sábado, 20 de agosto de 2011

Entrevista com a banda Anjo Gabriel

Os pernambucanos da Anjo Gabriel têm muitos motivos para comemorar. Depois de lançar o seu primeiro disco, o excelente O Culto Secreto do Anjo Gabriel, os rapazes já tocaram ao lado uma de uma de suas bandas preferidas em importantes festivais nacionais. Em entrevista ao Metal Is The Law, a banda falou sobre suas influências, seu novo álbum e revelou os planos para o futuro da banda, que certamente agradará a todos os fãs de rock progressivo e da música dos anos 1960 e 1970 em geral.
O Culto Secreto do Anjo Gabriel foi gravado de forma analógica. Por que essa decisão? Fale um pouco mais do processo de gravação do disco.
Essa é a única forma de gravação que nos interessa. Do som da fita ao processo de mixagem tudo fica mais orgânico. O computador é uma ferramenta que é mais pratica, mas tudo que passa por ele fica muito estéril, matemático, e chato. Pode servir para diversos tipos de produção, mas para o som que queremos atingir o sistema digital não funciona.
O álbum foi lançado em CD e vinil duplo. Qual desses formatos vocês consideram o mais completo? Onde esses itens podem ser adquiridos?
O vinil com certeza é o mais completo, inclusive para ressaltar isso, o LP vem com duas musicas a mais, então quem só tem o cd já está com a obra desfalcada. Isso foi uma decisão deliberada, para valorizar ainda mais o vinil. Eles podem ser encontrados na galeria Nova Barão em SP, na livraria cultura no Brasil todo, e na Flowers aqui em recife. Mas é bom correr por que na verdade a edição está esgotada, e devem restar poucas copias. Estamos em processo de produção de uma nova tiragem.
Por que a faixa ‘’1973’’ recebe esse nome?
É uma composição que traz muito do que bandas como O Terço, que faziam na época. Inclusive eles tem uma musica chamada ''1974'', queríamos dar um nome assim e fomos pensando qual o ano que essa musica poderia ter sido lançada.
Em ‘’Mantra III’’, um grupo Hare Khrishna faz a parte vocal. Como surgiu e de quem foi a idéia de incluí-los no disco?
Bom, pelo próprio fato da musica ser um mantra, seria conveniente alguém que soubesse entoar o OHM e o que tudo isso quer dizer fizesse a gravação, esse já era o desejo inicial não lembro bem como foi o contato com o grupo vaykunta, mas acho que Do Jarro conheceu alguém e sugeriu, fizemos o convite e eles aceitaram.
Nota do Editor: OHM é o símbolo universal do Yoga e do hinduísmo para todo o mundo, todas as escolas de todas as épocas. Pronuncia-se AUM.
Vocês tocaram ao lado do Ave Sangria no festival Abril Pro Rock e mais recentemente no Baile do Waldir. Como surgiu o convite e como é tocar ao lado de uma banda que vocês tanto admiram?
O Ave Sangria foi convidado para fazer uma apresentação no psicodalia, um festival hippie que acontece em Curitiba durante o carnaval, nós já tínhamos falado com Marco Polo desse festival e estávamos tentando agenciar o show deles para la, na época Marco e Almir estavam sendo acompanhados por outros músicos aqui de recife, como esses músicos são muito requisitados no período de carnaval, ele não poderiam viajar durante esse período. Dentro desse quadro vimos que seria uma oportunidade de ouro, nós dissemos que podíamos acompanhar a banda nesse evento, a partir daí a coisa foi se construindo.
Tocar com o Ave Sangria é uma grande honra que nunca nos passou pela cabeça que um dia pudesse acontecer, uma banda que nós ouvimos muito, que nos influenciou desde o começo, que tem um disco belíssimo, altamente sofisticado nos seus arranjos, não da muito para explicar, talvez uma comparação rasteira seria como uma jogador do santos hoje pode jogar com Pelé, e o pior, Pelé cansa, a voz de Marco não mudou.
As músicas da Anjo Gabriel são longas e com extensos trechos instrumentais. Como é a recepção do público em shows ao vivo à esse som progressivo?
O feedback está sendo o maior astral, a platéia normalmente se manifesta depois das musicas, tá todo mundo curtindo.
No exterior, as Jam bands ainda são grandes e fortes. Como vocês avaliam essa cena no Brasil? A propósito, vocês se consideram uma Jam band?
Gostamos de dizer que o nossa musica é Free Space Kraut Rock, não sei se podemos ou não nos considerar uma Jam band. É fato é que as jams são elementos importantes e até estruturais em algumas musicas, mas não todas. É normal fazermos jams durante os nossos shows, mas não é a única característica da banda.
Vocês têm uma coleção de discos de dar inveja, com diversas raridades da psicodelia nordestina. A vontade de tocar e formar uma banda foi consequência da paixão pelos discos ou a coleção surgiu depois da banda?
A decisão de montar uma banda foi inicialmente de Marco (baixo) e Cris (guitarra), justamente por não ver em Recife alguém que seguisse a linha dos discos que escutavam. A coleção já existia, inclusive o que é considerado o primeiro ensaio da banda, foi no dia em que chegou na coleção o Paêbirú, Satwa e Marconi Notaro, a galera deixou de pagar a conta de luz para poder comprar os discos.
Durante a audição do álbum, senti alguns reflexos de Paêbirú. Qual a relação de vocês com o clássico de Lula Côrtes e Zé Ramalho?
É um dos discos mais importantes para a gente, na verdade é o disco mais importante de toda a existência na opinião de marco, para se ter idéia hoje a coleção tem três edições diferentes dele. Uma obra prima que exprime tudo o que nós pensamos de como dever se feito e ouvido musica.
Vocês fizeram uma tour por São Paulo e acabaram de voltar de outra turnê junto com os Haxixins. Estão satisfeitos com o resultado dos shows?
Astralizou geral, para as duas bandas. Em São Paulo ficamos surpresos de em alguns shows estarem pedindo musicas, em todos os locais que passamos a galera curtiu demais o som. Aqui pelo nordeste foi muito bom também, já tínhamos ido em João Pessoa, mas foi a primeira vez em Natal. Mas o melhor foi poder ter convivido e estreitado os laços com os Haxixins, galera muito astral, que tem um pensamento semelhante ao nosso e curte muito som.
Li que vocês pretendem lançar outras bandas pelo selo Ripohlandya. Ainda continuam com esse projeto? Já tem algum nome que vocês pensam em chamar?
Claro, a idéia do é que o selo vingue, e traga cada dia mais som em vinil. Temos algumas idéias de lançamentos e de relançamentos, mas nada que possa ser divulgado ainda, pois não temos nada confirmado, mas posso adiantar que já tem coisa nova da Anjo Gabriel em fase de pré produção.

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