Por Izadora Pimenta
Do rock cru vindo da Bahia com Nem Sempre Tão Normal, de 2009, a Vivendo do Ócio se mostra em maior liberdade criativa em seu segundo álbum, O Pensamento É Um Imã, que tem lançamento oficial pelo selo Vigilante, da Deckdisc.
Produzido por Rafael Ramos e Chuck Hipólitho e mixado em Los Angeles por “Big Bass” Gardner(Queens Of The Stone Age, Foo Fighters), o álbum segue um novo ideal de se arriscar mais. Os baianos deram abertura para se reinventar em alguns momentos, porém, em outros, se mantêm numa zona de conforto repleta dos mesmos refrões e recados rápidos do primeiro trabalho. Levando em conta o pacote completo, é possível visualizar uma balança quase equilibrada, mas que já nos mostra o lado para qual vai pender dali em diante: o Vivendo do Ócio quer assumir a sua própria identidade.
Os fãs mais antigos irão se identificar logo na primeira faixa, Bomba Relógio, que tem início com um riff bastante convidativo que dita as intenções já disseminadas pela banda. Mas quem pretende ver uma evolução significativa dos baianos, é bom pular logo para a quarta, Nostalgia, que junto às faixas seguintes, Dois Mundos e Radioatividade, trazem o recheio mais criativo e charmoso do álbum.
Nostalgia traz a participação discreta do Agridoce - Pitty nos vocais e Martin na guitarra – e nada mais é do que um ode à saudade da terra natal, com a letra escancaradamente autobiográfica casando de maneira delicada com as guitarras impecáveis. Última faixa a entrar no disco, de maneira não planejada, acabou se mostrando como o primeiro sinal claro da transformação à qual a banda se propõe, já que abre todo um espaço para ela mostrar toda a sua versatilidade com ousadia e classe.
Este mesmo caminho é seguido em Dois Mundos, uma faixa que remete bastante ao Skank deMaquinarama (2000) – não por acaso, álbum que marca também uma transição na carreira dos mineiros.Dois Mundos é – quem diria – a faixa mais pop da Vivendo do Ócio até então. Radiofônica ao extremo, acompanha o clima saudosista de Nostalgia em sua melodia. Para fechar esse ciclo, Radioatividade vai levando o ouvinte de volta para o som costumeiro da banda, mas flerta com as mesmas influências das anteriores.
Depois, a tal versatilidade só é encontrada na nona faixa, O Mais Clichê. Com a participação de Dadi, doNovos Baianos, surpreende ao trazer um quê de Alceu Valença ao disco, mas parece deslocada dentre duas faixas bastante roqueiras.
Para os que procuram ver a banda aprimorando o trabalho de Nem Sempre Tão Normal, a penúltima faixa,Preciso Me Recuperar, soa como uma releitura do trabalho, melhor trabalhada do que o original. O Mundo É Um Parque, que a antecede, também segue a mesma linhagem, mostrando que a banda aprendeu a domar melhor as suas inspirações na hora de transformá-las em canções.
Com O Pensamento É Um Imã, o Vivendo do Ócio tem um bom material para explorar o caminho já aberto ao longo dos três anos em atividade no espaço da música nacional, e também para aproveitar a carência atual de boas novas bandas de rock que estejam prontas para atingir os ouvidos de todo o público consumidor. Com os singles e as amostras certas, potencial não falta.
Formação em O Pensamento É Um Imã:
Jajá Cardoso – vocal e guitarra
Luca Bori – baixo e vozDavide Bori – guitarra
Dieguito Reis – bateria
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