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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Huey - Ma [2018]

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Ma é a palavra japonesa usada para identificar um espaço ou pausa entre duas partes. Sugere intervalo, une uma coisa a outra. Ma é também o segundo disco do quinteto paulistano Huey, sucessor do aclamado Ace, de 2014.

Quatro anos se passaram, e Ma, sob a perspectiva do Huey, é mais que intervalo: é conexão. Em 8 faixas, o disco nos traz variadas possibilidades de preencher o vazio e o espaço com riqueza instrumental, além de demonstrar trânsito fácil entre o peso e a sutileza. Muita teoria? Então imagina o silêncio valorizado pelas entradas e saídas das guitarras incandescentes de Vina, Dane e Minoru e pela cozinha furiosa de Vellozo (baixo) e Rato (bateria), evidenciado pela produção do norte-americano Steve Evetts (The Dillinger Escape Plan, Sepultura, The Cure), que capturou o vigor espontâneo da banda e o expandiu em camadas ainda mais definidas. A masterização, a cargo de Alan Douches (Baroness, Year of No Light, Earth), deixa a propulsão sonora do Huey ainda mais explícita.

Com um segundo álbum, as marcas próprias de uma banda se tornam mais nítidas, e uma que sobressalta no Huey são as admiráveis mudanças de dinâmica em cada música. Como se cada faixa se desmembrasse em três, quatro, cinco estruturas próprias, autônomas, mas que quando ouvidas juntas, estabelecem um corpo sonoro único e diferente. Um soco de vitalidade proposto em riffs rasgados, acordes proeminentes e graves em plena combustão com as batidas. É uma exaltação à criatividade permitida pela música, que consegue contar histórias diferentes a partir de bases comuns.

E qual história o Huey quer contar com as músicas de Ma? A julgar pelas emendas improváveis em cada compasso, conectando o que parecia então inconectável, assimilando o que é diferente sem colocar nele um véu de semelhança, é uma história de pluralidade e de reconhecimento das diferenças. Uma espécie de antagonismo às tendências, mas despretensioso. Quando o movimento mundial parece ser de se fechar em comunidades baseadas na concordância, inclusive na arte, o Huey propõe o apagamento de fronteiras como nota primordial de suas músicas.

O que traz peso, propulsão e relevância a uma música? Certamente é a forma com que melodias, linhas, batidas e riffs são costurados. Mas até que ponto as influências precisam traduzir, de maneira explícita, o som de uma banda? A resposta, em Ma, é imprevisível. Sabe aquele ponto imaginário onde o hard rock Sunset Strip se encontra com o nerdismo do Rush, com a brutalidade do Sepultura, com a visceralidade do Neurosis, com o experimentalismo do Faith No More? Com a delicadeza de Emma Ruth Rundle, a velocidade do thrash, com o sentimento calamitoso do Napalm Death, com a poesia do post rock e com a globalização do Asian Dub Foundation?

Acredite, esse imaginário é traduzido em canções. Mais especificamente, nas poderosas “Pei”, “Wine Again”, “Zero”, “Mar-Estar”, “Inverno Inverso”, “Adeus Flor Morta”, “Fogo Nosso” e “Mother’s Prayer”, que despertam peso a partir dos tempos, flertam com o blues e com o noise, abraçam o stoner e o doom como canal de comunicação do metal e fazem guitarra, baixo e bateria materializarem versos emocionantes, por vezes apoteóticos.

Dos repertórios distintos dos cinco amigos emerge uma identidade afeita à construção e à singularidade. O Huey assume uma personalidade cada vez mais… Huey. Com assinatura própria, a banda mostra um segundo disco confiante de seu ponto de partida e completamente aberto aos caminhos improváveis que a arte pode tomar. É o registro onde o quinteto lapida o peso de suas expressões mais desenfreadas e o reveza com momentos melancólicos e reflexivos, endossando a riqueza de emoções da vida.

FICHA TÉCNICA

Produzido por Steve Evetts
Gravado no Family Mob Studios por Steve Evetts
Mixado por Steve Evetts e masterizado por Alan Douches
Arte por Fábio Cristo
info@hueyband.com
Spotify: Hueyband

SOBRE A BANDA

domingo, 21 de outubro de 2018

Huey - ¡Qué No Me Chingues wey! [2011]

Link oficial 320kbps



O HUEY é uma banda formada por cinco amigos que decidiram buscar um caminho diferente, fazendo música sem muitas regras e querendo sempre algo novo.

Em 2010 fizeram sua estreia nos palcos, o que rendeu à banda o primeiro lugar no festival Tech, Brands and Rock n’ Roll.

O HUEY era a única banda instrumental presente no festival. E a unanimidade entre jurados e público provou que muita gente se identifica com esta vertente musical.

Em novembro do mesmo ano participaram e conquistaram o primeiro lugar do Festival PIB. Um evento importante e inovador do circuito da vanguarda instrumental brasileira.

Em resposta, ocuparam por 6 semanas o TOP 40 do portal Trama Virtual, participaram dos programas Ensaio (TV Trama), Oi Novo Som e Showlivre.

Ainda em 2010, lançam ¡Que no me chingues wey!. Um EP com quatro músicas que teve todas as cópias esgotadas em apenas um dia e rendeu uma parceria com o selo Sinewave.

A gravação ficou nas mãos de Bernardo Pacheco (Elma), no estúdio Fábrica de Sonhos. Ele também gravou e produziu alguns artistas importantes e de diferentes vertentes como Ratos de Porão, Guizado, M.Takara e Are you God?

Já em 2011, o HUEY pôs no ar o novo site, com todo o material disponível da banda, como: músicas (EP em streaming e para download), vídeos, fotos, pôsteres. Em março iniciam a turnê brasileira de divulgação no sul do País, em pleno carnaval.

A cada show, uma nova arte visual é produzida em conjunto com diferentes artistas. Assim, no espírito coletivo, eles produzem um evento único em celebração à música.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Huey - Ace [2014]

Sinewave 320kbps

Por Cleber Facchi no Miojo Indie

O maior erro de grande parte das bandas brasileiras de Stoner Rock/Metal Alternativo está na necessidade em imitar o trabalho de uma série de artistas estrangeiros, sem necessariamente acrescentar nada de novo ao próprio trabalho. Obras que tropeçam no óbvio, brincam com experiências há muito consolidadas por uma série de grupos veteranos e que acabam (naturalmente) caindo no esquecimento sem qualquer dificuldade. Este é um erro que a paulistana Huey não apenas conseguiu evitar no primeiro registro de estúdio, o intenso ACE (2014, Sinewave), como ainda conseguiu ir além.

Embalado de forma evidente por uma atmosfera de “disco estrangeiro”, o debut assinado por Rato (Bateria), Dane El (Guitarra), Vina (Guitarra), Minoru (Guitarra) e Vellozo (Baixo) está longe de se afogar no mesmo mar de repetições de outras obras próximas. Trata-se de um disco que busca estabelecer terreno – e certa dose de identidade – em um universo onde muito já foi feito. Ainda que seguir a trilha de Isis, Cult of Luna e outros nomes de peso do Pós-Metal/Metal Instrumental pareça ser o caminho mais seguro para qualquer artista iniciante, é ao explorar as próprias possibilidades que o grupo conquista verdadeiro espaço.

Mesmo inaugurado pela crueza climática de Sex & Elephants, o trabalho de sete faixas (poderiam ser mais) segue todas as pistas daquilo que Por Detrás de Los Ojos, grande single da banda, trouxe inicialmente há dois anos. Sexy e agressiva, a canção é uma representação exata de tudo o que caracteriza o trabalho do grupo e, consequentemente, a própria imposição instrumental que define o álbum. Faixas se espalham em atos quebrados, linhas de baixo volumosas e um diálogo atento entre as guitarras que substitui a completa ausência dos vocais durante toda a formação do disco.

Como um imenso labirinto a ser observado com atenção, o trabalho de rápidos 33 minutos e 58 segundos usa de toda a extensão como um passeio instigante por entre décadas e diferentes experiências musicais. São visíveis os arranjos densos conquistados por Tony Iommi na década de 1970 (Baby Monstro), o caráter comercial/pegajoso de Josh Homme pelo Queens Of The Stone Age (Pedregulho), além da versatilidade de grupos estrangeiros nascidos na década passada, principalmente Mastodon (Nice Weather For The Carnival). Cópias? Pelo contrário, apenas um estímulo para o cenário parcialmente inédito que delimita o álbum.

Longe de reforçar a proposta ignorante de diversos projetos que tendem ao hermetismo, ACE é uma obra que conversa com o público – sem prováveis distinções. Há desde faixas movidas pelos contornos climáticos do pós-rock, caso de Samuel Burns, até músicas que atentam para o ouvinte médio, preferência reforçada na hipnose de Valsa De Dois Toques ou no dinamismo (quase) dançante de Sex & Elephants. Sobram ainda músicas que se dividem entre o convencional e o experimento, efeito que Nice Weather For The Carnival e o “hit” Por Detrás De Los Ojos promovem ao longo de toda a formação dos acordes. Há silêncio em se tratando dos versos, mas sobram ruídos e solos delineados pela crueza durante toda a formação do álbum.

Com produção concisa e invejável, ACE transporta o público sem dificuldades para o clima quente e seco da California, onde foi gravado (em Los Angeles) e contou com o apoio de Aaron Harris (baterista do Isis) na produção. Tão estrangeiro quanto nacional, a estreia da Huey pode até apontar um dois ouvidos para fora, mas ainda mantém os pés bem firmes no próprio país.