domingo, 18 de março de 2012

Banda do Sol - Tempo [2010]

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Por Eliton Tomasi
Publicado em 12 de junho de 2011

A BANDA DO SOL foi formada no início da década de 80 por Moa Jr. (vocal/guitarra/violão), Fábio Fernandes (bateria) e Turco (baixo). As referencias musicais eram nomes como Beatles, Genesis, Yes, Supertramp, Ravi Shankar, Gentle Giant e Deep Purple. 

Depois de terem participado de duas coletâneas, a BANDA DO SOL lançou seu primeiro LP em 1982. O disco auto-intitulado foi gravado no renomado Estúdio Mosh em São Paulo. Auto-financiado, o LP chegou a ser prensado e comercializado – hoje é item raríssimo. 

À época, o trabalho independente – tão em voga nos dias de hoje – não era nada fácil e o grupo esbarrou em diversas dificuldades. Sem o suporte de uma grande gravadora, a BANDA DO SOL acabou sendo desativada. 

Fábio Fernandes foi estudar medicina. Turco se mudou para Londres onde vive ate hoje. Moacir Jr. lançou-se em carreira-solo e fez um relativo sucesso. Conheceu Guilherme Arantes e logo viraram parceiros. Também teve um relacionamento produtivo com Sá e Guarabyra, Renato Teixeira, Beto Guedes, Walter Franco e 14 Bis. 

Durante todo esse tempo, a BANDA DO SOL se reativava esporadicamente para ensaios e sessões de composição. O retorno definitivo só aconteceria com o lançamento de um novo álbum. Na nova formação, Moa Jr. no vocal, guitarra e violão; Fran Simi na guitarra; Cesinha Rodrigues no baixo; Fábio Fernandes na bateria e Allex Bessa nos teclados. 

Intitulado Tempo, o novo álbum da BANDA DO SOL foi lançado em 2010 e reúne composições inéditas de todas as fases da banda. 

O disco foi mixado na Califórnia nos EUA por ninguém menos que Billy Sherwood. Também conhecido por ter sido guitarrista do YES, Billy assina uma extensa discografia como produtor, incluindo discos de bandas como Motörhead, Toto, Ratt, Paul Rodgers e do próprio YES. 

Se não bastasse a assinatura de Billy Sherwood na mixagem, Tempo foi masterizado pelo lendário engenheiro de som norte-americano Joe Gastwirt. Profissional de primeiro escalão, Gastwirt já masterizou discos de Paul McCartney, Jimi Hendrix, Ramones, Pearl Jam, Santana, Grateful Dead, Neil Young, Lynyrd Skynyrd, Miles Davis, Michael Jackson, etc. 

O show de lançamento de Tempo foi um caso à parte. Em agosto de 2010 aconteceu em Sorocaba o evento Concerto Rock Sinfônico. Na ocasião, a BANDA DO SOL se juntou à Orquestra Sinfônica de Sorocaba e ao próprio Billy Sherwood para uma apresentação pra lá de especial. Mais de 7 mil pessoas prestigiaram o evento que, além das músicas da BANDA DO SOL, foi recheado de clássicos do YES, Toto, Yoso, Circa e Conspiracy. 

de Whiplash 



Conversamos com Moa Jr. e Fabio Fernandes para saber mais sobre “Tempo” e o relacionamento com Billy Sherwood, além de fatos de seu passado histórico e os conceitos metafísicos que permeiam todo o trabalho do grupo. 

Como está sendo a recepção de “Tempo” até o momento? 

Moa Jr. - O trabalho está sendo muito elogiado. Nos enche de alegria ler e escutar comentários de vários expoentes da música curtindo o nosso som e sentindo que ele é verdadeiro, feito com alma. 

Como foi gravar um novo disco depois de tantos anos desde o lançamento do primeiro LP em 1982? 

Moa Jr. - “Tempo” vem traduzir todo nosso esforço durante muitos anos de ensaios, arranjos, composições e dedicação. A energia que a Banda do Sol colocou em movimento em 1982 agora ganha vida longa. Está sendo um momento maravilhoso com a realização de mais esse projeto. 

Sabemos que a banda esteve ativa durante vários anos antes do lançamento de “Tempo”. Por que a banda não lançou nada durante esse período? 

Moa Jr. - Sempre tivemos a intenção de gravar nosso trabalho, mas os arranjos tomavam muito tempo, mudávamos muito de idéias e queríamos muitos detalhes, assim como o rock progressivo pede. Até chegamos a gravar algumas músicas aqui em São Paulo, mais não estávamos satisfeitos com o resultado. Faltava um ‘algo mais’! Parece mesmo que tudo tem seu “Tempo”, e a entrada do Billy Sherwood foi fundamental para realização do projeto. 

Em “Tempo” há músicas compostas ainda na primeira fase da banda, com a mesma formação que gravou o LP? 

Moa Jr. - Não, os únicos que são dessa formação somos eu e o Fabio. Do LP regravamos apenas uma música com arranjos diferentes, que é a “Sinal da Liberdade”. Nessa faixa contamos com a participação de alguns de nossos amigos músicos que gravaram sitar, tabla e harmonium. A música “Prana”, que também está no LP, foi gravada ao vivo em um show em Votorantin/SP e entrou no CD como faixa bônus. Mas ela também tem arranjo bem diferente da versão original. 

Falando nisso, como vocês comparariam o LP de 1982 e o CD “Tempo”? 

Moa Jr. - Em essência são iguais no caminho único que é a música. Mas tivemos dificuldades em 82 para realizar o LP, principalmente por não ter ficado com a fidelidade sonora que escutávamos no estúdio quando estávamos gravando. Depois de prensarmos o disco, o som não ficou o mesmo, tivemos uma decepção. Com “Tempo”, além de toda a tecnologia a favor, a mixagem e masterização foram feitas em Los Angeles por profissionais de altíssimo gabarito. Estamos muito satisfeitos com a qualidade. 

Podemos resumir que o som da Banda do Sol é estritamente rock progressivo? 

Moa Jr. - O rock progressivo nos dá muita margem para sonharmos com diferentes matizes de notas, timbres e ritmos. E é ai que se encaixa a Banda do Sol. Mas não posso afirmar que o som que fazemos seja estritamente progressivo. 

As letras poéticas da banda, em bom e velho português, diga-se de passagem, são uma opção musical ou mesmo mercadológica, ou são nada mais são do que reflexos de influencias vindas da música Brasileira, especialmente da MPB? 

Moa Jr. - Gostaria também de poder me expressar em inglês ou qualquer outra língua, mas o velho e bom português como você falou é que está mais próximo dos meus sentimentos. Então não tenho outra opção a não ser escrever e cantar em português. Não é uma questão que esteja ligada com outros segmentos musicais. 

Gostaria que vocês falassem mais a respeito das letras das músicas de “Tempo”. Nota-se que a banda é bastante influenciada pela filosofia oriental. Quais são suas influencias e referencias para escrever sobre tais temas? 

Moa Jr. - Minhas influências vêm das verdades que foram ditas e vivenciadas por sábios do mundo inteiro, em especial na Índia. Sempre gostei de ler e saber a respeito dos homens com realização espiritual. Uma grande fonte de inspiração é a vida e obra de Paramahansa Yogananda, descrita em seu famoso livro “Autobiografia de um Yogue”. 

Essa abordagem das letras tem como foco transmitir alguma mensagem ao ouvinte ou é apenas uma expressão pessoal? 

Moa Jr. - Sempre é muito gratificante poder repartir algo de bom que temos. Sinto-me bem quando faço alguém repensar sobre questões da alma. 

A segunda faixa, “Voar”, se não me engano, trata sobre Meditação. É isso mesmo? O interessante é que o instrumental por vezes expressa o conteúdo das letras, especialmente o solo final que se desenvolve como se fosse uma jornada cósmica. Há, de fato, uma preocupação nesse sentido? 

Moa Jr. - É isso mesmo, trata-se da Meditação. Tive o cuidado de escrever alguns versos que, para quem medita, fica bem evidente. A meditação é maravilhosa! Todos nós deveríamos praticar, é um dos tesouros que os antigos sábios do oriente nos deixaram. A parte instrumental final também foi composta com a intenção de ‘voar’. Muitas vezes, depois de toca-la no ensaio, tínhamos juntos a mesma sensação de estarmos numa estrada ou num avião viajando livres. 

A capa de “Tempo” é simples, porém bastante representativa com o símbolo do OM. O que o OM significa para a Banda do Sol e como a capa traduz o conteúdo do álbum e da proposta da banda? 

Moa Jr. - Esse é um símbolo milenar e seu som é o barulho do ‘Motor Cósmico’ que sustenta o Universo. É assim que eu o sinto. Na vibração do som de OM, para quem se sintonizar, certamente vai perceber que é o som de todos os sons juntos. Tivemos a mesma vontade de ter esse símbolo na capa para traduzir nossa proposta de união com todos os sons.



Como foi trabalhar com Billy Sherwood e qual a importância dele para a qualidade final de “Tempo”? 

Fabio Fernandes - Foi muito tranqüilo, pois sentíamos que a afinidade musical norteava a aproximação que estava ocorrendo. Quanto a qualidade, é indiscutível que foi a melhor possível para aquilo que pretendíamos. A experiência do Billy, seja como produtor ou engenheiro de som, fez a diferença. Além de ter mixado gravações de vários artistas do cenário do rock, ele mixou muito rock progressivo como o próprio Yes. Portanto, ao ouvirmos o CD, logo percebemos a sonoridade presente, clara e coerente com a nossa intenção. Ficamos muito felizes. 

Aliás, como surgiu o contato com ele? 

Fabio Fernandes - Foi muito interessante. Encontramos um recado dele no nosso Myspace elogiando o nosso trabalho e dizendo que um dia nos encontraríamos. Ficamos felizes e com a ajuda de nosso divulgador, Eliton Tomasi, passamos a trocar e-mails e amadurecemos o processo da participação e mixagem do Billy em “Tempo”. 

A masterização foi feita por Joe Gastwirt, renomado produtor que já trabalhou com os maiores nomes da música do mundo como Paul McCartney, Jimi Hendrix, Miles Davis, Carlos Santana, etc. De que forma a masterização de Joe Gastwirt fez diferença na produção final? 

Fabio Fernandes - A masterização é a qualidade do som como um todo, ou seja, como ele vai soar em termos de presença de graves, agudos, efeitos, etc. em vários tipos de reprodução sonora, sem perder as características e as impressões desejadas pela banda e pela mixagem. Ou seja, esse toque final de garantia do som foi dado por ele. 

O show de lançamento de “Tempo” foi um capítulo a parte. Vocês fizeram uma apresentação para mais de 7 mil pessoas na cidade de Sorocaba/SP junto com a Orquestra Sinfônica da cidade e também com a participação do próprio Billy Sherwood. Conte-nos mais detalhes sobre esse show. 

Fabio Fernandes - Foi um momento especial para todos. O público, além de numeroso, era formado por pessoas de todas as idades e estavam curtindo conosco cada momento. Sorocaba foi onde a Banda do Sol começou e passou ensaiando grande parte do trabalho, já que três integrantes são da cidade.Tivemos muito apoio por parte de todos envolvidos, e a qualidade dos recursos técnicos era ‘top’. O show foi dividido em três partes: Orquestra – Banda do Sol com Orquestra – Billy acompanhado por nós e no final fechamos tocando “My Sweet Lord” do George Harrison, todos juntos. Ficamos muito felizes com o resultado. Sem dúvida um marco na vida de nós todos. 

Como foi tocar junto com um ex-integrante do Yes, uma das principais influencias da Banda do Sol? 

Fabio Fernandes - Foi muito interessante, pois além de tocarmos músicas que curtimos desde a nossa adolescência, como “Roundabout”, por exemplo, aprendemos como ele trabalha e concebe os arranjos ao vivo, valorizando o espírito rock acima de tudo. Era energia para cima o tempo todo. Foi muito legal. 

Como foi o trabalho de arranjar as músicas e depois tocar com uma Orquestra? 

Fabio Fernandes - Para os arranjos contamos com a colaboração de dois grandes arranjadores, o Maurício Trindade e o Léo. Além deles, também contamos com a presença do maestro Eduardo Ostergreen que mediou e coordenou este entrosamento. Tocar ao vivo foi mais fácil e prazeroso que ensaiar. Foi maravilhoso quando pudemos nos ouvir melhor e sentir a integração da banda com a orquestra. Acredito que tenha sido um bom aprendizado para todos nós. 

Através de algumas fontes nós soubemos que esse show foi filmado com equipamento de primeira. Há possibilidade de vermos um lançamento em DVD desse show? 

Fabio Fernandes - Acreditamos que sim. Além do show, gravamos clipes e coletamos um material de ‘making of’ que pretendemos também utilizar. 

Vocês pretendem fazer mais shows junto com o Billy Sherwood ou mesmo com Orquestras? 

Fabio Fernandes – Sim. Acreditamos que o formato “Banda do Sol e Billy Sherwood” é muito interessante para divulgação de nossos trabalhos. Após o show, o Billy, além de ficar a disposição para agendar os próximos shows, colocou também a possibilidade de trazer com ele o Tony Kaye (ex-tecladista do Yes), o que seria muito legal. Com relação a Orquestra, também é interessante, porém complicado quanto a custos e logística, mas pintando a oportunidade nós curtiremos muito. 

Falando em show, a Banda do Sol não é muito ativa em termos de palco. Isso é uma opção ou resultado das dificuldades de fazer rock progressivo clássico no Brasil? 

Fabio Fernandes - Infelizmente não é uma opção e sim um resultado das dificuldades. Existem muitos eventos, mas infelizmente com muito desrespeito aos músicos quanto as suas necessidades técnicas, musicais e profissionais. O circuito de shows com boa infra-estrutura ainda está muito restrito. 

Quais são os planos futuros?

Fabio Fernandes - Fazermos shows em promoção ao CD “Tempo”, fazer mais shows com o Billy Sherwood e lançarmos um DVD com o material que coletamos.

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