* Marcelo Costa
A música pop tem o dom de transformar as coisas mais abjetas em sucesso de massa ao mesmo tempo em que renega coisas geniais que correm o risco de passar desapercebidas do grande público. Como disse sabiamente José Emilio Rondeau um dia, "um bilhão de Robertos e Erasmos para cada Arnaldo Baptista". Esse foi o primeiro pensamento que surgiu após uma audição de Fanzine, primeiro álbum da banda paraense Suzana Flag. O combo de Belém do Pará faz um (pop) rock de extrema qualidade, em que guitarras comportadas e eficientes fazem a cama para as vozes de Elder (também baixista) e Susanne. É o tipo de som que deveria estar ocupando um lugar de destaque nas rádios brasileiras.Fanzine foi lançado originalmente em 2002, como CDR.
Esgotou rapidamente as 500 cópias e a banda decidiu fazer uma nova prensagem mais profissional (mas ainda artesanal), que viu a luz do laser em 2004. O encarte caprichado traz as boas letras enquanto a contracapa conta detalhes da aventura: o disco foi gravado no quintal da casa do guitarrista, com dois aparelhos de mini-disc, uma mesa de oito canais, uma pedaleira, um gravador de rolo e um teclado simulando bateria eletrônica. Parece tosco? Parece, mas não é. A banda passou quase um ano no processo de gravação caseira, o que acabou dando um punch maior aos arranjos. No final, o disco saiu redondinho e cheio de músicas perfeitas para se tocar em rádios, botecos e acampamentos, melodias juvenis como a brisa antes de se transformar em vento.
A unidade do repertório é tão grande que é impossível indicar apenas uma faixa de Fanzine. Dá para dizer que entre Ludo (a música que abre o disco) e a versão ao vivo de Eu Vou Lembrar de Você (faixa bônus gravada ao vivo no estúdio da Rádio Cultura da cidade), o rock nacional tem onze motivos para olhar com admiração para o Pará e se render ao som do Suzana Flag. Quem quiser dar uma conferida no som da banda.
de: MP.Org
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