Por Edson Codenis em Crooked Tree Records
A Crooked em seu pouco tempo de vida, se tornou notória pelo apuro ao selecionar os nomes do seu cast, esta seleção natural onde vingam as bandas que se aventuram a traduzir as expectativas sonoras do nosso tempo, é o paradeiro perfeito para o projeto vindo de Brasília o Triplepsia.
Longe do apelo pop e das amarras do mercado, a banda de um homem só, Luiz Spíndola, o rapaz por trás disso tudo, extrapola o conceito reto da música eletrônica ao criar excelentes linhas de bateria e arranjos sofisticados, caminhos trilhados por nomes como Orbital e Massive Atack e assim passando pela nova onda dos anos 2000, o chillwave e o vaporwave, como o Washed Out, Toro Y Moi e Neon Indian.
Gravado com um cuidado excepcional na escolha de timbres e com uma mixagem bem boa, o álbum se torna uma viagem intensa e gratificante. Abrindo o registro (E se você perceber as ranhuras de um velho disco de vinil no seu primeiro segundo) temos a faixa Ideia Que Segue – Pautando o ambiente envolvente com belíssimas guitarras. Triplepsia consegue um resultado muito orgânico e harmônico. Chopsticks vem logo em seguida – Inclui vozes sampleadas numa atmosfera decadente para falar de um tema sério que é o suicídio. Renderia um ótimo clipe ou até um curta metragem.
Bath Vibes – Surge com seus curiosos ruídos de água. Evocando todo o tipo de memória afetiva num tom de intimidade. BraxxxDuxxx – Aí vem uma das que promete um chillwave logo de cara, a mais curtinha do disco, preparando o ouvinte para a próxima faixa que irá te proporcionar nostalgias noturnas, e ela tem exatamente esse nome.
Nostalgie – É um rodopio melancólico de belíssima construção, o Triplesia pode remeter as experiências electroacústicas da banda francesa Air.
Posicionar a faixa Ouvir logo após de Nostalgie foi uma ótima sacada. As duas faixas se complementam, e Ouvir tem um vigor que é um presente para quem gosta de boa música. Minha preferida!
Recitar o T (French Kiss) – Chega com uma atmosfera retrô, mas o Trilepsia não se limita a soar saudosista. É musica feita agora. De novo as batidas me intrigam.
Jeremiah – Seguindo a tradição, o Spíndola guarda seu momento mais terno para a última faixa do álbum. Assim como em todo o trabalho existe o flerte com o jazz e o cuidado de dar uma identidade “nacional” a cada faixa.
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