terça-feira, 31 de julho de 2018

Zé Ramalho ‎- Por Aquelas Que Foram Bem Amadas Ou Pra Não Dizer Que Não Falei De Rock [1984]

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Apresentação
Zé Ramalho

É um disco diferente do que eu costumava fazer. Mergulhei neste universo do Rock/Pop e mostrei neste disco, o material que eu compus nos anos 70, quando eu era guitarrista de grupos de baile. São músicas que eu fiz no período anterior à fase "Avôhai" Para muitos soou estranho, a estética musical quebrou um pouco a imagem que eu trazia visualmente, isto é, apareci na capa sem barba e de jaqueta de couro preta. Foi o meu jeito de registrar essa importante fase da minha vida, quando estava fundindo o rock com a música nordestina. Participam do disco, grandes artistas da Jovem Guarda: Erasmo Carlos, Wanderléa, Golden Boys e também a cantora Zezé Motta; além dos músicos Pepeu Gomes, Lincoln Olivetti e Sivuca. Foi o sexto disco (1984), meio maldito ficou entre os fãs, mas foi um disco revelador e curioso.


Texto da reedição, 2003
Marcelo Fróes

Depois de decepcionar-se com seus dois trabalhos anteriores, Zé Ramalho chegou ao ano de 1984 disposto a criar para si um admirável mundo novo. Ainda que fora de si por conta das drogas, Zé queria fazer este disco para chocar "sonoramente" a crítica e o público. Com isso, resolveu gravar uma série de rocks que havia composto entre 1974 e 1975, em sua fase lisérgica ainda no Nordeste. Muitos artistas da Jovem Guarda, movimento musical que tanto influenciara Zé Ramalho em sua adolescência, foram convidados para participar, destacando-se as participações vocais de Erasmo Carlos (na versão de The Fool on the Hill, dos Beatles, posteriormente regravada por Amelinha) e de Wanderléa, além dos Golden Boys (vocais), Lafayette (teclados) e Paulo César Barros (baixo).

O disco assinalaria uma mudança de imagem de Zé, que pretendia chocar também com a capa. Queria fazer uma capa que parodisse a de "Rock'n'Roll", disco de 1975 com que John Lennon revisitara o rock original - que lhe influenciara, da mesma forma como a Jovem Guarda influenciara nosso Zé Ramalho - e chegou a pensar em mandar construir uma parede de tijolos semelhante àquela onde Lennon é visto encostado. O fotógrafo Frederico Mendes sugeriu um jeitinho brasileiro, mas opinou no sentido de que o disco tivesse duas capas justamente para marcar esta mudança de imagem. De um lado o artista ainda apareceria com seu visual tradicional, deitado nos braços de uma bela mulher e com uma cobra a envolvê-los. Do outro, já de cabelos cortados e barba raspada, seria visto trajando uma jaqueta de couro no melhor estilo roqueiro.

O amigo Zé do Caixão foi chamado para dirigir a foto da capa com a moça, trazendo para a sessão a gibóia Rita - que, bem alimentada de pequenos roedores, atuava tranqüilamente em filmes nacionais como "Luz Dei Fuego". A modelo acabou sendo Marelise, filha de Zé do Caixão e, na época, namorada de Zé Ramalho. Zé pediu então autorização ao amigo Geraldo Vandré para brincar com o título de seu clássico Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, criando para o disco o longo título "Por Aquelas que Foram Bem Amadas... ou... Pra Não Dizer que Não Falei de Rock". Quando finalmente chegou às lojas, o disco foi amaldiçoado pela crítica, que jogou uma pá de cal sobre o artista que o assinava. Sem saber o que se passava, a maioria perguntava como é que Zé Ramalho havia-se rendido à gravadora, tirando sua barba mística. Na verdade, a gravadora fora contrária à mudança de imagem.


A1 - Paisagem Da Flor Desesperada
A2 - Dança Das Luzes
A3 - Dogmática
A4 - Mulheres
A5 - Dupla Fantasia
B1 - Made In PB
B2 - Frágil
B3 - O Tolo Na Colina (The Fool On The Hill)
B4 - Brejo Do Cruz
B5 - Jacarépagua Blues

sábado, 28 de julho de 2018

Vários - Avôhai [2018]

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Por Valdir Junior em Galeria Musical

É Incrível, e ao mesmo tempo maravilhoso, a capacidade de alguns discos se manterem fundamentais, atuais e relevantes com a passagem do tempo. Tempo esse que é inexorável e reduz a poeira, sem dó, dos mais aos menos incautos. Há quarenta anos Zé Ramalho lançava seu homônimo álbum de estreia, disco que com o passar dos anos acabou sendo conhecido por uma de suas faixas, “Avôhai”, um dos seus grandes sucessos. Para comemorar essa data o selo Discobertas lança agora “Avôhai 40 anos” um álbum de releituras roqueiras das músicas do disco.

Com direção artística do próprio Zé Ramalho e pós-produção de Marcelo Fróes, que assina a produção das três faixas bônus do disco, “Avôhai 40 anos” revigora com mais peso, energia e urgência o som folk rock psicodélico nordestino do disco original trazendo bandas e artistas de pop rock da atual cena independente brasileira para homenagear e mostrar a influência e importância do álbum de Zé Ramalho para as novas gerações do século vinte e um.

As novas interpretações das nove músicas originais conseguem evidenciar nuances detalhes e caminhos diversos para as melodias, harmonias e texto já conhecidos e eternizados nesses quarenta anos na interpretação de Zé Ramalho. Uma das características de “Avôhai 40 anos” é conseguir mostrar uma unidade sonora entre as faixas, mesmo elas sendo gravados em momentos, estúdios e com músicos diferentes, um ponto alto na concepção do disco e também na seleção dos artistas convidados e na produção das faixas.

Falando nos cantores e bandas presentes em “Avôhai 40 anos”, vale destacar todos os envolvidos: Eminência Parda Via Rock, João Ramalho, Sent U Feeling, Prima Facie, Paul Rock, Mazzeron, OgroJazzBend, Luiz Lopez, Linda, Novanguarda e o único veterano no disco, Robertinho de Recife, tanto pela qualidade e criatividade de suas interpretações, quanto para mostrar que existe sim, no Brasil, gente capaz, profissional e com talento para fazer e produzir música de verdade, longe dos “hits” discutíveis dos “Só Toca Tops” da vida.

Vale destacar entre as doze faixas do CD as interpretações de “Voa Voa”, que aparece em duas versões, a primeira com Linda Ramalho, filha de Zé Ramalho, numa linha meio Stones, meio Pitty, e a segunda com Luiz Lopes, que capricha num arranjo psicodélico indiano bem viajante; “Vila do Sossego” com Paul Rock, “A Noite Preta (Versão 1)” com João Ramalho, numa pegada meio Metallica meio Raimundos; “A Dança das Borboletas (Versão 1)” com Sent U Feeling e “Adeus Segunda Feira” com o Prima Facie.

O saldo final do CD “Avôhai 40 anos” é extremamente positivo, fruto de uma homenagem muito, mas muito bem feita e um trabalho primoroso dos envolvidos em fazer um disco a altura do disco original. Surpreendendo pelas interpretações das bandas e cantores que merecem e devem ser mais conhecidos do público geral, graças a esse estimado trabalho do selo Discobertas em parceria com a Editora Avôhai.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Galactic Gulag - To The Stars By Hard Ways [2017]

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Por Abraxas

Os riffs enigmáticos e pesados logo nos primeiros segundos de 'Home', a primeira música do álbum "To The Stars By Hard Ways", anunciam que a viagem pelas outras quatro músicas trarão vibrações diversas num rock instrumental misturado à psicodelia, space rock, rock n' roll, progressivo e metal. No disco de estreia, a Galactic Gulag apresenta um grandioso experimento sonoro.

Também inspirado em quadrinhos, cinema underground e teorias da conspiração, 'To The Stars By Hard Ways' é a trilha sonora do Galactic Gulag, um planeta onde todos são condenados a trabalhos forçados até a morte por desgosto. A premissa, sem dúvida, torna a audição ainda mais envolvente, mas cada música, individualmente, carrega uma energia única que demonstra o poder criativo e o espírito de jam session do quarteto de Natal (Rio Grande do Norte), formado por César Silva (bateria), Gabriel Dunke (baixo), Breno Xavier (guitarra) e Pablo Dias
(guitarra solo). 

Formada em 2015, a Galactic Gulag se move por meio da espontaneidade e desejos do inconsciente dos integrantes, mas cujo produto final - as cinco longas músicas de 'To The Stars By Hard Ways' - é rigorosamente lapidado, recheado de detalhes, climatizações, nuances de samplers e nenhuma lacuna sonora. Tem a ver com a busca da banda pela perfeição: no início de casa ensaio, o quarteto realiza uma jam para exercitar a repetição de riffs, apurar os arranjos e os solos mais longos. 

Com o álbum lançado, é hora de ganhar o universo na primeira turnê entre-mundos e se apresentar quantas vezes e em quantos lugares diferentes forem possíveis! Dentre os shows realizados pela Galactic Gulag, destaque para a participação no prestigiado Festival DoSol, na edição de 2016.


César Silva - bateria
Gabriel Dunke - baixo
Breno Xavier - guitarrra
Pablo Dias - guitarra

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Quarto Ácido - Paisagens e Delírios [2017]

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Por Abraxas

Música instrumental é um gênero do rock, um estado de espírito ou a lacuna de um vocalista? O Quarto Ácido resolve a charada no disco de estreia “Paisagens e Delírios” com mais probabilidades que flertam com o psicodelismo emoldurado pela década de 1970, com variações do stoner dos anos seguintes e inclusive com ondulações do contemporâneo post-rock, além de incursões dos imortais progressivo e blues. Tudo muito bem costurado nas nove faixas do álbum que está nas principais plataformas de streaming pelo selo da Abraxas. 

Gravado e produzido graças a um bem sucedido financiado coletivo no final de 2016, “Paisagens e Delírios” resgata os singles “Marcha das Raposas” e “33” e apresenta sete inéditas, gravadas em Santa Maria (RS) pelo produtor Leo Mayer – a banda é gaúcha de Panambi, no noroeste do estado. A ilustração e design gráfico do registro são do talentoso Rafael Panegalli.

Das nove músicas, sete são assinadas pelos músicos Pedro Paulo Rodrigues (guitarra) e Alex Przyczynski (bateria) em parceria com Flavio Mecking, baixista e membro fundador da banda que faleceu em 2015. Em 2016, a banda voltou à ativa com Vinicius Brum (Rinoceronte) no baixo e começou a trabalhar nas musicas do disco. O álbum ainda conta com a participação especial dos músicos Maurício Oliveira (saxofone), Adriano Zuli (teclado e sintetizador), Rodrigo Fetter (teclado) e Edimilson Dias (Percussão).

O título do disco é, aliás, uma homenagem ao Flávio. “Paisagens e Delírios é o nome de um blog onde ele publicava contos e textos, e cujas palavras – ausentes no álbum do Quarto Ácido – podem funcionar como um interessante complemento à experiência da audição, que requer, mesmo, a imaginação e mente aberto do ouvinte”.

terça-feira, 24 de julho de 2018

A Barca do Sol [1974]

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A1 - A Primeira Batalha
(Afonso Carlos Costa, Nando Carneiro)
A2 - Brilho Da Noite
(Geraldo E. Carneiro, Nando Carneiro)
A3 - Arremesso
(João Carlos Pádua, Nando Carneiro)
A4 - As Boas Consciências
(Geraldo E. Carneiro, Nando Carneiro)
A5 - Caminhão
(Afonso Carlos Costa, Daniel Mendes Campos, Nando Carneiro)
B1 - Lady Jane
(Geraldo E. Carneiro, Nando Carneiro)
B2 - Dragão Da Bondade
(João Carlos Pádua, Nando Carneiro)
B3 - Alaska
(Geraldão Carneiro, Nando Carneiro)
B4 - O Fantasma Da Ópera
(Geraldo E. Carneiro, Mauricio Costa)
B5 - Corsário Satã
(João Carlos Pádua, Nando Carneiro)
B6 - A Barca Do Sol
(João Carlos Pádua, Mauricio Costa, Nando Carneiro)

segunda-feira, 23 de julho de 2018

O Velho Preconceito Musical



Por André Azevedo da Fonseca* no Huffpost
*Professor e pesquisador na Universidade Estadual de Londrina

Na primeira metade do século XX os conservadores brancos, das famílias tradicionais, diziam que o blues, o jazz, o samba e depois o rock'n roll não era música, mas apenas uma algazarra inútil de marginais, de bêbados e de gente vulgar que só falava de promiscuidade, bandidagem e drogas. Mais tarde, o punk e o heavy metal também foram recorrentemente estigmatizados como um lixo barulhento, infernal, decadente e imbecilizante.

Este vídeo é uma reflexão para velhos roqueiros conservadores que reproduzem, principalmente em relação à música negra contemporânea, os mesmos preconceitos que já sofreram.

domingo, 22 de julho de 2018

Erasmo Carlos - Você Me Acende [1966]

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Por Marcelo Fróes em Erasmo Carlos

A Pescaria, primeiro LP de Erasmo, tinha poucos meses de lançamento quando os alicerces para o próximo trabalho começaram a ser erguidos. Já no início de 1966 foi lançado um compacto simples gravado com os Fevers. De um lado, "Alô Benzinho", do outro, "Sou Feliz Com Mamãe" - que ficou para trás juntamente com o segundo domingo de maio de 1966. Quando Você Me Acende - todo gravado com os Fevers - foi lançado em junho de 1966, "Deixa De Banca" já estava abafando num compacto. Era a versão de Eduardo Araújo para a francesa "Les Cornichons", com a qual Erasmo tocou na Argentina, no Uruguai e no Chile - onde o sucesso foi maior. No lado B vinha a faixa-título do álbum, "Você Me Acende", versão de Erasmo para o sucesso de Ian Wittcomb. Para manter a fama de mau, Erasmo não teve coragem de cantar no falsete presente na gravação original. 

"O Carango" é a música que Erasmo foi buscar na casa de seu autor Carlos Imperial, justo no dia em que aconteceu uma confusão e que o envolveu num processo de corrupção de menores. A versão de Wilson Simonal é que ganhou as rádios, mas pouco depois "A Carta" estourou nacionalmente e tornou-se o grande sucesso do disco, juntamente com "Gatinha Manhosa" primeiramente gravada por Renato e seus Blue Caps (com Erasmo, não-creditado por questões contratuais, fazendo vocais). O LP também traz parcerias com Roberto, versões assinadas por Erasmo e duas pelo estreante Gileno Azevedo (o Leno da dupla Leno & Lilian).


A1 - Você Me Acende (You Turn Me On)
A2 - O Carango
A3 - A Carta
A4 - Peço A Palavra
A5 - Cuide Dela Direitinho (Treat Her Right)
A6 - S.O.S.
B1 - É Duro Ser Estátua
B2 -O Homem Da Motocicleta (Motorcycle Man)
B3 - Gatinha Manhosa
B4 - Deixa De Banca (Les Cornichons)
B5 -O Disco Voador
B6 - Alô Benzinho

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Erasmo Carlos - A Pescaria [1965]

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Por Marcelo Fróes em Erasmo Carlos

Contratado no ano anterior pela RGE e bem sucedido com o compacto que trazia "Minha Fama de Mau", Erasmo pretendia ter feito na capa uma referência à música "Tom & Jerry", de Getúlio Côrtes. Mas a Disney não autorizou a utilização dos personagens na capa. O disco traz outro grande sucesso, que àquela altura estava acontecendo nacionalmente e que foi para a Jovem Guarda um hino tão importante quanto "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno" (de Roberto Carlos): "Festa De Arromba", rock no qual Erasmo anuncia o elenco da Jovem Guarda - que a partir do segundo semestre de 1965 tomou conta das jovens tardes de domingo. 

O disco foi todo gravado com Renato e seus Blue Caps, à exceção de "Minha Fama De Mau" (do ano anterior, registrada num compacto com acompanhamento dos Jet Black´s). Traz uma declaração de guerra bem humorada à beatlemania, mas também inclui uma regravação da música "Ain´t She Sweet", e vertida para o português pelo próprio Erasmo - que, fã do rock´n´roll de Chuck Berry, também versionou "School Day".


A1 - A Pescaria
A2 - Beatlemania
A3 - Festa De Arromba
A4 - Alguém Que Procuro
A5 - Sem Teu Carinho
A6 - Minha Fama De Mau
B1- Tom & Jerry
B2 -No Tempo Da Vovó (Aint' She Sweet)
B3 - Trá-lá-lá
B4 - Terror Dos Namorados
B5 - Dia De Escola (School Day)
B6 - Gamadinho Por Você

terça-feira, 17 de julho de 2018

Sã - Una-Maçã [2018]

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Por Abraxas

Rock psicodélico em português, visceral e filosófico. As sínteses são mesmo a melhor maneira de apresentar o complexo e criativo conceito por trás da música da banda Sã, de Goiânia, que lança o disco de estreia Una-Maçã nas plataformas de streaming pela Abraxas Records. Ouça aqui:

Danilo Xidan (guitarra e voz), Alexandre Sardelari (baixo) e Bruno Sardelari (bateria) trazem cargas pesadas do rock setentista às músicas de Una-Maçã, algo entre as jams heavy metal do Black Sabbath e o feeling pontual e alucinante do Grand Funk Railroad. 

A concepção lírica de Una-Maçã acompanha a fritação sonora única criada pela Sã. Como sugere Xidan, figura conhecida no meio artístico goiano por outros projetos (Goldfish Memories e Agoristas), as letras e a música da banda são repletas de simbologias e, em resumo, tratam da história da criação da vida.

“É o ciclo da criação e da destruição e, enfim, recriar. Fala muito da humanidade e, toda vez que escuto o disco e acesso a mensagem, interiorizo como uma crítica a nós mesmos”, filosofa.

A própria maçã do título do disco tem a ver com o conceito da Sã, utilizada aqui para simbolizar a dualidade da vida, que ora pende ao amor, ora pende ao pecado. Tratamos do bem e mal, claro e escuro de uma forma igual. Buscando sempre o meio, o equilíbrio”. Já Una é uma palavra indígena para negro, escuro, preto. “Do pecado até a gravidade, o termo reforça o peso que a simbologia da maçã tem em nossa sociedade”, completa Xidan.

Assim como na música, a história da formação da Sã é um ciclo de redenção. O pivô da catarse, Xidan, conta. “A banda se conheceu quando fiz uma peregrinação de 420 quilômetros sem comida, dinheiro nem telefone. Ao final do nono dia, encontrei e fui hospedado pelos irmãos Sardelari, e juntos fizemos algumas jams”.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Heróis da Guitarra Brasileira #04 Celso Blues Boy [2015]

Quarto vídeo da série apresentada por Leandro Souto Maior e Ricardo Schott, jornalistas autores do livro Heróis da Guitarra Brasileira. Direção e edição de Carlos Mancuso.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Azul Limão - Regras do Jogo [2013]

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Terceiro álbum da banda Brasileira de Heavy Metal, lançado em 2013.
É o primeiro álbum de inéditas, desde o álbum “Ordem e Progresso”, lançado em 1987.


1 Salve-se Quem Puder
2 Regras Do Jogo
3 Nada A Perder
4 Amazônia
5 Comando Visão
6 Descendo O Alto (Da Boa Vista)
7 Sonhar Nunca E' Demais
8 Coração De Metal (Stress Cover)
9 Meta Z
10 Entrada No Harém

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Azul Limão - Ordem e Progresso [1987]

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Por Vitor Sobreira em Whiplash

Em tempos difíceis, quase tudo é difícil, porém, sempre há uma uma esperança para melhoras. No Heavy Metal, isso não deixa de ser diferente, e como prova, vemos que nossas bandas favoritas lutaram muito para conseguir o reconhecimento que possuem hoje em dia, sendo que nada caiu do céu. No Brasil, pioneiros como Stress, Karisma, Salário Mínimo e tantos outros, não deixaram a paixão pelo Metal se apagar e virar cinza, mas muito pelo contrário, aumentaram ainda mais o fogo, mesmo que enfrentando os mais incontáveis obstáculos, e como recompensa, seus nomes estão gravados para sempre na história metálica.

Com um nome bem curioso e particular, tirado de uma tira de quadrinhos do personagem Hagar, o Horrível, e um álbum na bagagem (o clássico Vingança, de 1986), os cariocas queriam mais. Após algumas trocas de integrantes, e vários shows feitos, em 1987 a rapaziada resolve lançar este EP (ou álbum, como queira), contando com apenas 6 faixas que totalizam pouco mais de 20 minutos de duração e ainda conta com um cover para os conterrâneos da Dorsal Atlântica com "Princesa Do Prazer" (que fala sobre uma prostituta), muito boa por sinal, e que caiu como uma luva à sonoridade do grupo, devido as suas batidas rápidas e certeiras. Logo de cara, percebemos que a gravação poderia ter sido melhor, para dar as músicas um ar ainda mais superior, sendo que temos de aumentar bem o volume do som para obtermos uma audição mais satisfatória, mas nada que prejudique este discão, visto que para época e os recursos existentes aqui no Brasil para a nossa tão amada música pesada, foi o melhor que conseguiram.

Talvez em relação ao primeiro disco, neste aqui há um direcionamento e uma evolução um pouco mais Heavy, com um peso bem agradável e boas letras, que falam sobre sentimentos, e a vida cotidiana. Todos os músicos merecem os parabéns por suas performances, onde tocaram com garra e ousadia, seja nos solos, nas levadas de bateria e no baixo, e inclusive o vocalista Rodrigo, com uma forte e boa interpretação, sendo que tempos depois, foi para o exterior cantar Óperas profissionalmente.

Como destaques pessoais, posso citar todas as músicas, sendo a fortissimamente ótima "Solidão", que conta com uma linha de baixo bem chamativa e um direcionamento mais direto (não rápido, mas direto) e um refrão que se aloja no cranio, a rápida e empolgante "Rotina", com uma letra que retrata um pouco o que (nós) os trabalhadores passam para ganhar o pão-de-cada-dia, a pesada faixa título, e a poderosa e totalmente Heavy Metal "Brilho". São músicas muito boas mesmo, que merecem a sua atenção, meu caro leitor, pois quando ouvimos um disco como este, é que vemos até onde a vontade e a paixão podem levar pessoas a realizar seus sonhos e superar expectativas.

É Metal feito no Brasil, porra... Vai encarar?

Formação:
Vinícius Mathias - Baixo
Ricardo Martins - Bateria
Marcos Dantas - Guitarra
Rodrigo Esteves - Vocal

Músicas:
1. Tema da Primavera 
2. Rotina
3. Ordem & Progresso
4. Solidão
5. Brilho
6. Princesa do Prazer (Dorsal Atlântica cover)

sábado, 7 de julho de 2018

Azul Limão - Vingança [1986]

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Por Victor Kataoka em H2R

O Azul Limão foi uma das melhores e mais importantes bandas do Heavy Metal Brasileiro. Particularmente, fazer uma resenha de uma das minhas bandas preferidas do Brasil foi muito especial, até porque eu tive o prazer de fazer uma entrevista sensacional com o atencioso Vinícius Mathias há alguns anos atrás. Eu encarei essa resenha como uma grande responsabilidade, afinal, o Brasil teve na década de 80 algumas bandas de alto nível que não são conhecidas nem mesmo pelos bangers daqui.

Formado no início dos anos oitenta no Rio de Janeiro pelo guitarrista Marcos Dantas e o baixista Vinícius Mathias, completaram o time o vocalista Rodrigo Esteves e o baterista Ricardo Martins. Individualmente, a qualidade dos músicos é uma coisa que vale ressaltar. Após algumas demos feitas “na raça”, algumas músicas sendo executadas na rádio fluminense FM, shows e popularidades em ascensão, conseguem lançar o debut álbum pelo selo carioca Heavy, em 1986.

“Vingança” fez com que o Azul Limão começasse a se consolidar como um dos maiores nomes brasileiros do Heavy Metal Oitentista, tanto entre as bandas que cantavam em português como as que cantavam em inglês.

As influências vão de Iron Maiden a Judas Priest, mas sem soar como uma imitação barata.

Vingança é considerado uma das maiores pérolas do rock pesado Brasileiro, tanto pela qualidade dos músicos como pelo nível de suas composições.

A imprensa especializada no Brasil tem um grande defeito de superestimar algumas bandas daqui, pelo simples fato de serem brasileiras, mas no review a seguir você descobrirá o porquê do obscuro Vingança não ser um disco superestimado, e sim subestimado!

“Abertura”, como o próprio nome sugere, é apenas uma introdução.

Alguns downloads apresentam “Abertura” e “Portas da Imaginação” unidas como uma única música.

“Portas da Imaginação” é uma interessante composição que me parece seguir uma linha “psicodélica”. Essa música tem como destaque o vocal, e como ponto baixo os alguns riffs, que eu achei muito abafados pela atuante cozinha, e que só conseguem algum destaque após a entrada do solo. Apesar de tudo, quando a guitarra se faz realmente presente, ela simplesmente detona. É até difícil destacar o ponto alto nessa música, porque eu gosto de tudo nela, e se “Portas da Imaginação”  tivesse sido melhor gravada, e a bateria tivesse feito mais viradas, poderia ter sido um clássico eterno. Mas no geral, uma grande música de Heavy Metal.

“Satã Clama Metal” é um Speed metal sensacional. Os riffs são ainda mais impressionantes que “Portas da Imaginação”, e a cozinha está ainda mais rápida e intensa.

A única coisa que eu não gosto nela é a letra, que mais de 20 anos depois, soa bem tosca.

Sempre é bom destacar que esse é considerado o grande hino do Azul Limão.

"Sangue Frio" deixa a velocidade de lado, e mostra que o Azul Limão não tinha a limitação de ter que tocar rápido para soar metal. Essa semi-balada tem uma levada deliciosa, e me lembra várias músicas de Hard Rock e Heavy Metal da década de 80. Aqui o destaque é o longo solo, sensacional, e também os efeitos vocais que a banda colocou, dando um toque de classe a “Sangue Frio”.

Apesar de ter sido feita por quase todos os membors da banda, a sua letra é bem curta, e pra mim fica a impressão que ela fala sobre o estilo de vida rockeiro, mas como pelo fato da mesma ser bem curta, eu tenho minhas dúvidas. Para terminar, ela é uma boa amostra de como o Azul Limão se saia bem em músicas não rápidas, e a meu ver, a banda poderia ter lançado um disco de progressivo, que o resultado seria grandioso.

“Fora da Lei” tem uma letra que permanece atualíssima nos dias de hoje, e começa com um riff a lá Black Sabbath, para então ganhar velocidade, se tornando outra faixa Speed Metal.

O lance aqui é baixo/bateria, com a guitarra mais uma vez dando as caras realmente a partir do solo. Curto muito essa afinação da guitarra, e o solo é mais um cheio de feeling.

Música feita para bater cabeça no show!

A mais curta “Não Vou Mais Falar”, é outra que deixa o Speed de lado, sendo puxada para o Hard e Heavy.

Outra faixa deliciosa, com ótimas linhas do baixo, grande só, e um vocal que “se empolga mesmo meu filho!".

Vejam que apesar de soar estranho em algumas ocasiões, o vocal tem um feeling imenso.

E letra, apesar de curta, chamou muito a minha atenção, afinal, o rock and roll citado nessas linhas ganha conotações quase religiosas, afinal, quantas pessoas já se viram em situações desesperadoras, tendo poucas coisas para se agarrar?

Chegamos a "O Grito", a obra prima do Azul Limão. Obra prima porque tem uma letra lindíssima, uma das melhores composições do rock brasileiro. Obra prima porque é uma balada lindíssima, com um andamento marcante, com um grande solo, e porque transbordo sentimento.

Eu não consigo escutar essa música sem cantar junto, pois "O Grito" é hipnótica.

Apesar dos riffs bem crus, veja que arranjo tem essa música, ela poderia ser tocada em qualquer estilo musical, do Pop ao Reggae (na verdade ela tem um andamento que lembra muitos reggaes, mas pesado), que mesmo assim ela continuaria cativante.

Uma das minhas músicas preferidas em todos os tempos, fica até difícil pra mim comentar uma música que já no título começa grandiosa.

A velocidade volta com “Você Não Faz Nada”, uma faixa rápida, mas menos pesada, com um bonito refrão, bem melosa, essa música é um Heavy/Hard com alma rock and roll, totalmente na linha que o Saxon fez em músicas como “Forever Free”.

O bacana, é que ela tem uma atmosfera bem caótica, mesmo com toda a forte melodia, e apesar de ter quase 4 minutos, ela tem a letra mais curta de todas, e mesmo assim, eu sempre fico com os versos “E você não faz nada – E você não faz nada” na minha cabeça.

Mais uma música cheia de feeling!

“Vingança” tem uma letra bacana, sem espaço para ambigüidades. O destaque aqui são os grandes vocais de Rodrigo, e eu posso dizer que “Vingança” fecha o disco representando bem o que escutamos ao longo dessa audição: Um metal pesado rápido, beirando o Speed, muito bem executado, com peso e melodia na medida certa.

Resumindo, eu diria que esse disco é um dos percussores do Speed Metal no Brasil. Em alguns momentos o Azul Limão me lembra bem o Judas Priest, em outros ele me lembra o Saxon, e em outros ele me lembra uma porrada de bandas legais dos anos 80!

Mas, o mais legal é que esse disco tem uma identidade, algo que eu não vejo em muitas bandas de Heavy Metal gringas dos anos 80, em especial, as bandas da N.W.O.B.H.M, movimento que eu tanto amo.

Esse disco é foda, metal cantado em português, uma verdadeira aula. Se tivesse sido gravado com alta qualidade, estaria em um patamar que muitas bandas gringas da já citada New Wave não conseguiram alcançar.

Aliás, vou além:

Esse disco é melhor do que muita coisa da New Wave que eu já escutei.

O vocalista é extremamente carismático, e a banda bem criativa.

Vingança demonstra um ótimo nível de qualidade técnica, boas composições e um “feeling” notável. Apesar das condições de gravação “precárias”, todos os instrumentos e vocais soam bem nítidos.

Azul Limão, orgulho do Rock Brasileiro!


Formação:

Rodrigo Esteves – Vocal
Marcos Dantas – Guitarra
Vinicius Mathias – Baixo
Ricardo Martins – Bateria

Músicas:

A1 Abertura
A2 Portas Da Imaginação
A3 Satã Clama Metal
A4 Sangue Frio
A5 Fora Da Lei
B1 Não Vou Mais Falar
B2 O Grito
B3 Você Não Faz Nada
B4 Vingança


Fatos e Curiosidades:

- Quem sugeriu o exótico nome (que abriu muitas portas para a banda) foi um batera da fase embrionária do Azul Limão chamado Fábio, vulgo Bebezão.

- “As bandas tocavam cada vez mais esporro, cada vez mais speedy e nós entramos nessa de otários. Se vocês ouvirem nossos discos, vão perceber que nós nos dávamos melhor nas musicas que não tinham essas características. O Azul Limão queria ser Progressivo.” Vinícius Mathias.

- Vingança chegou a ser mencionado em algumas revistas estrangeiras como: E Kerrang Metal Hammer.

- Relançado em 2001 como Vinil Verde limitado a 500 cópias.

– Atualmente, a banda se reúne eventualmente para fazer shows quando Rodrigo Esteves vem ao Brasil.

- Em 2007 o selo Dies Irae lançou o CD “Vingança”, trazendo as músicas do álbum original de 1986, acrescido de três músicas da demo-tape de 1984 como bônus.

- Vingança vendeu cerca de 2000 cópias na época.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Metalmorfose - Correntes [1986]

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Por Gilberto custódio Junior em Esquizofrenia Zine

Uma das coisas mais fantásticas dos tempos atuais são as reedições, cada vez mais numerosas. Apresentam boa música, muitas vezes como sendo algo novo. Discos que estavam fora de catálogo há anos, cuja edição original vale uma nota. Discos conhecido por poucos voltam ao mercado para deleite dos aficionados. 

A Neves Records é um selo especializado em reedições. Localizado em Santa Barbara d´Oeste, interior paulista, estão sempre presentes nas Feiras de Discos organizadas pela Locomotiva na Capital. Além dos discos do próprio selo, trazem na bagagem uma porção de caixas recheadas de discos maravilhosos, em especial discos de rock pesado.A Neves já relançou em vinil LPs do Gangrena Gasosa e Muzzarellas.

Eles (acabam) de relançar um compacto do Metalmorfose, lançado originalmente em 1986 no formato vinil 12”. Raríssimo em sua edição original, contém duas músicas: “Correntes” e “Vivendo e Aprendendo”. Temos aqui um hard rock com uma forte influência do rock nacional oitentista, principalmente por causa das letras em português ou mesmo por causa dos timbres, em especial o do teclado. O grande destaque fica para os solos de guitarra, bastante melódicos, fora a capa, com uma sensacional foto da banda toda produzida

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Cérebro Eletrônico - Pareço Moderno [2008]

Yandex 320kbps


Por Cleber Facchi em Miojo Indie

Passado, presente e futuro se confundem no interior de Pareço Moderno. Catálogo lisérgico entre as inúmeras essências que definem a obra do Cérebro Eletrônico, o álbum não apenas é um salto em relação ao debut Onda Híbrida Ressonante (2003), como um princípio de transformação para gênese da psicodelia nacional. Oposto à trilha redundante deixada pelos Mutantes e seguida à risca por diferentes grupos brasileiros, o álbum trouxe um toque de novidade e certo toque de recomeço ao estilo. Enquanto Fernando Maranho orquestra com leveza a arquitetura da obra, pincelando guitarras e ruídos eletrônicos de forma pontual, Tatá Aeroplano dança com liberdade pelos versos. São músicas de forte erotismo (Dê), comicidade (Bem mais Bin que Bush) ou pura lírica nonsense, como a faixa-título logo entrega. Sem pressa, o disco revela com detalhe um universo imenso, apresentado em pequenas etapas pela banda. Ouça e flutue.



1 Pareço Moderno
2 Bem Mais Bin Que Bush
3 Mar Morro
4 De
5 Antes Eu Tivesse Escolhido Conviver Só Com A Minha Guitarra
6 Portal Dos Sonhos
7 Dominó Tecnológico
8 Me Atirar Na Orgia
9 Os Astronautas
10 Talentoso
11 Tobogã Pro Inferno
12 Sérgio Sampaio, Volta