Por Vitor Colares & Fóssil
Carta ao Mocumentarista.
Mocumentário, 19 de Março de 2012
Mocumentário é o nome dado a um tipo de filme que é feito como se fosse um documentário, mas que na verdade cona uma história fictícia. Ao longo do processo de composição desse disco, na hora de escolher o nome das músicas, discutindo os arranjos e o desenvolvimento de cada uma delas a gente costuma conversar sobre imagens, sobre os climas que determinada música tem e ao que ela remete. Todas essas conversas que acontecem, seja numa mesa de bar, entre uma música e outra durantes os ensaios ou em uma conversa qualquer, acontecem espontaneamente e terminam por criar(-se) uma história que vai dando cara e cor para a música em forma de arranjos, sons, combinação de momentos e dinâmicas. As histórias contadas nesse album por cada uma das músicas tem uma ligação entre si, elas contam uma jornada, uma vida, uma história de vida, uma busca que talvez “apenas” uma procura por si mesmo. Seja quem for… Um viajante, um trabalhador da construção civil, um médico ou um escritor recluso. A vida é uma jornada!
Este album é um retrato assim, fiel e espontâneo. É como se fosse uma coletânea de contos, onde cada trilha possui uma história/trama que se desenvolve, que conta algo, descrevendo sentimentos e sensações. São aventuras, caminhos do destino, “histórias de vida, morte e amor”: “Aéropostale” é nome de uma empresa francesa responsável pelas primeiras rotas aéreas entre a Europa e a América do Sul. Por volta dos anos vinte, vindo pela França, Espanha, Estreito de Gilbratar, Marrocos, seguiam pela África, até o ponto mais próximo do litoral nordestino, voavam até Natal (RN) e desciam pelo litoral brasileiro até Buenos Aires. Antoine de Saint-Exupéry foi aviador desta empresa.
Alguma dessas músicas presentes no Mocumentário começaram a partir de levadas de bateria do Victor. “Secesso” é uma delas e foi também a primeira composição desta fase do Fóssil vindo morar em São Paulo.
“Lençóis” tem esse nome porque o clima dela nos lembra dunas de praia (Como Lençóis Maranhenses, ou das Dunas do Cumbuco), calor. Ao mesmo tempo queríamos um nome que falasse dos casais, do calor e do amor dos casais. Pensando nisso e querendo expressar isso tudo poeticamente, a ideia de ter um texto sendo lido num determinado momento da música foi praticamente consequência. As palavras inspiradas da Natércia Pontes na interpretação de Elisa Porto (ambas são cearenses, moradoras de SP atualmente) foi a cereja do bolo. O haicai que é dito no final da canção foi inventado por mim.
“Missa Nova”, essa música nasceu nas mesmas seções de ensaio que criamos “Secesso”. Existe outra versão dessas duas músicas (“Secesso” e “Missa Nova”) numa coletânea, chamada dis1. Lá elas estão gravadas como um trio e nós nem pensavamos em regravá-las. Com a entrada do Rodrigo, os sintetizadores deke foram essenciais para que nos decidicemos colocá-las noMocumentário. Outra música originada de uma batida do Victor (“Missa Nova”).
“Marraquexe” é outra música que traz um texto da Natércia na voz da Elisa. “Meus cabelos dançam areia”, esse texto é como um pensamento que navega na cabeça do pescador que navega pelo mar ouvindo no barulho do vento a soprar o canto familiar de uma sereia/ninfa dos verdes mares, “ruma a Marraquexe”, no caminho de volta para as dunas do Saara, como a area que voa pelo Atlântico até as dunas nordestinas.
Para uma criança bastam um jipe, mesmo que seja sem pneus, e um boneco de robô sem braço para que debaixo da sombra de um cajueiro aconteça uma grande batalha como nos seriados japoneses. Era dia do indentor (dia 4 de Novembro), a gente tava ensaiando, e aí o Victor fez um batida, o Klaus colocou esse baixo e o Rodrigo inventou essa linha, “O Inventor”.
“Trip-Charme” é nome dado pelo Daniel Groove, é a terceira música do disco a trazer um texto (dessa vez escrito por mim e a Natércia). É o texto que meio que deu a ideia de que algumas músicas podiam trazer algumas palavras. Um post-baião-trip-charme na noite de folgança e de paz.
“Esmeralda”, eu brinco sempre dizendo que ela é a indie dos lábios de mel. Esmeralda que em hindu significa pedra verde. Jóia rara da cor do mar do Ceará, ponte metálica, lido manso do espigão uns gostam de nadar, mergulho de tainha, pegar jacaré, ou apenas ir ao calçadão da PI (Praia de Iracema) para caminhar. Um pouco da vida de viajante, um pouco de histórias para contar. O Mocumentário é como um mapa, um labirinto de contos, músicas que se bifurcam, tudo o que nos leva. O Mocumentário é o nome do novo disco do Fóssil.
Muito Obrigado!
de Sinewave
Formação:
Eric Barbosa - guitarra
Klaus Sena - baixoRodrigo Colares - teclado
Victor Bluhm - bateria
Vitor Colares - guitarra
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