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Por Mácia Tunes
Publicado em 17 de setembro de 2012 no Olho Vivo
O rock progressivo do Ávora Di Carlla
Primeiro álbum deve ser lançado e distribuído no formato CD até o fim de 2012; Gustavo Caverzan também pretende publicar um livro
Esta é uma banda dotada de todos os atributos necessários para ser uma superbanda, ou melhor, para se tornar um clássico, uma referência. É difícil depois de tantas décadas de música, ouvindo som, conhecendo bandas de todas as partes do mundo ainda encontrar bandas que façam a diferença, que soem únicas, que tenham uma identidade própria. Isso tem acontecido com uma frequência muito maior do que seria por mim considerado normal, e isso é bárbaro. Sinal de que tudo está por vir, que a coisa está viva e revigorada e no mundo existem pessoas interessadas em fazer música, fazer música boa, de qualidade, que vão ficar, e daqui a 30 anos alguém ainda vai estar boquiaberto ouvindo o som desses rapazes. Conversei com Gustavo Caverzan e esse papo você confere agora.
Márcia: A banda começou quando, como e onde?
Gustavo: Ao falarmos de começo penso que o melhor seria primeiramente concentrarmo-nos no que diz respeito ao princípio Ávora Di Carlla, isto é, no advento das tarefas pertinentes à criação artística e ao resguardo estético-hermenêutico competente ao grande espectador. Logo, o princípio clama humanidade, pois ele acontece tanto na dinâmica inauguradora que se dá por todo momento que nos disponibilizamos ao ofício da criação (pelo afeto inerente à realização da nossa obra musical), quanto na ausculta imprescindível e fundamental do espectador. Com isso, tornamo-nos filhos de uma grande obra chamada compreensão. Eis o lugar privilegiado que nos encontramos diante da arte: seja enquanto gênios; seja enquanto juízes da contemplação. A obra se principia sempre que inaugura uma experiência de compreensão àquele que dela se alimenta pela conversação. Agora, sob o ponto de vista datado num começo que divide um ainda não e uma ação, uma proveniência pontuada num fato histórico, podemos dizer que o projeto Ávora Di Carlla teve a sua partida nos anos 90. Uma iniciativa que movi e que foi, ao longo do percurso, elaborada na companhia de pessoas talentosíssimas. Assim, tomado pela necessidade de dizer o mundo auscultado desde a sensibilidade do existir, composições foram ganhando corpo, alteridade. Muitas tentativas foram exercitadas para que a formação de uma banda pudesse se efetivar. Entretanto, no ano de 1998, o que até então fora anunciado pela solidão de um violão passou a soar numa banda de rock. Algumas gravações demonstrativas ainda foram realizadas em meio às mudanças e dificuldades, até que o primeiro disco do Ávora Di Carlla passou a ser elaborado com a participação de novos integrantes e com um encaminhamento temático mais intensificado. Com relação à nossa residência: o projeto Ávora Di Carlla é da Grande Vitória - Espírito Santo.
Márcia: Integrantes?
Gustavo: Muitas pessoas contribuíram com o seu talento para a realização da obra Ávora Di Carlla. No primeiro disco a nossa formação base foi: Geógenes dos Santos (captação técnica de áudio), Roger Bezerra (teclados e produção musical), Luiger Lima (bateria), Carlos Anderson (baixo elétrico), Flávio Veronez (guitarras) e eu na composição e no canto. Incluímos a participação do maestro Helder Trefzger e do técnico de gravação e músico Ricardo Mendes, que finalizou as gravações e mixou o disco. Mas, como já disse, a realização da obra Ávora Di Carlla foi sustentada pela genialidade de muitas pessoas. Assim, tivemos os vocais espetaculares produzidos pelo Emmerson Nogueira e pela Juliana Matias, a narração fenomenal do ator Ednardo Pinheiro, a participação do Igor Awad e do Cláudio Bocca no canto. Tivemos também a presença do grande guitarrista Rodrigo Marçal e a incrível participação de músicos geniais que compuseram o corpo da orquestra, enfim. Sou agradecido de coração por tudo que fizeram para o engrandecimento dessa saga musical. Deixo no fim dessa matéria um link onde podemos fazer o download do encarte. Lá, temos as descrições mais detalhadas sobre a participação das pessoas em cada faixa construída. Já no processo de gravação do segundo disco, estamos caminhando com a seguinte formação: eu na composição e no canto, Roger Bezerra (teclados e produção musical), Ricardo Mendes (guitarras e técnica de gravação), Luiger Lima (bateria) e Ruydael Santos (baixo elétrico). No mais, conforme o desenvolvimento das produções, somos contemplados também com novas participações.
Márcia: Discos lançados?
Gustavo: No ano de 2010 concluímos o nosso primeiro disco: o lançamento se concentrou exclusivamente na internet (onde o conteúdo do mesmo foi disponibilizado para audição e download). A partir daí, iniciamos a produção do nosso segundo disco. Esse, em fase de gravação. É importante acentuarmos que as sete faixas do Disco I, juntamente com as três faixas do Volume II, compõem, na verdade, uma única música chamada “O Velho, a carne e a psicodélica árvore do imaculado ventre da Terra”. Tal obra em sua totalidade nos sugere pensar, pela afecção da habitação poética contida em seu mito, a dinâmica do existir humano na sua responsabilidade para com a construção de si mesmo. Assim, as imagens que mostram as experiências de abismo (dor) e cume (obra de vida) são formadas num movimento cujo itinerário vai do crepúsculo à aurora (Disco I) e da aurora ao crepúsculo (Volume II). Pretendo, após o lançamento do Volume II, publicar um livro com as minhas considerações hermenêuticas sobre a obra Ávora Di Carlla em sua unidade. Ainda com relação ao disco lançado, não tivemos condições de reproduzi-lo para maiores divulgações num CD. Porém, é bem provável que até o fim do ano de 2012 o nosso primeiro álbum seja lançado e distribuído (no formato CD) por um selo de rock progressivo. Vamos aguardar, quem sabe...
Márcia: Com que frequência fazem shows e o que acham dos que já realizam?
Gustavo: Os ensaios e encontros que realizamos ao longo da produção de todo o conteúdo do Ávora Di Carlla foram orientados especificamente para a gravação do disco, e assim continuamos procedendo com o nosso segundo álbum. Sendo assim, o Ávora Di Carlla pode ser identificado como um projeto de estúdio. Não realizamos shows. Mas, numa época anterior ao desenvolvimento do nosso disco, se não me engano no ano de 1998, o Ávora Di Carlla fez um show, o único. Tocamos nossas músicas, um repertório que abarcava as minhas primeiras composições. O evento foi pequeno, confuso e direcionado para divulgar outras bandas. Nessa ocasião, lembro que fomos procurados de última hora, isso porque, antes, algumas bandas recusaram o convite. Fomos lá, tocamos e foi legal. Mas tal episódio se deu num momento bem específico, tínhamos outra formação, depois disso muita coisa mudou.
Márcia: Pretendem ou já têm carreira internacional?
Gustavo: Estando à frente da criação artística do projeto Ávora Di Carlla, penso que a maior pretensão dessa obra é ser entregue à humanidade em sua condição dialogal de fala, de anunciação. Compreendo o sentido da palavra carreira, aqui direcionada ao nosso trabalho musical, como construção de um percurso, de uma história afetiva que desemboca na realização de um conteúdo que concresce através dessa dinâmica pulsante em obra de arte. Acontece que a sustentação vital desse trabalho obrado com o advento da carreira não para por aí, ele clama pela participação necessária do espectador em sua contemplação, em seu assistir. Logo, o fato do conteúdo do nosso disco está sendo auscultado por um espectador já é algo, a meu ver, incrível, fantástico. Isso é a completude de um ciclo (carreira) que pode ser inaugurado a todo momento por alguém interessado numa obra já “dada, construída e acabada”. E se essa experiência de diálogo, de relação com a nossa obra musical, puder ser vivida por pessoas de outros países, ou mesmo em futuros momentos históricos, que maravilha: um ciclo perfeito que se estende a outros horizontes, a outras conversas, a outros espectadores. Então, vislumbro dois momentos para a carreira da obra Ávora Di Carlla. O primeiro diz respeito à tarefa que ainda estamos perfazendo e que precisa ser concluída, ou seja, lançado o Disco I, pretendemos concluir o Volume II. Já a realização do segundo momento da carreira da obra Ávora Di Carlla somente poderá acontecer pela via da sua relação com o espectador numa uníssona reciprocidade. Esse segundo momento é aonde a obra se torna independente do seu criador e conquista seu próprio destino na interpretação do espectador que a contempla. Isso já acontece com o que já produzimos. Pessoalmente é o que desejo para a carreira (a vida) da obra Ávora Di Carlla, a saber, que ela consiga se manter numa relação com o espectador a compor humanidade pelo advento da compreensão.
Carlos Anderson, Roger Bezerra, Geógenes dos Santos e Gustavo Caverzan |
Gustavo: É uma pergunta muito interessante. Veja bem, o Ávora Di Carlla não surgiu posteriormente a uma decisão sobre qual gênero musical iríamos tocar. O caminho desvelado foi pela via contrária, ou seja, foi o próprio dizer da obra musical Ávora Di Carlla em seu crescimento, em seu desenvolvimento, que orientou a identidade do nosso som. O Ávora Di Carlla não surgiu de uma escolha do tipo: vamos fazer uma banda de rock progressivo. Não, de forma alguma. Na verdade, foram as próprias composições (em sua disposição de fala) que solicitaram a sua plasticidade sonora, musical. A maior preocupação foi conduzir as produções elaboradas pela banda no esforço de atender a essa solicitação, ou seja, de poder comportar musicalmente um repertório de imagens dentro de uma progressão temática a representar vários cenários poéticos inseridos numa grande estória. E assim obedecemos e o resultado disso é lido hoje pela via do rock progressivo. Eu particularmente me identifico muito com essa proposta. Sinto-me honrado por participar dessa vertente musical tão extraordinária e de poder conquistar a sua permissão desde dentro da obra Ávora Di Carlla. Finalizo a entrevista registrando os meus agradecimentos à iniciativa da Márcia Tunes que, mais uma vez, disponibilizou sua atenção para a divulgação do trabalho do Ávora Di Carlla. Muito obrigado pelo espaço.
VALEU MARCIA ESTA BANDA É MUITO BOA . DÁ PRA VOCE BOTAR O LINK DO DISCO 2 PRA TODA RAPAZIADA DA GRANDE TRIBO. OK . AQUI RUIPROG
ResponderExcluirDINOSSAURO ASSÍDUO DO ROCK, TE AGUARDO.
Olá Rui. O segundo álbum do Ávora ainda não saiu. Até agora a banda produziu duas canções que sairão futuramente no novo álbum. No site oficial da banda você consegue baixar as duas faixas. Segue link: http://avoradicarlla.webnode.com//
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