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Por Alejandro Mercado em A Escotilha
A BIKE retorna com seu segundo álbum, Em Busca da Viagem Eterna, oferecendo ao ouvinte um passeio onírico, um mergulho profundo e arraigado na psicodelia contemporânea brasileira. Bebendo em fontes tão plurais quanto a musicalidade permite, o grupo despeja riffs de forma quase celestial, optando por fazer uma experimentação menos enérgica e selvagem do rock psicodélico, mas, ainda assim, com uma estética sonora fortemente ligada ao imaginário do ritmo, que possui uma roupagem muito particular em terras brasileiras.
Lançando mão de músicas menos cruas ou caóticas e unindo com perfeição distorções e reverb, a BIKE impressiona com suas composições ricas que fogem ao exagero do virtuosismo, compondo faixas em que as texturas se entrelaçam e hipnotizam, acentuando a junção ímpar das harmonias vocais, linhas de baixo com grooves proeminentes e uma bateria certeira.
Faixas como “Enigma dos Doze Sapos”, que abre o álbum, e “A Montanha Sagrada” se transformam rapidamente em interpretações sonoras de um contato lisérgico com lugares mais interessantes que nossa realidade. Há tons épicos nesta segunda, que utiliza a narrativa musical como espécie de transe no ouvinte.
Um dos pontos mais curiosos e característicos deste novo disco é como ele é mais expansivo que o anterior, mesmo que essa expansividade se expresse através de arranjos mais sutis, sensíveis e sensuais. A banda, que participou do projeto Psicorixádelia produzido por A Escotilha, cria uma bagunça de sons que vão, a cada nova canção, desconstruindo e reconstruindo nossas impressões sobre o que seja essa nova cena psicodélica no Brasil. Trata-se menos de ser inovador e mais de ser imensuravelmente sensitivo.
Toda a força que o grupo já havia demonstrado em 1943 é amplificada com Em Busca da Viagem Eterna, um disco muito mais seguro e redondo que o anterior, e de tanta qualidade quanto. Se a eternidade era o resultado da viagem que a banda faz no álbum, ela tem sucesso sem sombra de dúvida, encadeando composições sonhadoras o bastante para serem a perfeita definição da proposta musical (e, obviamente, estética) dos integrantes.
Com tamanho talento, não é difícil entender o porquê o quarteto paulista, formado por Rafa Buletto, Daniel Fumegaladrão, Julito Cavalcante e Diego Xavier, atravessou o oceano para shows no exterior. Com tamanho talento e potencia, seria egoísmo guardar apenas para nós.
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