Mediafire 320kbps
Por Fabio Melo em Groud + Cast
Conheço o Labirinto tem pelo menos uns quatro anos para mais e sei o quanto eles se esmeram muito em trazer sempre o melhor resultado possível para suas canções. Iniciando com o post-rock, gradualmente foram abraçando o metal e pode-se dizer, sem nenhuma dúvida, que este disco representa o lado mais metal que a banda poderia abraçar.
Comparado com Gehenna, seu predecessor, Divino Afflante Spiritu é menos atmosférico e mais pesado, mais denso, com camadas de música e uma sonoridade que vai do sludge mais sujo ao psicodélico, em harmonias cheias de angústia e dor, que resumem a atmosfera dessas músicas. Este nome, aliás, não poderia ser mais interessante, pois trata-se também do nome da encíclica papal escrita pelo papa Pio XII, que pedia uma revisão da bíblia a partir de seus textos originais, não se valendo mais da tradução para o latim. Este nome, em tradução livre, significa “Inspirado pelo Espírito Santo” e este espírito traz à tona toda a série de pensamentos sombrios e tétricos. Destaca-se, mais do que nos álbuns anteriores, a percussão, que tem uma importância maior que as guitarras e ajudam a colocar todos estes elementos em harmonia.
Agnus Dei abre esta obra com uma bateria muito forte e também marca a participação de Elaine Campos nos vocais (ex-Abuso Sonoro e atualmente no grupo Rastilho)), cuja voz traz toda a violência do crust punk / hardcore, que lembra um bocado o Ragana, mas com mais velocidade e ódio. Os sinos dobram a marcam o começo da segunda faixa, Penitência, que tem uma forte presença de música psicodélica e se parece muito com o que foi apresentado no disco anterior, com toda a tristeza de uma música épica e majestosa. A presença do sludge fica ainda maior quando começa Eleh Ha Devarim, música que dá para sentir o peso das guitarras e da bateria, ambos dentro de escalas pouco convencionais, complexas, mas que não te exigem enquanto ouvinte para apreciar este som.
Demiurge é uma música com um ar mais atmosférico, para depois entrar com uma excelente combinação de instrumentos, com muito destaque para a sempre excelente bateria. É uma das faixas mais melódicas, com linhas mais diretas, mas não menos complexas e uma ambientação de sintetizadores que te transportam para uma viagem dentro do lado mais sombrio do ser humano. O momento de calmaria fica com Vigília e seus corais fantasmagóricos, servindo como introdução para Asherdu e seus solos de guitarra bem construídos, numa levada que te ambienta em um cenário de desespero e sofrimento. Para encerrar de forma monumental, a faixa-título Divino Afflante Spiritu resume e sintetiza muito bem todas as outras músicas, sendo a música mais triste, mais sombria e mais densa de todo o álbum, com uma intensidade que ao vivo deve ser algo para ser sentido enquanto se ouve, contando com uma oração no meio da música.
A produção ficou a cargo de Magnus Lindberg, guitarrista e percussionista do Cult of Luna, o que contribuiu bastante para a pegada mais melódica e épica. No geral, nota-se que, ao abraçar o metal como sonoridade, o grupo conseguiu atingir um grau de excelência que coloca todos eles no mesmo nível de grandes bandas internacionais. Divino Afflante Spiritu é acessível para quem não é um grande fã do post-metal, assim como também agrada quem procura por alguma coisa que fuja do convencional.
1. Agnus Dei
2. Penitência
3. Eleh Ha Devarim
4. Demiurge
5. Vigília
6. Asherdu
7. Divino Afflante Spiritu
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