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Por Sylvia Tamie no Miojo Indie
O CD e o álbum virtual mataram muitos dos rituais ligados ao gesto de ouvir música. Se, de um lado, a possibilidade de comprar música gravada modificou nossa maneira de ouvir música de forma semelhante à que a imprensa de tipos móveis fez com nossa maneira de ler um romance, e ambos se transformaram em rituais privados, íntimos e pessoais – de outro a recepção através de suportes como o vinil e ainda a fita cassete continha um momento fundamental. Neste caso, aquele em que se virava do lado A para o lado B, e o ritual de ouvir o disco por assim dizer recomeçava.
A exemplo do disco de Vitor Araújo, A/B, a banda gaúcha de música instrumental Quarto Sensorial lança o seu segundo EP estruturado em duas partes. A uma boa distância do primeiro – o delicioso EP sem título de 2009 –, A+B leva adiante o lema da banda, “música instrumental em constante movimento”. A primeira parte, composta pelas três primeiras faixas, assemelha-se ao disco anterior pela construção de espaços sonoros mais ou menos fechados, nos quais os músicos da banda se movimentam confortavelmente, entre alternâncias e silêncios, lembrando o rock progressivo mais lento de um King Crimson. Nesse sentido, o trio mantém-se coerente na ausência de pressa com que os temas surgem e se desenvolvem, dialogando entre si.
A terceira faixa, Voo Livre, guarda então a surpresa: dividida em duas partes, na sua segunda metade (que também abre a segunda metade do álbum), ela expande o trabalho da banda para outras veredas. Abre espaço para um violoncelo, reduz o ritmo em 8:59, em que apenas Carlos Ferreira toca violão. Se, no disco anterior, o trabalho da banda já apontava uma certa influência de ritmos como o samba, do choro e do baião, ao final de A+B essa se torna a principal referência e se aproxima do que grupos veteranos de música instrumental de MPB tem feito no Brasil há muitos anos, como Vento em Madeira. É, portanto, um disco para ser ouvido sem o modo aleatório e que, se não se destaca pelo resultado extraordinário, tem o mérito de representar um universo em expansão.
Para quem gosta de: Macaco Bong, Pata de Elefante e Projeto Sonho
Por Sylvia Tamie no Miojo Indie
O CD e o álbum virtual mataram muitos dos rituais ligados ao gesto de ouvir música. Se, de um lado, a possibilidade de comprar música gravada modificou nossa maneira de ouvir música de forma semelhante à que a imprensa de tipos móveis fez com nossa maneira de ler um romance, e ambos se transformaram em rituais privados, íntimos e pessoais – de outro a recepção através de suportes como o vinil e ainda a fita cassete continha um momento fundamental. Neste caso, aquele em que se virava do lado A para o lado B, e o ritual de ouvir o disco por assim dizer recomeçava.
A exemplo do disco de Vitor Araújo, A/B, a banda gaúcha de música instrumental Quarto Sensorial lança o seu segundo EP estruturado em duas partes. A uma boa distância do primeiro – o delicioso EP sem título de 2009 –, A+B leva adiante o lema da banda, “música instrumental em constante movimento”. A primeira parte, composta pelas três primeiras faixas, assemelha-se ao disco anterior pela construção de espaços sonoros mais ou menos fechados, nos quais os músicos da banda se movimentam confortavelmente, entre alternâncias e silêncios, lembrando o rock progressivo mais lento de um King Crimson. Nesse sentido, o trio mantém-se coerente na ausência de pressa com que os temas surgem e se desenvolvem, dialogando entre si.
A terceira faixa, Voo Livre, guarda então a surpresa: dividida em duas partes, na sua segunda metade (que também abre a segunda metade do álbum), ela expande o trabalho da banda para outras veredas. Abre espaço para um violoncelo, reduz o ritmo em 8:59, em que apenas Carlos Ferreira toca violão. Se, no disco anterior, o trabalho da banda já apontava uma certa influência de ritmos como o samba, do choro e do baião, ao final de A+B essa se torna a principal referência e se aproxima do que grupos veteranos de música instrumental de MPB tem feito no Brasil há muitos anos, como Vento em Madeira. É, portanto, um disco para ser ouvido sem o modo aleatório e que, se não se destaca pelo resultado extraordinário, tem o mérito de representar um universo em expansão.
Para quem gosta de: Macaco Bong, Pata de Elefante e Projeto Sonho
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