Por Lucas Vieira
publicado em The Lucas's Discopédia
O primeiro disco do ex-Replicantes não poderia ter um título melhor. Com um som cru e um vocal rasgante, o rockeiro gaúcho Wander Wildner fez realmente baladas sangrentas em seu estereotipado “Punk brega”. O rótulo deve relacionar-se ao seu som muito influenciado pelo punk e suas letras com temáticas melancólicas, além do uso de alguns elementos, como cordas, que os mais fanáticos devem condenar. Ao longo do disco, Wildner além de cantar em português, flerta com o espanhol, que se faz presente ao longo da sua carreira. Isso já pode ser notado no início do disco, com “Ustê”, o punk violento que traz o título com a versão “portunhol” da palavra “usted” – “senhor” em espanhol. A segunda faixa, é uma balada muito interessante, com um ar meio triste e que depois de três anos do lançamento do disco, veio a ficar famosa na regravação do grupo Ira!. “Bebendo Vinho” é regida por um violão seguido de um arranjo de cordas ao fundo. Wander grava no disco uma tradução de Marcelo Moreira para a animada “Lonely Boy”, dos Sex Pistols, que ficou muito fiel à original lançada no disco The Great Rock N’ Roll Swindle – que diga-se de passagem, é um título que faz jus a banda. As letras de “Empregada” e “Freira Desalmada” são bem sacanas. A primeira é da turma da Graforréia Xilarmônica e a segunda é do Wander, com timbres que lembram bastante os anos 80. O clássico extraordinário “Eu Tenho Uma Camiseta Escrita Eu Te Amo”, vem na sexta faixa, com timbres médios, som pesado e a letra sobre um rapaz e seu amor platônico. Em uma das passagens da música aparece uma linha de cordas, dando um clima mais calmo à musica. Em seguida, o clássico “Lugar do Caralho”, do seu conterrâneo Júpiter Maçã, recebe um arranjo eliminando seu caráter psicodélico e assumindo uma característica mais beat. “La Playa” é mais um punk descompromissado, com a letra no estilo dos Ramones e a segunda aparição do espanhol no disco. Seguindo em espanhol, “Burgues” é uma crítica irônica e de som pesado ao capitalismo – de praxe, se tratando de punk. Pagando de “macho mauzão”, Wander aparece com “Maverickão”, de Zicco Cardoso, uma canção bem agitada, falando sobre o amor a um carro Maverick. Referência aos beatniks aparece em “On The Road”, canção que tem o mesmo título do livro do escritor Jack Kerouac, expoente do estilo literário. A letra lembra a temática dos beats, de estar sempre pronto para partir, com a mochila à mãos e coisas assim. A sonoridade pesada fica por conta da guitarra rápida e distorcida, o baixo com som bem estalado e a marcação da bateria no prato de condução. Por último, “Ganas de Vivir”, traz outra vez o espanhol, com um som bem latino e apenas o violão e um slide. Baladas Sangrentas não é nenhum disco clássico, vanguardista ou genial, mas ele é um ótimo álbum, com um punk rock escrachado e é a pura expressão do rock gaúcho na mão de um de seus grandes criadores.
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