". Gravado com acompanhamento dos Tremendões para o LP que só sairia em setembro, o disquinho não ficou ao agrado de Erasmo - e a música de Nenéo acabou perdendo seu mínimo entusiasmo, ao ser regravada pelo cantor Paulo Sérgio. Porém o lado B, "Todas As Mulheres do Mundo", acabou gozando de maior simpatia e chegou a ser vertida para o espanhol e lançada em compacto na América Latina. O álbum de 1968 foi aberto por "Baby Baby", música do então promissor compositor e pianista Santos Dumont, que contou com vocais de Tim Maia - autor de "Não Quero Nem Saber", uma das muitas músicas inéditas do disco.



A1 - O Tremendão
(Dori Édson, Marcos Roberto)
A2 - O Dono Da Bola
(Erasmo Carlos, Roberto Carlos)
A3 - Não Vivo Sem Você
(Roberto Correia, Rossini Pinto)
A4 - Eu Não Me Importo
(Deny, Dino )
A5 - A Grande Mágoa (The Big Hurt)
(Shanklin)
A6 - O Sonho De Todas As Moças
(Erasmo Carlos)
B1 - Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda
(Francisco Mattoso, Lamartine Babo)
B2 - Vem Quente Que Eu Estou Fervendo
(Carlos Imperial, Eduardo Araújo)
B3 - Estrelinha (Little Star)
(Venosa, Picone)
B4 - O Bilhetinho
(Benil Santos, Raul Sampaio)
B5 - Faz Só Um Mês
(Carlos Imperial, Eduardo Araújo)
B6 Não Fiques Triste
(Cleudir Borges)

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Erasmo Carlos [1967]


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Por Marcelo Fróes em Erasmo Carlos

Erasmo Carlos vinha de quatro sucessos retumbantes- A carta, Gatinha Manhosa, O Tremendão e Vem Quente Que Eu Estou Fervendo-, que se sucediam nas paradas e nas prateleiras de mais vendidos. Sofria com o preconceito das autoridades, que promoviam investigações por corrupção de menores e impediam artistas de se apresentarem em cidades. E passava por um momento de interrupção de sua parceria com Roberto Carlos, por conta de fofocas invejosas. 

O programa “Jovem Guarda” continuava firme e forte todas as tardes de domingo, na TV Record de São Paulo- com retransmissão para afiliadas em todo o país. Erasmo Carlos entrou em estúdio com os Fevers e com os Wandecos, banda que acompanhava Wanderléa em shows. “Erasmo Carlos”, O LP, foi gravado em meados de 1967- para lançamento em setembro. Das sessões de gravação participaram os metais da banda de Roberto Carlos, o Som Três de Cesar de Camargo Mariano e Raul de Souza, dentre outros. No repertório, nenhuma canção de Erasmo Carlos & Roberto Carlos, mas uma versão do sucesso internacional Mellow Yellow, assinada especialmente por Roberto Carlos. 

O Caderninho foi o primeiro compacto extraído das novas gravações, em junho de 1967. Composta pelo guitarrista Alemão, dos Wandecos, foi entregue a Erasmo nos bastidores do programa Jovem Guarda, quando Wilson Simonal também demonstrou interesse por gravá-la. “Um dia o ‘Alemão’ chegou querendo me mostrar uma música que ‘era a minha cara’ Ele me demonstrou “O Caderninho” e eu adorei, afinal estava vidrado em “The More l See You” e eu logo vi que era uma música toda cheia de harmonia gostosa e bonita. Isso cai como uma luva no Chris Montez, bicho! ‘ Mas eu nada falei, e a pedi pra mim. Mas aí naquele negócio, chegou gente perto e eu fui logo dizendo que ia gravar. Simonal também chegou-se e disse: ‘ interessante essa música, viu? Escuta, eu gravo esta música!’ Ai eu falei: Não, essa já e minha’ . Ele continuou insistindo, e nas brincadeiras foi forçando a barra até que eu senti que a coisa tinha passado da brincadeira para algo além. Chamei o Alemão num canto e falei que ia gravá-la, acabei gravando mesmo e foi um dos grandes sucessos da minha vida - em São Paulo.(...) 

O Caderninho foi o precursor da ‘ Pilantragem’, em termos de Brasil, afinal precursor tinha sido Chris Montez – que era mauricinho demais pra pilantragem, que já era uma coisa mais malandra.” , lembra Erasmo Carlos quando o LP “ Erasmo Carlos” chegou às lojas em setembro, o novo compacto seria caramelo, a versão de Mellow Yellow assinada por Roberto Carlos. O sucesso não aconteceu e na sequência o trabalho no novo álbum acabou ofuscado pela participação de Erasmo no III Festival da Música Popular Brasileira: “Na época dos festivais algum diretor de TV me perguntou se eu tinha alguma música pro festival. ‘Não tenho...mas eu faço!’ fiz com influência de músicas de festival, coisa que hoje em dia eu não faria, porque, se eu fizesse uma música normal da minha vida, como fizeram os outros naquele festival, teria me dado melhor. Caetano Veloso e Gilberto Gil vieram com propostas mais parecidas com as minha do que eu próprio, porque eu entrei numa de fazer ‘uma coisa mais brasileira’”, analisa com distanciamento histórico Erasmo Carlos. 

Capoeirada foi apresentada pelo grupo vocal O Quarteto na terceira eliminatória do festival, realizada no Teatro Record em 14 de outubro de 1967. Não foi classificada para a final realizada na semana seguinte, mas foi gravada às pressas por Erasmo Carlos como o grupo Som Três, liderado por César Camargo Mariano, e com acompanhamento vocal de O Quarteto. O compacto foi lançado “com urgência” em novembro mas não aconteceu. A gravadora ainda trabalharia o LP “Erasmo Carlos” naquele próximo verão, com um compacto puxado por Cara Feia Pra Mim É Fome; mas àquela altura Erasmo já pensava num próximo álbum. 



A1 - Cara Feia Pra Mim É Fome
(Olmir Stocker, Vicente De Paula Salvia)
A2 - O Ajudante Do Kaiser (I Was Kaiser Bill's Batman)
(Greenaway) versão Fred Jorge 
A3 - Neném Corta Essa
(Erasmo Carlos)
A4 Só Sonho Quando Penso Que Você Sente O Que Eu Sinto
(Martinha)
A5 - O Caderninho
(Olmir Stocker)
A6 - Larguem Meu Pé
(Erasmo Carlos)
B1 - Caramelo (Mellow Yellow)
(D. Leitch) versão Roberto Carlos
B2 - Saidinha E Assanhada
(Vicente De Paula Salvia)
B3 - Quase Perdi Seu Amor
(Newton De Siqueira Campos, Olmir Stocker)
B4 - Brotinho Sem Juízo
(Carlos Imperial)
B5 - A Garotinha Da Estação
(Newton De Siqueira Campos, Olmir Stocker)
B6 - Não Me Diga Adeus
(João Correia Da Silva, Luiz Soberano, Paquito)

domingo, 22 de julho de 2018

Erasmo Carlos - Você Me Acende [1966]

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Por Marcelo Fróes em Erasmo Carlos

A Pescaria, primeiro LP de Erasmo, tinha poucos meses de lançamento quando os alicerces para o próximo trabalho começaram a ser erguidos. Já no início de 1966 foi lançado um compacto simples gravado com os Fevers. De um lado, "Alô Benzinho", do outro, "Sou Feliz Com Mamãe" - que ficou para trás juntamente com o segundo domingo de maio de 1966. Quando Você Me Acende - todo gravado com os Fevers - foi lançado em junho de 1966, "Deixa De Banca" já estava abafando num compacto. Era a versão de Eduardo Araújo para a francesa "Les Cornichons", com a qual Erasmo tocou na Argentina, no Uruguai e no Chile - onde o sucesso foi maior. No lado B vinha a faixa-título do álbum, "Você Me Acende", versão de Erasmo para o sucesso de Ian Wittcomb. Para manter a fama de mau, Erasmo não teve coragem de cantar no falsete presente na gravação original. 

"O Carango" é a música que Erasmo foi buscar na casa de seu autor Carlos Imperial, justo no dia em que aconteceu uma confusão e que o envolveu num processo de corrupção de menores. A versão de Wilson Simonal é que ganhou as rádios, mas pouco depois "A Carta" estourou nacionalmente e tornou-se o grande sucesso do disco, juntamente com "Gatinha Manhosa" primeiramente gravada por Renato e seus Blue Caps (com Erasmo, não-creditado por questões contratuais, fazendo vocais). O LP também traz parcerias com Roberto, versões assinadas por Erasmo e duas pelo estreante Gileno Azevedo (o Leno da dupla Leno & Lilian).


A1 - Você Me Acende (You Turn Me On)
A2 - O Carango
A3 - A Carta
A4 - Peço A Palavra
A5 - Cuide Dela Direitinho (Treat Her Right)
A6 - S.O.S.
B1 - É Duro Ser Estátua
B2 -O Homem Da Motocicleta (Motorcycle Man)
B3 - Gatinha Manhosa
B4 - Deixa De Banca (Les Cornichons)
B5 -O Disco Voador
B6 - Alô Benzinho

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Erasmo Carlos - A Pescaria [1965]

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Por Marcelo Fróes em Erasmo Carlos

Contratado no ano anterior pela RGE e bem sucedido com o compacto que trazia "Minha Fama de Mau", Erasmo pretendia ter feito na capa uma referência à música "Tom & Jerry", de Getúlio Côrtes. Mas a Disney não autorizou a utilização dos personagens na capa. O disco traz outro grande sucesso, que àquela altura estava acontecendo nacionalmente e que foi para a Jovem Guarda um hino tão importante quanto "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno" (de Roberto Carlos): "Festa De Arromba", rock no qual Erasmo anuncia o elenco da Jovem Guarda - que a partir do segundo semestre de 1965 tomou conta das jovens tardes de domingo. 

O disco foi todo gravado com Renato e seus Blue Caps, à exceção de "Minha Fama De Mau" (do ano anterior, registrada num compacto com acompanhamento dos Jet Black´s). Traz uma declaração de guerra bem humorada à beatlemania, mas também inclui uma regravação da música "Ain´t She Sweet", e vertida para o português pelo próprio Erasmo - que, fã do rock´n´roll de Chuck Berry, também versionou "School Day".


A1 - A Pescaria
A2 - Beatlemania
A3 - Festa De Arromba
A4 - Alguém Que Procuro
A5 - Sem Teu Carinho
A6 - Minha Fama De Mau
B1- Tom & Jerry
B2 -No Tempo Da Vovó (Aint' She Sweet)
B3 - Trá-lá-lá
B4 - Terror Dos Namorados
B5 - Dia De Escola (School Day)
B6 - Gamadinho Por Você

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Os da Bahia - Fobus In Totum / Nem Sei De Mim [1970]

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Por Ariel Fagundes em Noize

Antes dos Novos Baianos surgirem e conquistarem o Brasil com sua psicodelia, os irmãos Pepeu Gomes e Jorginho Gomes já eram músicos fenomenais. Ao lado do seu irmão Carlinhos e de um vocalista chamado Lico, essa dupla que depois tocaria com Moraes Moreira e cia. formou no fim dos anos 1960 um grupo chamado Leif’s. Hoje, a banda é pouco conhecida, mas na época ela se destacou por sua fúria e virtuosismo, especialmente entre os outros músicos, que lhe respeitavam muito. Tanto que o grupo foi chamado por Caetano Veloso e Gilberto Gil para ser a banda de apoio do lendário show Barra 69 que a dupla fez em Salvador pouco antes de ser mandada para seu exílio em Londres pela Ditadura Militar.

Infelizmente, esse disco do Caetano e do Gil é um dos raros registros da sonoridade do Leif’s. Em 1970, a banda gravou um compacto com a gravadora Beverly que nunca chegou às lojas, pois foi feito apenas para circular entre as principais rádios do país. Porém, em uma atitude de extremo desrespeito, a gravadora ignorou o nome do grupo e lançou o disco como se eles se chamassem Os Da Bahia, fato que revoltou Pepeu e seus colegas. Só há alguns meses esse compacto histórico foi relançado através de uma iniciativa do selo Psico BR, capitaneado pelo designer Fabricio Bizu. A trajetória meteórica do Leif’s, que acabou com o nascimento do Novos Baianos, foi o fio condutor da conversa que você lê AQUI.


Lado A
Fobus In Totum
(Lico, Pepeu)

Lado B 
Nem Sei De Mim
(Lico, Pepeu)


Carlinhos - baixo
Jorginho Gomes - bateria
Lico - guitarra, vocais
Pepeu Gomes - guitarra, vocais

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Jorge Ben - Força Bruta [1970]

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Outra obra-prima. É um disco mais soturno, a começar pela singela melancolia de Oba Lá Vem Ela, um libelo ao amor platônico. Em Força Bruta há o equilíbrio perfeito entre baladas e canções mais agitadas. A presença do Trio Mocotó também precisa ser ressaltada. O entrosamento de João da Parahyba, Fritz Escovão e Nereu Gargalo com Jorge Ben é algo de outro mundo.


A1 Oba, Lá Vem Ela
A2 Zé Canjica
A3 Domenica Domingava Num Domingo Linda Toda De Branco
A4 Charles Jr.
A5 Pulo, Pulo
B1 Apareceu Aparecida
B2 O Telefone Tocou Novamente
B3 Mulher Brasileira
B4 Terezinha
B5 Fôrça Bruta

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Johnnt Alf [1965]

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A1 Kaô Xango
(Johnny Alf)
A2 Canção Pra Disfaçar
(Johnny Alf, José Briamonte)
A3Ceu Alegre
(Johnny Alf)A4 Imenso Do Amor
(Durval Ferriera, Humberto Pires)
A5 Quase Tudo Igual
(Ary Francisco, Johnny Alf)
A6 Gismi
(Johnny Alf, José Briamonte)

B1 Samba Sem Balanço
(Vera Brasil)
B2 Se Eu Te Disser
(Johnny Alf)
B3 Bossa Só
(Johnny Alf)
B4 Tudo Que É Preciso
(Durval Ferrerra, Pedro Camargo)
B5 Eu Só Sei
(Armando Cavalcanti, Victor Freire)
B6 Eu Quis Fugir De Teus Olhos
(Laercio Vieria, Johnny Alf)

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Johnny Alf - Diagonal [1964]

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Diagonal é um grande disco. Alf não toca piano, apenas canta. E poucas vezes o fez tão bem. O acompanhamento é fora de série, com a bateria de Edson Machado, a flauta de Jorginho, o sax de Zé Bodega, a guitarra de Neco e o piano e órgão de Celso Murilo se destacando entre outros tantos cobras. Cinco das 12 faixas são de sua autoria. Uma em parceria com o padrinho Vítor Freire. Três velhos sucessos do início da carreira, “Podem Falar”, do disco de Mary Gonçalves; “O Chorinho Seu Chopin, Desculpe” e o baião moderno “Céu e Mar”, dos tempos do bar do Plaza. E Disa. Temos ainda um sambinha carioca de Vítor Freire e Armando Cavalcanti, sucesso na voz de Isaurinha, Bondinho do Pão de Açúcar. Uma bossa curtinha de Luiz Bonfá e Maria Helena Toledo. E gente nova, ou quase nova: Marcos e Paulo Sérgio 58 Valle, Durval Ferreira, Maurício Einhorn, Lula Freire e Tita.

Ficha técnica AQUI.

domingo, 18 de março de 2018

Jorge Ben [1969]

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Por Leandro Ribeiro em 45 rotações

Com capa do artista plástico Albery, e depois de dois anos sem gravar e turbilhão da Tropicália perdendo força, surge um trabalho surpreendente, produzido juntamente com o maestro do movimento Rogério Duprat.

Jorge exaltava pequenas coisas da vida “Crioula”, suas musas “Barbarella” e “Tereza”. Um álbum que mostra o amadurecimento, além de voltar a colocar um hit nas paradas, “País Tropical” vire um hino da alegria que até hoje é exaltado nos quatro cantos do país.

Esse é o sexto álbum, onde é o primeiro com acompanhamento do Trio Mocotó. Depois de alguns trabalhos de pouco sucesso, veio um trabalho que retomaria a crescente. Com os destaques para : “Domingas”, “Cadê Teresa”, “Charles Anjo 45”, “Bebete Vãobora”, “Take it Easy my Brother Charles” e “País Tropical”.

O grande maestro Rogerio Duprat tem participação nas “Barbarella” e “Descobri que Eu Sou um Anjo”.


A1 Criola
A2 Domingas
A3 Cadê Teresa
A4 Barbarella
A4 País Tropical
B1 Take It Easy My Brother Charles
B2 Descobri Que Eu Sou Um Anjo
B3 Bebete Vãobora
B4 Quem Foi Que Roubou A Sopeira De Porcelana Chinesa Que A Vovó Ganhou Da Baronesa
B5 Que Pena
B6 Charles Anjo 45

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Os Diagonais [1969]

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Anteriormente chamada de Bossa Trio, Os Diagonais foi a banda com os primeiros registros de Cassiano. Destaque o fato da banda ter servido como apoio no primeiros álbuns de Tim Maia.



A1 Baby, Baby
(Santos Dumont)
A2 Na Baixa Do Sapateiro / Helena Helena
(Antônio Almeida, Ary Barroso, Constantino Silva)
A3 Não Dá Prá Entender
A4 Solução / Cabelos Brancos
(Herivelto Martins, Ivo Santos, Marino Pinto, Raul Sampaio)
A5 Meu Sonho É Você / Sabe Deus (Sabrá Dios)
(Altamiro Carrilho, Alvaro Carrillo, Atila Nunes, Nely B. Pinto)
A6 Meu Cariri
(Dilú Melo, Rosil Cavalcanti)
B1 Clarimunda
(Cassiano)
B2 Praça Onze / Bat Macumba
(Caetano Veloso, Gilberto Gil, Grande Otelo, Herivelto Martins)
B3 O Trem Atrazou / Atire A Primeira Pedra
(Artur Vilarinho, Ataulpho Alves, Estanislau Silva, Mário Lago, Paquito)
B4 Terezinha De Jesus / Cala A Boca, Etelvina
(Antônio Almeida, Wilson Batista)
B5 Siga / Celia
(Augusto Calheiros, Fernando Lobo, Hélio Guimarães, José Rodrigues de Rezende)
B6 General Da Banda / Vai, Que Depois Eu Vou
(Adolfo Macédo, Ayrton Borges, José Alcides, Satyro de Melo, Tancredo Silva, Zé Da Zilda)

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

João Donato - A Bad Donato [1970]

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Por Tiago Ferreira em Na Mira do Groove

Foi o acaso que levou João Donato a se transformar em músico por volta de 1952. Por conta de um problema de daltonismo, não conseguiu ser aprovado na carreira de aviador, um sonho de criança.

No entanto, foi o empenho que o levou ao panteão da música brasileira. Grande explorador do acordeom, mestre no piano e multiinstrumentista nato que sabe trabalhar com gêneros que vão da bossa nova à música clássica, o acreano participou de grande parte dos movimentos transformadores da música brasileira ao longo de seis décadas de carreira.

A Bad Donato hoje é considerado um de seus maiores clássicos, mas sua origem é quase tão casual quanto sua biografia. Seus primeiros momentos de gestação ocorreram com a explosão do funk de James Brown e Sly Stone, que revolucionaram a música popular norte-americana no final dos anos 1960.

Donato já havia fixado residência nos Estados Unidos desde 1959, momento que a bossa nova começou a eclodir no Brasil. (Inclusive, alguns teóricos chamam Donato de azarado por não estar no País nesse momento nevrálgico, já que ele era parceiro de João Gilberto, Johnny Alf, Tom Jobim…)

Esse tempo fora do país foi crucial para ele reverter sua situação artística: se por um lado não era majoritariamente conhecido no Brasil, por outro levou o prestígio de nossos ritmos para a cena internacional que, além dos EUA, inclui Cuba, Rússia, Japão e alguns países da Europa.

Mas, voltemos a A Bad Donato. Naquele momento, o músico queria explorar novos territórios com pianos, órgãos e teclados e ir mais além que o elogiado Piano of João Donato: The New Sound of Brazil (1965).

A explosão da música negra mostrou que trabalhar os acordes com mais agressividade num caldo híbrido formariam uma musicalidade intensa e pancada, bem pancada. O pianista burilou essas ideias por alguns anos, mas foi graças à insistência do músico e parceiro Eumir Deodato que o disco saiu dos papeis.

Reza a lenda que a meticulosidade dos dois músicos gerou algumas brigas durante a gravação do disco, mas certas coisas precisam de uma catástrofe muito desgraçada pra dar errado – algo que, felizmente, não aconteceu com A Bad Donato.

Deodato também morava na América do Norte e ajudou a formar a grande equipe para musicar o disco: Oscar Castro-Neves nos violões e guitarra; Paulinho Magalhães e Dom Um Romão nas baterias; Bud Shank na flauta; Jimmy Cleveland no trombone; Don Menza no clarinete; e mais alguns músicos de estúdio para complementar as ideias do disco.

Deodato ficou responsável pelo arranjo de metais e Donato, além de principal compositor e arranjador, ficou com pianos, teclados e órgão.

O disco começa com “The Frog (A Rã)”, que joga um ritmo de marcha de carnaval na velocidade do funk, cumprindo o que o subtítulo do álbum já entrega: psychedelic-funky-experience.

“Celestial Showers” e “Lunar Tune” enganam o ouvinte que pensa se deparar com baladas: os violões de Castro-Neves se adentram aos efeitos esparsos de órgãos e trompetes, penetrando despretensiosamente em um terreno que o fusion-jazz depois chamaria de seu.

“Debutante’s Ball”, a mais brasileira das canções do disco, poderia servir de trilha para um jogo de futebol: rápido como a velocidade da bola numa cobrança de falta, a faixa joga um tempero caribenho ao afro-beat.

Outra canção de destaque é “Mosquito (Fly)”, que leva aos extremos o gingado da conga. Farto exemplo de como o cuban-jazz, que tanto influenciou a carreira de Charles Mingus na década de 1970, tinha muito a oferecer musicalmente a artistas já consagrados.

Apesar de ser gigantesca obra musical em pouco menos de meia hora de duração, A Bad Donato não é visto com tanta grandiosidade por seu dono. Talvez ele apenas o veja como um de seus muitos giros musicais, que vão do forró nordestino às difíceis partituras de Debussy.

A grande verdade é que nenhum outro disco jogou ritmos brasileiros à agressividade funky com tanta maestria como A Bad Donato. Já que a biografia do músico permite casualidades geniais, bom, eis aí um exemplo irrefutável.


A1 The Frog
A2 Celestial Showers
A3 Bambu
A4 Lunar Time
A5 Cade Jodel? (The Beautiful One)
B1 Debutante's Ball
B2 Straight Jacket
B3 Mosquito (Fly)
B4 Almas-Irmas
B5 Malandro

domingo, 30 de julho de 2017

Jorge Ben - Big Ben [1965]

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Por freakium & meio

É superior aos discos anteriores e mostra uma faceta mais diversificada de Jorge Ben. É o disco de Agora Ninguém Chora Mais (que ganhou versão imbatível de Erasmo Carlos no clássico Carlos, Erasmo) e da maravilhosa O Homem que Matou o Homem que Matou o Homem Mau, brilhantemente colocada na sequência final de O Pornógrafo, emblema do Cinema Marginal de João Callegaro.


A1 Na Bahia Tem
A2 Patapatapata
A3 Bom Mesmo É Amar
A4 Deixa O Menino Brincar
A5 Lalari - Olala
A6 Jorge Well
B1 O Homen, Que Matou O Homen, Que Matou O Homen Mau
B2 Quase Colorida (Veruschka)
B3 Maria Conga
B4 Acendo O Fogo
B5 Telefone De Brotinho
B6 Agora Ninguém Chora Mais

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Jorge Ben - Sacundin Ben Samba [1964]

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Por Vitor Ranieri em Samba Safari

Em 1964 foi lançado um dos melhores discos do Antigo Testamento do Zé Pretinho. Arranjado pelo genial saxofonista J.T. Meirelles e seus fiéis Copa 5, Sacundin Ben Samba é o segundo álbum da carreira de Jorge Ben. Misturando vocais doces e hipnóticos com um samba-jazz de peso, Jorge Ben nos leva para um passeio lisérgico por suas raízes mais profundas.

A genial “Anjo Azul”, faixa de abertura, chega calmamente como um dia quente de verão que irrompe em uma tempestade comandada por Ben e Meirelles. De uma simplicidade angelical, como o próprio nome já diz, “Anjo Azul” trata o amor de forma sublime, algo que transparece na melodia.

Apelidada de “a filha de Mas, que nada”, “Nena Nanã” é a segunda pedrada deste disco. Misturando pioneiramente psicodelia ao samba, Jorge Ben apresentava ao mundo seu “samba esquema novo”. Na canção seguinte, “Vamos embora Uau”, o sentimental Jorge Ben canta sua tristeza com a maestria que ficaríamos acostumados a admirar. Sempre acreditei que o “berimbau” que Jorge se refere na música se trata de alguma gíria, para algo que lhe dá inspiração e alegria. Deixo em aberto para interpretações…

Antecipando os clássicos “Afro-sambas” e “Eis o ôme” de Vinícius de Moraes e Noriel Vilela respectivamente, Sacundin Ben Samba traz o clima das senzalas, dos terreiros e capoeiras, misturado a intensos clímaces de jazz. Essa é a atmosfera de “Capoeira”, quarta faixa do disco. “Mesmo sofrendo, mesmo chorando / Negro tem que levar a vida cantando”, diz a canção.

Muito antes de compôr o clássico “Charles, Anjo 45”, Jorge Ben já exaltava o malandro esperto nos versos de “Gimbo”. “Tira Gimbo de quem tem / e dá Gimbo a quem não tem”, cantava aquele que não aprendeu o idioma do subúrbio na universidade. Em “Carnaval Triste”, Ben, pandeirista de bloco de carnaval durante a infância, nos traz o clima da época de ouro do carnaval e os blocos de rua. “Rasguei a fantasia e chorei / Chorei, por não poder brincar”.

Na seqüência, uma das canções mais bonitas de Jorge Ben. Posteriormente regravada no “África Brasil”, de 1976, “A Princesa e o Plebeu” conta a história de um homem pobre apaixonado por uma princesa. Particularmente, acho a primeira versão muito melhor do que a segunda. Na mesma linha vem “Menina do Vestido Coral”, outro clássico entre as românticas do mestre. “Não me olhes assim / Pois meu juízo é perfeito / não quero ele ruim”…

Sobre a nona faixa do disco é difícil dar pistas. Só mesmo o neologismo “Candomblezz” pode descrever a musicalidade de “Pula Baú”, uma das minhas preferidas de toda a obra de Jorge Ben. Combinando o jazz com ritmos africanos, Ben canta sobre a triste situação da vida de um homem quando lhe convidam para um baile onde faltam mulheres.

Mergulhando de cabeça em suas raízes, Jorge Ben canta histórias do tempo de seus antepassados. “Jeitão de Preto Velho” é um lindo samba sobre um velho escravo que é padrinho de sua “sinhá”. Pode-se sentir a ternura em suas palavras. Na seqüência, “Espero por você” encanta pela beleza que Jorge Ben enxerga nos sentimentos. “Espero por você / Como espera a flor o orvalho da manhã/ O amor vem de você / Como vem o sol o dia clarear”.

A última música do disco nos faz voltar alguns séculos para o tempo em que a Lei do Ventre Livre foi assinada. Em “Não desanima João”, basta fecharmos os olhos para enxergarmos a história de um pequeno menino que será livre da escravidão. O desfecho perfeito para um disco que nos faz viajar por diferentes histórias, extensões da alma do poeta Babulina e seu violão.

Espero que gostem!

A1 Anjo Azul
A2 Nena Nanã
A3 Vamos Embora "Uáu"
A4 Capoeira
A5 Gimbo
A6 Carnaval Triste
B1 A Princesa E O Plebeu
B2 A Menina Do Vestido Coral
B3 Pula Baú
B4 Jeitão De Preto Velho
B5 Espero Por Você
B6 Não Desanima João

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Airto - Natural Feelings [1970]

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Por Daniel Guedes em Linha Imaginária

É muito comum o emprego da expressão “divisor de águas ”em resenhas, críticas e outros gêneros discursivos no mundo do jornalismo cultural. No universo musical, em alguns casos a atribuição deste rótulo é discutível, afinal este processo implica na banalização do termo, que com o tempo foi perdendo sua força de expressão. Contudo, há trabalhos em que nem o mais exigente, questionador e subversivo ouvinte - aquele que em qualquer discussão musical com amigos sempre apela para as referências máximas do objeto em questão - consegue “contestar” o uso apropriado desse jargão. A obra “Natural Feelings” de Airto Moreira consegue se enquadrar perfeitamente nele.

Afinal um álbum que conta com a participação de um time composto por “amadores” do quilate de Sivuca - neste caso, pasmem, no violão, Ron Carter (até então integrante da banda de Miles Davis) no baixo, Hermeto Pascoal (piano, Flauta, Orgão e Harpischord) e capiteaneado por Airto, um dos grandes compositores da musica instrumental brasileira, não poderia deixar de ser sinônimo de pioneirismo e genialidade, não?

Contra-capa do àlbum / (Divulgação)
Depois de integrar bandas como Sambalanço Trio - juntamente com César Camargo Mariano e Humberto Cláiber, Quarteto Novo e participar da gravação do álbum Bitches Brew de Miles Davis, Airto resolveu gravar este que seria uma espécie de “embrião” do que viria a ser seu futuro conjunto denominado Fingers. Em parceria com sua esposa, Flora Purim, que juntamente com ele “assina” os vocais, o álbum é um perfeito “amálgama” da música brasileira com experimentalismos vanguardistas resultando em uma mistura um tanto exótica e transgressora para a época.

Logo de cara, este sincretismo se manifesta. Em Aluê, a primeira faixa do play, o balanço do baião “come solto”, sendo o substrato rítmico perfeito para o complexo trabalho de cordas executados pelo mestre Sivuca. Em Xibaba, a bola da vez é o samba temperado por fraseados de "bossa nova” e um show de improvisação de Hermeto com seu Fender Rhodes. Uma curiosidade são os estranhos nomes de algumas músicas. 

Xibaba e Liamba são denominações de ervas alucinógenas derivadas da Cannabis (talvez isto explique a inspiração de nossos amigos neste trabalho). Em Terror, os arranjos sofisticadíssimos do jazz moderno, que aliás são a tônica do álbum, ficam apenas como pano de fundo para o casamento insólito e genial das histriônicas flautas (que parecem reportar um ritual xamânico andino) com a alucinada percussão de Airto - cortesia de quem entende muito do assunto. 

Outros destaques são Bebê - tema que também faz parte de seu “debut” (aqui no Brasil lançado com o título " A Música Livre de Hermeto Pascoal"), Andei - típica fusão dos sons das rodas de capoeira (com seus berimbaus atrevidos) com a suntuosidade do Harpischord, acompanhados pelos leves e descompromissados vocais de Flora, Tunnel - pelo inicio lisérgico que descamba quase num ensaio de maracatu e a fantástica Frevo, que ao contrário do que sugere o próprio título, está longe de ser um mero pastiche desse ritmo e sim um bem aventurado tributo a esse magnânimo ritmo nordestino. 

Natural Feelings é mais do que mera tentativa de fundir os “distantes”, é uma daquelas maravilhosas provocações aos ortodoxos teóricos musicais de outrora que defendiam a segregação infame entre o erudito e o popular, entre o global e o tupiniquim e que por tabela redesenhou os rumos do jazz e da World Music.

A1 - Alue
(Airto Moreira e Flora Purim)
A2 - Xibaba [She-ba-ba]
(Airto Moreira)
A3 - Terror
(Hermeto Pascoal)
A4 - Bebê
(Hermeto Pascoal)
B1 - Andei
(Hermeto Pascoal)
B2 - Mixing
(Airto Moreira)
B3 - The Tunnel
(Hermeto Pascoal)
B4 - Frevo
(Hermeto Pascoal)
B5 - Liamba
(Airto Moreira)