Direção é de Walter Carvalho (o mesmo de “Cazuza”) e Eduardo Mocarzel
Publicado em dezembro 28, 2011
O filme “Raul – O Início, o Fim e o Meio” tem o lançamento previsto para março de 2012, em circuito nacional. Dirigido por Walter Carvalho (o mesmo de “Cazuza”) e Eduardo Mocarzel, o filme reúne as cinco ex-mulheres e três filhas de Raul Seixas, cujo relacionamento não é dos melhores. Há também a participação de Paulo Coelho, que fala da difícil, porém frutífera parceria com Raul, que rendeu clássicos como “Gitã”, “Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás” e “Sociedade Alternativa”.
Agridoce é o projeto paralelo da cantora Pitty com o guitarrista de sua banda Martin. O duo soa como um contraponto a sonoridade da banda principal, onde as músicas em geral são mais pesadas, fazendo o que foi denominado pela própria cantora como "fofolk", uma música folk mais suave e fofinha, mas com alguns momentos mais melancólicos e agressivos.
Para a gravação do álbum a dupla alugou uma casa na Serra da Cantareira em São Paulo, onde fizeram uma espécie de retiro musical com foco na gravação das músicas, levando para lá todos os instrumentos que seriam usados nas gravações e todo o equipamento necessário para a gravação do álbum.
"Embrace The Devil" abre o disco de maneira suave com o som do ambiente que envolvia a casa/estúdio e uma agradável levada feita pelo violão. Apesar do nome em inglês toda a faixa é cantada em português, tendo somente uma pequena frase em inglês que dá nome a música. "Dançando" foi a primeira música lançada pela dupla e é de uma beleza gigantesca com seu arranjo quase minimalista, tudo muito simples e eficiente, onde fica clara que a base das músicas do duo é formada por Pitty no piano e vocal e Martin nos violões e vocais.
"Romeu" é a faixa mais melancólica do disco apresentando um arranjo com efeitos nas vozes, piano e bateria. Pitty mostra toda sua qualidade vocal neste trabalho com performances muito coesas com o equilíbrio ideal entre técnica e musicalidade. Em "20 Passos", Pitty cede os vocais ao guitarrista Martin com sua bela voz de timbre suave e agradável, combinando muito bem com a sonoridade desta música e deixando o ouvinte com vontade de ouvir repetidamente a faixa.
Assim como a faixa de abertura do álbum, "Upside Down" é cantada em sua maior parte em português, essa é a única música do disco onde os membros da dupla dialogam efetivamente, dividindo as estrofes em uma frase para cada um, como se contassem histórias paralelas e cantando juntos o refrão em inglês. "130 Anos" foi gravada ao ar livre, contando com o som do ambiente externo que dá a música uma sonoridade intimista de gravação caseira.
Com este disco o Agridoce começou sua carreira com pé direito, apresentando ótimas músicas em um álbum equilibrado, que apesar de ter muitas músicas calmas não chega nem perto de ser chato. Infelizmente vamos ter que esperar um bom tempo pela continuidade deste projeto pois querendo ou não, a banda principal do duo exige mais.
Entre minhas "andanças" pela internet achei esse artigo publicado em 27/05/2009 na Gazeta do Povo muito interessante.
* Luiz Claudio de Oliveira
A poeta e compositora paranaense Etel Frota foi surpreendida pelo poder da internet. Ela publica no site MySpace algumas de suas canções e um belo dia recebeu uma mensagem de um músico sueco propondo que passasse a escrever letras para a banda A Bossa Elétrica, um grupo de suecos que tocam latin jazz com muita influência brasileira. Convite aceito, como a compositora não fala sueco, faz-se um complexo esforço para a criação de letras em português para um grupo sueco, com a intermediação do inglês.Um verso não define uma pessoa. Um livro inteiro de poesias também não.
Toda uma obra pode chegar perto. Mas, para falar da poeta e letrista Etel Frota, vou usar alguns versos, escritos por ela: "a canção é/ meu pecado/ minha dor e redenção/ meu brinquedo, meu reisado/ o meu bocado de/ pão". Este é um trecho da canção "Sete Trovas, parceria de Etel com Rubens Nogueira e Consuelo de Paula, gravado por Ana Cascardo no disco "Esta noite vai ter sol" (e você pode escultar na internet aqui).
Poeta temporã, antes Etel foi médica por 18 anos, até que, como ela própria descreve, a profissão deu sinais de inanição. Trocou o estetoscópio por escritos que auscultam a alma. Transformou-se, publicou-se e musicou-se. Hoje é letrista de inúmeras parcerias. Já assinou letras para músicas de muita gente boa, entre os quais o recentemente falecido Zé Rodrix. Veja a lista atual de parceiros, por ordem alfabética, já que o número só cresce: Alexandre Lemos, Álvaro Ramos, Angel Roman, Ceumar, Claudio Menandro, Consuelo de Paula, Cris Lemos, Davi Sartori, Emerson Mardhine, Érico Baymma, Felipe Cerquize, Felipe Cordeiro, Felipe Radiccetti, Gerson Bientinez, Guilherme Rondon, Indioney Rodrigues, Iso Fischer, Kim Ribeiro, Liane Guariente, Lucina, Luhli, Luis Felipe Gama, Luís Otávio Almeida, Lydio Roberto, Milton Karam, Oswaldo Rios, Ozias Stafuzza, Rafael Altério, Raymundo Rollim, Renato Lucce, Rogério Gulim, Rosi Greca, Rubens Nogueira, Sérgio Santos, Sonekka, Tato Fischer, Tavito, Zé Gramani, Zé Rodrix.
Agora, inicia a parceria internacional, um processo sobre o qual ela mesma descreve:
"Esse pessoal só canta em português. O engraçado é que eles não dominam o idioma, então está funcionando assim: eles me mandam a melodia, eu escrevo a letra em português, gravo essa letra, falando pausadamente, na divisão da melodia, pra eles entenderem a acentuação e mando pra eles com um 'meaning' em inglês." É isso e mais um turbilhão de e-mails para tirar dúvidas de ambas as partes.
Mas qual o segredo para ser uma tão requisitada letrista? "O jeito que mais gosto de escrever letra é assim, como estou fazendo com os suecos, a partir de uma melodia que já existe. É desafiador e altamente gratificante ir encontrando as sílabas que melhor se entendem com as notinhas, as palavras que cabem no desenho da melodia, os sentimentos que melhor se encaixam nas nuances da harmonia. É uma viagem! Uma outra modalidade tem sido escrever um poema que alguém escolhe pra musicar. Escrever uma "letra" assim, pra ser letra mesmo, já aconteceu - muitas vezes - mas não é o meu modus operandi predileto."
Para finalizar, novos versos de Etel:
Sete Trovas
(Rubens Nogueira - Consuelo de Paula - Etel Frota)
a canção é meu pecado minha dor e redenção meu brinquedo, meu reisado o meu bocado de pão
a canção é meu estado minha sina, distração meu folguedo, meu congado meu cajado, profissão
uma sorte, um presente estandarte, talismã minha comissão de frente uma filha temporã
um rebento, um trovão o estrondo da maré água benta, devoção luz pagã, auto de fé
uma fonte, o santo forte a função o meu papel rosa dos ventos, meu norte coração vertendo mel
a canção é meu bailado meu sinal e meu bastão fandango, sapateado o final, a expressão
a canção é meu sossego meu destino, solidão minha paz, meu desapego minha dona, meu perdão
Onde os anjos não ousam pisar
(zé rodrix / etel frota - gravado por Nasi)
Equilibrista na beirada do abismo Quem sabe caia ou talvez vá voar Noite cerrada, ferro, fogo, batismo Anjo nenhum vai conseguir me escorar _vai com açucar, ou prefere adoçante? (anjo da guarda se recusa a provar)
Nada a perder Nada a ganhar Enlouquecer Ou delirar E eu ainda insisto em andar Onde os anjos não ousam pisar
Na matinê morro de tiro ou de tédio Se deus morreu, quem é que vai me enterrar? Prefiro o brilho do meu próprio remédio Anjo da guarda não se arrisca a provar _a camisinha você trouxe, meu bem? _deixa, meu anjo, que eu não vou gozar
Nada a perder...
Alma vazia, vendi todos os móveis Levei na troca pó de pirlimpimpim Luz na neblina, solidão, automóveis Molhado asfalto das esquinas de mim
Abandonado por meu próprio destino Buscando um rumo pra seguir sem pensar Dentro do peito agonizando um menino Que se perdeu porque não soube chorar Se não tem cura eu toco um tango argentino Olhando o anjo que não sabe dançar
Nada a perder...
Onde eu ando sem ter que pensar Nenhum anjo consegue voar
Essa semana o blog conseguiu alcançar a média de 40 acesso diários. Desde de setembro estávamos beirando essa marca mas no mês de novembro as postagens foram escassas e a média chegou a cair para perto de 20 acessos, coisa que não ocorria desde o fim de agosto.
Algumas postagens certeiras fizeram essa média subir e a expectativa e alcançar a média de 50 acessos antes do fim de janeiro já que comecei a "acertar" em alguns posts. Os posts do Marcelo Nova, do Lobão, do Carro Bomba e do Autoramas estão tendo uma boa procura mas foram aqueles "acertos" esperados. Os post do Anjo Gabriel e do Celso Blues Boy foram gratas surpresas já que ambos não tem a exposição fácil na mídia atual.
O Anjo Gabriel é bem conceito no cenário underground e o número de acessos que conseguiu para o blog mostra sua crescente força, estando desde sempre entre os TOP em acessos semanais e sendo o post com maior acesso histórico do blog. Já o post do Celso Blues Boy mostrou-se uma grata surpresa pois eu não tinha noção da tamanha legião de fãs que ele tem. É um post que já ultrapassou 280 acessos e continua a ter uma quantidade de acessos diários muito boa.
Algumas postagem surpreenderam por serem de figuras completamente ignoradas pela mídia tradicional e muito pouca, ou quase nenhuma, exposição em mídias alternativas como são os casos do Jefferson Gonçalves e do Tésis Ársis. Isso só mostra que há muito espaço a ser explorado e o público quer sim boa cultura "dentro de casa".
Bem, o real motivo dessa postagem é tentar aproximar o blog do seu público e explico o porque: Quando criei o blog a ideia era além de sugerir artistas nacionais, colocar minhas opiniões sobre seus trabalhos. Logo aprendi que escrever não é algo fácil e pior, que isso requer um bom tempo, coisa que ultimamente não tenho disponível. Como resultado acabo por "chupinhar" muita coisa de outros blog ou sites para ao menos fazer o blog andar e apesar disso as coisas vem dando certo. Mas mesmo assim a muito material e ser postado e a dificuldade em postar está cada vez maior então essa aproximação é para conseguir sugestões para postagens e se possível conseguir parceiros que se identifiquem com o blog que gostariam de contribuir fazendo suas próprias postagens.
Essa ideia de ter novos parceiros me parece muito boa visto que o Brasil é muito extenso e as cenas locais quase sempre não ganham o destaque merecido. Tendo fazer um trabalho bem eclético no que diz respeito a localidade dos artistas que posto mas ainda assim sei que tem muito gente boa que sequer conheço e merece destaque.
Então é isso aí, mandem sugestões ou pedidos para a gente, e ainda se quiser ser um parceiro entre em contato pelo e-mail portrasdavitrola@hotmail.com.
“Universo Inverso” é um álbum suave, elegante, para ser ouvido com atenção e com a mente aberta. Profundo conhecedor de música, Kiko Loureiro se diferencia dos milhares de guitarristas na ativa por saber abordar diversos estilos sem cair no clichê e ganha ainda mais prestígio ao conseguir equilibrar técnica e ‘feeling’ com tamanha destreza.
Vale lembrar que a gravação de “Universo Inverso” foi ao vivo, ou seja, com os músicos tocando ao mesmo tempo, o que garante o clima de improviso e natural de cada música. Um ótimo trabalho, que deve impressionar principalmente os gringos e consolidar o nome de Kiko Loureiro no Brasi e no exterior.
Segundo informações do braço brasileiro da ONErpm, empresa especializada em música digital, o lançamento da iTunes Store no Brasil representou um grande crescimento no comércio de música digital no país. A loja da Apple responde agora por 55% do mercado digital, dentro do catálogo da distribuidora.
“Como a maioria de nosso catálogo [em território nacional] é brasileiro, isso indica que o mercado de downloads e música digital está amadurecendo e o consumidor está disposto a comprar”, disse Emmanuel Zunz, CEO da ONErpm, no blog oficial da distribuidora.
Dentro do catálogo da ONErpm no iTunes, há nomes populares como Chitãozinho & Xororó e Erasmo Carlos, mas também da cena independente, como Kassin, Karina Buhr e Autoramas, entre outros. Inaugurando com um catálogo de 20 milhões de títulos no Brasil, a Apple promete que a nossa versão da iTunes Store será bem completa, contando com acordos com as grandes gravadoras nacionais e selos independentes. Ivete Sangalo, Marisa Monte e a estreia digital do catálogo de Roberto Carlos estão entre os destaques citados pelo comunicado de lançamento divulgado pela empresa.
Descobri Libra faz algum tempo quando estava a vasculhar o youtube. O que me surpreendeu na época foi a qualidade na produção dos clipes e a temática, pouco explorada em canções em português. Informações sobre o Libra são escassas e tudo indica que o sujeito ao menos deu uma pausa na carreira. Achei uma entrevista dele para Rock Underground que disponibilizei abaixo:
RU – Como a banda LIBRA foi formada?
LIBRA – Na verdade, “Libra” não é uma banda (como muitos devem achar). Sei que parece confuso, mas “Libra”, na verdade, sou eu.
RU – Por que LIBRA? Algo a ver com o signo, ou tem outro significado.
LIBRA – O nome “Libra”, apesar de também ser meu signo astrológico, na verdade é uma homenagem à moeda do Reino Unido (de onde vieram praticamente todas as minhas influências). A Libra esterlina. Muita gente não sabe, mas, “libra” também é um verbo (“librar”), e significa “voar parado”, “pairar”, “estar suspenso no ar”. Gosto muito desse significado.
RU – Fale dos trabalhos lançados. Há algum trabalho (CD, demo, etc) lançado antes de Até Que A Morte Não Separe?
LIBRA – “Até Que A Morte Não Separe” é meu primeiro álbum. Em 1998 gravei uma DEMO em inglês chamada “Take Me Away”, mas nunca a mandei para nenhuma gravadora, selo ou sequer divulguei na internet.
RU – Fale então sobre Até Que A Morte Não Separe. Como conseguiu contrato com a Sony/BMG?
LIBRA – Depois de ter produzido e gravado o CD eu optei por tentar primeiro as grandes gravadoras (Sony/BMG, Warner, Universal, EMI) e, caso nenhuma se interessasse, eu partiria para outras alternativas. Para minha surpresa, fui contatado por algumas delas, mas a proposta da Sony foi infinitamente melhor (principalmente no que diz respeito à parte artística). Eles me deram liberdade total para dirigir e finalizar minha obra como eu sempre sonhei (gravação de cordas, masterização em Nova Iorque, concepção de capa e etc).
RU – Fale da cena de sua cidade (qual sua cidade, São Paulo mesmo)?
LIBRA – Moro, e sempre morei, no Rio de Janeiro e infelizmente “acho” que não há realmente uma “cena” de Dark Rock por aqui. Mas não posso dizer isso com certeza, pois passo a maior parte do tempo dentro da “minha torre” (rsrsrsrsrs). Não costumo sair muito.
RU – O Gothic Rock e Gothic Metal, bem como o Black Metal, são estilos cujas letras e músicas são misantrópicas por si só. Por isso, você faz tudo sozinho no LIBRA?
LIBRA – Como sou produtor, possuo meu próprio estúdio e toco guitarra, baixo, bateria e teclado, optei naturalmente por gravar tudo sozinho. Não foi uma questão de demonstração de habilidades pessoais, egoísmo ou egocentrismo. Só achei desnecessário chamar alguém para gravar uma linha de guitarra (por exemplo), que eu mesmo compus e que eu saberia executar perfeitamente. Quando eu comecei a gravar o CD, na verdade eu não sabia que estava realmente gravando. Eu estava apenas registrando minhas composições e quando menos esperava, percebi que já estava longe demais. E eu não limitei o CD àquilo que eu sabia executar, tanto que, conto com varias participações (o vocalista da banda inglesa My Dying Bride, Aaron Stainthorpe, a cantora Marya Bravo, um octeto de cordas e um coral de meninas).
RU – A banda toca ao vivo? Vocês têm músicos contratados para isso?
LIBRA – Tudo aquilo que criei e gravei para Até Que A Morte Não Separe foi feito por pura satisfação pessoal. Era simplesmente a válvula de escape para meus sentimentos, mas, quando o CD ficou pronto, percebi que havia um grande potencial e que se eu não tentasse lançar o CD e reunir uma banda para colocá-lo no palco, eu estaria perdendo uma grande oportunidade de dividir esses sentimentos com o “mundo exterior”. Acho que, onde houver alguém que se sinta triste, desamparado, só ou com medo, meu CD pode ser uma boa companhia. Quanto à banda, demorei dois anos para achar o que hoje chamo de minha “banda dos sonhos” (Daroz na guitarra, Fifi no baixo e Adal na bateria).
RU – Qual a influência de Carlos Trilha (que trabalhou nos CDs solo de Renato Russo) para a concepção de seu trabalho?
LIBRA – Na concepção artística em si, não houve realmente uma contribuição. Quando uni forças com o Trilha, o CD já estava praticamente pronto. Eu apenas “migrei” a produção para o estúdio dele, onde re-gravei as baterias, gravei as cordas e mixei (juntamente com ele) todo o CD. Mas não posso deixar de dizer que, sem ele, o CD não existiria. Aprendi muito durante todo o tempo em que a casa deAté Que A Morte Não Separe foi o Estúdio Órbita. E mais do que isso, o Trilha veio a se tornar um dos meus maiores amigos. E para a vida toda.
RU – Qual o púbico que você quer atingir, apenas o Gothic e Dark ou o de Metal, como Gothic Metal e Doom também?
LIBRA – Nunca fiz nada visando um público “alvo”. Acho preconceito (e até falta de visão) querer restringir uma “obra” à apenas um segmento. Depois que a obra é colocada para fora, ela deixa de pertencer ao artista. Só espero que minhas músicas façam algum “sentido” para aqueles que tiverem acesso a elas. Que percebam que é um espelho da minha alma, e não um “produto”.
RU – Por que cantar em português?
LIBRA – Morei na Inglaterra e sempre compus e cantei em inglês, mas, por motivos pessoais e sentimentais, decidi que não poderia ficar longe daqui, mesmo sabendo que, “lá fora”, os artistas são muito mais respeitados e reconhecidos do que no Brasil. Então, como decidi ficar por aqui, resolvi me comprometer a “encarar” nossa difícil e traiçoeira língua. Pessoalmente, não gosto da idéia de morar num país e me comunicar artisticamente em outra língua. Se é para ficar por aqui, quero que todas as pessoas entendam as coisas que eu digo.
RU – O fato de cantar em português, de alguma maneira te influenciou o que outras bandas já fizeram antes, como o Rock Progressivo sombrio do Violeta de Outono, o Gothic Heavy Dooom dos cariocas do Imago Mortis ou ainda o Dark anos 80 do Zero, ou até o próprio Renato Russo que sempre teve letras sombrias e ainda qualquer banda dos anos 80 do Rock Nacional?
LIBRA – Na verdade (e infelizmente), nunca me interessei por praticamente nada em português (talvez alguma coisa bem remota e mais sombria de Legião Urbana). Mas respeito muitos artistas brasileiros.
RU – Musicalmente, há muito em sua música do Doom Metal inglês como My Dying Bride, Anathema, Paradise Lost entre outros. Quais as influências reais de Doom europeu em sua música.
LIBRA – Minhas maiores influências nesse “segmento” (que por acaso é meu maior “berço” artístico), são Paradise Lost, My Dying Bride, Type O Negative, Anathema, The Gathering... Outras grandes influências que marcaram minha história são Carcass, Death, A-Ha, Depeche Mode, David Bowie, Frank Sinatra, Johnny Cash...
RU – Fale sobre planos no futuro.
LIBRA – Meus planos são, naturalmente, colocar Até Que A Morte Não Separe na estrada e dar continuidade à minha obra lançando meu “Segundo Ato”.
RU – O final é seu!
LIBRA – A todos aqueles que puderem ouvir meu CD:
Espero, do fundo do meu coração, que todo o trabalho e dedicação que depositei em Até Que A Morte Não Separe, possa servir como trilha sonora para sua história. Que sirva como acalanto em uma noite de insônia e principalmente, sirva para mostrar para todos aqueles que se sentem solitários no meio de uma multidão, que vocês não estão sozinhos. Saudações, Libra.
Um dos projetos de mais interessantes que já tive notícia. O sexto álbum da banda foi financiado pelos seus próprios fãs. A idéia foi dar recompensas para cada X valor doado para banda poder gravar o disco.
Esse tipo de projeto poder ser realizado por qualquer artista de modo simples usando o site Embolacha. Sugiro clicar nesselinke conhecer essa espetacular iniciativa.
No vídeo abaixo, os Autoramas explicam como funcionou esse projeto. Mais abaixo vai um reportagem publicada em 27/10/11 no O Globo sobre o lançamento de Música Crocante.
*Michele Miranda
Gabriel Thomaz costuma dizer que toda a trajetória do Autoramas, que nasceu em 1997, é inusitada e esquisita. O processo de produção do sexto disco da banda, “Música crocante” – com 13 faixas -, comprova essa teoria.
- Nossa carreira sempre foi baseada em esquisitices. É tudo fora do padrão, então não é estranho que tenhamos gravado um disco nessas condições. Nossa história não é comum. Não lançamos um disco por uma grande gravadora e estouramos nas rádios. Inauguramos o estilo de vida independente. Todo mundo achava que éramos loucos por tentar viver de música sem nenhuma garantia – diz o vocalista e guitarrista de uma das maiores bandas do cenário independente do Brasil, em entrevista ao GLOBO.
Ao falar em “condições” Thomaz se refere ao projeto de “crowdfunding” (uma iniciativa de financiamento colaborativa) que o grupo criou na internet para captar verba e lançar o novo disco. Em 45 dias, eles conseguiram arrecadar R$ 14.562,03, graças a 149 patrocinadores que, ao investir uma quantia de dinheiro, ganharam determinados prêmios. As recompensas vão desde o download antecipado das canções a R$ 20 até a possibilidade de quem estivesse disposto a pagar R$ 10 mil ser creditado como patrocinador da banda no disco e em shows.
- Estávamos com vontade de lançar um CD novo e tivemos a ideia do crownfunding. Nos minutos finais, a banda Pink Big Balls comprou o show particular, que custava R$ 3 mil e conseguimos atingir a meta. Acho que vamos fazer um show com eles em algum evento – conta o baterista Bacalhau.
E as situações fora do comum não param por aí. Quem imaginaria que uma banda alternativa e independente de surf music-rockabilly-punk-garage teria a participação de Jô Soares na gravação do disco? É isso mesmo. O apresentador participa da faixa “Verdade absoluta”.
- Precisávamos de alguém para tocar bongô e pensamos no Jô Soares. Mandamos um e-mail e ele disse que topava. Mas foi tudo pela internet; ele pediu a mídia da música e mandou a gravação de volta. O problema é que a gente não tem certeza de que realmente foi ele que gravou – diverte-se a baixista Flávia Couri.
Mas será que um CD feito com verba limitada ao custeio de fãs pode ser moldado do jeito que a banda sempre sonhou? – O sexto disco é o melhor que já lançamos. As músicas estão em um nível de inspiração que me deixa orgulhoso. Estamos voltando ao estilo Autoramas. Depois de ter feito acústico, retomamos ao nosso som clássico, dançante, elétrico, que traz baixo com distorção e as letras temáticas. Os fãs já conseguem identificar nosso som e isso significa muito para nós – diz Thomaz.
- Ficou exatamente como queríamos. Se tivéssemos uma verba ilimitada, por exemplo, faríamos tudo igualzinho, mas acrescentaríamos um lançamento mundial – brinca Bacalhau. – Sempre produzimos nossos trabalhos de maneira independente. Desta vez, fizemos uma parceria com a gravadora Coqueiro Verde para trabalharmos a distribuição e logística, complementa.
A distribuição das recompensas
As recompensas estão sendo distribuidas aos poucos pelos integrantes das bandas. Um dos prêmios mais caros e de maior valor afetivo era a guitarra usada por Gabriel Thomaz em shows, gravações e aparições na mídia ao longo da existência do grupo, e custaria R$ 5 mil. Mas, apesar de ser uma quantia significativa e que ajudaria muito a banda, o vocalista se sente aliviado com a falta de compradores.
- Fiquei feliz de ninguém ter comprado a minha guitarra; dessa eu me safei. Eu tive a ideia de colocá-la à venda, mas na hora que o site entrou no ar, eu entrei em desespero. Tentei fazer uma tramoia para o pessoal do site fingir que já estava comprada, mas eles não me deixaram fazer essa falcatrua – relata Thomaz, aos risos. O sexto disco é o melhor que já lançamos. As músicas estão em um nível de inspiração que me deixa orgulhoso, diz Gabriel Thomaz
Um dos prêmios mais importantes para os colecionadores de boa música custava R$ 500. Além de receber o novo disco do Autoramas, o felizardo ainda vai ganhar dez vinis da coleção dos três integrantes.
- Não vamos dar o óbvio, tipo Beatles. Escolhi o “Femmes in the garage”, que é um disco de rock francês dos anos 1960. Bacalhau vai dar um do Roberto Carlos e Gabriel escolheu um do The Venture. Mas ainda não decidimos todos – diz Flávia. Para Flávia, aliás, o sexto disco teve um gosto – crocante – especial.
- Esse foi meu primeiro disco de estúdio com Autoramas e é a primeira vez que coloquei músicas de minha autoria. Então esse trabalho é ainda mais especial para mim.
E para finalizar a entrevista com o Autoramas, a pergunta que não queria calar: Por que o disco foi batizado de “Música crocante”? – O nome é bom, não é? Foi engraçado que a gente começou a usar essa palavra para tudo. E também vínhamos ouvindo muito, em diferentes circunstâncias. Percebemos que quando uma coisa soava bem, ou era legal, poderia ser chamada de… Crocante! Mas não tem uma explicação lógica. É tipo como o nome Autoramas nasceu – diz Thomaz.
Quando a imprensa divulgou, anos atrás, que o jornalista Nelson Motta iria se encarregar de contar em livro a vida de Tim Maia, não tive dúvidas de que seria uma ótima biografia. Quando Nelson deixa de lado sua faceta de romancista para fazer o que realmente sabe - jornalismo musical -, o leitor sempre sai ganhando em termos de informação e entretenimento. Depois de acertar a mão em "Noites Tropicais" (2000), Nelson se superou com o recente "Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia", que ganhou as ruas sob a tutela da editora Objetiva.
Seja ainda como compositor ou produtor de eventos inesquecíveis, Nelson Motta sempre foi um cara qualificado para tratar de música. Como escritor, sabe solar e arranjar, tendo um estilo muito envolvente de narrativa e a mente sempre aberta, sem nutrir preconceitos contra o pop. Nelson foi ainda por cima amigo de Tim Maia, com quem trabalhou e curtiu muitos baratos e dores de cabeça.
O porte do biografado já era um dado que contava a favor do jornalista, pois Sebastião Rodrigues Maia, o líder máximo da legendária banda Vitória Régia, foi um artista personalíssimo no contexto da música brasileira: em português mais claro, um senhor figuraça. Descobridor dos sete mares, Tim cruzou o baião e o samba com gêneros antes incompatíveis como o soul e o funk norte-americanos, fazendo impor sua moral com aquele vozeirão abençoado com que cavava seu lugar no mundo.
Como um dos integrantes da turma do Bar Divino, na Tijuca, Rio de Janeiro, de onde saíram os reis da Jovem Guarda Roberto & Erasmo Carlos, além do seminal Jorge Ben (dentre outros), Tim sempre fôra um intérprete poderosíssimo. Habilidoso como compositor, freqüentou as paradas de sucesso durante quase toda a sua carreira, seja cantando baladas de amor ou soltando seus rojões de baile, sucessos absolutos como "Sossego", "Do Leme ao Pontal", "A Festa do Santo Reis" ou "Rodésia".
Nelson Motta acompanhou de perto a explosão de Tim Maia como cantor e também como encrenqueiro sindicalizado (seu mais corriqueiro delito era não comparecer a shows para os quais fôra contratado). Dos primeiros furtos inocentes na Tijuca à passagem pelas prisões nos Estados Unidos (onde Tim viu a cena black florescendo em plenos 60), o jornalista descreve a turbulenta saga do "síndico" com humor providencial, revelando momentos incríveis da vida de Tim, como de sua adesão à seita da Cultura Racional, com quem se meteu em 1975 e, inspirado, criou uma de suas obras-primas, o álbum duplo Tim Maia Racional, que foi relançado há pouco pela gravadora Trama.
A biografia relata também sobre o curioso movimento Black Rio, que existiu na cidade do samba nos anos 70 e reunia nomes que íam de Cassiano a Carlos Dafé, passando por Hyldon, pela Banda Black Rio, Os Diagonais e etc. Uma cena que ainda precisa ser abordada em livro exclusivo, tal a riqueza dos fatos musicais de então.
A leitura deste novo livro de Nelson Motta foi quase que ininterrupta, num deleite total para mim, o "espectador" na Alemanha. Devoram-se as 389 páginas da biografia com a mesma sanha com que Tim abria a geladeira para fazer seus lanchinhos épicos e sarar suas laricas. É um livro muito engraçado.
"Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia" foi um presente e tanto que minha amiga Bete Köninger trouxe do Brasil, no meio de sua bagagem de máscaras de mergulhadora, tubos de oxigênio e pés-de-pato. Bete, sim, é que conhece o Azul da Cor do Mar.
Estava pensando em escrever algo sobre esse álbum mas como meu tempo quase sempre é curto e decidi procurar algum artigo já publicado e colocá-lo aqui. Depois de uma breve pesquisa me deparei com um este sobre o Bolshoi Pub que achei interessante e de relevância visto o nome do álbum, que disponibilizo abaixo:
Por Pablo Kossa
Nesse sábado (18/8), é dia de tirar do fundo de sua alma o mais lendário grito de guerra da música brasileira. Quando o relógio der as doze badaladas que anunciam que o sabadão deixou de ser sábado e virou domingo, ele, (o mito, o homem, o cara), Marcelo Nova, vai subir ao palco do Bolshoi Pub e soltar seu brado. Quando Goiânia ouvir o primeiro “Bota pra fudê!” é a senha de que nas próximas horas o rock vai rolar. E vai rolar direto.
Ex-vocalista do Camisa de Vênus, ex- companheiro de Raul Seixas no disco A Panela do Diabo e em uma turnê de 50 shows pelo Brasil, considerado a encarnação do rock no País, Nova retorna a Goiânia para lançar o DVD e CD Ao Vivo no Bolshoi, gravados em cima do palco do pub goianiense. O evento faz parte das comemorações dos sete anos de aniversário daquela que é considerada por muitos a melhor casa de shows da cidade (do Brasil?), o Bolshoi Pub.
História
O proprietário do Bolshoi, Rodrigo Carrilho, 43, não é um novato quando o assunto é noite em Goiânia. Ele já foi proprietário do lendário Suíte – casa especializada em rock mas, veja você, pioneira na inserção da música eletrônica na cidade – e do Bistrô. Após essa experiência de trabalhar na balada e amargar alguns prejuízos, Carrilho fez de tudo: foi dono de academia, vendeu anúncio de revista, vendeu títulos de clube, vendeu muçarela, foi para os Estados Unidos trabalhar de pedreiro e voltou ao Brasil com uma grana no bolso. Com a poupança que conseguiu resguardar no período em que fazia reformas para gringos, Carrilho tinha a meta de abrir um restaurante que conciliasse boa gastronomia, música de qualidade e uma boa seleção de cervejas importadas. No dia 11 de agosto de 2004 as portas do Bolshoi eram abertas.
A ideia original da casa não contemplava shows. Carrilho diz que foi engolido pelo ao vivo e não podia negar a vocação da casa. "Comecei eu mesmo discotecando enquanto as pessoas estavam jantando. Tinha filas de fora, não tinha espaço para todos que queriam entrar. O primeiro show foi um tributo ao Cranberries, só com voz e violão. A partir daí, iniciei uma agenda esporádica de shows. Toda vez que tinha música ao vivo, o público lotava e pedia mais. Eu fui engolido pela música ao vivo", conta Rodrigo . Mas não foi engolido sem elegância, muito pelo contrário. Já que esse era o caminho a ser trilhado, que fosse com estilo! Carrilho investiu em equipamentos, reforma e acústica visando a excelência. Começou a trabalhar com bandas locais, da cena nacional, tributos aos grandes nomes do rock com bandas cover, uma atraçãozinha internacional aqui, outra acolá. Um dia foi colocado em cheque com um telefonema:
- Boa tarde! Sou produtor e estou fazendo a turnê do The Doors pelo Brasil. Uma data caiu e queremos fazer em Goiânia para preencher a agenda. Topa?
- Topo. Mas... quanto é?
Acertados os valores, a icônica banda dos anos 60 se apresentou no Bolshoi Pub – coisa que até hoje muita gente não acredita. Essa data é considerada o ponto de inflexão na trajetória da casa. Depois disso, vários nomes de deixar de boca aberta quem gosta de rock, blues e jazz pisaram naquele palco. Gente do naite de Johnny Winter, Udo, Focus, Stanley Jordan, Magic Slim e por aí vai. Atualmente, o Bolshoi é considerado uma referência quando o assunto é boa música ao vivo não só em Goiânia, mas em todo Brasil. O telefone de Carrilho toca o dia inteiro com propostas de shows. "O critério para tocar no Bolshoi é simples: tem que ser música boa. E eu vou muito pelo meu feeling para tentar acertar. Até agora, tem rolado", pontua.
Mas nem tudo são flores na vida noturna. A pergunta que urge é: qual o pior dia da história do Bolshoi? "Todo dia é difícil, sustentar esse sonho é difícil. Mas se for para escolher um dia, foi quando a Amma (Agência Municipal do Meio Ambiente) fechou a casa. Eles chegaram no meio da noite, o Bolshoi estava cheio e foi muito constrangedor. Fiquei dois meses em reforma depois disso e voltei atendendo tudo solicitado", desabafa. E como imaginar o Bolshoi daqui oito anos, no aniversário de 15 anos da casa? "Não consigo pensar com um prazo tão longo", rebate Rodrigo, mesmo tendo tatuado o Bolshoi em seu braço direito. "Tatuei por tudo que já passou, não pelo que espero do futuro. Se continuarmos atendendo bem as pessoas, trazendo bons shows para Goiânia e sendo uma referência nacional quando o assunto é música boa, o aniversário de 15 anos do Bolshoi será de muita alegria", comemora.
Depois disso, só uma coisa a dizer: vida longa ao Bolshoi Pub!