segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Nei Lisboa - Cena Beatnik [2001]

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Por Marcelo Costa
publicado no Scream & Yell

Nei Lisboa é idolatrado no sul do país. Lá, seus álbuns vendem bem e a pirataria que copiava em CDR os dois álbuns de Nei lançados pela EMI nos anos 80 (Carecas da Jamaica e Hein?) obrigou a major a fazer uma edição em CD dos discos.

Cena Beatnik é o sétimo álbum da carreira do bardo e quebra um silêncio de nove anos sem material original, já que o último álbum, Hi Fi, buscava inspiração em 14 covers que iam de Rolling Stones (Ruby Tuesday) e Beatles (Norwegian Wood) até Elton John (Bennie & The Jets) e Paul Simon (Fifty Ways To Leave Your Lover).

Na canção que abre Cena Beatnik e dá título ao trabalho, Nei tenta justificar sua música cantando: "Já no 'passa nada' / já nem peço por favor / eu tô abrindo a estrada / que chega aonde eu for / eu tô na madrugada / tô na chuva pelo calor / eu tô na luta armada / disfarçado de cantor".

As letras continuam sendo o diferencial carregando nas aliterações que Humberto Gessinger emprestou dele e não devolveu mais (assim como o guitarrista Augusto Licks, que era da banda de Nei nos primeiros álbuns do bardo e saiu para ser um Engenheiro a partir de A Revolta dos Dandis).

Dessa forma, ainda em Cena Beatnik, a música, Nei canta: "E o acaso me deixou na porta da tua casa / faz silêncio e faz de conta que já me esperava" ou "O mundo é do vivos / o mundo é dos bancos / e os bancos dos mendigos", da ótima Produção Urgente. As melodias alternam rocks suaves com baladas sutis.

O repertório não chega a tocar o brilho de Carecas da Jamaica nem a força trágica de Hein?, mas une canções que são um belo atestado de sobrivência / independência de um artista que - com vinte anos de carreira nas costas, mesmo longe demais das capitais - ainda usa seu inspirado cinismo poético para escrever mais um - belo - capítulo da música popular brasileira.

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