“Meus heróis morreram de overdose. Os meus inimigos estão no poder.”
Com música de Roberto Frejat e letra de Cazuza, Ideologia é a faixa-título do terceiro álbum solo de Cazuza. Além disso, é a canção que abre o primeiro álbum do compositor após a confirmação de que ele era aidético. Considerada a melhor canção de sua carreira solo, Ideologia levou o prêmio de música do ano, em 1988.
Tudo o que acontecia no Brasil, no mundo e principalmente na vida de Cazuza está em Ideologia. O garoto que queria mudar o mundo agora se vê frágil, diante de um país sem ideologia definida. A crise dos partidos políticos e a queda da ditadura militar aparece já nos primeiros versos da letra. Toda a ideologia pregada por Cazuza, como a de sexo, drogas e Rock n’ Roll vai por água abaixo, quando ele percebe que é impossível viver assim. As pessoas que Cazuza via como heróis agora foram deixados para trás e o garoto que sonhava em ser herói agora tem de conviver com uma das maiores doenças da década de 80, a AIDS.
O que mais chama atenção na letra da música é o verso “meu prazer agora é risco de vida”. Com esse verso, Cazuza, pela primeira vez, assume que a doença mexeu com a vida dele e que o sexo, que ele sempre declarou ser o maior prazer do mundo, não pode mais fazer parte de sua vida.A queda do Muro de Berlim, um ano depois da música, provou que as ideologias realmente estavam mudando.
Com a canção, Cazuza diz buscar uma ideologia, sem perceber que naquela obra estava sendo escrita uma ideologia. A ideologia crítica, que o consagrou como um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos.
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