Por Fabio Melo
Uma coisa que sempre me deixa bastante chateado são as bandas “saudosistas”, que tentam revisitar aquela sonoridade de trinta anos trás e simplesmente trazem a maldição do “mais do mesmo”. Tanto que dentro do meio do rock o que mais se tem feito são tentativas de resgate que culminam em trabalhos de gosto duvidoso. Contudo, o grupo Tomada faz isto tudo e ainda sim soa como uma banda original.
É inegável que o disco “O Inevitável” seja uma obra prima do rock nacional. Direto, sem floreios e com letras em português, o grupo consegue transmitir toda aquela força e garra do rock’n’roll clássico sem deixar de soar moderno. Não espere melodias complexas, flertes com outras sonoridades ou mesmo letras filosóficas: o disco traz aquilo que falta no rock, que é a música descompromissada, divertida, para ouvir e relaxar.
Blues, psicodélico, rock’n’roll e muitos estilos “próximos” aparecem nas músicas deste álbum. Sem gelo, puros ou misturados, não importa, mas sim que isto confere certa originalidade ao grupo pela forma coesa com que este trabalho se mostra. Confesso que a primeira vez que ouvi a banda fiquei impressionado. As letras são daquelas que dão vontade e cantar o refrão, de tão grudentas e tão melodiosas que são.
A música “Ela não tem medo” possui um lado meio psicodélico e uma ironia muito grande na forma como é cantada. “Catarina” tem um lado blues/rock muito bonito, quase como aquelas primeiras bandas que saíram de um blues para adentrar no rock. “Estou em órbita” é uma balada pesada, com letras mais amorosas, de uma tradição das bandas clássicas de rock. Em “Luzes” o rock se torna mais contagiante, sendo a mescla perfeita entre o rock mais moderno com o mais tradicional, com partes de guitarra que remetem ao psicodélico. É excelente como música de trabalho, é impactante na medida certa.
O disco é um amadurecimento ao trabalho desenvolvido desde o surgimento do grupo, em 2000. Resgata algo que faz falta hoje, que são os grupos com música simples, direta, divertida e, acima de tudo, para ser escutada na rádio ou no carro. É aquilo que merece ser ouvido e reouvido quantas vezes puderem.
de Ground+Cast
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