Por José Domingos Raffaelli no blog do Hélio Delmiro em 2007
A paixão do pianista e arranjador americano Clare Fischer pela música brasileira vem de longe. Desde o início dos anos 60, quando ganhou de presente um disco de Elizeth Cardoso. A partir daí, não só correu atrás de outros discos como gravou músicas brasileiras, incluindo os arranjos para orquestra do álbum "João", de João Gilberto. Mas a ligação de Fischer com a MPB estreitou-se de vez a partir do encontro com o guitarrista brasileiro Helio Delmiro, em 1998, nos shows e gravação do CD "Symbiosis", que continua agora numa turnê brasileira.
Os dois passaram por São Paulo na semana passada, tocam sábado, dia 5, na Sala Villa-Lobos do Hotel Nacional, em Brasília, e terminam no Mistura Fina, no Rio, dias 11 e 12 de agosto.
- Toquei com inúmeros guitarristas, inclusive Joe Pass, mas Helio é o melhor de todos - diz Fischer, que fala português e espanhol com razoável fluência. - Sonhava gravar um disco com Helio desde quando ouvi o álbum "Samambaia", que fez com Cesar Camargo Mariano. "Symbiosis" coroou esse sonho.
Fischer lembra do impacto que foi seu contato com a música brasileira.
- Ganhei um disco de Elizeth Cardoso e fiquei tão empolgado que dei o nome dela a uma das minhas composições - conta. - Então comecei a ouvir todos os discos de bossa nova que conseguia, principalmente de João Gilberto.
Em sua carreira, Fischer gravou inúmeros discos de música brasileira e latina. Num deles perpetuou sua famosa "Pensativa", gravada por uma legião de artistas, inclusive no Brasil.
- "Pensativa" é uma bossa nova, mas nos Estados Unidos todos a tocam no andamento 4/4 do jazz - comenta em tom de reclamação.
Animado com a turnê brasileira iniciada em São Paulo, Delmiro também não poupa elogios ao pianista:
- Clare é um músico muito inventivo que não se repete, dá gosto tocar com ele.
Fischer começou sua carreira como pianista e diretor musical do conjunto vocal Hi-Lo's, nos anos 50.
- Estava com eles quando escrevi os arranjos para o disco "September afternoon", do trompetista Donald Byrd com cordas, gravado em 1957 - conta. - Conhecia Byrd dos tempos em que estudamos na Universidade de Michigan.
O disco ficou inédito durante 25 anos, mas Dizzy Gillespie ouviu uma gravação em fita e convidou Fischer para fazer os arranjos de um álbum que gravou para a Verve com músicas de Duke Ellington.
- Por ironia, meu nome não constou nos créditos dos dois álbuns - lembra Fischer.
Simbiose de duas carreiras tão distintas e, ao mesmo tempo, próximas, nos shows dessa turnê Delmiro e Fischer prometem muitas surpresas.
- Incluiremos as inéditas "Sonho", do Clare, e "Lágrima azul", um choro-blues de minha autoria - adianta Helio.
- Além de alguns temas de "Symbiosis", apresentamos outras composições que escolhemos na hora. Gostamos de variar, evitando repetir as músicas do nosso repertório - conclui Fischer.
1 My Old Flame
(A. Johnston)
2 Melina Do Rio
(Clare Fischer)
3 P'ro Baden (Homagem para Baden Powell)
(Hélio Delmiro)
4 Lago's
(Hélio Delmiro)
5 Blues in F
(Clare Fischer)
6 Dois por Quatro
(Hélio Delmiro)
7 Carrousel
(Hélio Delmiro)
8 Pensativa
(Clare Fischer)
9 Donna, My Love
(Clare Fischer)
10 Esperando
(Hélio Delmiro)
11 Amor Em Paz
(Antônio Carlos Jobim)
12 Autumn Leaves
(Joseph Kosma)
13 Samba de Uma Nota Só
(Antônio Carlos Jobim)
Muito obrigado. Feliz ano novo !!!
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