publicado em 24 de fevereiro de 2012 no Whiplash
Os Titãs se popularizaram a nível nacional em 1986 com o disco Cabeça Dinossauro, álbum que definiu o som da banda. O sucesso foi grande e trouxe um amadurecimento da banda, as músicas com letras marcantes e de grande efeito sobre o público deixam claro que a prisão de Arnaldo Antunes e Tony Bellotto causou um impacto grande na musicalidade deles.
"Jesus não tem dentes no país dos banguelas" que analiso como o melhor trabalho da banda é simplesmente fenomenal. Pense o seguinte: uma banda com 8 integrantes, cada um com seus gostos e concepções. Isso foi determinante pra uma banda como Titãs ser uma banda de rock tão eclética (e boa aliás).
O álbum inicia com uma sequência de músicas peculiares porém de grande qualidade, "Todo Mundo Quer Amor", "Comida" e "O Inimigo" são músicas difíceis de se ouvir, mas quando se presta atenção nota-se uma grande harmonia e um instrumental simples porém preciso.
Muita gente diz não achar Titãs especial devido a falta de complexidade em riffs e ritmos, porém poucas bandas tem essa capacidade de composição. "Corações e Mentes" mostra isso, excelente música. "Diversão" é uma das mais significativas no disco, com um início lembrando algo do rock progressivo e logo após passando para um punk estilo Clash a letra é simplesmente sensacional, ao vivo essa música consegue ser mais empolgante ainda.
"Infelizmente" tem um baixo marcante e vocal é praticamente falado, vale a pena conferir a letra dessa música que é bem bacana. Daqui pra frente a experiência torna-se incrível, a faixa-título possui apenas uma frase, mas uma frase que diz tudo por si só, muitas interpretações foram feitas a partir disso, faça a sua; o instrumental dela é muito bom, Nando Reis mostra que não é apenas um grande compositor e sim um baixista de mão cheia (coisa já mostrada no disco anterior "Cabeça Dinossauro"). "Mentiras" é uma das minhas favoritas, Charles Gavin simplesmente impecável na bateria e mostra um feeling incrível acompanhando a banda numa levada muito boa.
A faixa "Desordem" tem um refrão que cola e tem um grande impacto sobre o ouvinte, Sérgio Britto faz um vocal roqueiro porém sem extremos. Ouvir "Lugar Nenhum" é muito divertido, a letra encaixou no instrumental como uma luva, é muito legal essa música, assim como a composição de Branco Mello "Armas Pra Lutar" tem uma energia diferente do restante do disco, são mais punks. São as músicas que mais chamam atenção da galera do rock e do metal.
O disco termina com "Nome Aos Bois" que é uma prévia do hit "O Pulso" do disco "O Blesq Blom". A música possui nomes próprios apenas e é inexplicável como eles fazem harmonias legais com apenas citar palavras (vai entender). Destaca-se também os nomes citados, todos de personagens importantes da história mundial.
Quem adquiriu o disco na versão CD tem a faixa bônus, que é excelente, assim como "Desordem", "Violência" tem um refrão muito bom e uma crítica à sociedade. É uma das melhores do disco e deveria ter sido acrescentada desde o LP.
Vale a pena conferir esse grande trabalho de uma das maiores bandas do rock nacional, que estava a toda, Nando Reis mostrava ser um grande baixista e alinhando seu som a pegada de Charles Gavin na bateria que é um show a parte desempenhavam um trabalho de muita qualidade. As composições como sempre foram são muito inteligentes e trabalhadas.
Esse é uma grande prova de que o rock nacional tem qualidade suficiente para competir com o internacional, deixem o preconceito com música nacional de lado e curtam o bom e velho rock and roll.
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