Por Moziel T.Monk
publicado em 10 de novembro de 2012 no Papo de Blodega
Demorou, mas finalmente ele deu as caras aqui no balcão. Leo Gandelman, que sem sombra de dúvida é o saxofonista mais famoso do Brasil (Ivanildo, fica tranquilo que tua pauta tá na vez). E transita tranquilamente entre a música popular brasileira, o Jazz e a música erudita, sendo compondo, gravando, produzindo, arranjando ou simplesmente tocando como solista em orquestras. Com carreira nacional e internacional bem consolidada, o veterano saxofonista tem décadas de estrada e fôlego para muitos solos, pelo visto.
Justamente por sua popularidade e sucesso alguns já o chamaram de “Kenny G brasileiro”. Eu particularmente me sentiria ofendido com a analogia. Até porque é difícil acusar o músico de meramente comercial, a não ser que se use o critério de se vender mais de dez cópias para se rotular algum músico assim, já que ao se observar sua discografia (dez álbuns, além de coletâneas e participação em projetos especiais) percebe-se uma diversidade de propostas, muitas vezes fugindo do óbvio ou do mero caça-níquel. Se nos primeiros anos algumas de suas músicas entraram para a trilha sonora de novelas globais, ao longo de sua carreira ele fugiu ao sucesso fácil. Mesmo revisitando algumas músicas conhecidas do cancioneiro brazuca, a maioria de seus álbuns tem composições próprias, que mistura sua educação formal em música (estudou nos anos 70 no Berklee College of Music), a influência do Jazz e as raízes de nosso cancioneiro.
Gravando desde a segunda metade dos anos 80, naqueles tempos sua música mais conhecida foi “Solar”, que praticamente o projetou. Desde então tanto flertou com o eletrônico em “Brazilian Soul” como também resgatou a obra de mestres como Radamés Gnatali em “Radamés e o Sax” e homenageou as baladas brasileiras em “Sabe Você”. Da sua discografia, o meu álbum preferido ainda é o excelente “Pérolas Negras”, nas quais reinterpreta em seu sax diversas canções cujo ponto comum é terem sido criadas por afrodescendentes, pra usar um termo politicamente correto. Resultou em revisitas instrumentais a pérolas de Milton Nascimento (Me Deixa em Paz), Paulinho da Viola (Choro Negro), Milton Santos (Naná), Stevie Wonder (Overjoyed), Jorge Benjor (Mas que Nada), Pixinguinha (Lamentos) e Luiz Melodia (Pérola Negra), só para citar alguns exemplos. Esse é daqueles que nunca me canso de ouvir.
Em DVD há três registros, todos imperdíveis. O “Ao Vivo”, de 2003, é uma boa introdução ao artista, já que ele apresenta alguns de seus sucessos até então. O álbum “Sabe Você” também rendeu um DVD que conta com as vozes de Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso, Leny Andrade, Ney Matogrosso, Leila Pinheiro e Luiz Melodia. E o projeto mais recente, “Vip Vop”, também foi lançado em DVD.
No momento o instrumentista está promovendo seu novo projeto “Vip Vop”, com composições na qual resgata o esquecido Samba Jazz, estilo que surgiu praticamente com a Bossa Nova e foi bastante popular no início dos anos 60 no Rio de Janeiro, e que serviu de plataforma para que talentosos músicos se projetassem no mercado internacional.
Não consegui baixar o link não esta funcionando, tem como consertar, desde já agradeço, o disco realmente é espetacular. grande abraço e parabéns pelo trabalho.
ResponderExcluirLink atualizado. Agradeço os elogios e a visita. Abraços.
ExcluirBlog de parabéns, amigo! Não encontrei em nenhum lugar, apenas o "anatomy of groove" dele, que já tenho, e é um excelente álbum. Estou a procura do "2003 ao vivo" e do dvd "vip vop" também deste grande saxofonista. Grande abraço e parabéns!
ResponderExcluirOlá Rodrigo. Não tenho o "Anattomy of Groove", você poderia compartilhar ele ? Já o "Vip Vop" tenho o CD, além do "Radamés e o Sax". Se desejar, posso compartilhar.
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