Por Lucas Vieira
Publicado em 30 de março de 2011 no The Lucas's Discopédia
Fevereiro de 1974, estádio do Maracanãzinho. Trinta mil pessoas dentro do estádio lotado e mais noventa mil do lado de fora, números incríveis, recorde de público. Já não bastasse bater o “rei” Roberto Carlos em vendas, o Secos e Molhados estavam batendo recorde de público com um espetáculo! Lançado seis anos após a gravação, esse disco ao vivo é de derrubar o queixo de todo mundo que conheça o meteórico disco de estréia da banda, definido pelos próprios por vezes como “um disco de rock que não é um disco de rock”. No álbum vemos um grupo tocando rocks de forma mais contida, já nesse disco é uma pedrada só! Há uma combinação bastante perceptível entre os instrumentos e também juntos com a voz do Ney.
O repertório é composto por oito músicas do primeiro álbum, duas passagens instrumentais e a até então inédita “Toada & Rock & Mambo & Tango & etc”, lançada no segundo disco do grupo. Nota-se bastante a mudança nos arranjos das músicas. O grupo já entra no palco com “As Andorinhas”. A banda denuncia o peso na primeira nota e o piano do Carrera segue incrível até Ney derramar os versos dessa verdadeira poesia cantada. Falando em poesia, em seguida ouvimos “Rosa de Hiroshima”, o poema de Vinícius de Moraes musicado por Gerson Conrad, dominado pela flauta de Rosadas e a magnífica voz do Ney Matogrosso. Detalhe que apesar da baixa qualidade da gravação, podemos ouvir o coro da platéia cantando a música. O primeiro tema instrumental aparece, de início bem pesado, com palhetadas rápidas no baixo e na guitarra. Por volta dos dois minutos de duração, as cordas dão lugar a flauta e ao piano, tornando a música mais calma e segue até a variação final, onde volta a parte pesada. Outra das canções mais ligadas ao rock aparece, “Mulher Barriguda”, sem muitas diferenças da versão original. Se no primeiro álbum “Primavera Nos Dentes” se mostrava parecida com “Breathe” do Pink Floyd, o mesmo não acontece na versão ao vivo. De início vemos efeitos bastante curiosos, as teclas em primeiro plano e depois Ney faz mais uma de suas incríveis interpretações, com um vocal bastante forte e presente. Passamos rapidamente por “El Rey”, também muito parecida com a versão do primeiro disco e depois vamos à “Toada & Rock & Mambo & Tango & etc”. A música é basicamente o violão na base e Flavin ditando regras com sua guitarra enquanto Ney, João Ricardo e Gerson Conrad passam o recado com a letra, até que ocorre uma variação onde a música fica mais pesada e até um acordeon aparece. Ney mais uma vez dá um show “solo” na música “Fala”, presente em seu repertório até os dias atuais, nesta ocasião sendo acompanhado apenas pelo piano. Para dar continuidade ao espetáculo, mais um classicão do grupo, “Assim Assado”, trocando as percussões e sopros da introdução por uma boa batida de bateria e o acompanhamento do baixo. A grande diferença nessa versão são as acelerações que ocorrem nos refrões e principalmente a parte final da música, uma passagem bem interessante destacando piano e baixo e por fim um solo de guitarra. Após tudo isso, aparece o segundo tema instrumental, bem curtinho, com pouco mais de um minuto de duração, soando mais com uma vinheta. Eis que o show encerra-se com o maior sucesso do grupo, sendo muito executada nas rádios até hoje, “O Vira”, também sem muitas diferenças da versão original. Um disco valioso, tanto pela raridade quanto por ser um registro histórico, sem falar da capa sensacional.
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