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Um dos projetos de mais interessantes que já tive notícia. O sexto álbum da banda foi financiado pelos seus próprios fãs. A idéia foi dar recompensas para cada X valor doado para banda poder gravar o disco.
Esse tipo de projeto poder ser realizado por qualquer artista de modo simples usando o site Embolacha. Sugiro clicar nesse link e conhecer essa espetacular iniciativa.
No vídeo abaixo, os Autoramas explicam como funcionou esse projeto. Mais abaixo vai um reportagem publicada em 27/10/11 no O Globo sobre o lançamento de Música Crocante.
Esse tipo de projeto poder ser realizado por qualquer artista de modo simples usando o site Embolacha. Sugiro clicar nesse link e conhecer essa espetacular iniciativa.
No vídeo abaixo, os Autoramas explicam como funcionou esse projeto. Mais abaixo vai um reportagem publicada em 27/10/11 no O Globo sobre o lançamento de Música Crocante.
*Michele Miranda
Gabriel Thomaz costuma dizer que toda a trajetória do Autoramas, que nasceu em 1997, é inusitada e esquisita. O processo de produção do sexto disco da banda, “Música crocante” – com 13 faixas -, comprova essa teoria.
- Nossa carreira sempre foi baseada em esquisitices. É tudo fora do padrão, então não é estranho que tenhamos gravado um disco nessas condições. Nossa história não é comum. Não lançamos um disco por uma grande gravadora e estouramos nas rádios. Inauguramos o estilo de vida independente. Todo mundo achava que éramos loucos por tentar viver de música sem nenhuma garantia – diz o vocalista e guitarrista de uma das maiores bandas do cenário independente do Brasil, em entrevista ao GLOBO.
Ao falar em “condições” Thomaz se refere ao projeto de “crowdfunding” (uma iniciativa de financiamento colaborativa) que o grupo criou na internet para captar verba e lançar o novo disco. Em 45 dias, eles conseguiram arrecadar R$ 14.562,03, graças a 149 patrocinadores que, ao investir uma quantia de dinheiro, ganharam determinados prêmios. As recompensas vão desde o download antecipado das canções a R$ 20 até a possibilidade de quem estivesse disposto a pagar R$ 10 mil ser creditado como patrocinador da banda no disco e em shows.
- Estávamos com vontade de lançar um CD novo e tivemos a ideia do crownfunding. Nos minutos finais, a banda Pink Big Balls comprou o show particular, que custava R$ 3 mil e conseguimos atingir a meta. Acho que vamos fazer um show com eles em algum evento – conta o baterista Bacalhau.
E as situações fora do comum não param por aí. Quem imaginaria que uma banda alternativa e independente de surf music-rockabilly-punk-garage teria a participação de Jô Soares na gravação do disco? É isso mesmo. O apresentador participa da faixa “Verdade absoluta”.
- Precisávamos de alguém para tocar bongô e pensamos no Jô Soares. Mandamos um e-mail e ele disse que topava. Mas foi tudo pela internet; ele pediu a mídia da música e mandou a gravação de volta. O problema é que a gente não tem certeza de que realmente foi ele que gravou – diverte-se a baixista Flávia Couri.
Mas será que um CD feito com verba limitada ao custeio de fãs pode ser moldado do jeito que a banda sempre sonhou? – O sexto disco é o melhor que já lançamos. As músicas estão em um nível de inspiração que me deixa orgulhoso. Estamos voltando ao estilo Autoramas. Depois de ter feito acústico, retomamos ao nosso som clássico, dançante, elétrico, que traz baixo com distorção e as letras temáticas. Os fãs já conseguem identificar nosso som e isso significa muito para nós – diz Thomaz.
- Ficou exatamente como queríamos. Se tivéssemos uma verba ilimitada, por exemplo, faríamos tudo igualzinho, mas acrescentaríamos um lançamento mundial – brinca Bacalhau. – Sempre produzimos nossos trabalhos de maneira independente. Desta vez, fizemos uma parceria com a gravadora Coqueiro Verde para trabalharmos a distribuição e logística, complementa.
A distribuição das recompensas
As recompensas estão sendo distribuidas aos poucos pelos integrantes das bandas. Um dos prêmios mais caros e de maior valor afetivo era a guitarra usada por Gabriel Thomaz em shows, gravações e aparições na mídia ao longo da existência do grupo, e custaria R$ 5 mil. Mas, apesar de ser uma quantia significativa e que ajudaria muito a banda, o vocalista se sente aliviado com a falta de compradores.
- Fiquei feliz de ninguém ter comprado a minha guitarra; dessa eu me safei. Eu tive a ideia de colocá-la à venda, mas na hora que o site entrou no ar, eu entrei em desespero. Tentei fazer uma tramoia para o pessoal do site fingir que já estava comprada, mas eles não me deixaram fazer essa falcatrua – relata Thomaz, aos risos. O sexto disco é o melhor que já lançamos. As músicas estão em um nível de inspiração que me deixa orgulhoso, diz Gabriel Thomaz
Um dos prêmios mais importantes para os colecionadores de boa música custava R$ 500. Além de receber o novo disco do Autoramas, o felizardo ainda vai ganhar dez vinis da coleção dos três integrantes.
- Não vamos dar o óbvio, tipo Beatles. Escolhi o “Femmes in the garage”, que é um disco de rock francês dos anos 1960. Bacalhau vai dar um do Roberto Carlos e Gabriel escolheu um do The Venture. Mas ainda não decidimos todos – diz Flávia. Para Flávia, aliás, o sexto disco teve um gosto – crocante – especial.
- Esse foi meu primeiro disco de estúdio com Autoramas e é a primeira vez que coloquei músicas de minha autoria. Então esse trabalho é ainda mais especial para mim.
E para finalizar a entrevista com o Autoramas, a pergunta que não queria calar: Por que o disco foi batizado de “Música crocante”? – O nome é bom, não é? Foi engraçado que a gente começou a usar essa palavra para tudo. E também vínhamos ouvindo muito, em diferentes circunstâncias. Percebemos que quando uma coisa soava bem, ou era legal, poderia ser chamada de… Crocante! Mas não tem uma explicação lógica. É tipo como o nome Autoramas nasceu – diz Thomaz.
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