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Por Rodrigo Werneck em Whiplash
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Por Rodrigo Werneck em Whiplash
O Terço é certamente uma das principais bandas brasileiras de rock progressivo de todos os tempos, juntamente aos Mutantes, Som Nosso de Cada Dia e poucos outros. Sempre liderados (desde a criação, em 1968) pelo guitarrista e vocalista Sérgio Hinds, o único integrante presente em todas as formações, reuniram em 2005 a lineup mais clássica, para uma série de shows que resultaram neste lançamento
Muitos músicos marcaram as diferentes fases do grupo, desde o início com o trio (daí o nome “Terço”) formado por Vinicius Cantuária (bateria), Jorge Amidem (guitarra) e Sérgio Hinds (baixo). Tais formações foram se sucedendo até culminar na mais cultuada, que incluiu Hinds (já na guitarra, e vocais), Flávio Venturini (teclados, vocais), Sergio Magrão (baixo, vocais) e Luiz Moreno (bateria), e que gravou os clássicos discos “Criaturas da Noite” (1975) e “Casa Encantada” (1976).
A formação foi variando, e em 1979 o grupo entrou em recesso por um tempo. Nos anos 80 e 90, Hinds reuniu ao seu redor uma série de músicos talentosos, gerando discos de qualidade variável. Até que, no show de comemoração dos 50 anos de Flávio Venturini no Directv Hall de São Paulo, foram reunidos no palco o próprio Venturini, mais Hinds, Magrão, Moreno, e o baixista César de Mercês, que já havia participado de várias fases do Terço (como músico e/ou compositor). O clima de congraçamento foi tão grande, que acabou gerando uma vontade de todos em reunir mais uma vez O Terço, neste caso com sua formação mais conhecida e festejada.
Um acontecimento, entretanto, acabou temporariamente com tais planos: o baterista Luiz Moreno veio a falecer (em 2002) após sofrer parada cardíaca. O choque adiou, mas não encerrou a questão. Apoiados pela viúva de Moreno (Irinéia Ribeiro), continuaram e convocaram o baterista Sérgio Mello, que já havia tocado com Venturini em sua carreira solo. Um ex-integrante, porém, que ficou de fora do retorno resolveu complicar as coisas: César de Mercês chegou a ser convidado para participar de uma música nos shows da volta (seria “Luz Na Escuridão”, dele próprio), mas não concordou com o formato planejado e, após idas e voltas, acabou por não ceder os direitos de suas composições para as gravações que seriam feitas. Cada lado tem os seus argumentos e é difícil afirmar quem tem razão, mas o fato é que o público saiu perdendo. Resultado: após mais de 2 anos de extensas negociações, não houve jeito. Ficaram de fora do CD e do DVD as seguintes composições: “Queimada”, “Jogo das Pedras”, “Foi Quando Eu Vi Aquela Lua Passar” (as 3 da dupla Venturini/Mercês), “Flor de la Noche II” e “Hey Amigo” (ambas de Mercês). Quem esteve presente nos shows de 2005, no Rio de Janeiro (onde foram feitas as gravações, no dia 4 de maio de 2005), em São Paulo e em Belo Horizonte, pôde conferir todas essas músicas, mas elas acabaram fora do CD e do DVD, finalmente lançados. Uma pena...
De qualquer forma, o registro acabou sendo finalmente lançado, e traz vários momentos antológicos. No palco de um Canecão (RJ) lotado foi montada uma estrutura de Primeiro Mundo, com várias estruturas armadas que suportavam uma iluminação de tirar o fôlego, com o uso de várias “vari-lites” (“spots” de luz rotatórios). Atrás dos músicos, um telão circular no melhor estilo Pink Floyd, onde eram projetadas imagens do passado e efeitos especiais feitos em computação gráfica.
Falando em computação gráfica, o seu uso teve algumas conseqüências negativas para o DVD. Entre todas as faixas, pequenos “filmetes” foram inseridos, incluindo o título da música a ser apresentada a seguir. Isso contribuiu para se tirar um bocado do “espírito de ao vivo”, pois inclusive todo o falatório dos integrantes no show foi praticamente limado. A introdução do DVD traz também um efeito em computação gráfica, com narração pomposa e auto-indulgente, na qual o locutor avisa que “a maior banda de rock progressivo do Brasil” iria subir ao palco. De efeito ao vivo, mas certamente dispensável no DVD...
Mas vamos aos pontos positivos, que são muitos. A qualidade de som e imagem é excelente, com ótimos takes de Sérgio Hinds e sua guitarra, e da bateria de Sérgio Mello. Sergio Magrão foi filmado somente através das câmeras frontais, mas ficou suficientemente bom. O mesmo não se pode dizer sobre as tomadas feitas de Flávio Venturini, em especial ao início da gravação. Os takes frontais foram bons, mas na maior parte do tempo faltaram alguns que mostrassem melhor seus teclados sendo tocados. Em algumas músicas, o cameraman chega visivelmente atrasado (como em “1974” e “Guitarras”, por exemplo). Isso foi felizmente aprimorado no decorrer do espetáculo. A edição de imagem, no entanto, está impecável, na cadência perfeita que cada música exige, e aproveitando muito bem a iluminação belíssima.
A banda se apresenta altamente ensaiada. A performance de todos é ótima. Hinds, um guitarrista que sempre se baseou mais no feeling do que na técnica, tira seus timbres característicos em solos e bases impecáveis, usando para tal uma bela guitarra Tagima, réplica de PRS. Magrão é um baixista sólido e vibrante, com um estilo pulsante que dá o ritmo das músicas. Não à toa, um dos mais aclamados do progressivo brasileiro. Venturini tira ótimos timbres de seus teclados digitais, emulando quase à perfeição os antigos analógicos, e toca visivelmente feliz seus antigos solos. Tira som de Hammond de um Kurzweil K2600 (provavelmente controlando um Roland VK7 ou algo similar), e som de Minimoog bem convincente, tirado de um Korg Prophecy. O novato do grupo, Sérgio Mello, mostra que é altamente técnico, mas que também consegue preencher com muita sutileza todos os espaços que lhe são conferidos, sem excessos. Mesmo em baladas, evita ficar meramente na marcação, lembrando um mix dos estilos de Carl Palmer e Neil Peart. Trata-se de um baterista muito “orgânico” e de muito bom gosto, e que conquistou o seu espaço no grupo.
Logo de cara, eles levam a suíte instrumental “1974”, tema consagrado que conquista a platéia de primeira com seus 15 minutos de duração, e vários climas e solos. Quer dizer, há varias vocalizações harmônicas (um dos pontos fortes do grupo), só que elas funcionam como um instrumento a mais, até porque não há letra. Prosseguem com uma bem antiga, “Tributo Ao Sorriso”, de um single de 1970. Nota-se que os vocais estão perfeitos, tanto nos momentos em que Hinds, Venturini e Magrão cantam juntos, quanto nos momentos solo. Talvez perfeitos até demais, sem qualquer falha em todo o decorrer da gravação, o que nos leva a crer que houve vários retoques, overdubs, etc. a posteriori.
“Guitarras”, um belo e vibrante tema instrumental de Hinds se segue, e logo após a (até então) inédita “P.S. Apareça”. Um set acústico vem logo depois (com Hinds assumindo a viola de 12 cordas e Venturini passando para o violão), algo bem característico em se tratando do Terço, que possui várias composições nessa linha mais “rural”. A primeira é “Pássaro”, para a qual Venturini convoca Ruriá Duprat (sobrinho do falecido maestro Rogério Duprat, que muito colaborou com O Terço no passado) para assumir os teclados, e Irinéia Ribeiro, viúva de Luiz Moreno, para ajudar nos vocais. Uma merecida homenagem aos dois nomes, tão importantes na história do grupo. Levam ainda “Casa Encantada”, embora ao vivo esse segmento “unplugged” tenha sido maior (pois as composições de César de Mercês foram limadas da edição final do DVD, conforme mencionado acima).
De volta à formação de quarteto, levam “O Vôo da Fênix”, com Venturini no vocal solo, e a viajante “Ponto Final” (de Luiz Moreno), com destaque para o sintetizador de Venturini e o baixo de Magrão. Neste momento, Sérgio Mello assume as rédeas com um inspirado solo de bateria, onde esbanja precisão, técnica, força e criatividade, seguido por um de piano (na verdade, um teclado Roland RS-50 posicionado ao lado da bateria), no melhor estilo progressivo. A composição de sua autoria, denominada “K”, é uma homenagem à sua esposa Kelly, mas também uma referência ao tecladista Keith Emerson (do ELP), um dos ícones do instrumento no estilo (junto a Rick Wakeman, do Yes).
O segmento final do DVD é totalmente preenchido por clássicos do grupo, e grandes momentos. “Sentinela do Abismo”, do disco “Casa Encantada”, é a próxima, trazendo somente Flávio Venturini no piano e vocal, e o Quarteto Uirapuru (um quarteto de cordas tradicional, com violoncelo, viola e dois violinos) contribuindo para o arranjo belíssimo (feito por Ruriá Duprat). A edição do DVD, entretanto, deixou de fora o anúncio da entrada do quarteto, que simplesmente aparece já no palco. Duprat retorna para a próxima, para reforçar o time dos teclados, ao mesmo tempo em que mais um convidado especial é convocado: Marcus Viana, líder do grupo progressivo mineiro Sagrado Coração da Terra. Com ele no violino, levam “Criaturas da Noite”, em mais um arranjo impecável, incluindo as indefectíveis e ricas harmonias vocais.
O Quarteto Uirapuru deixa o palco, e “Suíte” vem a seguir, uma ótima composição instrumental de Venturini que foi curiosamente gravada pela banda apenas após a sua saída do grupo (especificamente no disco “Som Mais Puro”, de 1982). Bons solos de guitarra de Hinds, e de teclados tanto de Venturini quanto de Duprat, numa faixa que alterna vários climas, fazendo jus a seu título. Agora é a vez de Viana deixar o palco, e para fechar o show (no DVD), tocam a excelente “Cabala”, onde mais uma vez todos se destacam, mostrando grande entrosamento.
Apesar das 5 músicas sacadas da edição final, mesmo assim sobraram 80 minutos da apresentação ao vivo, num registro digno da história do Terço. Entre o material extra incluído, há quase 30 minutos de entrevistas com os 4 integrantes, falando do passado, dos detalhes sobre a reunião, e sobre algumas idéias acerca do futuro da banda, que pelo jeito irá existir. A balada (também até então inédita) “Antes Do Sol Chegar” foi incluída como bônus, num videoclipe com cenas gravadas no próprio estúdio.
Tracklist:
1. 1974
2. Tributo Ao Sorriso
3. Guitarras
4. P.S. Apareça
5. Pássaro
6. Casa Encantada
7. O Vôo da Fênix
8. Ponto Final
9. “K”
10. Sentinela do Abismo
11. Criaturas da Noite
12. Suíte
13. Cabala
Material bônus:
- Clipe de “Antes Do Sol Chegar” (em estúdio)
- Entrevistas
assisti alguns clipes pela net, estou a procura desse DVD já faz um bom tempo, essa banda fez parte da minha adolescência, e até hj conservo o vinil CRIATURAS DA NOITE, e numa sorte, passeando em salvador entrei numa loja e encontrei o cd duplo Casa Encantada e Criaturas.... realmente o rock progressivo nacional deixou sua marca, a música 1974 não fica nem um pouco atrás do progressivo internacional, parabéns ao TERÇO
ResponderExcluirTenho 35 anos e conheci O Terço através dos vinis velhos do meu pai. Ele tinha o disco preto lançado em 1973. Foi minha primeira experiência com o prog. Ouvi esse disco inúmeros vezes durante semanas consecutivas. Graças a internet consegui ter contato aos outros álbuns d'O Terço e a outras bandas progressivas. Um vida a internet. Viva!
ExcluirBom dia! Tem alguma maneira para aumentar os seeds do dvd?
ResponderExcluirRapaz complicou. O link não era meu e já não tenho o arquivo.
ExcluirAh. Tá certo. Obrigado!
ExcluirPelo amor de Deus, reposte o CD no Mediafire!!! Agradeço desde já!!!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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