sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Entrevista com a Plebe Rude em 17/11/2011

*Por Leandro Saueia

Foi no finzinho de 1985 que as lojas de discos receberam um duplo novo lançamento. Um "mini Lp" com sete faixas de uma banda brasiliense chamada Plebe Rude. Na verdade o quarteto não era uma novidade para quem estava ligado no movimentado cenário do rock nacional da época. Estes já sabiam que ao lado da Legião Urbana, então já fazendo sucesso, e do Capital Inicial a Plebe era a outra grande banda a sair de Brasília.

Em 1986 eles estouraram com direito a shows lotados, vendas acima de 300 mil cópias e até abriram os shows da turnê nacional de Siouxsie and the Banshees, um dos primeiros shows de "rock alternativo" que esse país viu.

Nos anos seguintes a banda teve que lutar de forma dobrada. Primeiro com a situação econômica do país que afundou de forma assustadora já em 1987 e também entre eles. Em meados dos anos 90 a banda melancolicamente anunciou sua separação e parecia que tudo iria ficar por aí mesmo. Até que no final da década subitamente o rock de Brasília voltou a ser valorizado. Como Renato Russo já havia morrido coube primeiro ao Capital Inicial reclamar a bandeira para si. Mas cada vez mais sentia-se falta da outra grande banda. E assim no ano 2000 a formação original se reuniu para shows e um álbum ao vivo.

Não demorou muito para os velhos problemas voltarem á tona. Mas dessa vez o guitarrista Philippe Seabra e o baixista André X não iriam deixar tudo ir abaixo de novo. A dupla chamou novos integrantes (incluindo o líder dos Inocentes Clemente) e seguiu em frente.

Parte dessa história, e a dos outros dois nomes principais do rock do planalto, é contada no documentário "Rock Brasília - Era de Ouro" que ainda está em cartaz nos cinemas de algumas cidades.

Foi para falar do filme e relembrar mais de 30 anos de história que falamos com Philippe Seabra. O resultado foi um papo longo e bastante instrutivo.

Pra começar queremos saber qual a sua opinião sobre o filme "Rock Brasília - Era de Ouro" que está em cartaz nos cinemas.

Para a Plebe, o timing foi perfeito. O "Concreto Já Rachou" está completando 25 anos e prestes a ser relançado e estamos fazendo 30 anos, comemorados num DVD que acabou de ser indicado ao Grammy. O documentário retrata muito bem a época, e ninguém a não ser o Vladmir (Carvalho o diretor) poderia ter contado essa história. Eu e o André X, baixista e fundador da Plebe, adoramos. Finalmente essa história está sendo contada sem romantismo.

O filme consegue sintetizar bem o que foi aquele momento?

Certamente. Em Brasília, nossa realidade não era a da "new wave" colorida do Rio. Era cinza mesmo. Não tinha nada para fazer, numa cidade com até então, menos de 20 anos. Nós tinhamos que mandar músicas para a censura e de vez em quando apanhávamos da polícia. O filme mostra muito bem o que se passava nos bastidores de Brasília e como isso afetaria a temática dessas bandas.

O Vladimir preferiu focar apenas nas "três grandes bandas". O que você achou dessa abordagem? Será que grupos menos conhecidos como o Escola de Escândalos ou Finis Africae poderiam ter entrado?

O Escola é mencionado no flme, mas o Finis chegou depois. Até entendo a decisão do diretor de optar a focar nas três. Foram essas que tiveram projeção nacional e deram a Brasília a sigla "Capital do Rock". Vale lembrar que ja teve uma infinidade de bandas antes (e depois) dessa explosão mas citando o Mano Vladmir (é assim que eu o chamo) foi o rock dessa turma que "exportou Brasília". E no fundo é mesmo, as outras bandas não eram lá muito impactantes.

Olhando em retrospecto o que você acha que a Plebe trouxe de diferente para o rock brasileiro?

Acho que conseguimos traduzir a nossa angústia e frustação de maneira lúcida, e pelo visto, isso ressoou com muitos jovens. As letras eram bastante diretas, mas não didáticas como "eu odeio tudo" ou ingênuas como "abaixa o governo" e "morte ao sistema". Isso talvez tenha vindo da erudição dessa turma - que lia muito e via filmes de arte - que ficou impresso na gente por causa dos nossos pais acadêmicos. Ninguém ali era filho de ministro ou de dono de estatal. Eram professores e diplomatas assalariados, funcionários públicos. Isso está retratado bem no filme.

Você enxerga a influência do grupo em alguma banda surgida depois de vocês?

Muitas bandas surgidas na década de 90 curtiram a Plebe. Detonautas e CPM 22 citam a gente como influência. A galera do Cidade Negra, Charlie Brown, Skank e Jota Quest já me falou pessoalmente da admiração pela banda. O Chico Science e os Raimundos adoravam e o Marcelo Yuka chorou de emoção quando participou de um show nosso. Até o Herbert Vianna disse ter se inspirarado nas nossas apresentações ao vivo. Da geração nova, bandas como Vanguart e Los Porongas também nos curtiram.Ficamos muito lisonjeados (apesar de nem sempre perceber a influência no som de alguns desses artistas) e é bacana saber que a banda é respeitada também pela trajetória de jamais ter cedido às pressões comerciais.

Há a impressão de que das três bandas brasilienses a vida da Plebe sempre foi a mais complicada na hora de lidar com gravadora, imprensa e com o grande público. Você concorda?

(Risos) Sempre. A Plebe tem a reputação de ser uma das bandas mais difíceis, mas na verdade somos muito ranquilos. O que não pode acontecer é alguém tentar dizer para você o que fazer. No filme, as cenas da batalha da Legião contra a gravadora no primeiro disco, mostram exatamente como era na época. Queriam que eles fossem tudo, exceto a Legião.

Hoje em dia os ex-diretores artísticos da época adoram tomar crédito por ter descoberto aquilo (na verdade, tem que ser muito burro para não se ver a força daquelas canções) mas eram mesmo um bando de burocratas que não tinham a mínima noção do que estava acontecendo com a música popular brasileira. Então quando a gravadora tentava empurrar uma música do Cazuza para a gente gravar ou insistir que gravássemos um programa de TV que não tinha nada a ver, é claro que brigávamos.

Em retrospecto, mesmo vendendo meio milhão de cópias, nunca fomos tratados como prioridade. Também, pudera, né? Mas quando pessoas e artistas chegam para a gente e falam da importâcia da banda nas suas vidas, essa coerência na postura certamente faz parte. O Herbert vivia dizendo para a gente, "vocês são punks... Vocês são burros, mas vocês são punks!" (risos)

Agora em relação com a imprensa, com a exceção e um ou outro jornalista paulista da finada (revista) Bizz, sempre fomos muito bem tratados. No nosso site (www.pleberude.com.br) está o acervo todo de imprensa da banda. 30 anos de matérias de jornal e revista e isto pode ser comprovado. Engraçado que um desses jornalistas da Bizz chegou para mim muitos anos depois dizendo como gostava da gente e me admirava com guitarrista. E eu perguntei "então por que não disse nada na época?". Ele respondeu, "Sabe com é, né?" (risos)

Já com o "grande público", nunca tivemos problema. É que nós temos um senso de humor bastante peculiar. E quem não entende, acaba se ofendendo... (risos)

A Plebe não é uma banda "popular". Nunca recheamos o repertório de canções consagradas dos outros. Não fazemos "la la la" para todos cantarem juntos. E se alguém foi no show para ouvir somente a música que ouviu na rádio, então é melhor ir para a feira agropecuària (risos).

De todas as bandas com disco de ouro, a Plebe é de longe a menos comercial. E olha o que a banda conseguiu: Este ano eu e o André X recebemos o título de Cidadãos Honorários de Brasília e o atual governador fez questão de nos comprimentar depois da exibição do documentário. Até tema de novela da Globo, ano passado fomos e isso sem arredar um centímetro da proposta inicial. Conclusão: vale a pena ter princípios.

Uma curiosidade: Se o "Concreto Já Rachou" fosse ser lançado como LP e não um mini-álbum que músicas iriam completá-lo?

Engraçado. Nunca me perguntaram isso. No filme falo a respeito desse "novo" produto que a EMI queria por no mercado, o tal mini-lp. Sugerimos que fosse de 10 polegadas, tipo o "Black Market Clash", do The Clash. Além de ser menor, mais fácil de transportar e usar menos papel para capa e encarte, ele também teria a vantagem do lojista manter o preço mais barato. Mas é claro que a gravadora não nos ouviu, e lançou o album de 7 faixas no tamanho de um album completo. Os lojistas cobraram preço normal, mas mesmo assim vendeu mais de 300 mil copias. Antes dessa história de mini-lp estávamos preparados a incluir Bravo Mundo Novo, Censura e 48. Discão que seria, hein? (risos)

E a gente só conseguiu colocar Brasília (de onde tiramos o título "O Concreto ja Rachou") porque o Herbert (que produziu o disco) brigou lá dentro. Era para ter 6 faixas apenas!

Você acha que ele ficaria melhor assim ou de repente essa coisa de só ter 7 músicas deixou o álbum bem mais forte?

Não sei, mas teria tido o mesmo impacto. E com a eventual censura da música Censura (que acabou censurada quando entrou no disco posterior) ele aí não só seria clássico, mas seria maldito (risos). Ter uma música censurada é ótimo para vendas. (risos)

Como era a relação entre vocês e a Legião - o Renato em particular? A amizade sempre se manteve ou ela esfriou a partir de determinado momento?

A Plebe era a banda predileta do Renato. No documentário tem uma cena da qual ja tinha me esquecido.
Quando a Legião se apresentou no programa da Globo "Chico e Caetano" ele tá com uma camisa nossa.
Sempre fomos amigos, mas a fama e as drogas acabaram lhe afastando da gente. Uma pena, pois ele foi mais feliz quando era um anônimo trovador solitário. Essa fama toda, essa adoração toda, para ser infeliz? Será que vale a pena?

A cena dos anos 80 teve essa coisa peculiar onde os discos lançados em 1986 vendem horrores por causa do Cruzado 1 (que congelou os preços por um ano) enquanto os que saíram em 1987 e além sofreram na mesma proporção por causa dos outros planos econômicos. Você acha que se o cenário econômico tivesse se mantido estável discos como "Nunca Fomos Tão Brasileiros" (e na verdade quase todos discos de rock nacional do período) teriam tido melhor sorte nas prateleiras?

Quando o boom do rock brasileiro rolou, e é fácil se esquecer disso, só dava rock. Era rock pra lá e rock pra cá... Nos anos seguintes as gravadoras empurravam goela abaixo cada porcaria... Quando a gente reclamava da era Axé, ou da era Sertaneja, quando só dava isso na mídia... com o rock foi a mesma coisa. Foi uma bolha sim, e só o que era bom ficou. Mas no nosso caso estávamos sofrendo com o distanciamento do Jander e das ratices do baterista. Mas sempre vendemos bem na proporção que a economia permitia. Infelizmente a gravadora não via assim. Uma queda de venda é uma queda de venda para eles, independente do cenário econômico, que por sinal ia de mal a pior. Um verdadeiro pesadelo...

O Renato falava que quando achávamos que estávamos num trem para a Disneylândia, na verdade era para Auschwitz.

A partir de 1988/1989 o cenário se tornou ainda mais fechado. Foi difícil levar a banda nessa época?

Com o desmoronamemto na relação interna da banda, sim. Mas o nosso terceiro disco estava vendendo melhor do que muita banda na época, inclusive o Barão. Mas, mais uma vez, a gravadora não via isso. Se a banda estivesse mais unida até que daria para segurar, mas a comunicação estava difícil. As coisas são o que são, e hoje agradeço não ter mais esse clima na banda, nem na minha vida. Na época, apesar da gravadora nos tratar como merda, a culpa foi interna mesmo. Um pena.

A Plebe também foi a banda que mais contato teve com a cena punk paulista. Vocês dividiram o palco com o Cólera e agora até estão com o Clemente dos Inocentes entre os seus integrantes. Como se deu essa aproximação?

Sempre fomos ligados no punk paulista. Inclusive o Clemente foi o primeiro punk que conhecemos de São Paulo. Digo isso literalmente, pois ele quem foi nos buscar na rodoviária no nosso primeiro show em SP, no encerramento da lendária casa punk, Napalm. Fazíamos muitos shows com os Inocentes em São Paulo e no Rio, no Circo Voador. E com o Cólera também. Eu tocava bateria em Medo de vez em quando.

A morte do Redson deve ter sido dura pra você...

Foi o Clemente quem me ligou para informar da morte do Redson (o vocalista do Cólera morreu no dia 27 de setembro), e até hoje não entra na minha cabeça que não vou vê-lo mais. Muito triste. A inclusão de Medo no nosso repertório sempre foi uma homenagem ao grupo. Agora, creio eu, será um atestado ao legado de uma cara que jamais comprometeu sua integridade. Redson vai fazer falta. Ele tinha uma dedicação a mensagem como poucos. Tocamos Medo em Santo André recentemente e foi difícil segurar as lágrimas.

Nos anos 90 a Plebe encerrou as atividades. Como foi ficar sem esse chão?

Mais uma vez, no documentário, este momento é bem retratado pelas três bandas. Tudo deu errado no Brasil e a economia estava numa espiral descendente. Sério, a inflação estava a uns 4000% ao ano. Algo inimaginável hoje em dia. Meu pai faleceu em 93 e resolvi ir embora do Brasil. O André estava com filha pequena e pensava voltar para Brasília e cá pra nós, eu estava um pouco de saco cheio de ser o "Philippe da Plebe". Afinal, estava na banda desde que tinha 14 anos...

Você então vai pra Nova York. O que fez por lá?

Dei um tempo. Não tirava férias há 8 anos. Eu viajei pela Europa e pelos EUA, aprendi francês, joguei vôlei - coisa que não podia por causa do "perigo" para o dedos (risos). Sei que soa bobo, mas estava livre do fardo.
Também trabalhei com produção e trilha sonora e montei a banda Daybreak Gentlemen. Muitas dessas músicas foram aproveitadas na Plebe e Daybreak é o nome do meu estúdio particular em Brasília. The Wake, que está na trilha Sonora do filme "Federal" originalmente era do Daybreak Gentlemen.

Quando o Renato morreu você estava por lá? Como recebeu a notícia?

A minha mãe me ligou chorando e avisou

Você sabia que ele era soropositivo?

Sim, já sabia há anos. Poucas pessoas mais próximas sabiam... Um dos grandes segredos do rock nacional.
Coitado, naquela época era quase uma morte anunciada. Nunca conseguiu desfrutar do seu sucesso sem ter essa sombra em cima.

Em 2000 vocês se reagruparam. Havia muita ferida aberta entre vocês? O que se falava era que uma volta da Plebe era quase impossível porque até na porrada vocês já saíram.

Foi difícil pois todos os problemas de drogas e intransigência voltaram. Os mesmos problemas que causaram a expulsão de dois membros 10 anos antes. A EMI viu isso antes que nos nos dessemos conta. Foi em 2003 que vimos que a formação original realmente não funciona mais. Uma banda é uma caravana. Se um puxar para trás... Mas as coisas são o que são e agora com Clemente na banda, o astral é outro. Aliás nunca tivemos um clima tão bacana. Me lembra dos primórdios da banda. Queria ter tido essa sacada há 20 anos...

Vamos falar também do DVD - Rachando o Concreto - que acabou de sair.

Dvd ao vivo não é fácil, ainda mais ao ar livre e tendo que cronometrá-lo ao pôr do sol. Como produtor musical do DVD, posso adiantar que deu muito trabalho. Mas estamos muito felizes com o resultado. Foi uma maneira diferente de fazer um DVD. Era como se fosse "all systems go", sem chances nem margem de erro, devidas as proporções, como um lançamento do ônibus espacial (risos). E nada mais apropriado que filmá-lo em Brasilia, a cidade que foi a causa de tudo.

O isolamento físico e cultural do resto do país que fez o rock de Brasília a se tornar o que é. Se não fosse a influência direta da cidade, tudo seria bem diferente. Eu falava sempre isso para o Renato Russo. A cidade, ainda sem identidade cultural e com a repressão do governo militar no ar, nos forçou a criar a nossa própria cultura. Críavamos as próprias festas, roupas, e consequentemente, as próprias bandas. Por isso que o rock de Brasília do começo dos anos 80 é tão identificável. Através do DVD, queremos mostrar, para quem ainda não conhece a Plebe, que já se fez rock sério nesse país. E mostrar que vale a pena ter principios. O caminho é mais difícil, mas gosto de pensar que vale a pena.

E o DVD ainda teve uma indicação ao Grammy Latino. Você ficou surpreso?

Isso nos pegou de supresa. Bacana isso, né? Não sei qual é o critério, mas posso lhe assegurar que não tem jabá por trás disso. Quem sabe a era de música com conteúdo valorizado esta voltando. Para o rock brasileiro, acho que a nossa indicação ao Grammy é uma excelente notícia. Sério. (nota: a banda perdeu o prêmio para Caetano Veloso)

Paralelamente à banda você toca um estúdio e um selo ao lado do Fernando Rosa do site Senhor F. Conte um pouco pra gente sobre esse trabalho.

Quando voltei para Brasília de vez em 2003, me juntei com o "Mr. Rose" para produzir e lançar alguma bandas, como Superguidis, Watson, Los Porongas, Stereoscope, Volver entre outros sendo muitos, de fora de Brasília. O novo disco do Beto Só acabou de chegar às lojas.

Para encerrar faça uma comparação entre a cena de Brasília atual com a do fim dos anos 70/começo dos 80. Existe algo em comum entre essas gerações?

O rock alternativo em Brasília esta num limbo meio triste. As bandas mais garageiras estão se lixando para produção e gravando de qualquer maneira. Desse ruído de baixa qualidade, esta difícil alguém se destacar. Volta e meia uma banda consegue cair nas graças de um crítico conhecido, mas dá para se construir uma carreira em cima desse hype de 15 minutos? Acho que não. E quando essa realidade bate, normalmente as bandas acabam.

Já a galera do metal e hip hop correm bem mais atrás. Brasília não é mais a "Capital do Rock". Tem muitas outras vertentes aqui chamando muito mais atenção nacionalmente, e como produtor de rock, fico triste. Tento ajudar como posso, mas falta matéria prima. Fora do selo, produzo muitas bandas também como Vitrine, 10zer04, Livewire e Distintos Filhos, todos com produções recentemente lançadas. A cena independente está fervilhando de coisa legal. Agora em relação a comparação entre o começo dos anos 80 e artistas "novos", fica difícil cobrar qualquer politização e embasamento dos artistas novos que estão na mídia. Atenção: que estão na mídia.

Acho até injusto comparar as duas eras.. Não dá para cobrar a mesma postura ou lucidez de quem cresceu com pouca leitura e muita televisão. Mesmo com inspiração e um mínimo de talento, se você não tiver as ferramentas necessárias, fica complicado ressoar com outras pessoas. Assunto tem de sobra no Brasil para ser debatido, comentado e contestado, mas são poucos que conseguem isso para a sua própria geração. Muitos poucos conseguem. Ainda mais quando metade do que falam é "Tá ligado? Tá ligado?" O que vejo é uma grande apatia.

Também protesto por protesto não surte muito efeito, mas um pouco de questionamento não faria mal. Quando eu era adolescente, as diversões eram cinema e leitura e os amigos. Hoje em dia, na era digital, a atenção das pessoas esta sendo bastante desviada. Não é uma manipulação do sistema. É o excesso de informações disponíveis...

Eu realmente acho que o ser humano não foi feito para processar tudo ao mesmo tempo. Distrações como videogame, redes sociais, texting de celular, lan house, dvd caseiro, cinema 3D, videclipe... sobrecargaregam os cinco sentidos e produziram apatia. Música agora é pano de fundo para surfar Facebook, ouvida através de alto falantes ruins. Tem muita coisa errada no Brasil, e fico triste que nenhum dos artistas na mídia esteja abordando isso.

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