domingo, 31 de março de 2019

Cólera - Tente Mudar O Amanhã [1985]

Mega 320kbps


Por Disco Furado

Depois de seis anos de atividade, participação nas três primeiras coletâneas de punk rock nacional – “Grito Suburbano”, “Começo do Fim do Mundo” e “Sub” – o Cólera estreou em disco com “Tente mudar o amanhã”.

Mesmo sendo uma das formações pioneiras do punk rock paulistano, e brasileiro, o Cólera foi uma das últimas a registrar um disco completo. E olha que não foi por falta de envolvimento com o “movimento” ou de conhecimento das possibilidades do D.I.Y. (Faça você mesmo) que o trio não só viveu como também gritou em sua poesia punk libertária e pacifista.

O álbum abre com a catastroficamente profética “1.9.9.2.”, ainda sob o medo nuclear, assim como em “Duas ogivas”, sobre a usina de Angra dis Reis. Se volta contra as guerras na antimilitar “Marcha” e à exploração social em “Em você”.

Dedica ódio à cidade de São Paulo nas clássicas “São Paulo” e “C.D.M.P.”, sigla que quer dizer “Cidade dos meus pesadelos”, cujos versos esbanjam niilismo punk, “puta merda de lugar” e “sem futuro”, versos presentes nas duas canções respectivamente.

Grande parte das músicas clama por ação, “Agir” e “Rasgando o ar”. Convida às ruas contra o fascismo em “Passeatas”, contra a miséria, “Sarjeta”, e contra a verticalização da justiça nacional em “Violar suas leis”.

Musicalmente não há grandes diferenças entre as canções. O baixo às palhetadas em volume alto segue a melodia dos vocais, com refrões cantados em três vozes, que é a melodia que se esconde no efeito serra-elétrica da guitarra. A bateria de Pierre é quase que um esquema que se repete em todas as músicas, sibila pratos de versos cantados em coro, economiza nas viradas, mas parece sempre bastante segura.

“Tente mudar o amanhã” teve sua primeira edição em vinil lançada pelo selo Ataque Frontal, que até então mantinha parceria do Redson, que nos anos seguintes assumiria a produção de muitos discos lançados pelo selo. As edições seguintes do álbum ficaram por conta do selo Devil Discos, casa de outros tantos discos do trio paulistano após a cisão com a Ataque Frontal.

O disco teve uma boa repercussão, mas o bicho pegou mesmo foi no segundo LP, “Pela paz em todo mundo”, de 1987, quando as vendas esgotaram tiragens e pavimentou a estrada para a lendária turnê europeia, realizada no mesmo ano.


A1 1.9.9.2.
A2 Marcha
A3 Nabro 3
A4 São Paulo
A5 C.D.M.P.
A6 Agir
A7 Palpebrite
A8 Duas Ogivas
A9 Amnésia
A10 Passeata
B1 Amanhã
B2 Eu Não Sou Você
B3 Rasgando No Ar
B4 Burgo-Alienacão
B5 Sargeta
B6 Disturbios
B7 Violar Suas Leis
B8 Condenados
B9 Não Existe Mais
B10 Em Você

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