Na foto que deveria ser usada para divulgar a banda, um bumbo gigante com uma inscrição. Vendo 147. Poderia ser um site desses de negócio de quinquilharias usadas com o tal bumbo sendo vendido por módicos R$ 147, o que, convenhamos, seria um pechincha, mesmo sem analisar o material de perto. Ou, por outra, 147 poderia ser o modelo não só do bumbo, mas de toda a bateria que o sujeito estaria interessado em passar pra frente. Mas não é nada disso. Vendo 147 é o nome de uma bela banda de rock instrumental arraigada em Salvador.
Se o assunto é comprar e vender bateria, bem que eles poderiam adquirir uma outra, já que o grupo tem Glauco Neves e Dimmy Drummer tocando numa só. Ou, para ser mais correto, um único bumbo, já que o kit com toda a parafernália – caixa, pratos, ton tons - é adaptado para que os dois sentem a mão, um de frente para o outro, ao mesmo tempo, e quem sofre mesmo, no fim das contas, é o bumbo comum aos dois insensíveis espancadores e suas ágeis baquetas. Se o nome Dimmy Drummer lhe chamou a atenção, sim, é ele mesmo, que tocava no Honkers, lenda do rockabilly baiano.
Vejam como são as coisas: sobra baterista e falta quem cante. Não que isso seja invenção de baiano deitado em rede; como eles explicam no MySpace.com, a invenção vem da Suíça, da Suécia, da Cochinchina, mas caiu muito bem ali na terra da Pitty. Além dos dois bateras “clones”, fazem parte da patota Pedro Itan e Duardo Costa (guitarras) e Caio Parish (baixo). Sim, Duardo toca no Snooze, lá de Sergipe, e os demais também têm outras bandas só pra não fugir à regra das cenas rock pelo mundo afora, onde todo mundo toca com todo mundo pra ver no que vai dar.
E, a julgar pelas quatro músicas que estão lá no MySpace, a coisa é muito séria. Os caras bebem em fontes do classic rock, heavy rock e da psicodelia contemporânea para fazer rock com revolução, sem firulas. Eles nem precisariam citar Queens Of The Stone Age e Danko Jones como principais referências; tá na cara! O trabalho de guitarras em “Skate O Matic” é excepcional; “Satangoz”, com instigantes e ligeiras mudanças de andamento, traz ecos do psychobilly; “Kill Bill” é uma porrada dançante como o rock sempre deveria ser e desafia o ouvinte a ficar parado; e “Hell” soa simplesmente como um chamado para o pogo em um show de hardcore dos bons, com direito uma paradinha à Metallica que deságua em guitarras duelando em profusão.
Assistindo ao videoclipe de “Hell”, que rola no youtube, é que se percebe o estilão dos caras, todos vestidos de preto e com máscaras que fazem jus ao nome da música: parece que foi tudo gravado no inferno. O melhor é que são todos músicos adeptos da virtuose, sem cair no lugar comum do tecnicismo estéril. É bem verdade que ás vezes sente-se falta de um vocalista gritando no meio daquele esporro, mas nem tudo é perfeito, né? Só faltou dizer que as quatro músicas fazem parte do primeiro EP da banda (virtual, claro), que tem uma bela capa e desde junho pode ser baixado em tudo que é site independente, cujos links aparecem lá no MySpace. Para quem queria só comprar uma bateria, até que valeu a pena.
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